5º Domingo da Páscoa – Ano A

(At 6,1-7; l 32[33]; 1Pd 2,4-9; Jo 14,1-12)

1. A 1ª leitura no tempo pascal vai nos retratando a vida e a organização da Igreja primitiva que vai ganhando corpo e se estruturando nesse desejo de dar prosseguimento ao projeto de Jesus. Assim se revela nas diversas tarefas assumidas por seus membros.

2. Assim temos claramente delineado o serviço da caridade, da palavra e da liturgia, três ações básicas que constroem a comunidade. É claro que Lucas parece nos construir uma imagem um tanto idealizada de união, partilha, unidade, mas que também tem seus momentos de desarmonia quando algo não vai bem.

3. São comunidades fortemente marcadas pelas diferenças culturais, mesmo sendo, a princípio, todos judeus. Vemos como certas crises acabam levando a tomada de novas decisões e acabam por inserir uma nova dinâmica na comunidade, aqui no caso, aquilo que será conhecido como ministério diaconal.

4. Pedro estende essa reflexão na 2ª leitura para uma visão mais teológica e quase mística da compreensão do nosso sacerdócio comum, pelo batismo, no oferecimento que fazemos de nós mesmos no conjunto do nosso ser e agir, tendo a Cristo como guia. Aquilo que Paulo chama de culto espiritual.

5. Na realidade é um princípio interior que nos leva ao serviço. Sabendo-nos escolhidos e chamados por Deus, queremos servi-lo através da comunidade. Somos mais que uma mera estatística anual de católicos praticantes. E compreendemos que tanto o sacerdócio comum como o ordenado, ordenam-se mutuamente.

6. O evangelho lança ainda mais luzes sobre esse caminhar que nos une a Cristo e O faz para nós Caminho, Verdade e Vida. A meta do nosso caminhar é a casa do Pai, onde há “muitas moradas”. Certamente já ouvimos esse texto em algum contexto de Exéquias (recomendação de um falecido).

7. Este texto faz parte do discurso de despedida e, apreensivos, os discípulos querem saber para onde caminha o Mestre. Ele voltará ao Pai, mas aguardará nesse mesmo aconchego todos aqueles que d’Ele fizeram o Caminho a Verdade e Vida.

8. Alguém já disse que o céu é mergulhar, perder-se no oceano divino. Jesus também não diz menos quando espera de nós uma fidelidade de seguir os seus passos numa vida de doação de si, de viver a Sua Palavra de Vida para termos uma vida sincera, que outra coisa não é que, desde aqui, vivamos na Sua presença.

“Nós Te bendizemos, Pai, porque pelo batismo em Cristo nos tornaste membros vivos do teu povo, a Igreja. Esta não é uma massa amorfa e acéfala, mas um povo organizado no serviço da palavra, dos sacramentos e da caridade. Graças, Senhor, porque contas com a nossa pequenez e queres precisar da nossa inteligência e do nosso coração, das nossas mãos, lábios, pés e tempo, ao serviço da tua boa nova de salvação e amor ao homem. Não permitas, Senhor, que nos fechemos na comodidade, na apatia, no egoísmo, na falta de fé, de modo definitivo. Enche-nos da força do Espírito e conta conosco. Amém” (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo – Paulus). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite