Terça, 31 de julho de 2018


(Jr 14,17-22; Sl 78[79]; Mt 13,36-43) 
17ª Semana do Tempo Comum.

Ao texto de lamentação do profeta Jeremias se une o salmo 79,8-9.11-13, composto depois da queda de Jerusalém e da deportação do povo para Babilônia. Deus parece impassível, mas na verdade sofre com o seu povo, partilha suas dores. Ele não pode ser uma solução automática dos nossos problemas, particularmente quando teimamos em errar por muito tempo longe d’Ele. Certas feridas precisam de tempo para cicatrizar. “A lição de história que começou no salmo 78 continua no salmo 79, só que agora mais quatro séculos se passaram. No final do salmo 78, Deus colocou a família de Davi no trono, e o templo de Deus foi estabelecido no monte Sião. No início do salmo 79, no entanto, o santo templo de Deus estava contaminado e a cidade santa de Deus, em ruínas. As lições que o povo deveria aprender no salmo 78 não foram levadas a sério, e o resultado foi o desastre espiritual. ‘Como o povo de Deus lida com o desastre em face da aparente ausência de Deus? A resposta é: colocando a esperança nele’ (Marvin Tate)” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 30 de julho de 2018


(Jr 13,1-11; Sl Dt 32; Mt 13,31-35) 
17ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus contou-lhes ainda uma outra parábola: ‘O reino dos céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado’”. Mt 13,33.

“Por várias vezes e em diversas ocasiões, Jesus procurou chamar a atenção para a grandeza das coisas pequeninas. Essa é uma delas. Diz ele que o Reino de Deus é semelhante ao fermento com o qual determinada mulher levedou a massa. Exemplo melhor ele não poderia encontrar para evidenciar a magnitude de coisas aparentemente sem importância do que este fermento. Apesar de ser algo quase inexpressivo, produz um efeito, produz um efeito muito grande na massa onde é colocado, dando-lhe consistência. Mas ao asseverar, doutrinando, que o Reino de Deus é semelhante ao fermento que leveda a massa, Jesus não está simplesmente fazendo apologia do que é pequeno. Esta ele igualmente mostrando que o Reino de Deus penetra nas pessoas, na medida em que elas deixam ser penetradas, atingidas por ele, como o fermento só leveda a massa quando dá a fusão de um com o outro. O Reino de Deus é consequência de uma proposta que chega e de uma aceitação que à mesma se dá. E a cada instante, tem ele o mesmo dinamismo da fermentação. Saber de seus mistérios, conhecer os seus segredos, ouvir suas lições, experimentar o seu sabor e não aceitá-lo é ser massa que não foi levedada porque rejeitou o fermento. Que tipos de propostas do Reino ainda precisamos aceitar? – Senhor, somos massa que sempre precisamos do vosso fermento. Iluminai-nos, a fim de que, levedados por ele, sejamos encarnação e construtores do vosso reino. Amém (José Gilberto de Luna – Graças a Deus (1995) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

17º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(2Rs 4,42-44; Sl 144[145]; Ef 4,1-6; Jo 6,1-15).

1. No ano de Marcos, no Tempo Comum, a liturgia insere o capítulo 6 de João que ocupa cinco domingos. Somos convidados a uma reflexão sobre a realidade eucarística e assim compreendemos porque João não traz a narrativa da última Ceia.

2. A multiplicação dos pães realizada por Cristo no evangelho se conecta a um fato ocorrido no Antigo Testamento onde Eliseu saciou uma centena de pessoas confiando no poder de Deus. Também ali houve sobra de pães. 

3. Aqui, como no evangelho, o pão oferecido a Deus, volta para nós como uma dádiva divina; sinal da solidariedade de Deus para conosco, que sustenta a nossa vida. Deus não espera nenhuma retribuição, nem faz do homem um dependente de sua intervenção, mas quer estimula-lo a solidariedade e a busca de solução para os problemas que a vida humana apresenta.

4. De uma de suas prisões, chega à comunidade de Éfeso um apelo a unidade para a vivência cotidiana e para as situações difíceis que deverão enfrentar e que faz parte da vocação abraçada, como acontece ao Apóstolo. Ele pode assim exortar a comunidade a vivência de certas virtudes, pois muito aprendeu em suas desventuras.  

5. Vimos Jesus que no domingo anterior desembarcava com seus apóstolos e encontrava uma multidão que os esperava, como ovelhas sem pastor. Para essa multidão perdida Ele oferece a Sua palavra acompanhada de sinais, mas também percebe, que o dia finda e eles têm fome.

6. A generosidade de um rapaz é o ponto de partida para que Jesus alcance a todos ali presente. Nos gestos de Jesus: ‘tomar’, ‘dar graças’, ‘distribui-los’, e a proximidade da Páscoa mencionada no texto, se revela uma outra intenção por parte do autor que se revelará mais adiante.

7. Por enquanto convém perceber que a multidão, ao seu modo, confere a Jesus a dignidade profética e messiânica, conforme as aspirações que traziam consigo desde o Antigo Testamento. No meio dessa confusão Jesus prefere afastar-se e tratar a sós com o Pai.

8. No atual cenário em que as nações discutem tarifas a serem cobradas pelas mercadorias a serem negociadas, e como os discípulos, pensamos em torno de cifras, Jesus nos lembra que há no mundo suficiente alimento para todos, o problema é a concentração por parte de alguns, das riquezas que Deus colocou à disposição de todos.

9. Ao tomar o pouco que o rapaz oferece, Jesus lembra a ação divina que unifica os esforços, potencializa os recursos humanos e multiplica os resultados. 

10. Cada vez que nos reunimos para celebrar a Eucaristia, somos recordados e convidados a uma unidade não só no pão comum, partilhado, mas também na busca de um desenvolvimento humano que alcance a todos, com o pouco que cada um pode oferecer. Pode ser até um voto nas próximas eleições...

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 28 de julho de 2018


(Jr 7,1-11; Sl 83[84]; Mt 13,24-30) 
16ª Semana do tempo Comum. 

“Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor! Meu coração e minha carne rejubilam e exultam de alegria nos Deus vivo” Sl 84,2-3.

“Os filhos de Corá eram membros do coro e músicos no templo. Eles regularmente conduziam a congregação e os sacerdotes na adoração. Havia tantos deles, no entanto, que cada um, provavelmente, só servia no templo poucas semanas no ano. Mas, durante os três grandes festivais em Israel – a Páscoa, na primavera; o Pentecostes, no verão; e os Tabernáculos, no outono –, todos apareciam para trabalhar. [...] Por alguma razão, o filho de Corá que escreveu o salmo 84 não pôde ir a Jerusalém naquele ano. [...] Enquanto observava as pessoas de sua aldeia indo para Jerusalém, ele entoou um cântico de anseio por Deus, expressando seu desejo de estar na casa de Deus. Pássaros podiam voar livremente nos átrios do templo, mas, nesse dia, por algum motivo, o salmista não estaria lá. [...] Para o salmista, um dia nos átrios do Senhor era melhor do que mil longe dele. Ele abriria mão de seu lugar no coro e se contentaria em ficar na porta, distribuindo boletins, se tivesse de escolher entre ficar perto do Senhor e viver nas tendas dos ímpios. O que atraía o salmista ao templo não era o esplendor do edifício, o canto de entretenimento ou mesmo o apelo carismático do pregador. O que atraía era o caráter incomparável do Deus de Israel” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil). 

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 27 de julho de 2018


(Jr 3,14-17; Sl Jr 31; Mt 13,18-23) 
16ª Semana do Tempo Comum.

“A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta” Mt 13,23.

“É com docilidade que recebe a boa terra a semente nela lançada. E tudo lhe oferece visando ao seu desenvolvimento, à sua transformação em flor e até em fruto. É, de igual maneira, que devemos acolher em nosso coração a palavra de Deus. Assim procedem todos aqueles que ouvem com a devida atenção, com o necessário devotamento a mensagem divina e deixam que ela penetre em si mesmos, sem lhes oferecer qualquer obstáculo. Em princípio também porque se achando pobres, evangelicamente, sentem-se necessitados da segurança que ela infunde. Conclusão – Para que a palavra de Deus produza fruto em nós há que estarmos abertos, livres de preconceitos, desarmados, prontos para nos deixar questionar por ela. E vale notar que o nosso crescimento espiritual se dá, na medida em que a palavra de Deus a isto nos leva. Também há agnósticos que ouvem a palavra de Deus. Só que nunca permitem comparar sua conduta pessoal com seus ensinamentos e, por isto mesmo, não se convertem, privando, a si próprios, da alegria que, de certo, teriam convivendo com a palavra daquele que disse – Eu sou a verdade. Ouvindo agora a Palavra de Deus, que tipo de terra devemos ser para acolhermos sua semente? Terra boa ou pedregosa? – Senhor, não nos falteis com a semente de vossa palavra e que nós a acolhamos com a terra boa do nosso coração! Amém” (José Gilberto de Luna – Graças a Deus (1995) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 26 de julho de 2018


(Ecle 44,1.10-15; Sl 131[132]; Mt 13,16-17) 
São Joaquim e Santa Ana, pais de Maria.

Festejamos Ana e Joaquim, pais da Virgem Maria: Deus concedeu-lhes a bênção prometida a todos os povos (Antífona de entrada da Missa do dia 26 de julho). Uma antiquíssima tradição conservou-nos os nomes dos pais de Santa Maria, que foram, ‘dentro do seu tempo e das circunstâncias históricas concretas, um elo precioso do projeto de salvação da humanidade’ (João Paulo II). Por meio deles, chegou-nos a bênção que um dia Deus prometera a Abraão e à sua descendência, pois foi através da sua Filha que recebemos o Salvador. São João Damasceno afirma que os conhecemos pelos seus frutos: a Virgem é o grande fruto que deram à humanidade. Ana concebeu-a puríssima e imaculada no seu seio. ‘Ó formosíssima criança, sumamente amável! – exclama o Santo Doutor -. Ó filha de Adão e Mãe de Deus! Felizes as entranhas e o ventre de que saíste! Felizes os braços que te carregam e os lábios que tiveram o privilégio de beijar-te!...’. São Joaquim e Santa Ana tiveram imensa sorte de terem podido cuidar e acolher no seu lar a Mãe de Deus. Quantas graças não terá Deus derramado sobre eles! Santa Teresa de Jesus, que costumava pôr os conventos que fundava sob a proteção de São José e Santa Ana, argumentava: ‘A misericórdia de Deus é tão grande que por nada deixará de favorecer a casa da sua gloriosa avó’. Jesus, por via materna, descendia diretamente desses santos esposos cuja festa celebramos hoje. Podemos confiar à intercessão dos pais de Nossa Senhora as nossas necessidades, especialmente as que se referem à santidade dos nossos lares: Senhor, Deus de nossos pais – suplicamos com uma oração da Liturgia da Missa -, Vós que concedestes a São Joaquim e Santa Ana a graça de darem a vida à Mãe do vosso Filho Jesus, fazei que, pela intercessão destes santos, alcancemos a salvação prometida ao vosso povo’. Ajudai-nos, por sua intercessão, a velar por aqueles que pusestes especialmente sob os nossos cuidados. Ensinai-nos a criar ao nosso redor um clima humano e sobrenatural em que seja mais fácil encontrar-vos a Vós, nosso fim último e nosso tesouro” (Francisco Fernández Carvajal – Falar com Deus vol. 7 – Quadrante).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 25 de julho de 2018


(2Cor 4,7-15; Sl 125[126]; Mt 20,20-28) 
São Tiago Maior, apóstolo.

“Jesus perguntou: ‘O que queres?’ Ela respondeu: ‘Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu reino, um  à tua direita e outro à tua esquerda’”. Mt 20,21.

“Exemplo típico da mulher adepta do favoritismo é o que, com tal pedido, nos dá essa mãe. Imaginando ser o reino pregado por Jesus um reino de natureza temporal, adianta-se, suplicando para os seus filhos um lugar do mais alto destaque na sua composição. E esta solicitação sua faz-nos lembrar uma forte tendência que convive conosco, qual seja a de queremos sempre aparecer, a de querermos sempre ficar em evidência, a de queremos sempre ocupar lugares privilegiados e honrosos, o que, não ocorrendo, termina, muitas vezes, por ocasionar-nos falta de paz. Há muita gente intranquila, em consequência de ambição. Vive continuamente tensa porque vive dominada pela volúpia do primeiro lugar. O certo não é só ocupar a primeira posição em tudo. O certo é ocupar o lugar que podemos e devemos ocupar e que pode ser o primeiro, mas que também pode ser o último. O certo é agirmos bem na posição em que Deus nos colocou. Na orquestra da vida, importante não é só quem faz o solo mavioso da clarineta, mas também aquele que, escondido, quase sempre bem atrás de todos os instrumentos, toca o bombo com o seu maravilhoso efeito de percussão. Só uma sede de ser primeiro se justifica no cristão. É a sede de ser o primeiro na prática do amor. – Senhor, dai-nos a humildade suficiente para só queremos nos destacar na vivência do evangelho. Amém. (José Gilberto de Luna – Graças a Deus (1995) – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 24 de julho de 2018


(Mq 7,14-15.18-20; Sl 84[85]; Mt 12,46-50) 
16ª Semana do Tempo Comum.

“Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” Mt 12,50.

“Jesus apresentou um outro critério para indicar quem faz parte de sua casa (Mt 12,46-50). Em momento algum quis desprezar seus parentes. Quis apenas reforçar a sua compressão de casa, de família. E como podemos perceber, o conceito de família para Jesus é bem mais amplo e exigente. Para Jesus, os critérios que unem uma comunidade podem e devem ir além dos laços sanguíneos. Com um pouco de cuidado, podemos dizer que, para o Mestre, os laços que unem os membros de uma comunidade poderiam ir além até mesmo dos critérios étnicos, religiosos, culturais, pois embora fosse judeu, Jesus era muito disposto ao relacionamento com pessoas de outras culturas localidades. O Mestre não tinha medo dos estranhos. Ao contrário, estava sempre aberto ao diálogo. Sempre disposto a uma nova maneira de ser e conviver. [...] Nos dias de hoje, quando penso nas muitas formas de isolamento e separação, ponho-me a refletir sobre o exemplo que o Mestre nos deixou. Nossas cidades estão cada vez mais divididas. As pessoas estão cada vez mais separadas por diferentes critérios. Condomínios, shoppings, tribos, confronto entre torcidas esportivas etc., apenas refletem uma separação profunda e invisível que vem afetando as nossas vidas. E tantas formas de separação apenas fazem crescer o medo, a revolta e o estranhamento. O exemplo de Jesus, certamente tem muito a nos ensinar” (Marcos Daniel de Morais Ramalho – Meditações para o dia a dia  (2015) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 23 de julho de 2018


(Mq 6,1-4.6-8; Sl 49[50]; Mt 12,38-42) 
16ª Semana do Tempo Comum.

“Alguns mestres da lei e fariseus disseram a Jesus: ‘Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti’”.
Mt 12,38.

“Deus nos criou amantes e – por que não dizer? – dependentes de sinais. Não foi sem razão de ser que a metafísica de Aristóteles adotou como um dos seus princípios o seguinte: nada chega à inteligência sem que antes passe pelos sentidos. Geralmente materializamos a ideia para melhor intuí-la e fixa-la. Daí a importância do sinal em nossas vidas. Daí, a diversidade de sinais que a humanidade criou e cria para mais eficazmente traduzir suas realidades. Convencionou-se, por exemplo, ser uma balança o sinal da justiça, ser a âncora o sinal da esperança, ser a pomba o sinal da paz, serem os louros o sinal da vitória e assim por diante. Todavia, pode acontecer que o sinal não diga tanto, não seja de existência tão necessária. Isto acontece quando a realidade se encontra à vista e a exigência de seus símbolos passa a ser uma coisa supérflua, desnecessária. Jesus chamou os escribas e fariseus de ‘geração perversa’ não porque eles pedissem um sinal, mas porque pediram um sinal fora de hora e assim deram prova de que não queriam acreditar no Mestre. O que eles queriam era colocar em prova o seu poder e desmoralizá-lo, por não atender ao pueril argumento deles de ‘só crer no que vê’. – Senhor, que, confiando na bondade que sois vós, possamos ser sinais vosso para os outros. Amém. (José Gilberto de Luna – Graças a Deus (1995) – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

16º Domingo do Tempo Comum


(Jr 23,1-6; Sl 22[23]; Ef 2,13-18; Mc 6,30-34).

1. Retorna em nossa liturgia a meditação sobre os cuidados de Deus a partir da imagem do Pastor, tendo como centro a imagem do evangelho onde a expressão dos cuidados aparece no agir de Jesus. Por outro lado, somos lembrados que Deus confia a algumas pessoas esse mesmo cuidado, mesmo correndo o risco de ter que substituí-las periodicamente por se desviarem de sua função. 

2. É disso que trata a 1ª leitura com a promessa do descendente de Davi. Para a Igreja, em todos os tempos, resta a responsabilidade daqueles que lhes foram confiados, tendo presente o agir de Jesus. O texto também nos recorda o risco do desinteresse de quem deveria cuidar, tanto quanto da instrumentalização em proveito próprio de certos guardadores do rebanho, e aqui a reflexão se amplia para o âmbito social e político.

3. Paulo nos fala dessa unidade criada por Cristo entre judeus e pagãos, fazendo-os um só povo. A Igreja também aqui se compreende naquilo que lhe foi confiado como um serviço à unidade do gênero humano, possibilitando o diálogo e a aproximação, criando pontes para uma possível paz a partir da mensagem de Cristo Jesus.

4. Marcos descreve para nós o retorno dos apóstolos de sua missão. Partilham com o Mestre o que haviam feito e ensinado. Jesus demonstra uma terna compreensão do desgaste da missão e os convida a descansar, o que aparentemente durou a travessia de barco, pois do outro lado uma multidão os espera.

5. Jesus também demonstra compreensão para com aqueles que o buscam permitindo que a figura do pastor, anunciada na 1ª leitura tome forma no seu modo de acolher.

6. Duas realidades ou necessidades aparecem nesse breve trecho: o descanso merecido e necessário e a atenção necessária à necessidade do outro. Algo que exige de nós certa atenção e equilíbrio. Certamente, do convívio com o próprio Jesus, os apóstolos entenderam quão significativa era a mudança de plano naquele momento.

7. O evangelizar é mais que a partilha de conhecimentos; é um interessar-se pela real necessidade do outro, seja ela de descanso ou de uma fome específica. Saber adaptar-se, flexibilizar para ir ao encontro das necessidades concretas as pessoas.

8. Fica sempre uma lição para nós, quer sejamos agentes de pastoral, líderes comunitários, casais em busca de uma harmoniosa convivência ou um simples cristão que lida com as realidades que o cercam enquanto tenta seguir os passos de Jesus.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 21 de julho de 2018


(Mq 2,1-5; Sl 9B(10); Mt 12,14-21) 
15ª Semana do Tempo Comum.

O texto de Miqueias que nos é oferecido como primeira leitura é uma denuncia e ao mesmo tempo se transforma numa lamentação sobre quem faz o mal, para que o possa reconhecer antes que seja tarde. Para completar o quadro dramático, temos o salmo 10,22-25.28-29.35, que reclamam a ausência de Deus diante da violência e da injustiça dos ímpios. Talvez tenha sido escrito por Davi. Em algumas versões antigas da Bíblia este salmo era um só com o salmo 9. “O salmo 10 descreve um ‘ateu praticante’. Essa pessoa não é, no entanto, membro de carteirinha do Clube dos Ateus. Quando perguntada se Deus existe, ela diria: ‘Claro, Deus existe. Creio em Deus.’ Mas no decorrer diário da vida, Deus não desempenha nenhum papel no modo como essa pessoa vive. Ela age, reage e pensa como se Deus não existisse. Não há espaço para Deus em parte alguma da existência do ateu praticante. Infelizmente, esse título descreve uma larga fatia da sociedade moderna. [...] O povo de Deus, em contrapartida, está desejoso de confiar em Deus e segui-lo, mesmo que tudo desmorone ao seu redor” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).  

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 20 de julho de 2018


(Is 38,1-6.21-22.7-8; Sl Is 38; Mt 12,1-8) 
15ª Semana do Tempo Comum.

“Se tivésseis compreendido o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’, não teríeis condenado os inocentes”. Mt 12,7.

“Famintos, os discípulos de Cristo, passando perto de umas plantações de milho, arrancaram suas espigas, a fim de comê-las. Os fariseus, que se apresentavam como integérrimos defensores da lei, ficaram incomodados com a atitude dos discípulos, uma vez que era dia de sábado e, sendo dia de sábado, não deveriam partir para este tipo de operação. Queixam-se do gesto ‘criminoso’ a Jesus que, então, os repreende, dizendo-lhes estarem eles condenando quem não tinha culpa. As palavras reprobatórias de Cristo, aos fariseus, se constituem, igualmente, numa espécie de condenação a todos aqueles que não sabem catalogar as coisas, de acordo com o seu grau de importância. E chegam ao absurdo de achar que mais vale cumprimento cego de uma lei que a defesa da sobrevivência de um ser humano. Estas palavras de Jesus se constituem uma condenação à atitude tacanha dos fariseus que, incapazes de perceber que a lei foi feita para o homem e não o homem para a lei, preferem ver uma pessoa definhar de fome a violar um dispositivo legal, cuja transgressão não acarretaria males maiores. As palavras de Jesus foram, ontem, uma condenação aos ‘zeladores’, aos ‘guardiões’ da lei, como ainda hoje também o são, a quantos, possuidores de mentalidade estreita, como a deles, dão mais valor ao jardim que ao jardineiro, ao prédio da escola que ao estudante, ao fogão que à cozinheira, ao Estado que ao homem, mesmo sabendo ter existido este, antes daquele. Aquilo que para nós está sendo prioritário merece mesmo a prioridade que lhe estamos dando? – Senhor, premia-nos com a graça de, ao construirmos, todos os dias, a escada da vida, sabermos acertar na escolha de cada um dos seus degraus. Amém” (José Gilberto de Luna – Graças a Deus (1995) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 19 de julho de 2018


(Is 26,7-9.12.16-19; Sl 101[102]; Mt 11,28-30) 
15ª Semana do Tempo Comum.

O profeta Isaias compreende que Deus tem seus juízos sobre nós, mas não perde de vista a capacidade de restaurar, ressuscitar, pela história salvífica que contempla. Por isso esse olhar diante da prostração ou das cinzas em que se encontra Israel, reconhecendo a sua miséria, se eleva com esperança Àquele que vence os limites humanos e concede nova vida ao povo e à cidade, nas palavras do salmo 102,13-21: “Quando a Bíblia diz que Deus é sempre o mesmo, isso não significa que ele está estagnado ou fora de alcance. Significa que o caráter de Deus nunca muda. Deus é perfeito em todos os aspectos de seu caráter. Ele nunca fica melhor ou pior. Ele nunca envelhece. Ele nunca está de mau humor. Deus ama você hoje como quando ele o fez seu filho mediante a fé em Jesus Cristo. Ele ama você hoje como amará daqui a mil anos. O amor de Deus não aumenta nem diminui. Ele ama de modo perfeito, infinito. Podemos sentir, às vezes, que Deus mudou, mas ele não muda” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).  

Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 18 de julho de 2018


(Is 10,5-7.13-16; Sl 93[94]; Mt 11,25-27) 
15ª Semana do Tempo Comum.

“Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: ‘Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos” Mt 11,25.

“A experiência mostra como a cada instante se confirma esta assertiva de Jesus. Nem sempre os doutos são sábios. Possuem a ciência das coisas e ignoram a verdadeira sabedoria da vida. E não são sábios exatamente porque a ciência os incha, como diz São Paulo, e aquilo que uma pessoa simples percebe com o seu conhecimento acanhado, não conseguem eles percebê-lo apesar da erudição que possuem e da soma de conhecimentos que adquiriram. Quando o Senhor diz que as coisas grandiosas são reveladas aos pequeninos e ocultadas dos sabidos, dos grandes, dos poderosos, a sua intenção é mostrar que a verdadeira sabedoria não está do lado dos que se consideram proprietários absolutos da verdade, mas do lado dos que a procuram, porquanto se consideram sempre carentes de sua posse. A verdadeira sabedoria nem sempre está do lado dos que pesquisam, dos que inventam, dos que descobrem, dos que aperfeiçoam, mas do lado daqueles que comumente nada disto realizam. Todavia, em contrapartida, sabem que ‘tudo passa’ e, por isto, não se abatem diante do revés; sabem que a cada dia basta a sua própria preocupação e não estragam a alegria de hoje, sob o pretexto da tristeza que poderão sofrer amanhã. Resumindo. É importante se perceber a diferença entre o sábio e o sabido. O sábio conhece. O sábio usa bem do conhecimento pessoal que possui. É a este que Deus revela o segredo de suas coisas. – Ó Deus, aumentai a ciência de nossa sabedoria, ainda que tenhamos esta e não possuamos aquela. Amém” (José Gilberto de Luna – Graças a Deus (1995) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 17 de julho de 2018


(Is 7,1-9; Sl 47[48]; Mt 11,20-24) 
15ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres, porque não tinham se convertido” Mt 11,20.

“O messias anuncia o reino e faz as suas propostas de salvação. São muitos os que os que as aceitam e passam a caminhar em direção d’Ele e com Ele. Mas, nem todos têm a coragem necessária para atender os desafios de sua mensagem. Mesmo presenciando seus milagres, como foi o caso dos habitantes de Corozain e Betsaida. É que a conversão não é coisa fácil. Exige despojamento. Renúncia. Coragem de deixar o que dantes atraía para ir em busca do que agora passou a atrair. E, de modo total, ainda que muitos alimentem a ilusão de que podem converter-se pela metade. Entregando-se ao Senhor a conta-gotas. Converter-se é o resultado de um processo que jamais poderá ter fim. A cada instante se realiza. É sempre um primeiro em busca de um segundo; é sempre um segundo em busca de um terceiro e, deste modo, initerruptamente. Compreende-se, então, por que ninguém pode blasonar-se de ser convertido. Esse tipo de cristão não existe. O que pode e deve sempre existir é o cristão em fase de conversão. Perenemente descobrindo uma nova faceta da fisionomia do Cristo e procurando refleti-la em sua própria fisionomia espiritual. Também porque o ruim pode tornar-se bom e o bom pode tornar-se melhor. – Senhor, os habitantes de Corozain e Betsaida viram vossos milagres e não se converteram; fazei que nos convertamos e seja este o milagre que nós próprios testemunhemos. Amém “    (José Gilberto de Luna – Graças a Deus (1995) – Vozes).
  
Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 16 de julho de 2018


(Zc 2,14-17; Sl Lc 1; Mt 12,46-50) 
N. Sra. Do Carmo.

A memória obrigatória de N. Sra. Do Carmo foi elevada a categoria de festa e assim ganha leituras e orações próprias para esse dia, mantendo-se a sugestão do Ordo latino quanto ao evangelho cuja meditação aqui transcrevo do livro ‘Maria na Igreja em oração’ de Corrado Maggioni (Paulus): “A primeira impressão que o leitor sente com a leitura deste texto é de deparar-se, contra toda expectativa, com um Jesus pouco preocupado e sensível com sua mãe e seus irmãos (em Israel com este nome indicavam-se não só os irmãos nascidos da mesma mãe, mas também os primos e parentes). Entretanto, uma leitura mais apurada, nos dá a ideia justa das intenções de Jesus. Como poderia, com efeito, transcurar Aquela que lhe deu o corpo com o qual pode realizar até o fim a vontade de Deus (cf. Hb 10,5)? O trecho evangélico começa com Jesus que fala à multidão e termina com o anuncio de um novo parentesco com ele, superior ao da carne: ‘Aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe’. É fácil compreender que a intenção de Jesus é a de transformar em familiares os anônimos ouvintes da multidão. Essa intenção aparece de fato reforçada pela contraposição, evidente no trecho, entre a família natural de Jesus (‘sua mãe e seus irmãos estavam fora, procurando falar-lhe’) e a família espiritual que ele vai construindo dia após dia e que quer composta por todos os que estão dispostos, a seu exemplo, a ‘fazer a vontade do Pai que está nos céus’. A exposição desta importante verdade é provocada pela presença da mãe e dos parentes. Jesus, como bem sabe fazer, antepõe uma pergunta que a todos deixa perplexo e um pouco desorientados: ‘Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos?’ Apresentada por quem conhece bem a resposta, essa pergunta quer naturalmente prender a atenção dos ouvintes. Com ar solene, de fato, Jesus ‘apontando para os discípulos com a mão’ (é um gesto revelador, além de ser indicativo) pronuncia as palavras que manifestam quais são os laços que os unem à sua pessoa: os laços provenientes da escuta da Palavra são mais fortes que os de sangue. Desta maneira nos é explicado também o vínculo que une a Mãe ao Filho: Maria é a Mãe de Jesus, porque na hora da anunciação respondeu com a própria vida à vontade de Deus: ‘Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra’ (Lc 1,38). Por essa claríssima fé tornou-se a Mãe de Deus! Se o privilégio da divina maternidade é exclusivo da Virgem, o pertencer à família de Jesus e o gera-lo nos corações dos homens é também missão dos discípulos. Juntamente com o evangelho, que nos convida a nos tronarmos com Maria, irmãos, irmãs e mãe de Cristo, a oração de coleta nos ajuda a captar sinteticamente o significado desta memória mariana: ‘Venha, ó Deus, em nosso auxílio a gloriosa intercessão de nossa Senhora do Carmo para que possamos, sob sua proteção, subir ao monte que é Cristo’. Pela oração logo se vê que a mira é o encontro beatificante com o Senhor Jesus, descrito com a imagem do ‘monte santo’. A subida (tema caro ao vocabulário carmelita) não pode ser sustentada a não ser por Maria, a qual ‘com seu amor de Mãe, cuida dos irmãos de seu Filho que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos à pátria feliz’ (LG, n. 62)”.

  Pe. João Bosco Vieira Leite

15º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(Am 7,12-15; Sl 84[85]; Ef 1,3-14; Mc 6,7-13)

1. Desde o domingo anterior a liturgia da Palavra se volta sobre a vocação profética. O tema retorna com esse breve texto que nos revela um embate entre Amasias e Amós. Eles são profetas. A intenção de mencionar esse confronto é revelar que um foi instituído pelo Templo, o outro chamado e enviado por Deus.

2. O verdadeiro profeta, cedo ou tarde vai descontentar alguém. Ele não está ali porque precisa sobreviver, mas porque tem uma missão a cumprir. Só Deus poderá responder às indagações de Amasias. Ao depreciar Amós chamando-o de ‘vidente’, ele nos revela um outro aspecto da vocação profética: ele não só fala, mas tem uma visão diferenciada da realidade.

3. Em tudo isso está uma atitude de escuta que anuncia e revela a face de Deus, complementa o nosso salmo e nos prepara ao evangelho no envio dos doze em missão, da parte de Jesus.

4. Nesse meio tempo da nossa liturgia da Palavra temos um hino que abre a carta aos Efésios. Um texto solene e belo que resume tudo quanto Paulo compreendeu de Deus, de Cristo, da Igreja, da Salvação, da Redenção, do Evangelho.

5. Ele contempla o projeto divino de criar, salvar e santificar toda a humanidade. O Espírito Santo aparece no começo e no fim do texto, pois perpassa todas essas etapas em Seu mistério, como Senhor da vida.

6. No evangelho de Marcos se percebe essa presença constante dos doze na missão de Jesus que O escutam, acompanham Seus passos e Suas ações. Do próprio Jesus recebem a missão de dar continuidade a Sua missão no anuncio do evangelho de conversão. Devem confiar mais em Jesus que os envia que nos meios, e devem compreender que a rejeição faz parte da missão.

7. No envio dos doze podemos contemplar o germe daquilo que virá a ser a Igreja em sua missão de continuar no tempo e no espaço a missão de Jesus e dos apóstolos.

8. “É explícita e forte a relação com a missão de Jesus: o mesmo conteúdo evangelizador; as mesmas dificuldades; os mesmos poderes divinos (sobre os demônios e sobre os doentes); as mesmas modalidades missionárias (não fundadas sobre meios humanos poderosos e eficientes, mas sim sobre a pobreza que caracterizou o ministério de Jesus)” (Giuseppe Casarim – Lecionário Comentado– Paulus).

9. Tudo isso, segundo Paulo estava pensado no projeto divino. Ele viu Amós, os doze e também a nós que fazemos parte dessa Igreja, como escolhidos, e que uma vez conscientes desse mistério, saber que fazemos parte de algo maior, que nos transcende, mas que também nos compromete em levar adiante esse projeto do Reino de Deus.

10. Não somos sós nem inúteis. Cada um a seu modo, na sua vocação específica, pela fé, faz acontecer esse desejo de Deus. Numa atitude de escuta podemos descobrir como responder ao chamado que Deus nos faz.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 14 de julho de 2018


(Is 6,1-8; Sl 92[93]; Mt 10,24-33) 
14ª Semana do Tempo Comum. 

“Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno [geena]!” Mt 10,28.

“Como sabemos, geena é uma palavra de origem hebraica, que significa vale Vale de Hinnon. Era um lugar onde se queimava o lixo da cidade de Jerusalém. Em alguns trechos de seu Evangelho, Cristo usa desta palavra para denominar o castigo infligido àqueles que vão de encontro ao plano do Pai, numa inaceitação consciente de tudo aquilo que Ele preceitua, propõe e aconselha. Então, Jesus fala a respeito do inferno? Fala sim. Com essas palavras, não há como fugir da evidência de sua revelação. Tanto mais porque, em outras ocasiões, dentro deste contexto de pregação, suas afirmações são as mesmas, a respeito da punição àqueles que, até o último instante, resistiram aos incessantes apelos do amor do Pai. Este inferno de que Cristo fala consiste, essencialmente, na privação da visão beatífica de Deus, coisa pela qual todos nós ansiamos, conforme percebeu tão bem Santo Agostinho, ao dizer – Fizeste-me para ti, ó Senhor, e o meu coração está inquieto, enquanto não descansar em ti. Deus não encaminha ninguém para o inferno. É o homem que lamentavelmente escolhe o seu caminho, usando mal do dom precioso de sua liberdade. A Igreja diz, afirma, que alguém se salvou, mas não diz que alguém se condenou. Nenhum de nós precisa viver com medo de cair no inferno, mas de perder o céu. – Ó Deus, como salmista, nós buscamos a vossa face. Que a encontremos. Amém”  (José Gilberto de Luna – Graças a Deus (1995) – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 13 de julho de 2018


(Os 14,2-10; Sl 50[51]; Mt 10,16-23) 
14ª Semana do Tempo Comum.

“Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós”
Mt 10,20.

“Previu Jesus que os missionários de seu Reino, ao anuncia-lo, poderiam ser perseguidos. Como na realidade o foram ontem e continua sendo hoje. Aliás, nunca se poderia imaginar que fosse diferente. Quem é mensageiro de Cristo anuncia verdades, denuncia erros que nem sempre podem ser aceitos pelo mundo, o que não deixa de acarretar-lhes perseguição. Querer ser seguidor de Cristo sem aceitar sofrer por Ele e pelo seu Reino é programa do impossível. É utopia. Contudo, promete Ele a quem tiver de padecer perseguição pela sua causa uma assistência especial, na linha do saber o quer dizer. E isto tem acontecido, através dos tempos. É incalculável o número de cristãos que, para sua defesa, contratam apenas o Espírito Santo, como seu advogado de defesa. E este lhes basta. A assistência prometida por Jesus a seus anunciadores nos atinge, porquanto nossa missão não é outra senão torná-lo conhecido e amado por todos. Entretanto, é bom reparar que Jesus não promete que os seus perseguidos deixarão de ser perseguidos e até torturados, como Ele foi, uma vez que o discípulo não pode ser maior que o Mestre. O que Ele promete é que o Espírito os assistirá e, por isto, pode acontecer que morram, mas não morrerá a palavra verdadeira que disserem. – Senhor, concedei-nos a cada instante, a graça de não temer a perseguição, porque confiamos no Divino Espírito, que nos ensina toda a verdade. Amém” (José Gilberto de Luna – Graças a Deus (1995) – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite