Sexta, 1º de janeiro de 2021

(Nm 6,22-27; Sl 66[67]; Gl 4,4-7; Lc 2,16-21) 

Maria Santíssima, Mãe de Deus.

“Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva” Gl 4,4-5.

“A solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus é a primeira festa mariana que apareceu na Igreja ocidental. Originariamente a festa nasceu para substituir o costume pagão da ‘strenae’ (dádivas), cujos ritos não condiziam com a santidade das celebrações cristãs. O Natal de Santa Maria começou a ser festejado em Roma no século quarto, provavelmente junto com a dedicação de uma das primeiras igrejas marianas de Roma: a de Santa Maria Antiga no Foro romano, ao sul do templo dos Castores. Sua liturgia estava ligada à do Natal. O dia primeiro de janeiro, situa-se dentro da oitava de Natal, lembrando rito que se cumpriu oito dias após o nascimento de Jesus, proclama-se o evangelho da circuncisão. A circuncisão dava também nome à festa que inaugurava o ano novo. A última reforma do calendário trouxe ao dia primeiro de janeiro a festa da maternidade divina. Desde 1931 essa festa era celebrada no dia onze de outubro, lembrando o Concílio de Éfeso (431) que proclamou solenemente uma das verdades mais queridas do povo cristão: Maria é verdadeira Mãe de Cristo, que é verdadeiro Filho de Deus. Nestório teve a ousadia de declarar: ‘Porventura pode Deus ter uma mãe? Nesse caso não podemos condenar a mitologia grega, que atribui uma mãe aos deuses’. São Cirilo de Alexandria, porém, havia replicado: ‘Dir-se-á: a virgem é mãe da divindade? Ao que respondemos: o Verbo vivo, subsiste, é gerado pela própria substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade... Mas ele se encarnou no tempo e por isso pode-se dizer que nasceu da mulher’. Jesus, Filho de Deus, nasceu de Maria. É deste sublime e exclusivo privilégio que derivam à Virgem os títulos que lhe atribuímos. Também podemos fazer, entre a santidade individual de Maria e sua maternidade divina, uma distinção sugerida pelo próprio Jesus Cristo: ‘Uma mulher levantou a voz do meio da multidão e lhe disse: bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos que te amamentaram. Mas Jesus replicou: ‘Mais bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a praticam’ (Lc 11,27). Na realidade, ‘Maria, filha de Adão, consentindo na palavra divina, se fez Mãe de Jesus. E abraçando a vontade salvífica de Deus com todo o coração, não retida por nenhum pecado, consagrou-se totalmente como serva do Senhor à pessoa e obra do seu Filho, servindo sob ele e com ele, por graça de Deus onipotente, ao mistério da redenção’ (Lumen gentium, 56). Deus se fez carne por meio de Maria, começou a fazer parte de um povo, constituiu o centro da história. Ela é o ponto de união entre o céu e a terra. Sem Maria desencarna-se o Evangelho, desfigura-se e transforma-se em ideologia, em racionalismo espiritualista. Paulo VI assinala a amplidão do serviço de Maria com palavras que têm um eco muito atual em nosso Continente: Ela é a mulher forte que conheceu a pobreza e o sofrimento, a fuga e o exílio (Cf. Mt 2,13-23); situações estas que não podem escapar à atenção de quem quiser dar apoio, com espírito evangélico, às energias libertadoras do homem e da sociedade. Apresentar-se-á Maria como a mulher que com a sua ação favoreceu a fé da comunidade apostólica em Cristo e cuja função materna se dilatou, vindo a assumir, no Calvário, dimensões universais” (Puebla, 301 e 302)” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 31 de dezembro de 2020

(1Jo 2,18-21; Sl 95[96]; Jo 1,1-18) 

Oitava de Natal.

“Nela [Palavra] estava a vida, e a vida era a luz dos homens” Jo 1,4.

“Jesus Cristo é a palavra, o Verbo de Deus feito homem, humanizando-se – sem deixar por isso de ser Deus – para salvar os homens, para que nós, os homens, pudéssemos viver a vida de Deus. Por isso diz São João que o Verbo (Jesus Cristo como Filho de Deus) existia em Deus antes do mundo e por ele, pelo Verbo Filho de Deus, tudo foi criado; que o Verbo foi enviado à terra (e desde então já o chamamos Jesus Cristo, o Filho de Deus), para revelar aqui os segredos da vontade divina. Veio ao mundo, enviado pelo Pai, para levar a cumprimento uma missão, isto é, transmitir ao mundo sua mensagem de salvação. Em outra parte do evangelho joanino, Jesus nos afirma com assombrosa clareza: ‘Eu vim para as ovelhas tenham a vida e para que a tenham em abundância’ (João 10,10). A vida que Jesus nos traz é a vida sobrenatural da graça, pela qual participamos da mesma vida de Deus e por essa vida, que existe em nós, podemos chamar-nos filhos de Deus e dizermos a Deus que é nosso Pai” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 30 de dezembro de 2020

(1Jo 2,12-17; Sl 95[96]; Lc 2,36-40) 

Oitava de Natal.

“O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele” Lc 2,4.

“Após o nascimento de Jesus em Belém e sua circuncisão no oitavo dia, Lucas descreve a apresentação do menino no Templo. Embora Jesus seja um ‘menino santo’ (1,35), concebido do Espírito Santo, Maria e José cumprem o que a lei prescrevia sobre a consagração do filho primogênito e a purificação da criança e da mãe. Seguem-se o cântico de Simeão, as profecias de Simeão e da Profetisa Ana e, por fim, uma breve indicação sobre a vida de Jesus em Nazaré. Simeão, homem justo e piedoso, esperava ansiosamente a consolação de Israel, isto é, a vinda do Messias que traria para Israel a libertação de todos os males. Movido pelo Espírito Santo, dirige-se ao Templo, na certeza que veria o Messias antes de morrer. Ao ver o menino nos braços de Maria, não tem dúvidas: toma o Menino nos braços e explode num hino de louvor e ação de graças pela salvação que Deus trouxe a Israel e para todos os povos. Na bênção que dá aos pais do Menino, Simeão anuncia a futura missão de Jesus. Para Israel, Jesus será um sinal de salvação para quem acolhe sua mensagem e de queda para quem a rejeita. Com  palavras semelhantes se manifesta também a Profetisa Ana a respeito do Menino. Lucas conclui o tempo da infância, até os doze anos de idade, com uma frase. Estes anos foram o tempo da formação humana total de Jesus, que o preparou para ser um homem perfeito, pregador incansável da Boa-Nova. Como todo menino, em Nazaré, Jesus crescia, desenvolvia-se fisicamente, ganhava sabedoria e experiência, no convívio de Maria e José. – Senhor Jesus Cristo, tiveste a felicidade de viver os anos da infância, cercado pelo amor carinhoso de Maria e José e deles recebestes a formação humana e religiosa que te prepararam para a vida adulta. Faze que nossas famílias tenham a estabilidade necessária para serem um ambiente de amor e cultivo da fé cristã, capaz de preparar os filhos para sua missão na vida. Amém (Ludovico Garmus – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 29 de dezembro de 2020

(1Jo 2,3-11; Sl 95[96]; Lc 2,22-35) 

Oitava de Natal.

“Quem diz que permanece nele deve proceder como ele procedeu” 1Jo 2,6.

“Conhecer é ter familiaridade com Cristo. Significa amá-lo e observar os seus mandamentos (1Jo 2,3). Este é o caminho para viver em comunhão com Deus: ‘Se alguém me ama – diz Jesus – guarda minha palavra; meu Pai o amará, viremos a ele e nele faremos morada’ (Jo 14,23). É também neste sentido que o autor da carta diz: ‘Naquele que guarda a sua palavra, o amor de Deus é verdadeiramente perfeito’. Trata-se da perfeição do amor que Deus comunica aos seres humanos. Quando vivemos a fé como filhos de Deus, ‘sabemos que estamos nele’ e que ele está em nós (1Jo 2,5). Para descrever a presença ou habitação do cristão em Deus ou em Jesus, e de Deus no cristão, João usa muitas vezes as expressões ‘permanecer em’, ‘habitar em’ e ‘estar em’. permanece em Jesus Cristo não apenas quem guarda na memória suas palavras, mas quem as põe em prática, procurando viver como Ele viveu. Jesus é o modelo a seguir e imitar, sobretudo na vivência do amor fraterno. O amor fraterno não é um mandamento novo, mas antigo, pois foi dado depois da Última Ceia e do Lava-pés: ‘Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros. Assim como eu voa amei, amai-vos também uns aos outros’ (Jo 13,34). E este modo de amar de Jesus se expressa na alegoria do bom pastor, que cuida de suas ovelhas e, para defende-las, é capaz de dar a própria vida (Jo 10,15). Tal amor não tem limites: ‘Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos’ (15,13). O amor assim vivido na comunidade de fé é que manifesta se de fato estamos em comunhão com Deus que é Amor. – Ó Deus, fonte inesgotável de amor, enviaste teu Filho Amado a este mundo para ser o Deus que permanece sempre conosco. Derramaste teu Espírito em nossos corações para nos tornarmos uma morada digna do teu infinito Amor. Concede-nos permanecermos no teu Amor vivendo o amor fraterno e imitando o exemplo de teu Filho Jesus Cristo. Amém (Ludovico Garmus – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 28 de dezembro de 2020

(1Jo 1,5—2,2; Sl 123[124]; Mt 2,13-18) 

Santos Inocentes.

“Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos

e não quer ser consolada, porque eles não existem mais” Mt 2,18.

“A Igreja honra como mártires este coro de crianças, vítimas do terrível e sanguinário rei Herodes, arrancados dos braços de suas mães em tenra idade para escrever com seu próprio sangue a primeira página do álbum de ouro dos mártires cristãos e merecer a glória eterna segundo a promessa de Jesus: ‘Quem perder a vida por amor de mim a encontrará’. Para eles a liturgia repete hoje as palavras do poeta Prudêncio: ‘Salve, ó flores dos mártires, que na alvorada do cristianismo fostes massacrados pelo perseguidor de Jesus, como um violento furacão arranca as rosas apenas desabrochadas. Vós fostes as primeiras vítimas, a tenra grei imolada, num mesmo altar recebestes a palma e a coroa’. O episódio é narrado somente pelo evangelista Mateus, que se dirigia principalmente aos leitores hebreus e, portanto, tencionava demonstrar a messianidade de Jesus, no qual haviam se realizado as antigas profecias: ‘Então Herodes, percebendo-se enganado pelos magos, ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e no seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos. Então cumpriu-se o que fora dito pelo profeta Jeremias: ‘Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação: Raquel chora seus filhos, e não quer consolação, porque não existem mais’. A origem desta festa é muito antiga. Aparece no calendário cartaginês do século IV e cem anos mais tarde em Roma no Sacramentário Leonino. Hoje, com a nova reforma litúrgica, a celebração tem um caráter jubiloso e não mais de luto como era antigamente, e isto em sintonia com os simpáticos costumes medievais, que celebravam nestas circunstâncias a festa dos meninos do coro e do serviço do altar. Entre as curiosas manifestações temos aquela de fazer descer os cônegos dos seus lugares ao canto do versículo: ‘Depôs os poderosos do trono e exaltou os humildes’. Deste momento em diante, os meninos, revestidos das insígnias dos cônegos, dirigiam todo o ofício do dia. A nova liturgia, embora não quisesse ressaltar o caráter folclórico que este teve no curso da história, quis manter esta celebração, elevada ao grau de festa por são Pio V, muito próxima da festa do Natal. Assim colocou as vítimas inocentes entre os companheiros de Cristo, para circundar o berço de Jesus Menino de um coro gracioso de crianças, vestidas com as cândidas vestes da inocência, pequena vanguarda do exército dos mártires que testemunharão com o sangue o seu pertencer a Cristo” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sagrada Família – Ano B

(Eclo 3,3-7.14-17a; Sl 127[128]; Cl 3,12-21; Lc 2,22-40).

1. Nesse período natalino, a Igreja nos convida e refletir sobre a nossa vida em família, tomando como parâmetro a família de Nazaré. É claro que ao centro está sempre o mistério da encarnação de Cristo na grande família humana, seguindo o rumo normal de todo ser humano.

2. Nasceu e cresceu no seio de uma família concreta, humilde e trabalhadora; e aí foi se realizando como pessoa no lento aprendizado da vida e das coisas. Hoje nós o encontramos junto ao seu pai e sua mãe para cumprir o que prescrevia a lei mosaica a respeito da circuncisão do Menino.

3. Tudo passaria de maneira discreta e normal, se não fossem Simeão e Ana proclamando a messianidade de Jesus. Tudo de bonito e revelador que escutamos é resumido por Lucas nessa nota de que Jesus ia crescendo e se fortificava, enchendo-se de sabedoria. E a graça de Deus estava com ele.

4. Essa pequena comunidade familiar é imagem e modelo de toda comunidade cristã e da Igreja reunida na fé de Cristo. Mas acima de tudo, é ponto de referência para cada família cristã em marcha e em meio das transformações e dificuldades, tristezas e alegrias, testemunhos e contradições.

5. Paulo compreende, na 2ª leitura, que o amor é a alma e base da vida da comunidade eclesial e da família. De modo prático ele elenca uma série de virtudes para a convivência na comunidade cristã de fé; não diferente da 1ª leitura que comenta o mandamento de honrar pai e mãe.

6. Para a comunidade cristã tudo isso é visto e vivido a partir da perspectiva de Cristo, cujas atitudes o cristão deve incorporar. É claro que não podemos esquecer a estrutura patriarcal que marca a 1ª e 2ª leituras. O que é importante é salvar o espírito de amor e união partindo de uma atitude religiosa de piedade filial e da fé em Cristo.

7. A vocação cristã ao matrimônio e à família é vocação para a santidade, dentre outros chamados que Deus faz. Ser uma comunidade de amor, uma escola de valores transcendentais, prolongamento e atualização da paternidade divina.

8. Esse amor fiel testemunhado pelos pais é fundamental para a maturidade e educação dos filhos; pois eles não são alcançados pela simples atenção biológica, nem sequer psicológica. Somente o amor garante a unidade familiar. Quando este morre, nada mais é possível, está perdida a família e o lar.

9. Não só reduzimos o número de filho, reduziu-se também o espaço do amor e criou-se as custódias infantis, de várias espécies e por várias razões, gerando uma série de consequências, em parte, inesperadas.

10. O código Civil legisla sobre o direito matrimonial e familiar, sobre as relações marido-esposa, pais-filhos. Mas não existe lei que possa garantir o amor e com ele a estabilidade conjugal e a formação humana dos filhos. Sem amor nada nem ninguém pode constituir a família naquilo que ela deve ser: espaço humano de encontro e diálogo, comunhão de vida.

11. O amor precisa ser mandado cada manhã para a escola para que ele aprenda cada dia e se eduque mais e melhor constantemente. Aqui, na mesa da Palavra, somos educados para a dimensão do amor a Deus e ao próximo. Na mesa da Eucaristia, referência à mesa do lar, nosso Pai comum nos convida a alimentarmo-nos do Seu Filho que nos guia e fortalece a nossa fé.

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 26 de dezembro de 2020

(At 6,8-10; 7,54-59; Sl 30[31]; Mt 10,17-22) 

Santo Estevão.

“Vós sereis odiados por todos por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim será salvo”

Mt 10,22.

“Depois de Pentecostes os apóstolos dirigiram o anúncio da mensagem cristã aos mais próximos, aos hebreus, aguçando o conflito apenas acalmado da parte das autoridades religiosas do judaísmo. Como Cristo, os apóstolos conheceram logo as humilhações dos flagelos e da prisão, mas apenas libertados das correntes retomam a pregação do Evangelho. A primeira comunidade cristã, para viver integralmente o preceito da caridade fraterna, colocou tudo em comum, repartindo diariamente o que era suficiente para o seu sustento. Com o crescimento da comunidade, os apóstolos confiaram o serviço da assistência diária a sete ministros da caridade, chamados diáconos. Entre eles sobressaía o jovem Estevão, que além de exercer as funções de administrador dos bens comuns, não renunciava ao anúncio da Boa Nova, e o fez com tanto zelo e com tamanho sucesso que os judeus ‘chegando de improviso, arrebataram-no e o levaram à presença do Sinédrio. Lá apresentaram falsas testemunhas que depuseram: ‘Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a Lei. Ouvimo-lo dizer que Jesus Nazareno destruiria este lugar e modificaria as tradições que Moisés nos legou’. Estevão, como se lê nos Atos dos Apóstolos (cap. 7), cheio de graça e de força, como pretexto de sua autodefesa, aproveitou para iluminar as mentes de seus adversários. Por primeiro resumiu a história hebraica de Abrão até Salomão, em seguida afirmou não ter blasfemado nem contra Deus nem contra Moisés, nem contra a Lei, nem contra o Templo. Demonstrou de fato que Deus se revelava também fora do Templo e se propunha a revelar a doutrina universal de Jesus como última manifestação de Deus, mas os seus adversários não o deixaram prosseguir no discurso, porque ‘dando altos gritos, taparam os ouvidos, precipitaram-se sobre ele, levaram-no para fora da cidade e o apedrejaram’. Dobrando os joelhos debaixo de uma tremenda chuva de pedras, o primeiro mártir cristão repetiu as mesmas palavras de perdão pronunciadas por Cristo sobre a cruz: ‘Senhor, não lhes imputes este pecado’. Em 415 a descoberta de suas relíquias suscitou grande emoção na cristandade. A festa do protomártir foi sempre celebrada imediatamente após as festividades do Natal” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus). 

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 25 de dezembro de 2020

(Is 52,7-10; Sl 97[98]; Hb 1,1-6; Jo 1,1-18) 

Missa do Dia.

“E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai

como filho unigênito, cheio de graça e de verdade” Jo1,14.

“É Natal! Porém, o que é mesmo Natal? Observe como o enxergam os olhos do teólogo-evangelista João: é aquele momento solene da história em que a Palavra criadora de Deus – a Sabedoria incriada! – decidiu descer até nós e assumir a nossa realidade. E assumiu para valer: fez-se carne! E veio para ficar: armou sua tenda entre nós! Talvez essa expressão já não tenha muito a nos dizer hoje. Não vivemos em tendas como os nômades, e os nossos campings são de uma transitoriedade incrível. Mas, acompanhemos um pouco a história da tenda no livro do Êxodo: Deus quer habitar no meio do povo de Israel, por isso ordena que se faça uma tenda-santuário para si no centro do acampamento (Ex 25,8). Pouco depois, esse povo trai escandalosamente a Deus, fazendo e adorando um bezerro de ouro (Ex 32). Deus se sente profundamente magoado e ordena que a tenda-santuário seja armada fora, a certa distância do acampamento (Ex 33,7). A infidelidade provocou a separação. Todo o subsequente trabalho dos profetas será o intuito de restabelecer esta união: ‘Eu te desposarei para sempre; eu te desposarei na justiça e no direito, no amor e na ternura. Eu te desposarei na fidelidade e conhecerás o Senhor’ (Os 2,21-22). Foram séculos e mais séculos de atribulada espera, até que chegasse ‘a plenitude dos tempos...’. Natal é a plenitude dos tempos; é a reconciliação entre Deus e os homens; é a celebração definitiva do matrimônio espiritual entre a divindade e a humanidade. A tenda, que a infidelidade expulsara para fora do acampamento, voltou a ser armada dentro do mesmo, no meio de nós. – Senhor Deus, o Natal não acabou aí. A tenda que está em nosso meio deverá ser montada dentro de cada um de nós: ‘Se alguém me ama, guarda minha palavra, o Pai o amará e viremos e nele faremos morada’ (Jo 14,23). Só então o Natal será completo. Amém (Geraldo de Araújo Lima – Graças a Deus [1995] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Mensagem para o Natal de 2020


Fonte: www.pixabay.com


Esse mês de dezembro foi marcado por um olhar para o alto; alguns fenômenos astronômicos foram noticiados pela mídia. Como diz a própria Bíblia, “...a grandeza e a beleza das criaturas conduzem por analogia a contemplar o seu Criador (Sb 13,5), de tudo quanto nossa vista pode alcançar e para além dela. Há muito ainda por se descobrir e surpreender-se. Mas o que estes acontecimentos celestes têm a ver conosco? Em que nos interessam esses fatos científicos? O evangelho de Mateus nos lembra que os Magos foram guiados ao Salvador do mundo por uma estrela. Assim, se deixaram conduzir, em meios ao seu caminhar terreno, por um olhar para o alto. São Francisco de Sales ensina que as dificuldades da vida são vencidas olhando para o céu. À semelhança dos antigos navegadores que se guiavam mais pelas estrelas do que por mapas ou aparelhos, também o ser humano deve orientar-se pelas luzes celestes, mais do que pela inconstância ou violência das ondas. Estamos por findar esse conturbado ano de 2020, e entramos nesse novo ano ainda apreensivos, mas humanamente carregados de esperanças. Por isso, nessa noite, de maneira discreta, como é próprio de Deus, Ele nos sussurra o convite a elevar as vistas para o céu, apreciar a beleza de Sua criação, mas a beleza ainda maior da Sua salvação. Mais uma vez nos é dito não temer e termos a certeza de que Ele não nos abandona. Devemos reencontrar o rumo, se o perdemos, renovar as esperanças, se nos sentimos cansados ou perdidos, celebrar, ainda que de maneira contida, o mistério da nossa fé. Nessa noite temos também o olhar de José, o justo e de Maria, nossa mãe, que nos precedem nesse caminhar sob a vontade divina. Aqui nós a veneramos como Senhora da Luz, a ‘Estrela’, no dizer de São Bernardo, que nos lembra nessa noite: “Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, em meio a borrascas e tempestades: se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz dessa estrela! [...] Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria! Que o seu nome nunca se afaste dos teus lábios, jamais abandone o teu coração; e, para alcançares o socorro da sua intercessão, não negligencies os exemplos de sua vida. Ao segui-la, não te desviarás; rezando a ela, não desesperarás; pensando nela, evitarás todo erro. Se ela te sustenta, não cairás; se ela te protege, nada terás a temer; se ela te conduz, não te cansarás; se ela te é favorável, alcançarás a meta”. Sigamos adiante. O Senhor nos abençoe e nos guie em nosso peregrinar. Feliz Natal! Renovadas esperanças para o novo ano.

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

 

 

Quinta, 24 de dezembro de 2020

(2Sm 7,1-5.8-12.14.16; Sl 88[89]; Lc 1,67-79) 

Missa da manhã.

“Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque a seu povo visitou e libertou” Lc 1,68.

“Zacarias, pai de João, é iluminado profeticamente e, com a luz do Espírito de Deus, descobre a realidade escondida naquele menino, seu filho. Isto o move a louvar a Deus pela proximidade da vinda do Messias que vem dar liberdade aos filhos de Deus, até então presos pelas amarras do pecado. Nessa missão de salvação e libertação, seu filho João será arauto, o porta-voz dessa libertação e da paz. Sua missão será preparar o caminho para o Messias, e anunciar não só sua vinda, mas também a paz que virá com ele, pela remissão dos pecados. João, pois, convidará ao arrependimento e à penitência, para tornar-se digno de receber o Messias Redentor. Nada melhor que repetir totalmente o cântico de Zacarias, escrito por Lucas: ‘Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e resgatou o seu povo, e suscitou um poderoso Salvador, na casa de Davi seu servo, como havia anunciado desde os primeiros tempos, mediante os seus santos profetas, para nos livrar dos nossos inimigos e das mãos de todos que nos odeiam. Assim exerceu a sua misericórdia com nossos pais, e se recorda de sua aliança, segundo o juramento que fez a nosso pai Abraão: de nos conceder que, sem temor, libertados de mãos inimigas, possamos servi-lo em santidade e justiça, em sua presença, todos os dias da nossa vida. E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor e lhe prepararás o caminho, para dar ao seu povo conhecer a salvação, pelo perdão dos pecados. Graças à ternura e misericórdia de nosso Deus, que nos vai trazer do alto a visita do Sol nascente, que há de iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz’ (Lc 1,68-79). Vivência: João Batista preparou-se para cumprir sua missão, passando vários anos em vida de penitência e solidão. No recolhimento da oração e no exercício da penitência é que você poderá encontrar-se com Deus e encontrará a eficiência de seu apostolado. Fique atento e não se esqueça – como às vezes pode acontecer – de que, se o apostolado deve ser preparado com estudo e reflexão, não menor deve ser o empenho na oração e no sacrifício para obter o êxito de sua missão apostólica” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 23 de dezembro de 2020

(Ml 3,1-4.23-24; 24[25]; Lc 1,57-66) 

4ª Semana do Advento.

“No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou e ele começou a louvar a Deus”

Lc 1,64.

“Zacarias e sua esposa Isabel eram um casal muito piedoso, de vida exemplar. Mas não tinham filhos, pois Isabel era estéril. Um dia, enquanto Zacarias servia no santuário como sacerdote, um anjo do Senhor lhe comunica uma notícia alegre: ‘Não tenhas medo, Zacarias, porque foi ouvida tua oração. Isabel, tua mulher, vai te dar um filho a quem darás o nome de João [...] muitos se alegrarão com seu nascimento’. Mas Zacarias, na idade avançada em que o casal estava, achava isso impossível e pediu um sinal: ‘Como terei certeza disso? Já estou velho e minha mulher é de idade muito avançada’. Por não ter acreditado, o anjo lhe deu um sinal muito exigente: Zacarias ficaria mudo até que seu filho nascesse. Zacarias, apesar de viver no ambiente religioso do Templo do Senhor, tinha uma fé muito fraca. Embora por muito tempo tivesse pedido a Deus um filho, já tinha perdido a esperança de ser atendido. Distante do Templo, Maria de Nazaré recebe a visita do Anjo Gabriele também fez uma pergunta: ‘Como se fará isso?’ Mas não se tratava de uma dúvida, e sim de um pedido de esclarecimento, pois não chegara ainda o tempo de estar vivendo junto com José. Por isso, Isabel lhe diz: ‘Feliz é aquela que teve fé’. Zacarias ficou mudo até o nascimento de seu filho. Antes falava muito para Deus, em suas orações. Agora tinha bastante tempo para escutar Deus e meditar sobre a ação divina em sua vida. Não basta estar perto das coisas da religião; não basta falar, fazendo pedidos a Deus. Os apóstolos também andavam com Jesus, estavam junto na barca com Ele; no entanto, Jesus repreendeu-lhes a falta de fé. Ao ser dado o nome João ao seu filho, Zacarias explode num hino de louvor, expondo tudo que meditou nos meses de silêncio. – Ó Deus, Tu vês nossa limitação e fraqueza. Vivemos cercados pelas coisas da religião. Escutamos coisas bonitas sobre ti na família e na comunidade de fé. Mas há momentos em que fraquejamos na fé. Aumenta a nossa fé e confiança em ti. Amém (Ludovico Garmus – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 22 de dezembro de 2020

(1Sm 1,24-28; Sl 1Sm 2; Lc 1,46-56) 

4ª Semana do Advento.

“Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias” Lc 1,53.

“Dinheiro não traz felicidade!  Sempre ouvimos novamente esta frase de pessoas que estão cansadas da ganância de tanta gente. Quando leio os evangelhos e vejo Maria e José, chego à conclusão de que realmente não importa o dinheiro. Hoje mesmo vemos muitas pessoas pobres com suas famílias felizes. Falo ‘pobreza’ de dinheiro. Felicidade é um estado de espírito. Dou-me conta de que muitas pessoas ricas não são felizes. Querem sempre mais, perdem a noção de quando parar e acabam prejudicando outras pessoas. O coração de Maria estava cheio de alegria. A felicidade estava na forma de sentir o momento, de dar à luz a um menino e em poder cumprir o plano de Deus para a salvação de todos nós. O cântico de Maria é uma expressão daquilo que ela estava sentindo. Há um ar de transformação com a vinda de Jesus. E Maria conta isto dizendo que estava com o espírito alegre em Deus, o seu Salvador. Ela encontra aqui o sentido para a sua vida e para a vida da humanidade, tanto que fala que a misericórdia de Deus vai de geração em geração sobre os que o temem. Chegou o momento dos humildes, dos pobres, dos famintos. A estes Deus encheu de bens e despediu os ricos de mãos vazias. De nada adianta ouro, prata e todas as riquezas do mundo se o coração estiver vazio. Vamos encher o nosso coração com este espírito de alegria e humildade de Maria? Precisamos nos preparar para viver o Natal de Jesus com um espírito diferenciado. Tudo bem que você está preocupado com a ceia que será servida para toda a família, com as bebidas, com os presentes. Mas sem preparar o espírito o Natal vai parecer sem graça, sem sentido. Não deixe que Deus te despeça vazio. Abra o seu coração e ore comigo para que este Natal seja maravilhoso com a presença de Salvador Jesus. – Enche, Senhor, o nosso espírito neste Natal para que anunciemos a chegada do Menino Jesus com muita alegria e humildade. Amém (Dougla Moacir Flor – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes). 

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 21 de dezembro de 2020

(Ct 2,8-14; Sl 32[33]; Lc 1,39-45) 

4ª Semana do Advento.

“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!’” Lc 1,41-42.

“Lucas é fascinado pelas pessoas cheias do Espírito Santo. Afinal, é o cronista de todos os Pentecostes que acontecem no Novo Testamento (cf. At 2,1-13; 4,31; 10,44-48; 19,1-7), inclusive do pré-pentecostes descrito acima. Uma das primeiras características da infusão do Espírito é o profetizar – falar em nome de Deus. É o que acontece com Isabel, que ficou cheia do Espírito Santo tão logo ouviu a saudação de Maria. A força do Espírito leva-a a exclamar em voz alta, embora o público ouvinte fosse reduzidíssimo e de ouvidos bem acostumados às locuções celestes. Na sua profecia, Isabel aplica a Maria uma das palavras mais densas de sentido em toda a Bíblia: bem-aventurada efetivamente, as bem-aventuranças constituem o solene pórtico de entrada para toda a pregação de Cristo. Isabel enxerga em Maria uma dupla bem-aventurança: a maternidade divina e a da fé. Ela é bem-aventurada porque traz no ventre o fruto bendito, o dom supremo de Deus: Jesus; mas também é bem-aventurada porque ‘teve fé no cumprimento do que lhe foi dito da parte do Senhor’. Crer é muito mais do que um simples aceno de consentimento ou a ausência dúvida. Etimologicamente, ‘credere’ provém de ‘cor dare’ – dar o coração. Crer, por conseguinte, é entregar totalmente o coração, é colocar-se por completo à disposição de outrem: ‘Eis aqui a escrava do Senhor. Aconteça comigo segundo a tua palavra!’ (Lc 1,38). Semelhante ato de fé deve ser necessariamente a base de todas as bem-aventuranças: da pobreza em espírito, da mansidão, da misericórdia, da pureza de coração, etc. por isso, alguns têm chamado Maria de ‘a mãe das bem-aventuranças’. E tem razão. – Jesus, Maria tornou-se vossa mãe pela fé antes de conceber. Dai-nos tal fé, para que possamos gerar-vos nos corações dos homens. Amém (Geraldo de Araújo Lima – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

4º Domingo do Advento – Ano B

(2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16; Sl 88[89]; Rm 16,25-27; Lc 1,26-38).

1. Esse é domingo mariano por excelência. Maria é colocada ao centro da nossa celebração, junto aos outros personagens que nos têm acompanhado ao longo do Advento, o profeta Isaias e João Batista. Ela é particular modelo de acolhimento do mistério divino em sua vida.

2. Um dos elementos colocados em destaque está no modo como Lucas constrói a sua narrativa aos moldes das grandes vocações bíblicas, como Moisés, Gedeon, Samuel, Saul, Jeremias, etc. Aquilo que foi decidido no íntimo de Maria ganha a roupagem repleta de citações e alusões da Escritura, por onde não vamos enveredar.

3. A resposta de Maria ao chamado de Deus é um compromisso total e pessoal com Deus, ao qual se manterá fiel por toda a vida. Um ‘sim’ em meio a penumbra da fé, pois lhe era impossível conhecer todas as consequências de sua opção.

4. Isso nos leva a pensar que há opções que fazemos na vida partindo de uma visão global, depois é que se vão revelando plenamente nos acontecimentos e problemas de cada dia, que ao mesmo tempo são oportunidades para reafirmarmos o compromisso inicial, em vez de se romper com ele.  Esta foi a situação de Maria, como a qualquer um de nós.

5. O decurso dos anos e dos acontecimentos da vida de Jesus foi-lhe mostrando em detalhes a vontade de Deus sobre ela; mas sua decisão primeira foi irreversível. Isto choca-se com a mentalidade moderna de tanta gente, cuja vida gira em torno do provisório, inclusive nos compromissos mais sérios como a opção cristã, a fé, um matrimônio, uma consagração a Deus...

6. Assim foi Maria, a mulher forte, diz o ofício, exemplo para os dias de hoje de fidelidade ao compromisso da fé e da estabilidade emocional. Como o Filho, no dizer de são Paulo, que foi sempre ‘sim’ para o Pai (1Cor 1,19).

7. Desse seu ‘sim’, algumas consequências práticas nos servem de referência para compreendermos essa nova humanidade que nela se revela.

8. Ela é o modelo de uma humanidade reconciliada e aberta a ação da graça. Ela nos estimula para que realizemos essa opção fundamental por Cristo, para a construção de um mundo mais humano.

9. Ela nos aponta uma relação nova com o Sagrado e com o próprio Deus marcada pela amizade, comunhão e colaboração. A fé cristã e entrega a Deus não anulam o ser humano, mas o elevam, o transcendem e o ajudam a realizar-se como pessoa.

10. Maria nos ensina que essa relação de intimidade com Deus não torna ocioso o nosso compromisso com o mundo, com as pessoas que nos cercam, mas potencializam nossa capacidade de perceber e lutar contra tudo que se opõem à liberdade, à vida, ao amor.

11. Hoje em dia sobram palavras de ideólogos, políticos e demagogos; e faltam fatos concretos de libertação dos humildes. Maria ensina-nos a evitar o verbalismo oco, assim como o ativismo sem relação com Deus e com o ser humano.

12. Ela fez do seu sim um programa de vida, feito de serviço, disponibilidade e santidade, atuando no que lhe era devido, foi inventando uma nova resposta de fé na lida de cada dia. Ela nos convida a envolver-nos no mistério do Natal do seu Filho e a prestarmos atenção ao modo como respondemos ao chamado do Senhor em nossa vida. 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 19 de dezembro de 2020

(Jz 13,2-7.24-25; Sl 70[71]; Lc 1,5-25) 

3ª Semana do Advento.

“Ela dizia: ‘Eis o que o Senhor fez por mim, nos dias em que ele se dignou tirar-me da humilhação pública’”

Lc 1,25.

“Como interpretar e falar deste texto que trata de Zacarias e de Isabel, a mãe de João Batista, em pleno século XXI? Nossos conceitos hoje são muitos diferentes. Nossa cultura é outra. Onde estaria hoje a humilhação de Isabel por ter engravidado com idade avançada com tanta tecnologia e tantos tratamentos possíveis? Eram outros tempos, outra situação, mas, um fato inusitado, assim como foi também o anúncio a Maria, mãe de Jesus. Deus escolhe as pessoas certas para o seu plano. Zacarias e Isabel não queriam confusão. Eram fiéis a Deus e cumpridores da Lei, mas Ele permite que fiquem sob suspeita de um povo rápido em julgar. Depois do susto e da dúvida, vem a felicidade de Isabel por ser mãe do precursor de Jesus. Parece que não, mas muitas vezes Deus nos escolhe para certas situações querendo nos mostrar algo que a princípio não entendemos. Sentimo-nos humilhados, mas nada como a verdade para nos devolver novamente a alegria. Importa sempre a nossa honestidade, a nossa transparência, a nossa certeza de que não estamos fazendo nada de errado, mesmo que as outras pessoas pensem diferente. Mas quem são os outros para condenar!? Prefiro ficar com a consciência tranquila de Zacarias e Isabel, fiéis e tementes a Deus, e que sabiam que aquele anúncio do anjo era plano de Deus para salvar todas as pessoas. Muitas vezes queremos seguir tendências ou não queremos nos comprometer com o anúncio do Evangelho. Sentimos vergonha do que os outros vão pensar ou vão dizer, ou como vão nos avaliar. Quando somos chamados por Deus para a missão, que o nosso coração seja simples e feliz como o coração de Isabel. Que não tenhamos a dúvida de Zacarias. Que bom encontrar exemplos como estes, instrumentos de Deus para transformar os nossos corações! Entregue o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará. Foi isto que fez este belo casal. – Ajuda-nos, Senhor, a entender a tua mensagem e as tuas escolhas para a nossa vida, sem vacilar. Amém (Dougla Moacir Flor – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).    

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 18 de dezembro de 2020

(Jr 23,5-8; Sl 71[72]; Mt 1,18-24) 

3ª Semana do Advento.

“A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José,

e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo” Mt 1,18.

“A perícope evangélica da concepção virginal de Jesus tem sido objeto de controvérsia. As interpretações são desencontradas tanto por desconhecermos elementos fundamentais para compreendê-la, o que não acontecia com as comunidades primitivas, quanto por projetarmos nossos preconceitos sobre o texto bíblico. O evangelho detém-se na soleira do mistério insondável de Deus, numa atitude de respeito e reverência, sem se importar com especulações de caráter anatômico ou fisiológico. Só lhe interessam os elementos teológico-espirituais deste dado da fé da Igreja. Jesus não entra na História como resultado do esforço humano de construir a própria salvação. Ele tem sua origem em Deus, em quem toda a existência está alicerçada. Sua origem evoca o relato da criação, no Gênesis, onde tudo existe pela vontade soberana de Deus. Jesus, e com ele a salvação da humanidade, é a derradeira obra divina. Jesus é o dom de Deus a ser acolhido pela humanidade. Torna-se, portanto, inútil qualquer esforço humano de construir a salvação pelas próprias mãos. O ser humano só pode salvar-se por obra de Deus. Qualquer outro caminho estará fadado ao fracasso. A referência ao Espírito Santo aponta para um tipo de ação inefável e misteriosa de Deus em relação à mãe do Messias. O mesmo Espírito Santo, instrumento da ação divina desde os primórdios da Criação, fez-se também presente quando do nascimento do Messias Jesus. A esta força divina é que se deve sua presença no mundo. – Pai, ajuda-me a contemplar tua ação maravilhosa em relação à concepção de teu Filho Jesus. Que eu reconheça nele tua oferta gratuita de salvação para toda a humanidade (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Quinta, 17 de dezembro de 2020

(Gn 49,2.8-10; Sl 71[72]; Mt 1,1-17) 

3ª Semana do Advento.

“Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão... [...] Jacó gerou José, o esposo de Maria,

da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo” Mt 1,1.16.

“À primeira vista, poderia parecer não ter nenhum sentido dar aqui as gerações de Jesus Cristo, ou lista dos progenitores ou ascendentes de Jesus Cristo. É o começo com o qual São Mateus inicia o seu Evangelho, que tem como finalidade demonstrar a origem humana de Jesus Cristo. Ao longo do seu Evangelho, São Mateus provará, com as profecias e com os milagres realizados por Jesus, sua natureza divina. Mas era preciso demonstrar também seu parentesco com os homens, aos quais vinha salvar. Jesus é colocado num marco histórico, geográfico e étnico; no entanto, já desde o princípio, Jesus foi perseguido por seu próprio povo. E mais: entre as personalidades mencionadas na árvore genealógica de Jesus, encontramos algumas mulheres de origem não israelita, como querendo dar a entender a universalidade da Redenção. De tudo isso devemos deduzir que a luz da fé sempre deve iluminar-nos e que precisamos deixar-nos guiar mais pela fé do que pela razão, mais pelos princípios da história da salvação do que pelas condições da sociologia humana. Além disso, encontramos mais uma razão pela qual São Mateus julga prudente colocar os ascendentes do Salvador: Jesus que nos é apresentado como filho de Maria, nascido sob a paternidade legal de José, é o Cristo, o Messias profetizado no Antigo Testamento, vindo ao mundo para libertar os homens dos próprios pecados, e esta é exatamente a primeira preocupação de São Mateus: demonstrar documentalmente, por sua genealogia, que Jesus era efetivamente o Messias, o Filho de Davi, prometido no Antigo Testamento. A expressão ‘Filho de Davi’ era usual para denominar o Messias. Esse versículo demonstra-nos a geração virginal de Jesus e o papel de pai adotivo que compete a São José. Com efeito, daí se depreende que José era o esposo de Maria; que não tem parte alguma na concepção de Jesus; que tem uma responsabilidade legal e jurídica sobre o filho da esposa. – Vivência: para os pais de família cristã, São José é o modelo acabado de perfeição pela preocupação que passou a ter nos cuidados com Jesus e com Maria, pelo amor intenso com o qual os cercou. Os Santos Padres comprazem-se em chamar o lar de ‘pequena Igreja’, na qual os pais cumprem os deveres sacerdotais na formação dos filhos, e os Documentos conciliares do Vaticano II afirmam que ‘visto que os pais deram a vida aos filhos, têm a gravíssima obrigação de educar a prole e, portanto, é preciso reconhece-los como os primeiros e principais educadores de seus filhos’” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).    

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 16 de dezembro de 2020

(Is 45,6-8.18.21-25; Sl 84[85]; Lc 7,19-23) 

3ª Semana do Advento.

“Isto diz o Senhor que criou os céus, o próprio Deus que fez a terra, a conformou e consolidou;

não criou para ficar vazia, formou-a para ser habitada” Is 45,18.

“O profeta exílico, Dêutero-Isaias, tem como objetivo principal falar da libertação dos exilados e de seu retorno à terra prometida. Encontrava, porém, um profundo desânimo e uma descrença na capacidade divina de mudar os rumos da história. Pensavam que Deus os esquecera: ‘Minha sorte está oculta ao Senhor, o meu destino escapa ao controle do meu Deus’ (Is 40,27). Reclamavam que Deus fazia as coisas malfeitas, como o oleiro que faz um vaso mal-acabado (45,9-13). Escolheu Israel como seu povo, prometeu-lhe uma terra e, agora, deixava a terra vazia e seu povo abandonado no exílio. A estes o profeta anuncia que Deus está agindo. Já escolheu Ciro, rei dos persas, para em seu nome reconstruir as cidades e repatriar os ‘meus’ deportados (45,1-7.13). O Deus de Israel é o único, o criador do universo: ‘Fui eu que fiz a terra, eu criei os seres humanos que vivem nela; fui eu, foram as minhas mãos que estenderam o céu, e a todo seu exército (45,12). O Deus de Israel não é um deus omisso, mas está presente e age no meio de seu povo: ‘Tu és um Deus escondido, Deus de Israel e Salvador’ (45,15). Até os pagãos estão percebendo isso e dizem a Israel: ‘Contigo está Deus; não há outro fora dele’ (45,14). O Deus criador não vai deixar a terra do povo escolhido vazia, pois ‘não a criou para ser solidão, formou-a para ser habitada’ (45,18). É hora de clamar com o profeta: ‘Céus, destilai lá do alto, nuvens, fazei chover a justiça! Abra-se a terra e desabroche a salvação!’ (45,8). – Ó Deus, Tu criastes o universo, povoaste a terra com tuas criatura e viste que tudo era bom. Entregaste todas as criaturas aos cuidados do ser humano, criado à tua imagem e semelhança. Enviaste teu Filho para aqui estabelecer o teu Reino. Concede-nos a graça de cuidarmos bem de nossos irmãos e de todas as criaturas, para que desabroche na terra a tua salvação. Amém (Ludovico Garmus – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 15 de dezembro de 2020

(Sf 3,1-2.9-13; Sl 33[34]; Mt 21,28-32) 

3ª Semana do Advento.

“Então Jesus lhes disse: ‘Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem

no Reino de Deus’” Mt 21,31c.

“Para o povo, tanto João Batista como Jesus eram considerados profetas. As autoridades religiosas, porém, que antes haviam rejeitado a pregação de João, agora rejeitavam também a de Jesus. Por isso, após a entrada triunfal em Jerusalém, Jesus procura explicar a seus adversários que por causa desta rejeição são excluídos do Reino de Deus. Para tanto, conta-lhes a parábola dos Dois Filhos. O primeiro, inicialmente, nega-se a fazer o que o pai lhe pedia, mas depois se arrepende e atende ao pedido. O segundo logo diz ‘sim, eu vou’, mas na realidade, não faz o que o pai lhe pedia. A resposta sobre quem fez a vontade do pai era mais do que evidente, pois os fariseus sabiam que só a obediência efetiva agradava a Deus. Jesus mesmo aplica a parábola à atitude dos fariseus diante da pregação de João Batista e da sua própria mensagem. Compara a atitude dos fariseus com a dos cobradores de impostos e prostitutas. Estes últimos, como o primeiro filho que disse não, também rejeitaram a vontade de Deus, expressa na Lei. Mas, depois, acolheram a pregação de João e receberam o batismo de conversão, e agora, os pecadores, que a princípio não cumprem a Lei, são os que se voltam para Jesus e sua pregação do Reino de Deus. Ao passo que os fariseus, que sempre disseram ‘sim’ a Deus ao observarem a Lei, não acolheram os apelos de conversão de João e rejeitam a mensagem do Reino de Deus e de seu Enviado. Por isso, diz Jesus, os cobradores de impostos e as prostitutas entram no Reino de Deus no lugar que seria antes dos fariseus. A parábola deixa claro que a fé e o arrependimento são condições indispensáveis para que se abram as portas do Reino. – Jesus, amigo dos pecadores, publicanos e prostitutas, Tu conheces nossa condição de pecadores. Sabes da incoerência entre o que professamos com nossa boca e o que praticamos. Perdoa o nosso pecado e dá-nos de vivermos de acordo com as exigências do teu Reino. Amém (Ludovico Garmus – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 14 de dezembro de 2020

(Nm 24,2-7.15-17; Sl 24[25]; Mt 21,23-27) 

3ª Semana do Advento.

“Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os sumos sacerdotes e os anciãos aproximaram-se dele e perguntaram: ‘Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu tal autoridade?’” Mt 21,23.

“Jesus acabava de permitir-se certos atos incomuns no templo: o jubiloso cotejo messiânico com sua entrada triunfal em Jerusalém, a expulsão do templo dos vendilhões, várias curas milagrosas. Tudo isto inquietou os discípulos e, mais ainda, os inimigos, que se encheram de coragem e lhe perguntaram: ‘Com que autoridade fazes isto?’ Essas pessoas pedem contas ao Senhor daquilo que faz, mas não movidas por sincero desejo de saber de onde procedia o poder de Jesus, mas de fato para simplesmente saberem como é que o realizava, coisas que elas não podiam fazer. E por isso Jesus não lhes responde, porque não via sinceridade de coração, com desejos de aprender a verdade; antes, ao invés, procuravam a oportunidade de condenar Jesus por suas próprias palavras. Viam, por um lado, que falava no templo e todas as pessoas e que o fazia ‘como quem tem autoridade’ e, por outro lado, viam que o povo reconhecia em Jesus a autoridade com a qual falava, confirmada por suas obras maravilhosas. Os inimigos de Jesus colocá-lo em uma armadilha, da qual não poderá escapar: se Jesus responde que a autoridade lhe é dada por ser o Filho de Deus, então eles rasgariam as roupas e o proclamariam blasfemo. Jesus não responde agora diretamente a essa pergunta, porque já anteriormente e com clareza suficiente tinha respondido com os seus feitos prodigiosos, que confirmavam sua divina autoridade. Não tinha repetido com clareza que era Filho de Deus e que tudo quanto dizia e fazia realizava-o em nome do Pai celestial? A malícia dos fariseus torna-se evidente, e o Senhor os desmascara ao coloca-los numa situação de constrangimento que revelaria suas péssimas intenções. Quando você fala com os que não são de Jesus Cristo, porque não creem nele nem o aceitam, nem o amam, não se deixe enredar por suas mentiras e más intenções. Afirme simplesmente a verdade, sua convicção na fé em Jesus Cristo, e não se oponha a responder às suas perguntas capiciosas e cheias de intenções distorcidas” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

3º Domingo do Advento – Ano B

(Is 61,1-2a.10-11; Sl Lc 1; 1Ts 5,16-24; Jo 1,6-8.19-28).

1. O Advento e o tempo da Quaresma têm no seu ciclo um domingo chamado da ‘alegria’. Talvez uma tentativa de ‘turbinar’ o coração daquele que vive seriamente esse período de preparação às festas principais do nosso calendário cristão católico.

2. É Paulo, particularmente, que nos convida a estarmos alegres. Como bem sabemos, não é uma alegria qualquer, superficial e mundana de um Natal comercial, mas de uma existência em comunhão com Deus. O profeta Isaias também fala dessa alegria de quem experimenta a ação de Deus em sua vida.

3. Os dois textos nos levam ao encontro da alegre presença de João Batista em seu testemunho e anúncio do Messias. É o primeiro texto do evangelista João que vem como complemento ao nosso breve evangelho de Marcos, para expandir um pouco mais a figura do Batista.

4. Intrigados com a personalidade do Batista, os chefes religiosos de Israel enviam emissários para conhecer a identidade deste profeta popular que está batizando nas margens do rio Jordão. Nessa confrontação com os enviados, o Precursor faz o papel de testemunha de defesa em favor de Jesus.

5. Para entendermos o porque das perguntas, lembremos que havia uma crença que Elias voltaria e precederia a chegada do Messias. Mas João deixa claro que ele é o Precursor, e que seu batismo prepara para a vinda do Messias, mesmo sendo um batismo só de água. O que virá é maior que ele e já se encontra entre eles, mas não o reconhecem.

6. Assim o texto nos permite recolher dessa figura a sinceridade e a lealdade; humildade e sensatez que não sucumbem à vaidade de se dar importância nem de se embriagar com os aplausos da multidão. E por fim o testemunho profético, conforme vemos nos episódios espalhados nos evangelhos.

7. Há algo que não podemos perder de vista por trás desse texto. Os discípulos de João Batista fizeram frente às primeiras comunidades, pois defendiam que João era o Messias e que Jesus foi batizado por ele. Por isso para dar fim a essa polêmica o autor coloca na boca do próprio Batista a negação do seu título messiânico, aqui e em outros momentos de sua narrativa.

8. O texto nos pergunta, de forma indireta, se enquanto cristãos, conhecemos e testemunhamos a Cristo suficientemente. Por outro lado, quando nos é proposta a alegria, sentimos a elevada porcentagem de desencanto e desilusão entre jovens e adultos diante da sociedade em que vivemos.

9. Todo esse desencanto cria tristeza, depressão, mal-estar, pesar, ansiedade e angústia: isto mostra os polos opostos da alegria de viver. Em meio a essa crise de valores, somos lembrados da necessidade do testemunho da alegria cristã. O testemunho é sempre uma interrogação para os demais: o que os move?

10. A melhor disposição para ser testemunhas de esperança e fraternidade é vive-las pessoalmente pela fé; crer em Deus e crer no ser humano, e servir aos mais frágeis entre nós. Paulo nos pede que não deixemos apagar o Espírito. Ele é o alento de vida e alegria, é fogo, chama e luz. É o amor que nos permite reconciliar e nos leva às verdadeiras fontes da alegria.

 

Pe. João Bosco Vieira Leite