Sexta, 30 de novembro de 2018


(Rm 10,9-18; Sl 18[19A]; Mt 4,18-22) 
Santo André, Apóstolo.

“É crendo de coração que se obtém a justiça, e é confessando em palavras que se chega à salvação”
Rm 10,10.

Paulo personifica a justificação cristã. Dirige-se pessoalmente aos judeus para lhes mostrar que têm a seu alcance a fé em Jesus Cristo com seus maravilhosos efeitos, e que serão, portanto, culpados se não aceitarem. Neste mesmo capítulo (v. 6-7), Paulo cita Deuteronômio (30,11-14): ‘quem subirá ao céu... quem descerá ao abismo’. São palavras que ele aplica à lei mosaica, para mostrar que não é impossível pô-la em prática. O apóstolo cita-as para demonstrar aos israelitas podem facilmente aderir a Jesus Cristo e receber a justificação. Não é preciso ir ao céu para busca-lo porque ele desceu à terra. Nem é necessário ir procura-lo na morada dos mortos, porque ressuscitou. O erro de Israel consiste em ter procurado justificar-se a si mesmo pelas obras da Lei (v. 30-32), desconhecendo que a própria Lei exigia a justiça pela fé em Cristo (10,4-9). A salvação destina-se a todos, tanto judeus como pagãos, que creram e invocaram a Cristo (10-13), anunciado pelos pregadores do Evangelho. Israel é culpado de obstinação (10,16-21), pois ouviu a pregação de fé e a repeliu. Os pagãos, porém, apesar de sua incompreensão e de seu afastamento de Deus, atenderam ao anúncio da Boa-Nova e creram. Mas embora Israel tenha sido infiel à mensagem dos profetas e do Evangelho (10,14-21), Deus continua fiel a Israel: conserva para si um ‘resto’ que lhe foi fiel, apesar da obstinação de grande parte do povo” – Senhor Jesus, ajudai-nos a crer de coração. Que nossa fé não seja apenas de palavras, mas transpareça sempre, de modo particular na prática da caridade fraterna. Amém” (Ralfy Mendes de Oliveira – Graças a Deus (1995) – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite 

Quinta, 29 de novembro de 2018


 (Ap 18,1-2.21-23; 19,1-3.9; Sl 99[100]; Lc 21,20-28) 
34ª Semana do Tempo Comum.


“Quando essas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça,porque a vossa libertação está próxima” Lc 21,28.

“Lançado que sou em direção ao futuro, em razão da Promessa contida no mandamento do Senhor, a Oração (sem aquela de que vale esta?) é a própria criação do que está por vir. Ela não existe nem para encher o vazio do passado, nem para assegurar o presente: ela realiza um futuro, para assegurar a possibilidade de uma história. A história da minha própria vida, para que ela não se torne a fastidiosa repetição indefinida de instantes sem significação, a história da minha Igreja para que ela não seja a incoerência de boas intenções e de piedade sem fundamentos, a história de meu povo, para que não venha a ser acúmulo de opressões, de ódios e de injustiças: ou seja, para que em todos os níveis haja verdadeiramente História e não vã sucessão de atos insignificantes. Ora, não nos enganemos: é a oração, e só ela, que pode fazer a História. Com efeito, rezar é se voltar para o futuro, espera-lo como uma possibilidade, e deseja-lo como uma História: mas a possibilidade única de Deus, e a História de Deus com o homem. Que seria a oração se justamente ela não pretendesse atualizar, neste instante, e em relação a mim, este encontro de Deus com o homem, realizado em Cristo Jesus? A decisão de Deus de fazer esta História é realizada em Jesus Cristo; a decisão do homem de realiza-la também, é a Oração, a minha Oração deste momento. A Oração nisto se resume ou ela não é nada. A Oração é a expressão da esperança no meu desespero humano; o diálogo da fé, na minha dúvida. Ela contesta em mim a situação concreta onde me encontro; o diálogo com Deus me põe numa contradição comigo mesmo, com meu ambiente, com meu passado: quem diz diálogo implica tensão, contestação recíproca. Que significa rezar quando se diz a Deus: ‘Eu sou um homem notável, porque tu me fizeste notável’? Que resposta poderia vir de Deus? o pleno acordo que significa ‘silêncio’. Oração, contestação de mim mesmo, eis no que consiste a minha experiência: Em Cristo, a contestação da esperança a meu desespero, a negação de minha angústia e de meu pessimismo pela alegria, a abolição da minha escravidão pela Liberdade de Deus”. (J. Ellul – Em direção ao Futuro – Editora Beneditina Ltda.)

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 28 de novembro de 2018

(Ap 15,1-4; Sl 97[98]; Lc 21,12-19) 
34ª Semana do Tempo Comum.
“Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. Todos vos odiarão por causa do meu nome” Lc 21,16-17.
“Você que está lendo esta mensagem neste momento nunca ouviu alguém dizer que cristãos verdadeiros, que confiam em Jesus de fato, não passarão por dificuldades em vida? Sinceramente, eu já ouvi. Contudo, não foi isto que Jesus disse no texto acima apresentado. Os discípulos de Jesus, de um modo geral, passaram por sofrimentos como doença, fome, açoites, perseguições e até mesmo martírio. Se lermos com atenção o Livro dos Atos dos apóstolos, ali isso se comprovará na vida de pessoas como Estevão, Pedro e Paulo, só para citar alguns exemplos. Se nos detivermos a olhar a história do cristianismo através dos séculos, apesar dele também ter vivido momentos de paz, vamos encontrar perseguição e morte. E hoje, em pleno século XXI, por acaso não acontecem perseguições a cristãos também? A fidelidade a Jesus pode nos causar perseguição e morte ainda hoje. Contudo, apesar disso, existe a promessa dele de que, se formos fiéis até a morte, nos será dada a coroa da vida (Ap 2,10), isto é, a vida sem fim ao seu lado no céu. Por sempre haver o perigo de alguém vir a negar a sua fé, precisamos todos nós orar ao Pai celeste, pedindo-lhe que nos ajude para podermos vencer as tentações de nosso inimigo maligno, o diabo. Certamente, com o auxílio divino, seremos vencedores. Amém. – Pai nosso, agradecemos-te por não sermos perseguidos, presos, torturados e mortos por causa de nossa fé em ti, aqui no Brasil. Sabemos, porém, que em outras partes do mundo os cristãos fiéis sofrem porque confessam a sua fé. Pedimos-te, fica ao lado deles e fortalece-os para que perseverem firmes até o fim. E se porventura um dia viermos a sofrer o mesmo infortúnio, ajuda-nos para sermos fiéis também. Em nome de Cristo. Amém”  (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia(2015) – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 27 de novembro de 2018


(Ap 14,14-19; Sl 95[96]; Lc 21,5-11) 
34ª Semana do Tempo Comum.

“Mas eles perguntaram: ‘Mestre, quando acontecerá isso? E qual vai ser o sinal de que essas coisas estão para acontecer?’” Lc 21,7.

“O triste e trágico anúncio de Jesus a respeito do templo, que não ficaria pedra sobre pedra (Lc 21,6), provoca uma pergunta de esclarecimento da parte dos discípulos. Eles pedem detalhes sobre a data do acontecimento e sobre o eventual ‘sinal’ que poderá precedê-lo. Jesus havia falando do templo e de sua estrutura. É evidente que a pergunta dos discípulos se refira a este. Jesus diz ignorar o dia e a hora do desastre anunciado, mas adverte que será uma terrível chaga que porá à dura prova a fé e a vida dos fiéis. Não se trata só de superar as insídias dos inimigos, sempre bem perceptíveis, mas as dos próprios companheiros de fé, gente que se apresenta e fala ‘em nome de Cristo’ (v. 8). Mesmo com este ‘nome’ na mente ou na boca, pode alguém enganar-se, dizer despropósitos, e até blasfemar. Seria o erro mais grave a se cometer. Os ataques a descoberto, por parte dos adversários, podem ser identificados e combatidos. Em momentos de crise, de grave confusão, há sempre quem tem respostas prontas para resolver ‘milagrosamente’ as dificuldades. A destruição do templo, orgulho da nação judaica, se insere num quadro mais amplo de ‘acontecimentos’ bélicos e telúricos. Haverá perturbações, revoluções ‘em diversos lugares’ e ‘grandes sinais vindos do céu’. São afirmações claras, mas que não podem ser tomadas ao pé da letra sem ter presente a natureza e os artifícios da linguagem profético-apocalíptica. – Jesus, em meio ao desabar de tantas construções humanas, sereis sempre nosso verdadeiro e único libertador. Ajudai-nos, Senhor, para não sucumbirmos. Amém (Ralfy Mendes de Oliveira – Graças a Deus (1995) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 26 de novembro de 2018

(Ap 14,1-5; Sl 23[24]; Lc 21,1-4) 
34ª Semana do Tempo Comum.

“Diante disso, ele disse: ‘Em verdade vos digo que essa pobre viúva ofertou mais do que todos’” Lc 21,3.

“O Templo de Jerusalém transformara-se numa espécie de banco central do país. Os ricos, contando com a segurança que lhes proporcionavam os bens acumulados, pensavam poder impressionar a Deus, à custa de gastos exagerados de vaidade e exibicionismo. A observação de Jesus, contemplando as atividades em torno da caixa de ofertas do Templo, corresponde ao modo divino de considerar aquela situação. Deus considera a qualidade da oferta e não sua quantidade; a disposição do coração, não exibicionismo exterior; o grau de desapego dos bens deste mundo, não a busca inútil de aplausos. O óbolo da pobre viúva, comparado com a prodigalidade dos ricos, passava despercebido. Para que serviriam uns poucos centavos? Quantitativamente considerados, nada representavam. Uma oferta inútil, irrelevante, sem nenhuma importância. Por isso, a oferta da pobre viúva – duas moedinhas sem muito valor –, aos olhos de Deus valeu mais que as grandes quantias depositadas pelos ricos. Na percepção de Jesus, o gesto da pobre viúva foi ponderado de maneira diferente. Tendo ela oferecido tudo quanto lhe restava para viver, expressava total confiança na providência divina. A generosidade da viúva pobre é uma boa lição para nós, discípulos de Cristo. Ela foi capaz de arriscar tudo, por saber que tudo era dom de Deus. Não tinha ânsia de acumular, nem corria o perigo de confiar nos bens materiais, colocando Deus em segundo plano. A sua era a verdadeira piedade! Podemos dar muitas coisas, como os ricos, mas nada disso terá valor se só dermos ‘daquilo que nos sobra’, sem amor e sem espírito de generosidade, sem nos oferecermos a nós próprios. Ela deu o que possuía. Tinha muito, porque tinha Deus no seu coração. – Pai, dá-me um coração de pobre, libertado da obsessão de acumular e seja capaz de partilhar até do que é necessário, porque confio totalmente no teu amor providente (Sônia de Fátima Marani Lunardelli – Meditações para o dia a dia (2017) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Jesus Cristo Rei do Universo – Ano B


(Dn 7,13-14; Sl 92[93]; Ap 1,5-8; Jo 18,33b-37)

1. Os dois versículos que nos foram oferecidos como 1ª leitura pertencem a um contexto mais amplo em que o autor contempla os grandes reinos que se sucederam no mundo e Israel foi vítima de muitos deles. Por trás do texto uma pergunta: Deus se manterá indiferente a tudo isso?

2. O profeta então vislumbra um outro reinado, definitivo, que reinará sem oprimir, pois tem um coração humano, diferente dos outros que se comportaram como animais. A liturgia nos prepara para o reconhecimento do Reinado de Jesus sobre os que optaram por uma forma diferente de relação com o outro.

3. Como 2ª leitura nos é oferecido o prólogo do Apocalipse de João. De cara vem o reconhecimento da soberania de Jesus sobre os reinados da terra. Nele está a última palavra sobre essa sucessão de reinados injustos. Como no texto anterior, se vislumbra a sua chegada para confirmar um outro tipo de reinado.

4. Se víamos meditando sobre o sacerdócio de Cristo, o texto nos recorda que cada cristão é um sacerdote em sua vida ofertada nos pequenos gestos de generosidade que constroem a vida, ao mesmo tempo que vão configurando o seu coração ao de Cristo.

5. Toda essa beleza relatada pelos textos anteriores parece contrastar com a imagem do Evangelho, pois Jesus evitou toda e qualquer situação que pudesse insinuar sua adesão ao modo de reinar nesse mundo. No entanto, diante de Pilatos ele afirma ser rei.    

6. Para Pilatos e para muitos de nós a compreensão não é fácil, quando comparamos com os reinados que conhecemos. Mas se pensarmos nas parábolas do Reino, nas imagens insignificantes usadas por Jesus, mas cheias de potencialidades, podemos compreender a força de um reino que cresce discretamente.

7. Jesus veio a nós para dar testemunho da verdade, não tanto para ensina-la, vivendo entre nós a partir de certas atitudes que inauguravam um mundo novo. E ainda hoje somos interpelados em nossas escolhas se essa ou aquela maneira de ser e agir realmente está criando algo de novo, de positivo, que beneficia não somente a mim.

8. Um reinado diferente, esse de Jesus, que não pode ser medido em números, em força, mas em atitudes que fazem a diferença nas relações, que cresce no respeito ao outro, no diálogo e particularmente na doação generosa de si mesmo, como Ele o fez na vida e na cruz.

9. “Contavam os rabinos que, durante uma noite escura, um homem acendeu uma lâmpada, mas o vento a apagou. Acendeu-a uma segunda e uma terceira vez, mas novamente foi apagada. Então ele disse: esperarei o sol nascer” (‘Celebrando a Palavra’ – Fernando Armellini – Ave Maria).

10. É dessa esperança que vivemos, de um reinado definitivo de Jesus sobre esse mundo, mas por enquanto seguimos nessa luta entre trevas e luz, pedindo ao Senhor a graça necessária para nos conduzirmos na sua presença real.   

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 24 de novembro de 2018


(Ap 11,4-12; Sl 143[144]; Lc 20,27-40) 
33ª Semana do Tempo Comum.

“Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele” Lc 20,38.

“Os saduceus formavam um grupo de pessoas que não acreditavam na ressurreição, razão pela qual fizeram a Jesus uma pergunta julgando que haveriam de pegá-lo numa contradição quando respondesse. Para eles, somente os primeiros cinco livros da Bíblia eram Palavra de Deus e, para eles, os mesmos não falavam de ressurreição. Jesus, diante da questão que lhe fora apresentada, mostrou que na vida eterna, depois da ressurreição do último dia, os costumes de agora com respeito ao casamento não mais existirão, e, apontando para Ex 3,6, Ele afirmou que Moisés também demostrara que haveria de acontecer a ressurreição porque Deus se apresentara como o Deus de Abraão, de Issac e de Jacó, que Deus não era Deus dos mortos, mas de vivos, e que para Ele todos viviam. Embora nem todos creiam na ressurreição, esta é a nossa fé, baseada naquilo que a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, afirma-nos. É a certeza da ressurreição que nos traz consolo quando um familiar ou um amigo querido, que cria em Cristo, morre. E por que? Porque cremos naquilo que Jesus Cristo, que morreu para pagar a nossa dívida de pecados e que ressuscitou garantindo-nos o perdão e a ressurreição, afirmou: ‘Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente’ (Jo 11,25-26). – Senhor Deus, eu te agradeço que colocaste em meu coração a fé que é certeza daquilo que espero: a ressurreição dentre os mortos. Dá-me sempre o teu divino Espírito Santo para que esta fé se mantenha viva em meu coração. Ajuda-me a dar testemunho da ressurreição e usa meu testemunho para que mais gente creia em ti e encontre o consolo que Tu tens me dado com a ressurreição para a vida eterna mediante a fé em Jesus. Amém (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia (2015) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 23 de novembro de 2018


(Ap 10,8-11; Sl 118[119]; Lc 19,45-48) 
33ª Semana do Tempo Comum.

“E disse: ‘Está escrito: ‘Minha casa será casa de oração’. No entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões’” Lc 19,46.

“Os comerciantes haviam se instalado no pátio dos gentios e, portanto, dentro do recinto do templo. Vendiam principalmente objetos e animais destinados às ofertas e aos sacrifícios. Os trocadores de moedas instalaram-se no templo. Mediante certo lucro, proporcionavam aos peregrinos a didracma judaica. Jesus não condena os comerciantes e os trocadores. Condena sua permanência no recinto sagrado e o exagero nos preços e nas porcentagens, pois assim transformavam o templo em ‘covil de ladrões’. Protestando e revoltando-se contra a profanação do templo, Jesus expulsa os vendedores que aí se estabeleceram e diz: ‘Minha casa é casa de oração. Mas vós fizestes dela um covil de ladrões!’ O zelo de Deus nos ensina que liberdade ele deseja de nós. Quer que seu templo – que em primeiro lugar é o próprio íntimo de nossa pessoa – seja puro, seja casa de oração. Ensina-nos também um modo de ser religiosamente livres, que ninguém jamais poderá reprimir ou impedir; e é o modo da união interior com Deus, que até pode tornar-se mais forte, fiel e ardente de amor quanto mais houver em volta ameaças de opressão. A liberdade com a qual encontramos Deus em nós, o adoramos e decidimo-nos a servir-lhe com uma vida pura, é o cume da liberdade religiosa, a essência da liberdade cristã. Quanto mais o cristianismo penetra na vida das pessoas, tanto mais o mundo adquire uma alma de paz. O Senhor deseja que haja cristãos que sejam ‘casas de oração’, templos de Deus, moradas do Espírito Santo. – Vinde, Espírito Santo, e purificai o nosso templo interior. Amém”.  (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia (2015) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 22 de novembro de 2018


(Ap 5,1-10; Sl 149; Lc 19,41-44) 
33ª Semana do Tempo Comum.

“Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, isso está escondido aos teus olhos!” Lc 19,42.

“Jerusalém tornaram-se símbolos da obstinação de um povo sem disposição para ouvir os apelos de conversão que lhe eram dirigidos pelo Messias. O Templo fora transformado em casa de câmbio e lugar de exploração dos pobres. O culto estava longe de agradar a Deus, por se reduzir a mera exterioridade. O sacerdócio perdera sua característica própria, para se tornar objeto de disputa. Os peregrinos eram vistos como meio de enriquecimento de um grupo de aproveitadores. Por isso, o Filho de Deus não reconhecia mais aquela cidade e o Templo como lugares de habitação de seu Pai. A visita de Jesus a Jerusalém, símbolo da presença de Deus no meio do povo, lugar de peregrinação dos fiéis de todos os cantos do mundo, evocação da longa história de amor do Senhor por Israel, foi a derradeira chance que Jesus lhe ofereceu para se converter. As duras palavras que Jesus usa contra Jerusalém, a cidade santa, seguem os rumos da antiga pregação profética. Entretanto, as palavras proféticas caíram no vazio. O povo não lhes deu atenção. Jesus fica comovido ao contemplar a cidade santa de Jerusalém, mais do que com lágrima, com soluços e gritos, como sugere o termo grego, é um claro indício da gravidade da situação. Foi um apelo quase desesperado à conversão. Se ela fosse capaz de compreender que estava sendo visitado pelo mensageiro da paz, haveria de ser solícita em converter-se. Se tivesse usado o bom-senso, teria obtido a salvação. Mas como se manteve obstinada no seu pecado, só lhe restava preparar-se para o castigo iminente. O povo não lhes deu atenção. Sua dureza de coração fez com que os designíos de Deus se mantivessem ocultos para ela. – Pai, dá-me o bom-senso de dar ouvido a Jesus e converter-me conforme os seus apelos (Sônia de Fátima Marani Lunardelli – Meditações para o dia a dia (2017) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 21 de novembro de 2018


(Zc 2,14-17; Sl Lc 1; Mt 12,46-50) 
Apresentação de Nossa Senhora.

“A minha alma engrandece ao Senhor, e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador” Lc 1, 46b-47.

“E a Nossa Senhora, você reza a Nossa Senhora? Mas será que você reza o necessário, será que você implora a proteção de Nossa Senhora? Ela é nossa mãe, não se pode duvidar. É a mãe do gênero humano, a nova Eva. Mas é também sua filha. O antigo mundo, o doloroso mundo, o mundo de antes da graça embalou-a, longamente, em seu desolado coração – durante séculos e séculos – na obscura expectativa, na incompreensível esperança de uma Virgo Genetrix... Durante séculos e séculos, o mundo protegeu com suas velhas mãos carregadas de crimes, suas pesadas mãos, a jovenzinha maravilhosa, da qual nem ao menos o nome sabia. Uma jovem, esta rainha dos Anjos! E ainda o é, a rainha dos Anjos, não se esqueça! Mas, agora menino, veja bem uma coisa: a Santa Virgem não teve nem triunfo, nem milagres. Seu filho não permitiu que a glória humana a roçasse, mesmo com a mais fina extremidade de sua enorme asa selvagem. Ninguém viveu, sofreu ou morreu, assim tão simplesmente e numa ignorância tão profunda de sua própria dignidade, de uma dignidade que a coloca, entretanto, acima dos Anjos. Pois, afinal de contas, nasceu sem pecado: espantosa solidão! Uma fonte tão pura, tão límpida, e tão pura que não podia sequer refletir sua própria imagem, imagem feita apenas para a alegria do Pai: ó sagrada solidão! Os antigos demônios familiares aos homens, amos e servidores ao mesmo tempo, os terríveis patriarcas que giraram os primeiros passos de Adão até o limiar do mundo maldito, a Astúcia e o Orgulho, olham de longe essa milagrosa criatura, colocada fora do seu alcance, invulnerável e desarmada. Certamente, nossa pobre espécie não vale grande coisa, mas a infância comove sempre suas entranhas, a ignorância dos pequenos a obriga a baixar os olhos – olhos que conhecem o bem e o mal, olhos que viram tantas coisas! Mas, apesar de tudo, no caso, apenas ignorância... A Virgem , a Virgem era a Inocência. Imagine agora o que somos para ela, nós, a raça humana! Oh! Naturalmente, Nossa Senhora detesta o pecado; mas, ao final das contas, não em nenhuma experiência dele, essa experiência que não faltou aos nossos maiores santos, ao próprio santo de Assis, por mais seráfico que tenha sido. O olhar da Virgem é o único olhar verdadeiramente infantil, o único verdadeiro olhar de criança que jamais se fixou em nossa vergonha, em nossa desgraça. Sim, meu filho, para implorá-la bem, é preciso sentir sobre si este olhar que não é exatamente o da indulgência – pois a indulgência vem sempre acompanhada de certa experiência amarga – mas o olhar da terna compaixão, da dolorosa surpresa, de não sei que outro sentimento inconcebível, inexprimível, que a faz mais jovem que o pecado, mais jovem que a raça da qual ela mesmo procede; e ainda que seja Mãe pela graça, mãe das graças, é também a caçula do gênero humano” (Georges Bernanos – Diário de um pároco de aldeia – Ed. Atlântica).  

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 20 de novembro de 2018


(Ap 3,1-6.14-22; Sl 14[15]; Lc 19,1-10) 
33ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus lhe disse: ‘Hoje a salvação entro nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão” Lc 19,9.

“Jesus estava passando pela cidade de Jericó, acompanhado de uma multidão de pessoas. Zaqueu, um cobrador de impostos, por ser de estatura baixa, para poder ver Jesus correu na frente da multidão e subiu numa figueira brava. Quando Jesus passava pelo local onde ele se encontrava, viu a Zaqueu e ordenou-lhe que descesse porque queria ir à casa dele. E lá aconteceu uma verdadeira transformação. Ele disse a Jesus que daria metade de seus bens aos pobres e àqueles aos quais havia roubado, ele devolveria quatro vezes mais. Foi então que Jesus afirmou as palavras do texto bíblico de hoje, acima transcrito. Os judeus, quando viram que Jesus foi à casa do cobrador de impostos, começaram a murmurar. É que, para eles, cobradores de impostos eram pessoa corruptas, inimigas do povo, pois cobravam impostos que eram enviados para Roma, sede do império. A afirmação dos judeus, contudo, era discriminatória. Eles murmuraram dizendo que Jesus estava indo à casa de um pecador. Para eles, Jesus não podia ir à casa dele. Discriminação pode ainda acontecer hoje. Contudo, lembremo-nos, Jesus acolhe e sempre acolherá em seus braços todo o pecador que se arrepender. E no versículo bíblico que vem após o texto de hoje isto está bem claro, porque ele diz: ‘Porque o Filho do Homem (o próprio Jesus) veio buscar e salvar o que estava perdido’ (Lc 19,10). Que nós nunca discriminemos ninguém. Que continuemos a levar aos outros a mensagem do amor divino na esperança de que o Espírito Santo convença mais gente a se arrepender e crer no Evangelho. – Senhor Deus, obrigado porque me acolhes quando, arrependido, suplico-te o perdão. Ajuda-me a não discriminar a ninguém. Ajuda-me a amar como Tu amas, e anunciar o teu Evangelho a quem dele necessita. Amém (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia (2015) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 19 de novembro de 2018


(Ap 1,1-4; 2,1-5; Sl 01; Lc 18,35-43) 
33ª Semana do Tempo Comum.

“Então cego gritou: ‘Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim’” Lc 18,38.

“Quando Jesus se aproximava de Jericó, por ocasião da sua última viagem a Jerusalém, um cego, que ouviu rumores da sua passagem, pôs-se a gritar à beira do caminho: ‘Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!’ Este homem exprime o que está bem no fundo do coração: implora piedade. De sua condição infeliz, grita para obter compaixão e misericórdia. E consegui atingir a bondade de Deus. Jesus o escuta e cura. Este cego é o oposto do homem que, forjando ídolos, não sabe pedir piedade e desconhece a misericórdia de Deus. É o oposto daquele que não se dispõe a inclinar-se diante do Criador. Este cego, que é a imagem de todas as pessoas que conhecem suas limitações e recorrem, confiantes, a Jesus, encontra sua salvação do mesmo momento em que suplica piedade. Pode o homem assumir duas atitudes diversas: confiar em seus próprios recursos sem recorrer a Deus, ou voltar-se para Deus, invocando-o com humildade e confiança. A cada um de nós como a toda a sociedade, durante toda a vida ou num só momento de existência, é indispensável levantar a voz para suplicar ao Senhor: tende piedade de mim, tende piedade de nós! Talvez seja esse o pedido mais adaptado a nossa situação humana. Deve por isso tornar-se familiar e contínuo em nossos corações. É pela bondade e misericórdia de Deus que a salvação chega até nós. O cego de Jericó foi ‘bem-aventurado’. Acreditou sem ver. No mistério do Cristo, viu muito mais que os dotados de vista. – Senhor, tende piedade de nós! Não permitais que os bens terrenos e os prazeres deste mundo nos tornem cegos às maravilhas do vosso amor. Amém (Ralfy Mendes de Oliveira – Graças a Deus (1995) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

33º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(Dn 12,1-3; Sl 15[16]; Hb 10,11-14.18; Mc 13,24-32).

1. Caminhando para mais um fim do ano litúrgico, a liturgia da Palavra sempre nos vem carregada de textos apocalíticos. Textos de força simbólica que trazem consigo uma mensagem, que não necessariamente é sobre o fim do mundo ou ao menos das coisas como as conhecemos.

2. Presente no Antigo e Novo Testamento, iniciamos com esse texto de Daniel. Vivendo uma época histórica difícil, Israel sofre com a perseguição de Antíoco IV, alguns abandonam a fé e outros morrem por causa da mesma. A pergunta por trás do texto é: o que se dará depois que tudo isso acabar? 

3. Aqui temos a 1ª profissão de fé na ressurreição da Bíblia. Uma palavra cheia de esperança para os que se encontram em situação de perigo, aflição e desânimo diante de um mundo cada vez mais perverso, apenas para lembrar que a nossa existência não está condicionada a isso que assistimos ou sofremos.

4. A 2ª leitura repete sua afirmação do domingo anterior sobre o sacrifício único de Cristo pela salvação de todos e acrescenta que esse também trouxe o perdão dos pecados. Cristo é o vencedor sobre todas as forças que nos levam a pecar, ainda que estas permaneçam entre nós.

5. A comunidade para a qual escreve Marcos também se vê agitada pelos acontecimentos ao seu redor e da perseguição sofrida por eles. Por trás do nosso texto está a profecia sobre a destruição de Jerusalém feita por Jesus somada ao anúncio de seu retorno.

6. As imagens podem parecer assustadoras, mas na realidade falam de esperança: em meio a toda essa confusão nenhum dos que creem será esquecido, ninguém se perderá. Então, o que chamamos de fim é a inauguração de um novo tempo.

7. A própria parábola que encerra o texto fala dessa atenção aos sinais dos tempos sem precisar data ou qualquer sinal definitivo. Vivemos situações novas a cada momento, ao lado de um avanço tecnológico cresce a indiferença, a crise nas relações e as desilusões...

8. Os que amam a verdade, a paz, a justiça, a liberdade, não devem desanimar, pois as noites mais escuras permitem maior percepção dos astros celestes. A sabedoria os distingue. Sob o olhar de Deus, o caos tem outro sentido: não desanimar, não perder a fé, saber aguardar o desenrolar das coisas.

9. Outros antes de nós julgaram, em meio a situações difíceis que atravessaram que era o fim e, no entanto, o ser humano encontrou formas de seguir adiante. E nós encontraremos a nossa, pois a última palavra sobre tudo isso não nos pertence.

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 17 de novembro de 2018


(3Jo 5-8; Sl 11[112]; Lc 18,1-8) 
32ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre e nunca desistir...” Lc 18,1.

“Um dos motivos da oração é a necessidade de pedir, interceder, de gritar a Deus nossos sofrimentos e nossas misérias. Os salmos são talvez o apanhado mais admirável de todos os gritos da humanidade, - diria mesmo os gritos mais primitivos, mais espontâneos do homem. Há mesmo apelos à vingança. Mas esses gritos são autênticos, e o homem a exprimir-se tal qual é, o homem que sofre, o homem esmagado, escandalizado pela injustiça. A mais alta intercessão é a de Jesus. A única eficaz e é a razão por que toda oração de intercessão consiste em entrar na oração de Cristo. Mas temos que ir adiante, no que diz respeito à oração de petição, a fim de responder às objeções... É preciso primeiramente dizer que a oração de petição nos foi ensinada pelo próprio Jesus, pois quando ele nos fala da oração, trata-se quase sempre da oração de petição: ‘Pedi e recebereis’; as parábolas do amigo importuno e da viúva que molesta o juiz são significativas. Há, em nossos dias, como sabem, uma corrente ideológica que repousa numa concepção corrente determinista da história. Ora, o que é curioso é que os homens e as sociedades impregnadas dessa ideologia, em lugar de se comportarem como deterministas, isto é, de sofrerem passivamente o curso das coisas, mostram-se, pelo contrário, entre os mais ativos e os mais dinâmicos para tentar romper esse determinismo, como se ele se exprimisse através deles na dinâmica da ação humana. Por outro lado, nós, cristãos, que recusamos esse determinismo, que cremos na liberdade do homem, no livre arbítrio, parecemos menos dinâmicos. Pode-se, realmente, dizer que nos refugiamos na oração? É uma expressão por vezes empregada e precisamos precaver-nos porque ela pode ser mal interpretada. Refugiamo-nos na oração com se fugíssemos de nossa própria responsabilidade na ação, ou como se duvidássemos de seu efeito. Parece-me que a oração impetratória deve continuar tão intensa, tão profunda como nunca no coração dos cristãos, mas que a natureza da petição talvez deva modificar-se. Rezemos pela paz. Mas poderemos realmente rezar pela paz, se ao mesmo tempo não fazemos tudo que está ao nosso alcance e mesmo mais – e com maior dinamismo possível para encontra-la? Eis o problema. Precisamos cuidar de não dar a impressão, por nosso modo de falar da oração, de nos eximir-nos diante das responsabilidades humanas, como se Deus sozinho pudesse resolver as coisas. Parece-me que a imensa oração que deveria surgir do coração dos homens seria, não de rogar a Deus que nos dê a paz, e sim para que os homens tenham lucidez, a coragem e a capacidade de trabalhar para estabelece-la. Porque existe no mundo um mistério que nenhuma ciência, nenhuma sociologia, nenhuma lei econômica poderá penetrar, que nenhuma estatística poderá prever: é a liberdade do coração do homem. É nesta profundidade que se decide o mistério da ação divina e da graça, que se decide finalmente a sorte dos homens” (R. Voillaume – Com Cristo Jesus – Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 16 de novembro de 2018


 (1Jo 4-9; Sl 118[119]; Lc 17,26-37) 
32ª Semana do Tempo Comum.

“O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do homem for revelado. Nesse dia, quem estiver no terraço não desça para apanhar os bens que estão em casa” Lc 17,30-31a.

“Esperar é sempre cansativo. Assim se passa com a segunda vinda de Jesus. Ao alertar os discípulos sobre a segunda vinda do Filho do Homem, Jesus retoma antigas histórias onde o gozo materialista da vida impedia que a humanidade se desse conta dos apelos prementes de Deus, gerando um perigoso torpor no coração dos cristãos. Porém, o desconhecimento do dia e da hora não podia justificar uma vida incompatível com a condição de discípulo do Reino. Dois exemplos do passado serviram de parábola para o presente. Por ocasião do dilúvio, apesar das admoestações divinas, a humanidade insistiu no seu caminho de iniquidade, até que veio o castigo. Fato semelhante aconteceu quando da destruição de Sodoma. Contaminados pelo pecado, seus habitantes viveram na insensata ilusão das orgias. Seu fim foi a destruição pelo fogo. Por nenhum motivo o discípulo de Jesus pode bandear-se para o pecado como se sua atitude fosse sem consequências. Portanto, supervalorizar os bens terrenos, julgando encontrar neles segurança e salvação, é uma atitude indigna do discípulo do Reino. A preparação para o encontro com o Senhor exige desapego, partilha, relativização dos bens deste mundo, de modo que seu coração fique totalmente disponível para Deus. Afinal, o julgamento divino antecipa-se, e acontece no dia a dia, vivido na fidelidade a Deus e ao seu Reino. Aí, já se constrói a salvação. – Espírito de vigilante alerta, mantém-me sempre preparado para o advento do Senhor, vivendo, no meu dia a dia, a misericórdia que me assemelha ao Pai” (Sônia de Fátima Marani Lunardelli – Meditações para o dia a dia (2017) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 15 de novembro de 2018


(Fm 7-20; Sl 145[146]; Lc 7,20-25) 
32ª Semana do Tempo Comum.

“Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o reino de Deus. Jesus respondeu: ‘O reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘está ali’, porque o reino de Deus está entre vós’” Lc 17,20-21.

“Os fariseus desejam saber com exatidão quando virá o reino, que supunham ser um reino temporal. Jesus responde que não será, como esperam, um reino humanamente poderoso, cercado de aparato e de prodígios. O reino do céu é um reino espiritual, em que as pessoas vivem em perfeita fidelidade a Deus. E este reino, embora os fariseus não o percebem, já está fundado. A ele já pertencem aqueles que se converteram e reconheceram em Jesus o Messias esperado. O texto de Lucas põe em confronto duas estratégias: a que brota da mentalidade do homem e a que vem de Deus, adotada por Cristo. A primeira, a dos fariseus, nasce de um messianismo triunfalista, régio; a segunda, a de Cristo, de um messianismo humilde, servidor, despojado. Se ele escolhe um caminho simples, humilde, sem ostentação, quer dizer também que vinda do reino não pode realizar-se de modo diverso. O reino de Deus já está em curso. E se nem os fariseus, que há tanto tempo o esperam, percebem isto, quer dizer que o reino procede conforme os critérios por eles supostos. ‘O reino de Deus está no meio de vós’, já está se operando evidentemente com o próprio Jesus, com sua vinda, sua pregação, suas opções, com as determinações de rota que oferece a seus contemporâneos e particularmente a seus discípulos. – Senhor, que por toda parte se estenda vosso reino de amor, justiça e paz. Amém” (Ralfy Mendes de Oliveira – Graças a Deus (1995) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 14 de novembro de 2018


(Tt 3,1-7; Sl 22[23]; Lc 17,11-19) 
32ª Semana do Tempo Comum.

“Então Jesus lhe perguntou: ‘Não foram dez os curados? E os outros nove onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?’” Lc 17,17-18.

“Jesus estava chegando a uma pequena aldeia quando foram-lhe ao encontro dez pessoas infectadas pela lepra. De longe (na época um leproso devia ficar distante de uma pessoa sã cerca de cem passos) eles gritaram pedindo que tivesse compaixão deles. E Jesus, sem aproximar-se, testou a confiança deles ordenando que se apresentassem aos sacerdotes que tinham a responsabilidade de declarar se a pessoa estava curada e de liberá-la para voltar a conviver com a sociedade. Os leprosos confiaram na palavra de Jesus e puseram-se a caminho. E de repente o milagre aconteceu e eles ficaram limpos da lepra. Dos dez, um volta à presença de Jesus e lhe agradece pela cura. Os demais não o fizeram. Gratidão é um sentimento que Jesus espera dos que são seus seguidores. ‘- Muito obrigado, Senhor”, é algo que nós não deveríamos esquecer de dizer a Ele todos os dias. E se pararmos para refletir, quantos motivos não temos para fazê-lo? Podemos agradecer pela vida, pela família, trabalho, alimento, lugar onde vivemos, amigos, vizinhos, escola... podemos agradecer porque podemos fortalecer esta fé diariamente através da leitura deste devocionário. Podemos agradecer pelo consolo de que um dia estaremos ao seu lado, na vida sem fim do céu. Estes são alguns dos motivos para que demos graças. E já que hoje tratamos deste assunto, aproveitemos este momento e agradeçamos a Deus dizendo: Pai nosso, muito obrigado por seres um Deus amor, que sempre nos recebes quando, arrependidos e confiantes em Jesus, pedimos-te perdão. Obrigado, Senhor, por todas as bênçãos espirituais que me tens concedido para que eu continue fiel a ti. Obrigado também por todas as bênçãos materiais que me tens dado. Recebe meu louvor, em nome de Cristo. Amém”  (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia (2015) – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 13 de novembro de 2018


(Tito 2,1-8.11-14; Sl 36[37]; Lc 17,7-10) 
32ª Semana do Tempo Comum.

“Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’” Lc 17,10.

“Quem nunca gostou de ouvir um ‘muito obrigado’? Por acaso pais não têm sido estimulados a agradecer aos seus filhos quando eles fazem o que lhes é ordenado? Filhos, por outro lado, não ficaram felizes ao ouvirem, da parte dos pais, um agradecimento? E isso não vale também para os pais? Interessante é que Jesus diz aos cristãos, a exemplo do servo, não devem esperar agradecimento porque, na verdade, tudo o que fazem nada mais é do que sua obrigação, pois receberam ordem para tal. Nos tempos de Jesus havia, entre o povo de Israel, tendo como base os ensinamentos rabínicos, a expectativa de que Deus sempre recompensaria quem lhe fosse obediente. Ao usar esta parábola, Ele deixa claro aos seus discípulos que a realização de coisas ordenadas pelo próprio Deus não seriam respondidas com um muito obrigado ou, então, obrigatoriamente com uma bênção especial. Deus pode abençoar o servir fiel de seus filhos? Claro que sim. Mas fazer coisas no Reino de Deus na expectativa de receber graças, não é isso que Jesus aqui ensina. Por isso, convém de novo examinarmo-nos com respeito ao nosso servir a Deus. Servirmos ao Senhor Deus com a expectativa de recebermos dele alguma recompensa? Queremos ser honrados, queremos que nosso nome seja engradecido, ou ao fazermos as coisas que Deus espera da gente procuramos engrandecer o nome daquele que nos amou primeiro, daquele que nos salvou através da obra redentora de seu Filho? Que o amor de Deus continue a ser a mola propulsora de nosso agir em sua Igreja. Amém. – Bondoso Deus, reconheço que muitas vezes estou fazendo o que faço na esperança de receber algo de ti. Perdoa-me, Senhor, e ajuda-me para que eu, movido por teu amor, aja com alegria e gratidão, pelo que já fizeste por mim ao longo de minha vida. Amém”  (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia (2015) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite