Sexta, 01 de outubro de 2021

(Br 1,15-22; Sl 78[79]; Lc 10,13-16) 

26ª Semana do Tempo Comum.

“Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência,

vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas” Lc 9,13.

“A pregação de Jesus nem sempre era bem acolhida, nem suas palavras sempre surtiam efeito na vida das pessoas. Muitas vezes, ele era ouvido com suspeita, desprezo, quando não, com aberta rejeição. Essas reações não lhe passavam despercebidas. Ele as acompanhava com atenção, pois não podia ficar impassível diante de pessoas que menosprezavam a oferta da salvação que o Pai lhes fazia, preferindo, assim o caminho da condenação. A rejeição de Jesus e de sua mensagem provinha, em alguns casos, de toda a população de uma cidade. Corozaim, Betsaida e Cafarnaum tornaram-se símbolos desta realidade. Seus habitantes, em conjunto, fecharam os ouvidos à pregação do Mestre. As palavras fortes, que Jesus lhes dirigiu, revelam a gravidade do fato. Elas não souberam reconhecer nele a presença misericordiosa de Deus, que os convidava à conversão. Seu pecado chegou a tal ponto que se tornaram insensíveis aos apelos divinos, nem reconheceram a necessidade de fazer penitência. Jesus lançou um olhar para o futuro e anteviu a sorte que estava reservada para esta gente, quando se defrontassem com o Pai, no dia do juízo. Seu linguajar chocante, entretanto, tinha como finalidade chamar, uma vez mais, esses pecadores à conversão. Não lhes interessava que fossem condenados, mas que se convertessem e tivessem a vida. – Senhor Jesus, livra-me da dureza de coração que me impede de converter-me sinceramente diante de tua Palavra de salvação” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 30 de setembro de 2021

(Ne 8,1-12; Sl 18[19]; Lc 10,1-12) 

26ª Semana do Tempo Comum.

“E dizia-lhes: ‘A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe

que mande trabalhadores para a colheita’” Lc 10,2

“No caminho para Jerusalém, Jesus enviou discípulos à sua frente com a missão de preparar sua passagem. Eram trinta e seis duplas que visitavam cidades e lugarejos, anunciando a chegada do Reino de Deus e restituindo a saúde aos doentes. Exatamente o que Jesus fazia. Portanto, os discípulos antecipavam o que Jesus faria, depois, predispondo as pessoas para acolherem sua mensagem. Esta colaboração com a missão de Jesus era fundamental. Ele reconhecia a grandiosidade da tarefa que tinha pela frente e a necessidade de muita gente, com ele e como ele, dedicar-se ao serviço do Reino. Desta forma, os discípulos estavam sendo preparados, pouco a pouco, para dar continuidade à missão de Jesus, quando sua ação missionária tivesse chegado ao fim. E isso aconteceria em breve. As instruções dadas por Jesus aos seus enviados preveniram-nos quanto à realidade da missão. Ser ovelhas em meio a lobos foi a metáfora que o Mestre encontrou para descrever o desafio da missão. Os discípulos deveriam contar com dificuldades, perseguições, e até mesmo a morte. Isto, porém, não deveria ser motivo para abandonarem a tarefa recebida. Não haveria de faltar quem os acolhesse e partilhasse com eles o próprio pão. Caso fossem rejeitados, deveriam seguir adiante, pois tinham o mundo inteiro para evangelizar. – Senhor Jesus, confirma minha missão de servidor do Reino e não me deixe desanimar diante das dificuldades (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 29 de Setembro de 2021

(Dn 7,7,9-10.13-14; Sl 137[138]; Jo 1,47-51) 

Santos Miguel, Gabriel e Rafael, arcanjos.

“Jesus disse: ‘Tu crês porque te disse: ‘Eu ti vi debaixo da figueira’? Coisas maiores que essa verás!’” Jo 1,50.

“Natanael tinha boas razões para não acreditar em Jesus (Jo 1,47-51). As promessas messiânicas davam a entender que o Ungido de Deus seria um rei poderoso, ou talvez um grande sacerdote, mas nunca o filho de um carpinteiro nascido em uma aldeia tão simples e pequena como era aldeia de Nazaré. Além disso, o povo já havia se enganado com falsas promessas de falsos profetas (cf. At 5,34-42); portanto, quem poderia garantir que Jesus não era mais um embusteiro e tudo aquilo terminaria novamente em confusão? Assim como Natanael, existem pessoas que demoram a acreditar em Jesus, ou rejeitam crer com a Igreja, partilhando das nossas experiências e da nossa tradição. São pessoas que, diante da fragilidade e das limitações de uma comunidade, encontram muitíssimas dificuldades para perceber a presença de Deus e a ação do Espírito Santo. São pessoas para quem o tesouro do Evangelho permanece escondido e, não poucas vezes, são pessoas sérias, de boa índole, que realmente desejam crescer na fé. Será que podemos ajuda-las? O que poderíamos fazer para que elas acreditassem um pouco mais e se aproximassem um pouco mais do Evangelho? O texto de João narra a vocação de Natanael. Estamos no início do Evangelho. Natanael acolheu Jesus como Messias, mas ainda não sabia o quanto isso transformaria a sua vida. Assim como ele, boa parte de nós está no início de uma longa caminhada e ainda não compreende suficientemente a riqueza da graça que está ao nosso alcance (cf. 1Jo 3,1-2). Na oração de hoje, portanto, reze por você, por mim e por todos aqueles que se encontram na mesma condição de Natanael. – Ajuda-nos, Senhor, a ir além das aparências, a superar nossos preconceitos e a compreender melhor as fraquezas das pessoas e da Igreja. Vem em socorro de nossa própria fragilidade, para que possamos reconhecer-te e seguir-te sempre e cada vez mais. Amém (Marcos Daniel de Moraes Ramalho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 28 de setembro de 2021

(Zc 8,2-23; Sl 86[87]; Lc 9,51-56) 

26ª Semana do Tempo Comum.

“Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: ‘Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” Lc 9,54.

“No caminho para a última e definitiva viagem de Jesus a Jerusalém, o Evangelho coloca este episódio. Precisando passar pela Samaria, os samaritanos não quiseram lhe dar pousada. Perceberam que Jesus ia para Jerusalém. Os samaritanos desprezavam Jerusalém, e achavam que o lugar santo eram as montanhas de Garazim. O peso dos preconceitos religiosos caia novamente sobre Jesus. Os apóstolos quiseram responder com represálias, valendo-se do privilégio e do suposto poder que lhes adivinha da companhia do Mestre. ‘Queres que mandemos descer fogo do céu?’ Mas Jesus, com paciência, repreende os discípulos, e não se queixa da maldade dos samaritanos. Ele não se guiava por preconceitos, não respondia ao mal com o mal. Ele estava impregnado de um outro espírito. Estava cheio de compaixão pelas pessoas. No seu íntimo, tinha pena dos samaritanos, que não eram piores que os habitantes de Jerusalém que iriam mata-lo pouco tempo depois. Jesus tinha uma compreensão superior. Guiava-se por sentimentos grandes e nobres. Era conduzido pelo Espírito de Deus. Sabia relevar as fraquezas, e perdoar a todos. Que ele nos ensine a ter os mesmos sentimentos. Então não ficaremos tramando pequenas vinganças. Não pediremos o fogo que destrói, mas invocaremos sobre todos o Espírito que ilumina o coração e desfaz os preconceitos. E caminharemos com liberdade e nobreza de ânimo. – Senhor Jesus, dai-nos um coração grande como o vosso, e ensina-nos a perdoar os que não nos compreendem. Derramai sobre eles o Vosso Espírito de amor. Amém (Luiz Demétrio Valentini e Zeldite Burin – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 27 de setembro de 2021

(Zc 8,1-8; Sl 101[102]; Lc 9,46-50) 

26ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus sabia o que estavam pensando. Pegou uma criança, colocou-a junto a si” Lc 9,46.

“O Reino de Deus estabeleceu, para a comunidade dos discípulos, escalas de valores diferentes daquelas colocadas em critérios mundanos. Apresentou uma verdadeira contraposição, desvalorizando o que o mundo valoriza e apresentando como valor fundamental o que não parece importante aos olhos das pessoas. Neste contexto, Jesus fez frente a uma mentalidade mesquinha que grassava entre os discípulos, preocupados em saber qual deles seria o maior. Evidentemente, segundo padrões humanos. Para detectar quem, entre eles, estaria em condições de considerar-se o maior, Jesus propôs-lhes uma prova concreta: ser capaz de acolher uma criança em seu nome. Na cultura da época, este gesto supunha uma reviravolta na mentalidade em vigor. Acolher significava valorizar, dar atenção, colocar-se totalmente à disposição de alguém e mostrar-se gentil e atencioso. Mas tudo isto deveria ser feito às crianças, cuja desvalorização social era bem conhecida. Na perspectiva do mundo, acolher uma criança era pura perda de tempo. No horizonte do Reino, acolher uma criança em nome de Jesus transformava-se num gesto de grandeza. Acolhendo-a, acolhia-se o próprio Jesus. A grandeza, neste caso, consistia em amar a quem não era amado, valorizar quem não era valorizado, mostra-se solidário com quem era vítima da marginalização. – Senhor Jesus, não permitas que eu me engane, buscando grandezas humanas, quando a verdadeira grandeza consiste em amar-te na pessoa dos pequeninos (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

26º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Nm 11,25-29; Sl 18[19]; Tg 5,1-6; Mc 9,38-43.45.47-48).

1. Na abertura do nosso evangelho, acolhemos esse olhar positivo e universalista de Jesus para todo homem e mulher capaz de praticar o bem em seu nome, mesmo não pertencendo à sua Igreja. Mas o texto muda rapidamente de assunto e Jesus emprega a palavra ‘escândalo’ em seu discurso.

2. Segundo a linguagem bíblica, ‘escândalo’ indica um perigo para a salvação. Aquilo que abala a fé. Literalmente ela significa armadilha, obstáculo colocado no caminho de alguém. Por isso quem escandaliza, é alguém que quer fazer cair o outro, desviá-lo da fé, tornar difícil sua estrada de adesão a Cristo. É nesse sentido que a lemos no Evangelho.

3. Os pequenos aqui não são as crianças que vimos no domingo anterior. São os membros mais frágeis ou simples da comunidade, que alguém, maliciosamente coloca a perder ou leva a perder-se. E assim o ensinamento de Jesus se desenvolve em duas partes.

4. Depois de colocar-nos atentos ao fato de destruirmos a fé no coração dos pequenos, Jesus considera um outro escândalo: não mais aquele provocado pelos outros, mas aquele que nasce dentro de nós. Assim, acena à mão, ao pé e aos olhos como ocasião de escândalo, que nosso texto traduz como ‘pecado’. (Leituras alegóricas ou simbólicas desenvolvem circunstâncias em que tais membros nos levam a pecar....).

5. Jesus já havia sublinhado que o mal nasce no coração humano. Ele entende simplesmente de dizer que a possibilidade de queda do ser humano, sua atração para o mal, depende da sua natureza corpórea. Em outras palavras, é preciso evitar toda conivência com o mal.

6. Jesus está dizendo que a salvação, o seguimento tem suas exigências radicais, é necessário estar disposto a algum sacrifício ou distanciamento. Por isso ele usa essa imagem da mutilação dos membros mais preciosos. Uma escolha entre o Reino de Deus e o inferno (originalmente seria Geena... um vale ao sul de Jerusalém). 

7. Naturalmente entendemos que Jesus não recomenda a mutilação para evitar o pecado. Ele é a favor da vida. Sua linguagem é metafórica. Se trata de libertar-se de tudo aquilo que pode constituir um obstáculo à comunhão com Deus. Podemos aplica-lo às situações mais diversas e nos mais variados esforços.

8. Mas há ‘pequenos’ que nos escandalizam em seu seguimento pouco decidido, quem se mantêm à uma distância segura, que vivem a debater assuntos teológicos e não se comprometem de fato com o evangelho. Há aqueles que nos escandalizam por sua mentalidade fechada e querem impor aos outros o seu modo de pensar.

9. Há quem se apresente como modelo para os outros, por achar-se irrepreensível. Tais pessoas só me convenceriam se ao menos, vez em quando eu as ouvisse dizer: ‘não sei’, ‘não tenho certeza’. Se não tivessem sempre uma resposta para tudo. Pessoas assim me assustam em sua ‘impecabilidade’.

10. Por outro lado, há quantas pessoas já não escandalizei e continuo a escandalizar? Não irei atrás de uma pedra de moinho para colocar ao pescoço. Continuarei a me colocar de joelhos, como tantos outros, a bater no peito e reconhecer minhas culpas. Sentir-me um pecador, mas não afastar-me do Senhor, e deixar-me reeducar por sua Palavra de vida e salvação.

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 25 de setembro de 2021

(Zac 2,5-9.14-15; Sl Jr 31; Lc 9,43-45) 

25ª Semana do Tempo Comum.

“Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia” Lc 9,43a.

“Os discípulos de Jesus não deveriam deixar-se contaminar com a empolgação popular a respeito do Mestre. O povo se maravilhava diante dos grandes feitos de Jesus e, talvez, nutrisse esperanças a seu respeito. Esperanças, que ele não estava disposto a realizar. Entre elas, sem dúvida, a intenção de fazê-lo rei. Os discípulos, por sua vez, provinham de camadas populares e nutriam as mesmas expectativas do povo em relação ao bem-estar social, ao futuro da nação, à esperança messiânica. Por isso, corriam o risco de se deixarem levar, com muita facilidade, pelo que o povo pensava a respeito de Jesus, e esperava dele. Para evitar equívocos, o Mestre pediu-lhes que prestassem toda a atenção num esclarecimento muito importante: ele estava destinado a sofrer muito. A declaração de Jesus deixou os discípulos perplexos. Suas palavras pareceram-lhes obscuras. Não eram capazes de captar-lhes o sentido. E tinham medo de interrogar o Mestre sobre o assunto. Jesus cuidou para que sua paixão e morte não pegassem os discípulos desprevenidos, gerando frustração e dispersão do grupo. Eles deveriam compreender que o sofrimento fazia parte de sua opção de fidelidade ao Reino de Deus. Não seria um acidente imprevisto de sua trajetória. Por conseguinte, foram desafiados a refazer suas expectativas a respeito de Jesus. – Senhor Jesus, ajuda-me a compreender que tua paixão e morte fazem parte de tua opção de fidelidade ao Reino de Deus (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 24 de setembro de 2021

(Ag 1,15—2,9; Sl 42[43]; Lc 9,18-22) 

25ª Semana do Tempo Comum.

“Mas Jesus perguntou: ‘E vós, quem dizeis que sou?’ Pedro respondeu: ‘O Cristo de Deus’” Lc 9,20.

“Para nós, hoje, ‘Cristo’ é um sobrenome comum. Na verdade, era ainda um título, e de profundo significado. ‘Cristo’ é o ‘Messias’, a saber, o ungido. A prática da unção era usual no antigo Israel e significava a escolha da pessoa para um cargo importante. Quando, pois, empregava-se a palavra ‘Ungido’, por designação, pensava-se numa pessoa extraordinária pronta a realizar uma também extraordinária tarefa de libertação. Em momentos de crise nacional, como a dominação romana na época, a figura do Ungido dominava a imaginação de todas as pessoas, e vários ‘cristos’ políticos e militares surgiam na Palestina, cada qual desejando libertara o povo hebreu da opressão estrangeira. Pedro pensava da mesma forma? No início, é muito provável que sim. Quem naquele tempo não ansiava pela independência total em relação ao poder opressor dos romanos? Um dos discípulos era explicitamente cognominado Zelote, uma referência a um grupo de revolucionários violentos. A pesquisa neotestamentária aponta outro, Judas Iscariotes, como antigo membro desse ou de outro grupo da mesma característica. Pedro, no entanto, pouco a pouco foi entendendo a messianidade de Jesus. Assim, na hora decisiva da pergunta, pôde apresentar a resposta correta, a resposta fundamental para Jesus e para nós. – Tu és o Cristo, Senhor, o escolhido pelo Pai a fim de nos resgatar do pecado e da maldição da lei. Concede nos mantenhamos firmes na fé que teve Pedro e os demais apóstolos para gozarmos dessa libertação efetuada por ti na mais humilde obediência no madeiro da cruz. Amém (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 23 de setembro de 2021

(Ag 1,1-8; Sl 149; Lc 9,7-9) 

25ª Semana do Tempo Comum.

“Acaso para vós é tempo de morardes em casas revestidas de lambris, enquanto esta casa está em ruínas?” Ag 1,4.

“Nossa morada atual é o planeta Terra. E como está a nossa casa? Em ruínas, sem dúvida. Irmãos contra irmãos, filhos contra os pais, esposos contra esposos, amigos contra amigos, nações contra nações.... É o caos completo. Neste mesmo instante, quantas crianças estão morrendo, ao nascer, por subnutrição e falta de recursos? Quantas mães aflitas oferecem aos seus filhos os peitos murchos, porque elas próprias carecem de alimento? Quantas panelas estão vazias? Quantas crianças e adolescentes estão abandonados pelas ruas, se prostituindo e se drogando? Casas sendo destruídas, famílias destroçadas, filhos órfãos, jovens e velhas estupradas? Quantas guerras estão acontecendo? Quantos estão morrendo, aos poucos, vítimas de doenças estranhas? Que tempo é este, em que as crianças já não brincam e, cada vez mais cedo, perdem a alegria? Que vazio é este, que tristeza é esta, que desesperança, matando os sorrisos e os sonhos? Já não é hora de olharmos ao redor, repararmos nas ruínas e sentir que é chegado o momento de construirmos um novo mundo, onde possamos ter ‘casas revestidas’? Deus só quer o nosso bem. Ele não tem nenhuma responsabilidade nas nossas loucuras. Está em nossas mãos dar um basta a tudo de ruim que vem destruindo nações, lares e almas e partir para a construção de um mundo melhor, onde possamos realmente ser irmãos e onde haverá, por fim, ‘um só rebanho e um só pastor’. Não tenhamos medo de abandonar esta casa em ruínas. Sob as bênçãos do Criador, vamos reconstruir a nossa casa, revestindo-a de toda proteção. No sacrário de nossas almas, alimentemos a esperança para que saudemos a aurora que se aproxima! – Arquiteto supremo, Pai amoroso, ajudai-nos a deixar nossas casas em ruínas, sem olhar para trás. Que cada um de nós contribua, mesmo que for com um único tijolo, para a construção da nova casa que nos abrigará na Paz e na Felicidade. Amém (Maria Liza Silveira Teles – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 22 de setembro de 2021

(Esd 9,5-9; Sl Tb 13; Lc 9,1-6) 

25ª Semana do Tempo Comum.

“Assim o nosso Deus deu brilho aos nossos olhos e concedeu-nos um pouco de vida

no meio de nossa servidão” Esd 9.8b.

“A história do povo de Israel inclui momentos dificílimos; um deles foi o exílio na Babilônia, que marcou profundamente a vida e a fé dos israelitas. Em 586 a.C., o Reino de Judá foi invadido pelo Império Babilônico e a cidade e o Templo de Jerusalém foram destruídos. Além da destruição, houve também o exílio: um grupo de judeus foi deportado para a Babilônia indicando a derrota de Israel para o império pagão. O restante do povo permaneceu em Jerusalém, mas teve o desafio de viver na terra destruída, que levaria anos para ser reconstruída. O verso que orienta a meditação de hoje pertence ao Livro de Esdras. Depois de quase cinco décadas, muitos deportados voltaram para Jerusalém. Esse retorno foi muito desejado, assim como o reencontro com os que ficaram. Tudo isso foi motivo de alegria e esperança, e por isso Esdras fala de um ‘brilho novo nos olhos’. A volta e o reencontro, porém, também incluem dissabores e estranhamentos. Uma questão que gerou forte tensão entre eles foi a dos casamentos mistos: muitos dos que permaneceram na cidade destruída acabaram se casando com os estrangeiros, com os pagãos, e tais casamentos foram considerados, por muitos, uma ofensa a Deus, pois o povo continuaria dividido por costumes estrangeiros e isso colocava em risco a Aliança de Israel com Deus. O texto de hoje traz a oração de Esdras em meio a esses conflitos (Esd 9,5-9). Na prece, o sacerdote lamenta os incidentes que conduziram o povo ao exílio e agradece imensamente ao Senhor pela oportunidade do retorno; mas Esdras também chora e lamenta profundamente os pecados que ainda dividem a comunidade. Ainda assim, com profunda confiança, ele pede ao Senhor o auxílio para superação de todos os conflitos. – Senhor, também nós, nossas cidades e nosso país, passamos por momentos difíceis. Abra, pois, nossos ouvidos e guia-nos em nossas dificuldades; e ajuda-nos a confiar na tua presença (Marcos Daniel de Moraes Ramalho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 21 de setembro de 2021

(Ef 4,1-17.11-13; Sl 18[19A]; Mt 9,9-13) 

São Mateus, apóstolo.

“Eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebeste” Ef 4,1.

“O que significa andar de maneira digna? Em primeiro lugar, fazer com amor a nossa tarefa, seja a mais simples possível. O poeta Khalil Gibran diz-nos que ‘o pão que é feito sem amor amarga’. Assim, se, ao invés de comprimirmos, com amor, a nossa função, o nosso coração estiver destilando ódio, revolta, ressentimento, todo o organismo social será envenenado, intoxicado. Em segundo lugar, cumprimos aquilo que nos cabe cumprir, colocando, como prioridade, o bem coletivo. Enfim, dando o exemplo de retidão, dignidade e competência. Porque, por mais humilde que seja a nossa tarefa, podemos exercê-la bem ou mal, nos acomodarmos ou procurarmos crescer, cada vez mais, aperfeiçoando o exercício daquilo que fazemos. Se cozinharmos, sejamos um ótimo cozinheiro, sempre alegre e criativo. Se somos faxineiros, procuremos aperfeiçoar a nossa técnica de limpeza. Que o ambiente que nos cabe limpar esteja, cada dia, mais higiênico e confortável. Se tocamos um instrumento musical, estudemos e exercitemos bastante e, assim, nossa música será cada vez mais agradável aos ouvidos e corações. E, assim por diante... Andemos de uma maneira digna da vocação a que fomos chamados! Porque esta vocação é sempre um chamamento de Deus, uma oportunidade que ele nos dá para aprendermos mais e evoluirmos. É Deus quem nos pede que cumpramos aquela tarefa. E, se o fizermos bem, ele nos abraçará agradecido. Porque, para que todo o universo se movimente, com harmonia, é necessário que cada peça esteja em seu devido lugar, funcionando bem a fim de que todos os seres possam, também, sentir a harmonia individual. O grande arquiteto, o grande maestro, espera de nós uma resposta amorosa ao seu chamamento, porque nos considera coparticipantes da formação e da regência do universo. Andemos, pois, de uma maneira digna da vocação a que fomos chamados! – Senhor Deus, fazei com que sejamos capazes de andar, sempre, de acordo com vosso chamado! Enchei os nossos corações de amor, alegria e gratidão! Amém (Maria Liza Silveira Teles – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 20 de setembro de 2021

(Esd 1,1-6; Sl 125[126]; Lc 8,16-18) 

25ª Semana do Tempo Comum.

“Portanto, prestai atenção à maneira como vós ouvis! Pois a quem tem alguma coisa, será dado ainda mais;

e àquele que não tem, será tirado até mesmo o que lelé pensa ter” Lc 8,18.

“Preste atenção nessa sequência de versos do Evangelho lucano: ‘Ninguém acende uma lâmpada para escondê-la... Tudo que está escondido, deverá tornar-se manifesto... Para quem tem alguma coisa, será dado ainda mais...’  Lc 8,16-18). Os versos em questão, dirigidos aos discípulos, dizem respeito à missão. Assim como lâmpadas existem para iluminar, assim também os discípulos, iluminados pelo Verbo de Deus, devem levar ao mundo a mensagem do Reino; e esse Reino, que cresce discreta e silenciosamente, um dia se mostrará completamente em toda a sua beleza e esplendor. Eis a nossa fé: o que ainda permanece escondido, o que ainda é ignorado pela maioria dos seres humanos, um dia será plenamente conhecido – e vivido! Como disse o apóstolo, ‘um dia Deus será tudo em todos’ (1Cor 15,28). Como disseram os profetas, um dia ‘todos conheceremos o Senhor e sua Lei estará em nosso coração; Ele será o nosso Deus e nós seremos o seu povo’ (Ez 11,19-20; Jr 31,33-34). Esse Reino, porém, exige envolvimento. Assim como não existem belos jardins sem o envolvimento de dedicados jardineiros; assim como não existem belas plantações sem o envolvimento de dedicados agricultores, assim também o Reino de Deus pede o nosso envolvimento. Cabe a nós, portanto, acolher esse desafio: quanto mais envolvidos estivermos com o Deus de Amor e com o seu projeto do Reino, mais em comunhão com Ele estaremos – e mais plenamente viveremos! Como dizia Anselmo, teólogo do século XI, crendo é que podemos entender; mas esse ‘crer’, antes de ser um ato intelectual, é uma decisão do coração, um ato de amor, um projeto de vida. Quem se envolver, conhecerá mais e mais; quem não se envolver, porém deixará de vivenciar a beleza e a riqueza deste Mistério de Amor” – Pai Nosso.... Vem a nós o teu Reino, seja feita a tua vontade... E não nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos do mal. Amém” (Marcos Daniel de Moraes Ramalho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).     

   Pe. João Bosco Vieira Leite

25º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Sb 2,12.17-20; 53[54]; Tg 3,16—4,3; Mc 9,30-37)

1. Desde o domingo anterior Jesus está fazendo um longo caminho com seus discípulos, que, segundo Ele culminará na cruz, que os discípulos resistem em compreender. Mas seu ensinamento não se retém nessa realidade, Ele expande a visão dos discípulos para o modo de ser e viver enquanto caminhamos.

2. Podemos perceber como as leituras se ligam ao evangelho. A primeira parte, sobre a morte e a ressurreição, que Jesus trata pela segunda vez, se liga a 1ª leitura; a segunda parte do evangelho, tem relação com a 2ª leitura e a dimensão do serviço.

3. Na realidade, os discípulos têm dificuldade de entender o anúncio da cruz, porque estão preocupados com a primazia e precedência no reino político que aguardam. Que paciência a de Jesus procurando instruir os Apóstolos com tão nulo resultado.

4. Mas Jesus não se deixa vencer, sabe esperar melhores tempos de compreensão pascal do seu mistério pessoal. É normal que ajam assim, seus discípulos não são anjos, nem santos ainda. Ninguém está ao abrigo da ambição e da rivalidade. Quando questionados sentem vergonha. Humanos demais para estarem tão perto de Deus.

5. “Quem quiser ser o primeiro, que seja o último e o servidor de todos”. Esta é a segunda instrução básica que Jesus pretende inculcar em seus amigos. Uma dimensão assim da importância pessoal é tão desconcertante como predizer os sofrimentos do Messias.

6. Jesus afirma categoricamente que seus discípulos devem mudar a ambição do poder pela atitude de serviço. A coexistência de ambos os extremos é impossível, pois a ambição é o câncer do serviço. Vemos que todo homem e mulher, seja criança, jovem ou adulto, luta pelo poder e pelo domínio; e não somente os políticos.

7. Desde o ambiente familiar ao contexto das superpotências mundiais, passando pelo lugar de trabalho e qualquer espaço social, a questão onipresente é fazer ver quem é que manda. Sofremos a tentação quase irresistível de poder e domínio.

8. A questão não é a exclusão de chefes ou líderes, mas a consciência que sua primazia ou autoridade consiste em servir aos outros, ao grupo, à comunidade. Isto requer muita abnegação, renúncia aos próprios interesses, e grande ascese de espírito.

9. O verbo ‘servir’ está na moda e é rentável. ‘Servir melhor é nosso prazer’, são lemas cotidianos das firmas comerciais e dos profissionais. ‘Servir ao povo’ é lema dos políticos e pessoas públicas, sobretudo nas campanhas eleitorais. Mas por estes serviços, exige-se a fatura do cliente, em dinheiro ou em poder.

10. Não é esta a prestação de serviço que Jesus propõe a seus discípulos, mas um serviço sem fatura. Não o formalismo do ‘seguro servidor’ de quem espera compensar-se de outra forma, mas a entrega incondicional e desinteressada. Temos de libertar o verbo ‘servir’ do sequestro que ele sofre em nosso ambiente.

11. A comunidade de Marcos está traduzindo certa experiência dos problemas diários que surgem nas relações comunitárias. O grupo faz também revisão de vida, dentro de um sentido de conversão e de amor fraterno. Translademos para o momento presente a situação passada e acentuemos as necessidades de conversão ao ritmo da história atual. 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 18 de setembro de 2021

(1Tm 6,13-16; Sl 99[100]; Lc 8,4-15) 

24ª Semana do Tempo Comum.

“Diante de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Cristo Jesus, que deu o bom testemunho da verdade perante Pôncio Pilatos, eu te ordeno: guarda o teu mandato íntegro e sem mancha até a manifestação gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo” 1Tm 6,13-14.

“’Diante de Deus, que faz viver todas as coisas’. Deus que é luz, que é Vida, que é Amor. Com esta afirmação, o apóstolo nos conforta e nos faz ver que o Pai cuida de tudo e que nele vamos encontrar refúgio, coragem e alento, pois é todo-poderoso. ‘Diante de Cristo Jesus, que diante de Pilatos testemunhou abertamente a Verdade’. Não somente naquele instante, mas com o exemplo de sua própria vida. Ele é a Verdade. Por isso, o escolhemos como Mestre. E, por isso, é a nossa obrigação busca-lo sempre e tentar, de toda forma, seguir-lhe os passos. Jesus, Verdade, assim como o Pai, é a própria Luz, é o Pão do faminto, a fonte Viva do sedento, a glória da humilhação, a Justiça do injustiçado, o Consolo dos aflitos, a Esperança dos desesperados, o afeto dos não-amados, o Perdão dos pecadores. Que, por amor a Ele, que tanto nos amou e nos ama, que tanto sofreu por nós, e para que o alcancemos, possamos viver ‘sem macha nem culpa’. É claro que é muito difícil, dentro da matéria, no plano da matéria, num mundo tão convulsionado, viver sem mancha. Quem o proclama, decerto, é hipócrita, porque os santos, sem mancha, silenciam. Isto porque, em nossa humanidade, é praticamente impossível viver toda uma vida sem mancha sequer. Como bom pastor, ele nos chama a perfeição. Se não é possível viver sem macha, pelo menos podemos tentar.... Podemos pecar, porque somos humanos, mas amando, perdoando, acolhendo, consolando, elogiando, ensinando e calando-nos, quando necessário, porque, também, somos divinos. – Jesus amado, Vós que sois a verdade, o caminho e a vida, ensinai-nos a viver sem mancha para que, um dia, possamos contemplar o rosto glorioso do Pai! Amém (Maria Liza Silveira Teles – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 17 de setembro de 2021

(1Tm 6,2-12; Sl 48[49]; Lc 8,1-3) 

24ª Semana do Tempo Comum.

“Sem dúvida, grande fonte de lucro é a piedade, mas quando acompanhada do espírito de desprendimento” 1Tm 6,6.

“Na carta endereçada a Timóteo, o Apóstolo Paulo continua orientando o discípulo a respeito de vários temas. No trecho que lemos hoje (cf. 1Tm 6,1-12), fala especialmente sobre os cuidados que Timóteo e as comunidades deveriam ter para distinguirem os verdadeiros ministros dos falsos evangelizadores. Paulo sabe que o ministério pode ser um caminho para pessoas vaidosas e interesseiras, pouco preocupadas em seguirem a verdadeira fé e em manterem a unidade da Igreja; essas pessoas, além de transformarem a fé em um negócio, causam inúmeros dissabores aos fiéis e às comunidades (v. 3-5). Por conhecer todos esses riscos, Paulo insiste com Timóteo: ‘O caminho da fé’ pode sim ser um grande negócio, mas não da maneira mundana como muitos imaginam. ‘O caminho da fé traz riquezas e alegrias imensas, mas apenas para aqueles que sabem viver este caminho com desprendimento. Nada trouxemos ao mundo e nada poderemos levar. Tendo alimento e roupa, fiquemos satisfeitos’ (v. 6-8). Diante disso, Paulo exorta os irmãos, especialmente os ministros, a fugirem das vaidades e das ambições (v. 9-10), e também exorta as comunidades a terem cuidado com os ambiciosos – principalmente quando estes almejam algum ministério (cf. 1Tm 5,22). Assim, irmãos, na oração de hoje, rezemos pelos ministros de nossas comunidades, ou por aqueles que exercem algum serviço em nossas igrejas. Rezemos também por todos os que almejam ou se preparam para assumir algum serviço ou ministério; que todos tenham a simplicidade e a sabedoria que o próprio Senhor Jesus pedia aos seus discípulos. – Senhor, ensina-nos a servir, sem perguntar até quando; a semear o bem, sem pensar nos resultados; a dar o melhor de nós, sem cobrar taxas de reconhecimento; ajuda-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade será sempre maior à medida que cumprirmos tua vontade. Amém (Marcos Daniel de Moraes Ramalho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 16 de setembro de 2021

(1Tm 4,12-16; Sl 110[111]; Lc 7,36-50) 

24ª Semana do Tempo Comum.

“Vendo isso, o fariseu que o havia convidado ficou pensando: ‘Se este homem fosse um profeta,

saberia que tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora’” Lc 7,39.

“Embora vivendo numa sociedade cheia de preconceitos, Jesus não se deixava levar por eles. Sua ação norteava-se pelas exigências do Reino; sua liberdade não dependia da opinião alheia. Por isso, não deixava de fazer o bem, quando necessário, mesmo correndo o risco de ser mal interpretado. O fariseu, que convidara Jesus para uma refeição, tinha uma série de preconceitos. Olhava para as mulheres com desprezo. No caso das prostitutas, este desprezo transformava-se em verdadeiro asco e repúdio. Na sua opinião, os mestres deveriam guardar distância dessas mulheres e não se deixar tocar por elas. Também esse fariseu confundiu ser profeta com ser capaz de conhecer as intenções dos outros. Embora fosse o convidado, Jesus censurou seu anfitrião. Este observou, com malícia, o gesto amoroso de uma pecadora da cidade que entrara em sua casa, pondo-se a banhar os pés do Mestre com suas lágrimas, a enxuga-los com seus cabelos e a cobri-lo de perfume. Para Jesus isto era uma manifestação de amor; para o fariseu, não passava de um gesto sensual. Além disso, a ação da mulher substituíra a falta de delicadeza do fariseu, que não realizou os gestos de praxe, quando da chegada de um hóspede. Enfim, aquela mulher, apesar de pecadora, tinha mais nobreza do que o anfitrião mal-educado e preconceituoso. – Senhor Jesus, tira de mim toda malícia e todo preconceito que me levam a interpretar, de forma equivocada, o que é gesto de amor (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 15 de setembro de 2021

(Hb 5,7-9; 30[31]; Jo 19,25-27) 

Nossa Senhora das Dores.

“Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que sofreu” Hb 5,8.

“O que nos ensina o sofrimento? Como nos comportamos diante das tempestades que nos atingem, os males que nos afligem, as perdas que nos ferem, as doenças que nos limitam? Aceitamos, com resignação, aquilo que não podemos mudar, obedecendo à vontade divina, crescemos em espiritualidade, fortalecemos a nossa fé, ou pelo contrário, nos revoltamos, nos desesperamos, nos amarguramos e nos tornamos céticos? A vida nos ensina que o sofrimento é uma faca de dois gumes: alguns, quanto mais sofrem, como um diamante sendo burilado, crescem em humanidade. Tornam-se mais bondosos, compassivos, tolerantes, solidários.  Outros, desenvolvem uma revolta surda, silenciosa, que vai minando o seu ser, gangrenando-os. Não há como evitar o sofrimento. Por mais que sejamos privilegiados em fortuna, em saúde, em inteligência, em beleza, em afeto, em qualquer curva da estrada, ele nos espera. Há até um verso de um poeta brasileiro, cujo nome nos foge no momento, que diz: ‘Quem passou pela vida e não sofreu, passou pela vida, não viveu’. Sofrimento é, pois, contingência humana. Alguns sofrem mais, outros menos. A razão desta diferença está no plano divino. E este plano é um mistério para nós. Mas não é isto o que importa. O importante é como aproveitamos o sofrimento. Será que, como nosso divino Mestre, aprendemos a obediência, e outras virtudes, com os sofrimentos que temos? – Senhor Jesus, vós que sois a perfeição, ensina-nos não apenas a suportar a dor, mas a crescer com ela, para, um dia, sermos perfeitos, como nosso Pai que está nos Céus. Amém (Maria Liza Silveira Teles – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 14 de setembro de 2021

(Nm 21,4-9; Sl 77[78]; Jo 3,13-17) 

Exaltação da Santa Cruz.

“Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito para que não morra todo o que nele crer,

mas tenha a vida eterna” Jo 3,16.

“A crucifixão de Jesus deu à cruz um sentido novo: deixou de evocar a morte, para ser evocação da vida. Não mais seria instrumento de castigo, mas de salvação. Seria motivo de exaltação e não de ignominia. Esta mudança radical do sentido da cruz deveu-se ao modo como Jesus viveu. A morte de cruz foi a prova suprema da fidelidade do Filho ao Pai. Nela ficou patente que Deus era o senhor único e exclusivo da vida de Jesus, e que nenhuma criatura fora suficientemente forte para desviá-lo do caminho traçado pelo Pai. Somente neste sentido é possível entender a necessidade da morte de cruz. Seria praticamente impossível ter Jesus encontrado outra forma mais convincente para provar sua fidelidade a Deus. Ele não temeu enfrentar, de cabeça erguida, a infamante morte de cruz, quando estava em jogo a razão de ser de sua existência e de sua vinda ao mundo. Daqui provém o respeito cristão pela cruz e o simbolismo de que é revestida. Ela evoca a fidelidade de Jesus e é apelo à essa mesma fidelidade. É a síntese do amor de Jesus pela humanidade, ao entregar-se para resgatá-la do pecado, e é um convite para o amor. Ela revela o serviço radical e incondicional de Jesus ao Reino, e estimula o cristão a fazer o mesmo. Exaltar a cruz é, pois, optar por trilhar os caminhos de Jesus. – Senhor Jesus, que a exaltação da cruz desperte em mim um empenho sempre maior de trilhar os teus caminhos (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 13 de setembro de 2021

(1Tm 2,1-8; Sl 27[28]; Lc 7,1-10) 

24ª Semana do Tempo Comum.

“Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças por todos os homens” 1Tm 2,1.

“Você está triste? Faça uma prece! Seu coração está aflito? Ore ao Senhor! Você já não crê e nem vê motivos para a esperança? Faça orações, mesmo que não acredite em seu poder. Você pensa que está só e não tem quem recorrer? Suplique ao Pai, embora tenha mil razões para nem acreditar em sua existência. Você tem saúde, conforto, afeto? Dê graças a Deus! E com o tempo haverá de surpreender-se com a paz que terá no coração. Orar não é simplesmente repetir fórmulas, mas principalmente, conversar com este Pai e amigo, que sempre nos ouve com paciência e complacência. É louvá-lo nas bênçãos do dia-a-dia. É maravilhar-nos com todo o esplendor da vida. Timóteo sabia bem o que estava nos recomendando. Ele tinha certeza que é através da oração que comungamos com o Senhor e encontramos alento, conforto, luz para as nossas vidas. Mas atentemos para este detalhe de sua exortação: ‘para todos os homens’. Isto é, quando nos unimos a Deus, através da prece, devemos buscar a união com todos, com o próprio cosmos. E, ainda mais, supliquemos por toda a nossa família humana, não só porque ela é composta de irmãos nossos, mas porque a nossa paz e a nossa felicidade dependem da paz e da felicidade de todos. Sim, devemos orar. Orar muito. Fazer muitas preces, pois o momento é de muita aflição para todo o planeta. Orar, portanto, por toda a humanidade. E, então, vamos descobrir que a oração é a mais eficaz terapia para todos os nossos males. – Senhor de misericórdia infinita, que nosso lábios, nossas mentes e nossos corações possam murmurar palavras de amor, confiança a favor de todos os nossos irmãos, principalmente por aqueles que não descobriram ainda as maravilhas da oração! E que a Paz possa reinar na Terra. Amém” (Maria Liza Silveira Teles – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

24ª Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Is 50,5-9; Sl 114[115]; Tg 2,14-18; Mc 8,27-35).

1. A 1ª leitura de hoje nos traz um dos cantos do servo sofredor, aplicados a essa atitude de entrega e obediência de Jesus ao plano salvador que passa pela paixão e morte. Tema da 2ª parte do evangelho. Tiago nos recorda a prática da fé por ações concretas em favor dos mais necessitados.

2. Mas é em torno do Evangelho que a nossa reflexão se concentra, ainda que numa ou noutra circunstância, as outras leituras acabem se encontrado com o mesmo. Outra vez é Pedro que nos ajuda a tomar consciência das exigências de nossa vocação cristã, do crer e do viver.

3. A nossa fé não é um simples sentimento de confiança em Deus. Esse sentimento baseia-se também numa certeza da inteligência. Crer é, antes de mais, aderir sem reservas à verdade que Cristo nos ensina. E o nosso Evangelho está cheio de algumas dessas verdades.

4. Essa confissão de Pedro que acompanhamos em Marcos confirma a divindade de Jesus através do título de Messias, mas deixa de fora outras verdades colocadas por Mateus: a origem divina da Igreja, fé nessa liderança exercida pelo papa. E esta confissão de Pedro se dá, num momento de forte oposição a Jesus.

5. Enquanto esperavam um Messias que restabelecesse o prestígio de Israel e submetesse o mundo inteiro pela força das armas, Jesus lhes propõe a conquista de si próprios. A praticar a justiça, a caridade, o arrependimento, a renúncia.... Suas palavras soam difíceis...

6. Por isso Ele se afasta da Galileia, meio desiludido com as reações. Aproveita esse breve exílio em território de maioria pagã para complementar a formação dos discípulos que não o abandonaram e dos doze em particular. Assim começa perguntando-lhes sobre o que pensam dele as pessoas.

7. Os discípulos contam com simplicidade o que ouviam dizer. Entre as figuras dos profetas mencionados, não aparece o título de Messias. Em seguida Jesus lhes coloca de maneira direta o problema: e vocês, que dizem de mim? Sem hesitação, Pedro vai além das crenças judaicas.

8. Os discursos anteriores de Jesus lhe tinham rasgado horizontes muitos vastos. E os séculos seguintes continuarão a falar de Jesus e a produzir literatura sempre abundante sobre Ele. A pergunta de Cesareia de Filipe continua na pauta do dia, ainda que as opiniões possam ser contraditórias.

9. Nesse mês em que celebramos a Palavra, somos lembrados desse exercício necessário do conhecimento de Cristo a partir de suas fontes, não tanto do que dizem a respeito dele. São Jerônimo dizia que ignorar as escrituras é ignorar a Cristo.

10. Continuará sempre um desafio a união das duas naturezas, divina e humana em Jesus, mas é a única explicação que respeita a sua perfeita unidade, toda a sua grandeza e toda a sua beleza humana. Jesus é tão verdadeiramente homem como Deus. Seremos felizes se o podermos compreender por completo, como Simão Pedro o foi. 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 11 de setembro de 2021

(1Tm 1,15-17; Sl 112[113]; Lc 6,43-49) 

23º Semana do Tempo Comum.

“Segura e digna de ser acolhida por todos é esta palavra: Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores.

E eu sou o primeiro deles” 1Tm 1,15.

“Paulo não mostra muita modéstia quando o assunto é a sua própria condição espiritual: é o menor dos apóstolos e é também, como diz aqui, o principal pecador. Em parte, ele tem razão: perseguiu a Igreja de Cristo e foi, muito provavelmente, um dos chefes na execução de Estevão. Comparado, porém, aos tiranos da época (nem tanto dos posteriores e atuais), que distância! A violência dele não seria digna sequer de uma nota de rodapé. No entanto, não é esse o ponto. Paulo olhava para seu próprio íntimo e lá dentro – com microscópio do arrependimento e de uma consciência iluminada não só através da Lei, mas principalmente pelo Evangelho – ele conseguia visualizar a distância que o separava da perfeição de Deus. Em tal situação, de nada lhe adiantaria olhar para um Herodes ou para um Hitler. Seria o mesmo que uma pessoa assassinada com um tiro só achar-se em melhor posição que outra com uma saraivada de metralhadora. A morte é sempre igual, e morte espiritual só tem comparação para baixo. Mesmo, porém, colocando-se no último lugar, ele não se desespera. Há um evento que lhe reaviva toda a esperança: Cristo veio ao mundo salvar os pecadores – pouco ou nada importando o ranking ocupado por Ele ou por você. É claro que você, entrando em contato com as terríveis exigências da lei, sempre se verá como o principal dos pecadores. Contudo, mesmo aí a redenção de Cristo o alcança. Ou você acha que Jesus Cristo é limitado, presunçoso ou mentiroso? Ele é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, Deus, portanto, que se despiu da sua divindade humilhando-se até a morte na cruz por causa de você. – Senhor, olhando para meus pecados sei que não sou digno de nada. A graça tua, porém, não procura dignidade, pois sabe que não vai achá-la em ninguém, muito menos em mim. Por isso, com tremor aceito a mensagem da graça e do perdão, me garante haveres morrido por mim para me salvar. Amém (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).   

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 10 de setembro de 2021

(1Tm 1,1-2.12-14; Sl 15[16]; Lc 6,39-42) 

23ª Semana do Tempo Comum.

“Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão e não percebes a trave que há no teu próprio olho?” Lc 6,41.

“Havia, alguns discípulos de Jesus, a tendência a querer arvorar-se em guia dos outros, sem terem condições para isto. Sem se preocupar em corrigir seus próprios defeitos, eles se apresentavam como modelo e com intuito de serem seguidos pelos demais. Esta pretensão inconsequente foi denunciada por Jesus. Querer guiar os outros, sem estar apto para isto, é igual a um cego deixar-se guiar por outro cego. Ambos estão fadados a cair no primeiro buraco que encontram pela frente. Outra falha consistia em perceber as limitações e os pecados alheios, por menores que fossem, e, ao mesmo tempo, não se dar conta de estar incorrendo em pecados bem mais graves. A mesma pessoa que vê um cisquinho no olho alheio, não raro nem percebe o pedaço de pau existente em seu próprio olho. Jesus denuncia tal hipocrisia. Ele aconselha, a quem assim age, a tirar o cisco que tem nos olhos, para poder ver bastante bem o que se passa com os outros. Evidentemente, quando a pessoa é capaz de perceber seus defeitos pessoais, será cautelosa em censurar o próximo. Os hipócritas não se dão conta da gravidade do que fazem, por isso julgam-se perfeitos e no direito de corrigir os outros. O discípulo de Jesus, ao contrário, é parcimonioso quando se trata de descobrir o pecado alheio. Ele tem consciência de ser objeto da misericórdia divina e, por isso, sabe também ser misericordioso e paciente com os demais. – Senhor Jesus, que eu tenha suficiente humildade para reconhecer os meus erros e não querer arvorar-me em juiz e guia do meu próximo (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 09 de setembro de 2021

(Cl 3,12-17; Sl 150; Lc 6,27-38) 

23ª Semana do Tempo Comum.

“Que a palavra de Cristo, com toda sua riqueza, habite em vós.

Ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria” Cl 3,16a.

“A comunidade cristã se reúne ao redor do seu Mestre, evidentemente Jesus, o Cristo. No entanto, não o vemos. Podemos ver uma estátua, um quando ou um símbolo que remeta a Ele como, por exemplo, a cruz, as letras XPTO ou o X e o P encravados um no outro (lembremos o seguinte: a letra grega ‘P’, no caso é o ‘R’ do alfabeto latino; logo, XP e XPTO são abreviaturas da palavra ‘Cristo’). Isso tudo nós vemos, sobretudo, num templo cristão, mas o Cristo mesmo em carne e osso, esse não o vemos. Mesmo assim, Ele está presente. E essa presença deriva de sua divindade, que preenche os céus e a terra, presença à qual ninguém está imune, quer saiba disso e goste, quer não. Mas essa presença, digamos forçada, ainda não é aquela que nos instrui, conforta e salva. A segunda forma de presença que nós procuramos é aquela manifesta na Palavra e nos sacramentos. Nesse modo, Jesus está presente com sua graça, amor e perdão, e é com essa presença que nos instruímos e exortamos um ao outro fraternalmente, em prefeita humildade, considerando o irmão na fé um igual ou até superior a nós mesmos – baseados nisto: somos igualmente pecadores e somos igualmente redimidos por Cristo. Não há, pois, nem escravo nem livre, nem branco nem negro, nem brasileiro nem argentino. Que, pois, no seio de nossa comunidade permitimos essa presença de Cristo em sua Palavra tornar-se uma realidade vital-amorosa. – Senhor Jesus, permanece entre nós em nós com a tua Palavra de graça e perdão porque só através dela temos a tua salvação. Concede que essa Palavra, além da comunhão contigo, aumente a comunhão entre aqueles que têm ti como Deus- Guia-Salvador. Amém (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 08 de setembro de 2021

(Mq 5,1-4; Sl 70[71; 12[13]; Mt 1,1-16.18-23) 

Natividade de Nossa Senhora.

“José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa,

porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo” Mt 1,20b.

“O texto que orienta a meditação de hoje (Mt 1,1-23) nos fala dos antepassados de Jesus e nos fala também de José, o homem que esteve ao lado de Maria e junto com ela recebeu Jesus, o Filho de Deus. Ao recordar os antepassados de Jesus, o Evangelho de Mateus queria afirmar às pessoas do seu tempo, especialmente para aqueles que tinha dúvidas a respeito de Jesus, que o famoso profeta da Galileia era sim o próprio Cristo, o Ungido de Deus, e que seu nascimento respondia positivamente às promessas messiânicas: era descendente de Abraão e descendente de Davi. Aliás, ao iniciar o seu Evangelho, Mateus insiste nesse ponto (Mt 1,1). Em seguida, Mateus se detém na figura de José. Descendente de Davi, José foi escolhido para ser o pai do menino. Inicialmente, porém, ele sentiu algum receio, ficou em dúvida, e por isso o anjo o visitou. E foi ao anjo quem lhe pediu que não tivesse medo, que acolhesse o Menino, pois tudo acontecia de acordo com a vontade de Deus. Jesus veio fazer parte da história humana. O Filho de Deus veio caminhar entre os seres humanos. E José e Maria passaram por estes desafios – o de perceber a presença de Deus na história humana, o de dizer ‘sim’ e obedecer, mesmo não compreendendo tudo, e o desafio de acolher nos próprios braços aquele que era verdadeiramente a Palavra e a Graça divinas. Assim, em nossa oração, podemos nos perguntar: Conseguimos reconhecer em nossa história, e na história de nossa família, a presença de Deus, o chamamento divino? Somos capazes de dizer ‘sim’ e obedecer ao Senhor? Estamos realmente disponíveis para acolher Jesus em nossa vida, em nossa casa? – Chega de mansinho, Senhor! Coloca setas no nosso caminho! Insiste conosco e torna inquieta a nossa alma. Por isso pedimos: ajuda-nos a dizer sim aos teus planos! Ajuda-nos a colher a tua presença, como José e como Maria. Amém (Marcos Daniel de Moraes Ramalho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite