Segunda, 01 de junho de 2020

(At 1,12-14; Sl 86[87]; Jo 19,25-34) 

Maria, mãe da Igreja.

“Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena”

Jo 19,25.

“Não são apenas os quatro soldados que estão junto da cruz, estão lá também quatro mulheres. Enquanto faltam todos os homens, exceto o discípulo que Jesus amava, perseveram com Jesus as mulheres. Elas permanecem firmes. Mostram que estão ao lado de Jesus. As quatro mulheres simbolizam o mundo que aceita Jesus. Com essa imagem, João renova a afirmação que encontramos no prólogo: ‘Mas aos que o receberam, aos que creem em seu nome, ele deu o poder de se tronarem filhos de Deus’ (1,12). Podemos ver nas quatro mulheres também um símbolo do fato de estarmos abertos para o mistério de Jesus justamente pelo de nossa anima, enquanto o nosso lado masculino muitas vezes se mostra cego para a verdade mais profunda revelada por Jesus. Mas há um homem que persevera debaixo da cruz: é o discípulo que Jesus amava. O amor de Jesus o transformou a tal ponto que continua presente também no ato da consumação da cruz. É ele a testemunha de que Jesus foi erguido na cruz. Nele é o próprio Jesus que está presente entre os homens. Depois da morte de Jesus, cabe a ele levar adiante o testemunho que Jesus deu diante do mundo inteiro. Todos os biblistas concordam na natureza simbólica da cena em que Jesus recomenda sua mãe ao discípulo amado como filho e o discípulo a Maria como mãe. Mas qual seria o sentido desse simbolismo? Uns acham que Maria é a imagem da comunidade judaica, e o discípulo amado a imagem da comunidade formada a partir dos pagãos. Outros veem em Maria o símbolo da família de Jesus, que passa a caminhar junto com a comunidade dos discípulos. O teólogo americano Raymond E. Brown pensa que Jesus valoriza na cruz a posição de Maria a tal ponto ‘que a sua autoridade na comunidade joanina ficou igual à dos apóstolos masculinos’ (SANFORD, 1077, p. 71, v. 1). Podemos ver nessa cena também a união dos contrários. O homem é recomendado à mulher e a mulher ao homem. O homem deve acolher a mulher em sua casa. O texto gero diz: ‘eis ta idia’, isto é, no que é seu (19,27). Na cruz, os opostos são unificados: Deus e o ser humano, o homem e a mulher, judeus e pagãos” (Anselm Grum – Jesus, Porta para Vida – Loyola).

 

Santo do Dia:

São Justino, mártir. Nascido em Flávia Neápolis na Samaria, no início do século II. Considerado um pensador cristão, o itinerário da sua conversão a Cristo passa pela experiência estoica, pitagórica, aristotélica e neoplatônica. Daí o desenlace quase inevitável ou melhor providencial e a adesão à verdade integral do cristianismo. Tinha trinta anos quando descobriu o cristianismo e para propagar suas ideias escreveu duas Apologias e outras obras. Por ocasião de sua ida a Roma, foi denunciado por um hipócrita e cínico filósofo, com quem havia disputado por muito tempo. Também o magistrado que o julgou era um filósofo estoico, amigo e confidente de Marco Aurélio. Mas para o magistrado, Justino não passava de um simples cristão, igual aos seus seis companheiros, entre os quais uma mulher, todos condenados à decapitação pela sua fé em Cristo. Do martírio de são Justino e companheiros se conservam as Atas autênticas.

Pe. João Bosco Vieira Leite