26º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Nm 11,25-29; Sl 18[19]; Tg 5,1-6; Mc 9,38-43.45.47-48).

1. Na nossa preparação para acolher o evangelho, a liturgia da Palavra nos leva de volta à travessia no deserto e na difícil condução do povo de Deus. Percebendo o cansaço de Moisés, Deus resolve dividir o seu trabalho entre outros, dando-lhes o Espírito necessário para a missão.

2. Mas de modo inesperado, esse mesmo Espírito chega a quem mesmo não havia sido ‘escolhido’. Moisés, na sua sabedoria, pede que sejam cautelosos em julgar que Deus não poderia agir para além daquilo que julgamos ser o certo. O episódio nos prepara para a compreensão da ação maior e generosa de Deus.

3. É provável que esse discurso acalorado de Tiago na 2ª leitura diga respeito aos membros ricos da comunidade para a qual escreve e que certamente não se converteram em suas relações com os mais pobres. Nosso autor tem em vista a brevidade da vida e o julgamento que estar por vir.

4. Para isso ele faz levantarem-se os fantasmas do passado, tendo em vista que por trás de grandes riquezas residem muitas injustiças.

5. Continuamos o caminho de Jesus com seus discípulos e com eles vamos tirando algumas lições para a nossa vida. Em três pequenos blocos acolhemos o convite a um melhor discernimento e flexibilidade; que precisamos viver a caridade e particularmente estarmos atentos aos mais frágeis e pobres; sem deixar de estarmos atentos a nós mesmos nas constantes tentações ao longo do caminho.

6. Aqui percebemos o paciente modo como Jesus vai conduzindo os seus discípulos, pois a convivência ainda não foi suficiente para perceberem sua visão do mundo e das relações. É preciso uma certa abertura para aqueles que se situam além e aquém do próprio grupo; muitos podem colaborar para além desse espírito de pertença.

7. Deus age de modo imprevisível, nos diz o Antigo Testamento e Jesus o confirma ao longo do Evangelho, e pode estar para além daqueles parâmetros que tentamos manter sob controle. Assim somos desarmados dessa tentação de a tudo julgar e sentenciar.

8. Há muita coisa que desconhecemos e não podemos medir o agir de Deus que se abre a toda a humanidade, ainda que não O reconheçam. Como os discípulos, temos dificuldade de aceitar e acolher o modo como Ele tenta recuperar o que julgamos perdido ou mesmo de percebemos o bem na ação do outro.

9. Como Moisés, Jesus quer levar-nos a refletir sobre o nosso precipitado modo de julgar e a perceber que o amor e o bem não é somente aquilo que se encaixa em nossos esquemas ou das nossas igrejas. O Espírito de Deus, dizia Jesus à samaritana, está para além de tudo isso e sopra onde quer, dirá a Nicodemos.

10. “Deveríamos, por isso, pedir ao Senhor a graça de aprender a alegrar-nos pelo bem, onde quer que ele se concretize, de nos alegrar-nos por todo o bem, sem nos importarmos com quem o pratica: seja pequeno ou crescido; seja jovem ou ancião; seja leigo ou consagrado; seja infeliz ou afortunado; seja doente ou saudável; seja alguém que se abre para a vida ou alguém que está para prestar contas com Aquele que generosamente lha concedeu” (Giuseppe Casarim – Lecionário Comentado – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 29 de setembro de 2018


(Dn 7,9-10.13-14; Sl 137[138]; Jo 1,47-51) 
Santos Anjos Miguel, Gabriel e Rafael.

“Jesus viu Natanael, que vinha para ele, e comentou: ‘Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade’” Jo 1,47.

“Natanael não era exatamente um homem simplório. Podia ser até simples, mas tinha espírito crítico, investigativo. Por isso, ao ouvir de Filipe o convite para ver o Messias, filho de José, da Galileia, repentinamente pergunta: ‘Será que desse lugarzinho pode sair alguma coisa boa?’ Tinha razão em perguntar. Grandes personalidades, via de regra, não aparecem no vácuo de famílias inexpressivas habitando lugarejos meio que perdido no mapa. E o Messias, anunciado pelos profetas, deveria, segundo ele, nascer de uma família de ponta habitando palácios em Jerusalém. Mas de Nazaré? Filho de José, um reles carpinteiro? Natanael também não era uma pessoa que se destacasse por alguma qualidade superior. Era um judeu como outro qualquer. Fazia seu trabalho, cuidava da família e, como tantos outros da Palestina, esperava que o Messias logo viesse para libertar o povo das mãos dos romanos. De qualquer forma, ele foi, vencendo o preconceito pessoal, renovado a esperança. Por isso também o elogio de Jesus: ‘Aqui está um verdadeiro israelita em quem não há maldade’. Natanael (= Deus tem dado) serve de exemplo. Também  somos chamados e convidados a toda hora e muitas vezes damos crédito a alguém pela sua origem e titulação. O ‘carteiraço’, em algumas circunstâncias, funciona mais que argumentos. Em outras ocasiões, negamos por não haver as pretensas qualificações. Mas, como Natanael, devemos ir, devemos examinar. Ali, onde menos se espera, pode achar-se o Messias, o Cristo.  – Senhor Jesus, achamos-te na Palavra que dás a nós constantemente mesmo sem o apoio das estruturas grandiosas. Tira do nosso coração a maldade e a malícia para te vermos tanto na manjedoura como na cruz. Amém.  (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia (2015) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 28 de setembro de 2018


(Ecl 3,1-11; 143[144]; Lc 9,18-22) 
25ª Semana do Tempo Comum.

“Bendito seja o Senhor, meu rochedo. Ele é meu amor, meu refúgio, libertador, fortaleza e abrigo.
É meu escudo: é nele que espero” Sl 144,1-2.

“O salmo 144 provavelmente foi escrito quando Davi estava no auge de seu poder como rei. Durante dez anos ele fugiu da perseguição assassina de Saul. Então, após a morte de Saul, Davi foi coroado rei, mas somente sobre seu próprio clã de Judá. Durante sete anos e meio Davi se esforçou para submeter todas as famílias de Israel ao seu governo. Uma vez alcançada a unidade, Davi voltou sua atenção para os inimigos de Israel. Alguns ainda viviam dentro das fronteiras de Israel; outros estavam além delas, esperando uma oportunidade para atacar. Uma a uma, o Senhor deu a Davi a vitória sobre aqueles que queriam destruir o povo de Deus. Enquanto refletia sobre aqueles anos de luta, Davi viu que Deus nunca havia falhado com ele. Deus esteve ao seu lado em todas as batalhas, e Deus estava em seu coração enquanto cada decisão era tomada. Em cada provação, em cada situação difícil, em cada vitória e em cada contratempo, Deus havia provado ser fiel, poderoso, constante e bom” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 27 de setembro de 2018


(Ecl 1,2-11; Sl 89[90]; Lc 9,7-9) 
25ª Semana do Tempo Comum.

“Então Herodes disse: ‘Eu mandei degolar João. Quem é esse homem sobre quem ouço falar essas coisas?’”. Lc 9,7-9.

“Os evangelhos contam que muitíssimas pessoas queriam estar próximas de Jesus. O desejo de proximidade, porém, poderia ter várias motivações. Alguns enxergavam nele um futuro rei, uma promessa de forte liderança política (Jo 6,14-15). Outros buscavam simplesmente os milagres que Ele poderia oferecer (Jo 6,26-27). E outros, ainda, o viam como alguém perigoso, que precisava ser vigiado e detido (Mc 3,1-2). O Evangelho de Lucas conta que Herodes, ouvindo inúmeros comentários a respeito de Jesus – aliás, comentários muitos distintos um do outro –, ficou bastante curioso em conhecer Jesus pessoalmente (cf. Lc 9,7-9). Como sabemos, porém, o interesse de Herodes era uma simples curiosidade; não havia nele um desejo de mudança de vida, muito menos o de tornar-se discípulo de Jesus. O fato é que, embora gozasse de alguma fama e fosse aclamado por muitos, Jesus era ao mesmo tempo um homem desconhecido, incompreendido (Jo 7,11-12; Jo 8,48). Até mesmo os seus familiares tinham dificuldade em compreendê-lo (Mc 3,21; Jo 7,5). Diante de tudo isso que os evangelhos contam, devemos então perguntar: Com qual ou quais interesses nos aproximamos de Jesus? O que desejamos encontrar nele? Como compreendemos a pessoa de Jesus e a missão dele? Estamos realmente dispostos a ouvi-lo? Queremos realmente ser discípulos dele? Lembre, caro leitor, o Mestre não precisa de curiosos ou de cabeças brilhantes capazes de repetir suas palavras. Ele está em busca de pessoas dispostas ao amor e ao serviço. Portanto, na oração de hoje, peça a Jesus que coloque em você um desejo cada vez mais profundo de amá-lo e servi-lo. E peça também a graça de um conhecimento mais existencial, capaz de fazer de você um verdadeiro discípulo – Ensina-me o teu caminho, Senhor, conserva íntegro o meu coração no temor do teu nome (Sl 86,11). Amém. (Marcos Daniel de Moraes Ramalho - Meditações para o dia a dia (2017) – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 26 de setembro de 2018


(Pr 30,5-9; Sl 118[119]; Lc 9,1-6) 
25ª Semana do Tempo Comum.

“E disse-lhes: ‘Não leveis nada para o caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem mesmo duas túnicas’” Lc 6,3.

“É mais do que evidente que Jesus se refere aqui ao preparo para a Grande Viagem. Procura mostrar como ela será muito mais suave para aqueles que conseguiram desapegar-se de tudo o que é terreno. Temos assistido à passagem de vários irmãos e dois fatos nunca sairão da mente. Estivemos presentes à agonia de duas criaturas, profundamente religiosas, em vida. Uma era, no entanto, muito agarrada aos seus pertences, trazendo trancados todos os seus armários. A outra era uma pessoa completamente depreendida. A primeira teve uma agonia lenta e dolorosa, suplicando para que não a deixassem morrer. A segunda descansou tranquilamente, consciente do que se passava. Naqueles dois momentos, pudemos compreender que a passagem era difícil para o primeiro irmão porque ele tinha muita bagagem. Isto pesa e dói. Enquanto o segundo não levava ‘cajado nem sacola, nem pão nem dinheiro, nem mesmo uma muda de roupa a mais’. Assim, estava leve e tranquilo. Nada o prendia aqui. Seus olhos e seu coração já estavam namorando a outra vida. Por isso, alegre e grato. A hora da morte é uma hora muito especial. É um momento de profunda solidão. Porque ninguém pode morrer por nós e nem carregar as nossas culpas... Estamos, frente a frente, conosco mesmos. Podemos ter passado toda a vida fugindo da nossa verdade, mas, neste instante, não podemos evita-la. Somos nós e nossa consciência. Se, neste instante, já difícil, por sua natureza, quando estamos nos despedindo de nossos companheiros de jornada e preparando-nos para o ‘nascimento’ ou mergulho em outra dimensão, estivemos carregando ‘entulhos’, tudo fica bem mais difícil”. – Jesus, permitai que, no momento em que devemos atravessar a ponte que liga os dois mundos, estejamos leves e prontos para a grande jornada. Abençoai-nos e perdoai-nos. Amém. (Maria Luiza Silveira Teles – Graças a Deus (1995) – Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Terça, 25 de setembro de 2018


(Pr 21,1-6.10-13; Sl 118[119]; Lc 8,19-21) 
25ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus respondeu: ‘Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põe em prática’” Lc 8,21.

“Quantas autoridades já não se enredaram em nepotismo e outras formas de corrução por causa de parentes? O público passa a ser visto como privado por familiares que desejam tirar vantagem. É mãe, é pai, é irmão, é mulher, é filho. Até primo em segundo ou terceiro grau. Evidentemente, esse não era o caso de Maria e dos irmãos de Jesus. Queriam apenas vê-lo. Mas ver por quê? Curiosidade? Afinal, um membro da família saíra do anonimato e se tornara um conhecido pregador e curandeiro. Ou preocupação? Com certeza não lhes era desconhecida a oposição dos líderes religiosos da época nem o perigo representado por isso. Interferência no seu ministério? Talvez. Ainda hoje familiares querem dizer a pastores e padres como eles devem praticar o seu ministério. Seja qual for o motivo, Jesus aproveita o ensejo para dar a todos os circunstantes uma magnifica lição: os mais profundos laços de sangue são os criados pela Palavra de Deus, laços evidenciados pela fé e amor. Essa atitude, sem nenhuma dúvida, deve reforçar e até mesmo alterar o relacionamento que temos com as pessoas que têm a mesma fé em Cristo. Às vezes, a igreja parece mais um cinema em que, terminada a sessão, cada qual toma o seu rumo sem nem ao menos saber quem esteve ali junto. A comunhão espiritual, parece, não dá liga aqui na terra. São desconhecidos que se veem de vez em quando! Mas são irmãos na fé, têm entre si um laço muito mais poderoso que o sangue ou outro qualquer parentesco: a fé em Cristo, fé que passa pelo próprio sangue de Cristo. – Senhor Jesus, ajuda-nos a amar a todos: nossos familiares, nossos irmãos na fé e a todos os que estão neste mundo, pois todos são filhos de Deus. E todos eles precisam do teu Evangelho, pois, ao derramares teu sangue na cruz, por todos derramaste” (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia (2015) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 24 de Setembro de 2018


(Pr 3,27-34; Sl 14[15]; Lc 8,16-18) 
25ª Semana do Tempo Comum.

“Senhor, quem entrará em vossa casa e no vosso monte santo habitará?” Sl 15,1.

“No discurso bíblico, os tolos não são necessariamente estúpidos; em vez disso, são pessoas que não se importam nada com Deus. Da mesma forma, os sábios não são necessariamente os gênios; são homens e mulheres que se importam muito com Deus. Davi escreveu o salmo 15 para lembrar os adoradores de que Deus chama seu povo a viver de tal modo a agradar a Deus. Graça e misericórdia estão certamente à nossa disposição quando falhamos, mas nossa vida também deve ser marcada pelo caráter santo de Deus a quem servimos. Em reação à pergunta: ‘Quem habitará no teu santuário?’ (v. 1), Davi deu a resposta como se o próprio Deus estivesse falando. Aqui estão dez pontos fundamentais para uma vida que honra a Deus (uma ligação clara, a meu ver, com os dez mandamentos de Deus no êxodo 20):  1. Integridade. Andar de forma irrepreensível [correto ou irrepreensível não significa sem pecado; significa que lidamos correta e rapidamente com o pecado].2. Fazer o que é certo. Em nosso trabalho, em nosso relacionamento, na Internet. 3. Veracidade. Nos relatórios financeiros de nossa empresa e em nossa declaração de imposto de renda. 4.Palavras cautelosas. Não somos fofoqueiros nem caluniadores. 5. Bondade. Nosso próximo fala bem de nós. 6. Sem insultos. De colegas de trabalho dos quais não gostamos, de motoristas que nos cortam no trânsito, de homens e mulheres com opiniões, etnia ou convicções políticas diferentes. 7. Discernimento. Não saímos para passear com pessoas ímpias, mas nos mantemos próximos de pessoas que honram a Deus. 8. Fidelidade. Cumprimos nossas promessas – feitas aos outros, ao banco e nosso cônjuge, mesmo quando dói fazer isso. 9. Sem ganância. Emprestamos [e damos] com generosidade. 10. Sem corrupção. Nosso chefe, nosso cônjuge, nosso pastor pode nos observar durante o dia todo que não encontrarão nada que desagrade a eles ou a Deus. Lista pesada. Isso significa que Deus aceita apenas o perfeito? Às vezes, não consigo cumprir bem essa lista. Davi (que não conseguiu cumprir a lista muitas vezes) não está dizendo que somos salvos quando somos bons. Ele está dizendo que essas são as marcas daqueles que querem se aproximar cada vez mais de Deus. Como cristãos, não somos chamados à felicidade, em primeiro lugar; somos chamados à santidade – uma vida pura, transparente. O que dizemos na igreja no domingo deve corresponder ao modo como vivemos em nosso trabalho na segunda-feira. Homens e mulheres que vivem desse modo não serão abalados.” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

25º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(Sb 2,12.17-20; Sl 53[54]; Tg 3,16—4,3; Mc 9,30-37).

1. Como tema de abertura de nossa liturgia da Palavra temos um trecho do Livro da Sabedoria, livro do nosso estudo para esse mês da Bíblia. Ele faz parte de um contexto mais amplo onde se reflete a situação do judeu piedoso vivendo num ambiente pagão e provado em sua fé.

2. Esse ambiente de perseguição vivido por ele nos prepara a entender a paixão de Jesus anunciada uma segunda vez no evangelho de hoje. É Ele o justo perseguido e provado na sua fidelidade a Deus e que alcançará vitória em sua fé. O raciocínio dos ímpios está errado, tanto quanto os discípulos no evangelho. 

3. É a esse poder divino que o nosso salmista eleva sua prece pedindo ajuda e renovando a sua esperança, elevando um antecipado agradecimento.

4. Falando em sabedoria, Tiago orienta a comunidade a refletir sobre os sentimentos que internamente estão em conflito e o que seria o ideal para uma vivência fraterna mais aos moldes da própria condição de Filhos de Deus.

5. O mundo lá fora já vive tais conflitos e os frutos já conhecemos. Então rezemos de um modo correto, pedindo sabedoria e discernimento para o nosso caminhar na vida e nas relações que construímos ao longo da mesma.

6. Jesus está fazendo um caminho com seus discípulos que tem um caráter não tanto geográfico, mas teológico. A meta geográfica é Jerusalém, onde se dará a paixão. A meta teológica é fazer os discípulos compreenderem que o caminho do seguimento passa por aqui. O medo e a recusa de compreenderem são obstáculos a serem superados.

7. Jesus, como Mestre, vai pacientemente iluminando essa estrada. Hoje ele nos fala da dimensão do serviço. Por isso eles se envergonham quando interrogados sobre o que iam conversando pelo caminho. Tanto a figura da criança quanto do servo estão colocados em último lugar na escala social vigente.

8. É esse modo de pensar do Mestre em divergência com o pensar dos discípulos que precisam convergir e ao mesmo tempo converter-se numa nova trajetória. Isso demanda tempo, pois vivemos presos nesse dilema da escuta e da tentação constante de irmos por outro caminho que não é o de Jesus.

9. “Infelizmente ainda encontramos tempo para competir com nosso vizinho, para chegarmos a ocupar o primeiro lugar, sentimo-nos e julgamo-nos os únicos que agimos corretamente, e depois sentimo-nos no direito de exprimir juízos inapeláveis acerca de tudo o que os outros fazem. Muitas vezes lamentamo-nos porque o nosso papel na família, no trabalho, na paróquia, na comunidade não é valorizado suficientemente, enquanto esperamos não sermos daqueles que se afastaram porque, porventura, não encontramos livre o primeiro lugar. Mas agora queremos regressar ‘ao nosso lugar’, que é o de Jesus, o último!” (Giuseppe Casarim – Lecionário Comentado – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 22 de setembro de 2018


(1Cor 15,35-37.42-49; Sl 55[56]; Lc 8,4-15) 
24ª Semana Comum.

“O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho; foi pisada e os pássaros do céu e comeram” Lc 8,5.

“A dona de casa entra no mercado e vê o tomate, o feijão e o arroz com os preços lá em cima e se pergunta: O que terá havido? Dentre os mais variados motivos, até os periquitos entram em cena, pois eles, em bandos, levam fama de comer a plantação, quando não as sementes plantadas. Jesus também compara a Palavra de Deus à semente que o semeador saiu a semear. Podemos, assim, ‘traduzir’: o pregador saiu a pregar. Ele não tinha uma paróquia fixa. Era um missionário. Pregava a quem lhe aparecia pela frente. Não escolhia seus ouvintes nem podia fazê-lo seu dever era pregado a quem quer se fosse. O semeador enche sua mão de sementes e as joga para tudo quanto é lado. Não conhece a terra nem os ventos que sopram ali. Ao jogar as sementes, um vento leva as sementes para a beira do caminho, onde as pessoas andam e os animais também. É uma terra mais dura, o que impede a sua penetração. Elas ficam visíveis, à mercê das aves do céu. Como vivemos num país cristão, a maioria de nós foi batizada quando criança. Como a criança é menos resistente ao poder do Espírito Santo, podemos supor que a palavra batismal não tenha lá grandes empecilhos de penetrar no coração infantil. No entanto, esse coração cresce e acaba se rebelando. Não será isso que está ocorrendo em nosso mundo grosseiramente secularizado em que o Menino Jesus no Natal é, sem muita cerimônia, substituído pelo Papai Noel; e o Cristo ressuscitado, pelo coelhinho da Páscoa? Ainda bem que a sexta-feira Santa não teve ainda substituto. Ou, talvez, já tenha tido: o feriadão. Mas, seja como for, o diabo está fazendo bem, e muito bem, o seu terrível trabalho – Ó Senhor Jesus, tua Palavra parece uma coisa tão frágil que o vento a leva para onde quer. No entanto, ela é poderosa para o seu propósito: aproximar-nos de ti mediante o perdão. Pedimos, por isso, com todas as forças: não deixes que ela voe de nós, mas faze-a penetrar e arraigar-se em nosso íntimo. Amém” (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia (2015) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 21 de setembro de 2018


(Ef 4,1-7.11-13; Sl 18[19A]; Mt 9,9-13) 
São Mateus. Apóstolo e evangelista.

“Jesus viu um homem, chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos e disse-lhe: ‘Segue-me!’ Ele se levantou e seguiu Jesus” Mt 9,9.

“’Não ajunteis para vós tesouros na terra...’ Eis as palavras de Jesus que se leem no evangelho de Mateus. E tal advertência deve tê-lo tocado de modo particular. Era, com efeito, coletor de impostos em Cafarnaum antes de unir-se aos outros apóstolos. Respondeu com entusiasmo ao chamado do Mestre. ‘Levi’ – Lucas chama-o por seu velho nome – ‘ofereceu-lhe então uma grande festa em sua casa, e com ele estava à mesa numerosa multidão de publicanos e outras pessoas’. Uma festa, portanto, de adeus aos amigos de um tempo, usurários e agiotas, para seguir o Mestre, de cujo ensino fizera corajosamente tesouro. ‘Não podeis servir a Deus e ao dinheiro’, ‘Mateus, o publicano...’: o evangelista repete várias vezes esse apelativo, ‘para demonstrar aos leitores’, escreve são Jerônimo, ‘que ninguém deve se desesperar da salvação, quando se converte a uma vida melhor’. E são Pedro Crisólogo comenta: ‘Aquele que tirava o dinheiro das pessoas, tornou-se dispensador da graça. Aquele que se tinha formado na escola da impiedade, tornou-se mestre de piedade humana; o mestre da cupidez transformou-se no doutro de misericórdia’. Depois do episódio da vocação de Levi-Mateus, não se tem notícia outra notícia direta sobre este apóstolo. Parece que depois de Pentecostes não compareceu diante dos juízes nem deu testemunho de Cristo com o martírio, embora algumas fontes (pouco confiáveis) descrevam com abundância de particulares seu martírio. Mateus teria sido lapidado, queimado e decapitado na Etiópia. Daí suas relíquias teriam sido levadas primeiro à Paestum, depois definitivamente à vizinha Salerno, onde são até hoje veneradas. Mas de Mateus resta aquele extraordinário testamento de fé e de amor, que é seu evangelho. Este foi escrito seguramente antes da destruição de Jerusalém e, não há dúvida, endereçado aos judeu-cristãos, por causa da preocupação que se nota em suas páginas de demonstrar a seus correligionários que Cristo é o Messias de que fala a escritura” (Mario Sgarbossa – Os santos e os beatos – Paulinas). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quinta, 20 de setembro de 2018


(1Cor 15,1-11; Sl 117[118]; Lc 7,36-50) 
24ª Semana do Tempo Comum.

“Então, Jesus virou-se para a mulher e disse a Simão: ‘Estás vendo esta mulher?’...” Lc 7,44a.

“Na narrativa dos Evangelhos a respeito da noite que Jesus passou na casa do fariseu Simão, há uma frase em especial que gosto muitíssimo. Você se lembra de que a refeição é interrompida quando uma prostituta entra na sala e prostra-se aos pés de Jesus. Simão olha para ela. Está furioso. Jesus ergue os olhos para ele e lhe pergunta (essa é a frase que gosto tanto): ‘Simão, estás vendo essa mulher?’ A maioria de nós (provavelmente Simão também) gosta de reduzir as pessoas a problemas. Referimo-nos a eles como ‘problemas’ ou ‘casos’. Fazemos isso até com nós mesmos. Pensamos em nós como ‘problemas’. Por que fazemos isso? Talvez porque um ‘problema’ pode ser resolvido. Um ‘caso’ pode ser investigado e julgado. Mas não podemos resolver pessoas. Não podemos investigar pessoas. Só podemos entende-las. Na narrativa do Evangelho, Jesus está dizendo: ‘Simão, não se trata de um caso. Não se trata de um problema. Trata-se de uma pessoa. Está vendo essa mulher? Um ser humano. É uma mulher, Simão. Consegue entender isso?’. É uma tragédia confundir pessoas com problemas ou casos. Às vezes, a classe médica faz isso. Dizem coisas do gênero: ‘Há um caso de úlcera no quarto 301’. Poderíamos pensar que, se puxássemos os lençóis, veríamos um caso de úlcera deitado na cama. Mas sabemos que não é assim, não é? Trata-se de uma pessoa que se preocupou tanto que acabou com um buraco no estomago. Não é um caso. É uma pessoa. Uma pessoa preocupada e ferida. ‘Está vendo essa mulher?’ O Jesus que faz essa pergunta a Simeão não nos trata como casos. ‘Tenho aqui um registro completo de seu caso’ é uma frase que dá uma impressão de sermos meras estatísticas (casos) num livro. Para Jesus, não somos casos, nem problemas. Somos pessoas. E Jesus sabe: você pode resolver problemas, mas pessoas, tudo quanto se pode fazer é compreendê-las. E evidentemente, cada um de nós é... uma pessoa, única e irrepetível” (John Poweel – As Estações do Coração – Loyola).   

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 19 de setembro de 2018


(1Cor 12,31—13,13; Sl 32[33]; Lc 7,31-35) 
24ª Semana do Tempo Comum.

“Pois veio João batista, que não comia pão nem bebia vinho, e vós dissestes: ‘Ele está com um demônio!’ Veio o Filho do homem, que come e bebe, e vós dizeis: ‘Ele é um comilão e beberão, amigos dos publicanos e pecadores!’” Lc 7,33-34.

“Sempre haverá quem nos criticará e condenará. Porque, conforme o ditado popular: ‘cada cabeça, uma sentença’. Pobre de quem viver querendo corresponder a todas as expectativas alheias! Fica como uma corda bamba, pisando em ovos, dilacerando a si próprio, abrindo mão de seus desejos, de seus sonhos, de seus valores, para, mais tarde, depois de morto por dentro, descobrir que, ainda assim, dedos maldosos são apontados para si, com alguma espécie de condenação. O importante é que vivamos de acordo com a nossa consciência e respeitando o nosso semelhante. Respeitar não significa ser como ele, ou fazer como ele. Respeitar é aceitar e acolher o outro como ele é e como ele pensa. Para nossa felicidade e para nosso equilíbrio emocional, é importantíssimo que nos guiemos por nossa própria cabeça e pelos conselhos, cheios de sabedoria, que nos deixou o Senhor, seus profetas e seus apóstolos. Devemos estar muito ocupados com nosso desenvolvimento moral, intelectual, espiritual, de tal forma, que não nos sobre tempo para repararmos no comportamento dos outros ou no que dizem a nosso respeito. Há um pequeno detalhe que nos chama a atenção neste versículo de Lucas: o povo comentava que Jesus andava com os pecadores. Que bom! Pecadores somos todos nós, não? Que bom saber que ele estará sempre conosco, pois somos nós, os pecadores, que mais precisamos de sua bondade, de sua solicitude, de seu perdão” – Jesus, Mestre amigo, ensinai-nos a reconhecer a possibilidade de erro em nós e em nossos irmãos, sem jamais condená-los. Que possamos, apenas, com amor, procurar repará-los e ajudar os outros a fazê-lo. Amém.  (Maria Luiza Silveira Teles – Graças a Deus (1995) – Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 18 de setembro de 2018


(1Cor 12,12-14.27-31; Sl 99[100]; Lc 7,11-17) 
24ª Semana do Tempo Comum.

“Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade a acompanhava. Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse:
‘Não chores!’” Lc 7,12-13

“A ressurreição do jovem de Naim, narrada no Evangelho, é um sinal que nos manifesta a compaixão, a proximidade eficaz de Jesus de quem sofre, de quem se encontra perante a morte. Em Naim, o Mestre deu o sinal de que diante d’Ele a morte perde o seu poder. A morte começará a ser vencida definitivamente no Calvário, quando Jesus transformar num ato de amor, e na manhã de Páscoa, quando com a Ressurreição entrar num mundo novo, a que todos somos chamados a participar, sendo chamados e restituídos a uma vida plena e definitiva, porque é definitiva, porque é divina; como o Mestre restituiu o jovem à mãe, assim com a ressurreição todos os nossos vínculos de amor serão reforçados num modo perfeito. Com a visita que Ele nos fez, Jesus liberta-nos do nosso maior inimigo, a morte, mas Ele realiza esta libertação pagando um grande preço: eliminará o poder da morte tomando-a sobre Si. O filho único e sua mãe viúva são uma antecipação do que Jesus e Maria irão sentir: também Ele é o filho único, também sua Mãe vê-lo-á morrer e O acompanhará à sepultura. O Pai, porém, não O deixará prisioneiro da morte, mas restitui-lo-á em plenitude de vida à Mãe, e Ela, no dia da ressurreição, recebê-lo-á como num segundo nascimento. O amor de Jesus, que aceita morrer pelos irmãos, é fonte de vida para todos nós, homens e mulheres a caminho da morte física, mas graças a Cristo a caminho da ressurreição e da vida definitiva. Até a chegada de Jesus, a morte era entendida como uma realidade odiosa que causava medo e angústia, à qual o homem se opunha durante toda a vida. A sabedoria filosófica tinha-a entendido como uma realidade inevitável que o homem deve aceitar com paz e dignidade, ou como uma mestra severa e sábia que ensina o mistério da vida, a caducidade e a relatividade das coisas: a sabedoria filosófica via na morte uma advertência à vigilância, à autodisciplina e à avaliação sábia do tempo. Desde quando Jesus tocou sem medo no caixão do jovem de Naim, a morte adquiriu outro sentido: tronou-se o momento em que o Filho se associou particularmente a nós e nós fomos unidos a Ele. Jesus veio libertar-nos do medo da morte, não aumenta-lo com o remorso ou com a angústia pelos nossos limites. Unidos a Jesus podemos viver a morrer oferecendo-nos ao Pai. Esta união começa no Batismo é reforçada nos sacramentos, especialmente na Eucaristia” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 17 de setembro de 2018


(1Cor 11,17-26.33; Sl 39[40]; Lc 7,1-10) 
24ª Semana do Tempo Comum.

“Ouvindo isso, Jesus ficou admirado. Virou-se para a multidão e disse: ‘Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé’” Lc 7,9

“Narrando a caminhada de fé do centurião, o Evangelho diz-nos como podemos acolher a Deus e ao seu Enviado. O centurião é caracterizado, antes de mais, por uma grande humanidade: tem boas relações com os judeus, a ponto de ser benfeitor (e isto constituía um fato insólito para um ocupante romano). Além disso, preocupa-se com o seu servo doente: não era normal naquele tempo ‘estimar muito’ (7,2) os servos. O centurião faz o bem porque é temente a Deus e por isso respeita as pessoas. Além dessa grande humanidade, Lucas coloca em relevo a humildade e a fé desse homem. A humildade permite-lhe reconhecer a distância que existe entre ele e Jesus. Por isso não O interpela pessoalmente, mas ‘envia-Lhe alguns anciãos dos judeus para lhe pedir que vá salvar aquele servo’ (7,3) e, quando Jesus se dirige para a sua habitação, não se julga digno de hospedá-Lo. Finalmente, tem uma fé muito grande na eficácia da Palavra do Mestre. Partindo de uma consideração sobre a autoridade da sua palavra humana, o centurião está certo de que na Palavra de Jesus opera o poder de Deus. O centurião demonstra que o modo normal para encontrar a Deus e ao seu Enviado não é a visão, mas a fé na sua Palavra. Ele faz parte daqueles que Jesus proclamará bem-aventurados porque ‘acreditam sem terem visto!’ (Jo 20,29). Perante uma fé assim, o Mestre fica admirado: por um lado temos a estupefação do centurião pela condescendência de Jesus, que Se dirige para sua casa; e, por outro temos a admiração de Jesus pela fé humilde e corajosa do centurião” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

24ª Domingo do Tempo Comum – Ano B


(Is 50,5-9a; Sl 114[115]; Tg 2,14-18; Mc 8,27-35)

1. Chegamos ao centro do Evangelho de Marcos. Um caminho catequético de palavras e ações trouxeram os discípulos a esse momento de afirmação da fé em Jesus, esse mesmo momento quer prepará-los para o que virá.

2. O que vem pela frente é sua Paixão, como parte do projeto do Pai para Jesus. A liturgia ilumina essa revelação de Jesus com o texto da 1ª leitura. É o terceiro canto do servo sofredor, que ensina um caminho de fidelidade a Deus, de confiança no auxílio divino e na certeza do triunfo final.

3. Se no evangelho do domingo anterior havia um convite a abrir-se, ele não tem outro caminho a fazer se não o de uma escuta atenta a cada dia que o permite ultrapassar qualquer tipo de prova. Por isso o salmista canta e louva ao Senhor que o escuta e faz capaz de superar os obstáculos.

4. Tiago vem insistindo conosco numa prática religiosa viva e atuante, para que não fique num mero intelectualismo, pois acreditar em Deus até o próprio demônio acredita. Uma fé sem obras é morta e quase ‘diabólica’. Além das obras de misericórdia a serem praticadas incluamos aqui os evidentes e necessários sinais de conversão.

5. A pergunta que Jesus faz a seus discípulos sobre a Sua identidade pode ser respondida parcialmente, pois a compreensão mais ampla depende do mistério pascal que nele se cumprirá. Para isso Jesus diz o que virá a lhe acontecer.

6. De fato, se os próprios discípulos ainda não compreendem de modo pleno, é melhor guardar silêncio. Só seremos capazes de compreender tal mistério se estivermos dispostos a seguir o nosso caminho, tomando a nossa cruz de discípulos no seguimento do Mestre.

7. A dificuldade de Pedro em compreender é também a nossa, particularmente quando somos provados, mesmo que tenhamos experimentado, vez ou outra, maior clareza na fé.

8. O tempo que nos é dado nos desafia numa fé mais operosa, lembra Tiago, que pode conter alguma dificuldade, mas todo fruto depende das estações para chegar à sua maturidade.

9. Cada um de nós tem um caminho a percorrer, não podemos recusar a cruz que já está em nosso ombro, abraçando-a com amor, como fez Jesus. Sua promessa de que sempre estará conosco, O faz o nosso Cireneu. Resta-nos abrir os ouvidos a cada manhã à Sua Palavra que insiste conosco.

10. Um olhar atento ao nosso redor pode nos levar a alegre descoberta de Sua presença amorosa que nos ajuda e nos desafia a ajuda a Ele nos irmãos e irmãs que caminham conosco.

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 15 de setembro de 2018


(Hb 5,7-9; Sl 30[31]; Jo 19,25-27) 
Nossa Senhora das Dores.

“Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu” Hb 5,8.

“Aprender. Como é que se aprende? Aprende-se por causa de uma carência, no caso, uma ignorância. O Onisciente, portanto, não teria o que aprender. Ora, o Filho de Deus não teria motivos ou lacunas que o levasse a aprender. Já saberia tudo. As palavras do nosso texto, porém, nos dizem que ele aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos. Estamos, então, falando da mesma coisa, ou da mesma pessoa, ou usando a linguagem dos paradoxos, linguagem útil para provocar espanto nas pessoas? Quem, portanto, aprendeu o quê e como? Ora, as palavras são claras: o Filho de Deus aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos. A dificuldade se desvela quando percebemos o seguinte: a pessoa, embora seja a mesma, tem duas naturezas, a divina e a humana. Conforme a segunda, agravada pelo estado de humilhação, tudo. Jesus, portanto, foi um homem normal, verdadeiro, autêntico e não uma simples fantasia para servir de escudo à divindade. E uma vez, então se decidiu a resolver o problema da humanidade – pagar sua culpa assumindo a condenação dela decorrente –, teve de aprender na própria pele a obedecer através dos sofrimentos, sofrimentos humanamente reais. – Ó Deus, como seres humanos sofremos muitas angústias em decorrência de nossas limitações e, especialmente, da nossa finitude. Faze-nos ver que isso tudo repercute nas dores de Cristo e que, em sua paixão e morte, Ele superou os nossos limites e nos lançou para o teu eterno abraço. Amém” (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia (2015) – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite