(At 19,1-8; Sl 67[68]; Jo 16,29-33)
7ª Semana da Páscoa.
“Disse-vos estas
coisas para que tenhais paz em mim. No mundo, tereis tribulações. Mas tende
coragem!
Eu venci o mundo!” Jo 16,33.
“A história assim
como se encontra vem carregada de contradições. Ela é o lugar do Reino de Deus.
Mas também do anti-Reino. Um embate se trava feroz entre estas duas bandeiras.
E ele passa pelo coração humano. Por isso toda a construção do Reino, todo
avanço pessoal no sentido do evangelho não se faz sem sacrifícios. Muitas vezes
temos que lutar contra nós mesmos, pois as forças do velho Adão se fazem sentir
poderosas em luta contra as forças do novo Adão que Cristo fez crescer dentro
de nós. As tribulações de que fala Jesus se referem a esta situação agônica.
Mas a palavra final é esperançadora: ‘Coragem, eu venci o mundo’. O mundo aqui
é um conjunto de todas as ações e articulações que se estruturam ao redor dos
interesses egoísticos, das exclusões, da vontade de poder concretizada à custa
da justiça e da promoção da vida. O Reino se mostrou mais forte que o
anti-Reino. A ressurreição e não a morte de cruz é a última palavra do
evangelho. Esta vitória nos devolve o riso nos lábios e nos confere uma paz que
pode subsistir no meio das dificuldades e padecimentos. Depois que Cristo
ressuscitou não nos é mais lícito vivermos tristes como se carregássemos o
mundo, sem perspectiva e esperança. – Senhor, queremos participar de
Tua vitória sobre o mundo na medida que pudermos ser coerentes com as
inspirações do evangelho que vão orientando nossa vida para a justiça, para o
amor aos pobres e para a completa abertura para Deus. Que Teu Espírito nos
conceda estes dons que ultrapassam todo nosso empenho. Amém” (Leonardo Boff
– Graças a Deus [1995] – Vozes).
Santo do Dia:
São Gregório VII, papa. Hildebrando
de Soana, toscano, nascido em1028, parece ter iniciado a sua vida monástica em
Cluny. Após ter colaborado com os papas são Leão IX e Alexandre II, foi
proclamado papa pelo povo. Era o dia 22 de abril de 1073. Feito papa com o nome
de Gregório VII, realizou com muita coragem o programa de reformas, que ele
mesmo havia planejado como colaborador de seus predecessores: luta contra a
simonia e contra a intromissão do poder civil na nomeação dos bispos, dos
abades e dos próprios pontífices, restauração de uma severa disciplina para o
celibato. Encontrou violentas resistência também da parte do clero. O papa
confiava seus sofrimentos aos amigos com cartas que revelavam toda a sua
sensibilidade, sujeita a profundos desconfortos, mas sempre pronta à voz do
dever. Em 1076 teve um duro desentendimento com o imperador Henrique IV, que se
humilhou em Canossa mas, logo depois, retomou as rédeas do império, vigou-se
com a eleição de um antipapa e marchou contra Roma. Gregório VII, abandonado
pelos próprios cardeais, refugiou-se no Castelo Santo Ângelo. O papa foi
depois, em exílio voluntário, para Salerno, e aí morreu, um ano depois. Seu
corpo foi sepultado na catedral de Salerno. Foi canonizado em 1606.