Terça, 01 de novembro de 2022

(Fl 2,5-11; Sl 21[22]; Lc 14,15-24) 

31ª Semana do Tempo Comum.

“Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: ‘Vinde, pois tudo está pronto’” Lc 14,17.

“A participação na salvação oferecida à humanidade é iniciativa de Deus, que convida e motiva cada ser humano. Entretanto, nada se resolve sem a livre decisão de quem é convidado e se empenha em dizer ‘sim’. Na parábola, muitos convidados recusam-se a acolher o convite do Pai. Apesar da deferência: o banquete é para eles; da gentileza: o senhor manda convidá-los pessoalmente; e da expectativa de que venham, eles se recusam a comparecer. Eram todos ricos: proprietários de terras, pecuaristas, gente de condição social. Cada qual apresentou sua justificativa. Não estavam interessados em participar do banquete. Por isso, se auto excluíram. Diante da recusa dos ricos, as atenções voltaram-se para os pobres, aleijados, cegos e coxos. A sala do banquete ficou repleta deles. Foi uma reviravolta formidável! Quem está demasiadamente preocupado em seus afazeres e propriedades, falta-lhes tempo para as exigências do Reino, mas também pode ver-se definitivamente excluído dele. É impossível salvá-lo contra sua própria vontade. Só quem se torna pobre, tendo o coração desapegado dons bens materiais e sempre disponível para Deus, terá a alegria da salvação. A riqueza polariza de tal modo o coração humano, a ponto de torna-lo surdo aos apelos divinos. Já a pobreza predispõe-no a estar sempre atento, e assim pode atender, sem demora, o convite do Senhor. – Espírito de liberdade diante dos bens, predispõe-me para atender prontamente o convite do Senhor, com um coração pobre (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 31 de outubro de 2022

(Fl 2,1-4; Sl 130[131]; Lc 14,12-14) 

31ª Semana do Tempo Comum.

“Pois estes poderiam também convidar-te e isso já seria a tua recompensa” Lc 14,12b.

“Também este breve discurso de Jesus deve ser interpretado espiritualmente e não de maneira literal. A lição central está em que o bem deve ser praticado sem avisar a vantagens temporais, buscando só a vantagem eterna no dia da ressurreição dos justos. O discípulo de Jesus não deve deixar-se mover em seus atos pelo egoísmo, não deve buscar a recompensa de seus serviços, não deve agir movido pelos fins terrenos, mas sempre ter o coração elevado para as coisas do alto, isto é, deve agir sempre movido pelo amor a Deus. Se em seus atos você procura a recompensa no sentido terreno ou material, ficará suficientemente pago quando receber o que pretendia. Todavia, se no que você faz sempre busca a Deus, ele será sua recompensa, uma vez que buscou; a recompensa divina é a que tem valor definitivo e só assim: atuando no meio dos homens, mas buscando a Deus, é que o discípulo de Jesus Cristo se torna seu sacramento para o mundo, sinal do amor que Deus tem por todos os homens. O cristianismo tem como espinha dorsal o dom de si mesmo para os outros, à imitação de Jesus Cristo que se entregou por nós e entregou-se até a morte na cruz. Somente o Pai é recompensa completa para o serviço desinteressado do discípulo de Jesus; você, que é esse discípulo, que quer chegar a sê-lo de modo perfeito, deve propor-se essa meta” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

31º Domingo do Tempo Comum – Ano C –

(Sb 11,22—12,2; 144[145]; 2Ts 1,11—2,2; Lc 19,1-10)

1. Zaqueu é salvo, sem dúvida, por um olhar. Todo o episódio é articulado sob um ‘ver’. Ele busca ‘ver’, mas não consegue, porque a multidão o impede (quem sabe maliciosamente). Assim sobe numa árvore, para poder ver. E mais que ver, ele acaba sendo visto.

2. A multidão não vê com bons olhos o gesto de Jesus, eles vêm Zaqueu, o pecador, odioso e ávido cobrador de impostos, um ladrão.  Jesus vê de uma outra maneira. Não para na crosta dos defeitos, a rompe para penetrar mais profundo para encontra um outro Zaqueu.

3. Ele traz à luz um novo Zaqueu, o verdadeiro Zaqueu. O olhar de Jesus é, em certo sentido, criador. Chama à existência uma pessoa. Desperta o seu ser autêntico, real. Busca, traz à luz o que há de bom; o melhor de cada pessoa. Um olhar revelador, pois revela ao próprio ser humano suas possibilidades, sua verdadeira dimensão. 

4. A salvação começa com um olhar. A caridade para com o próximo não pode começar se não com um olhar. Esse ver diferente da parte de Cristo pode ser definido com uma outra palavra: fé. Sim. Jesus acreditou em Zaqueu. Quando todos já o haviam julgado e liquidado definitivamente como pouco bom e de quem se deve estar distante.

5. Em quantas situações, mesmo em nossas famílias, quantos já não acreditam mais em nós. Talvez os tenhamos desiludidos. Quantas vezes não já perdemos a confiança em nós mesmos?

6. A liturgia da palavra de hoje nos recorda que independente do que tenhamos feito, por maior e oprimente que seja o peso das nossas misérias, por quanto escuro seja o nosso passado, por mais que tenha sido um fracasso a nossa vida até esse momento, tem Alguém que, não obstante tudo, continua obstinadamente a crer em nós e a esperar qualquer coisa diferente da nossa parte...

7. Ter fé significa crer em Um que crê em nós. Devemos descer, como Zaqueu, da árvore das resignações, dos remorsos, medos, e responder a essa voz que nos chama pelo nome, não para atirar-nos na cara nossos malfeitos, mas as nossas possibilidades até o momento intactas.

8. Zaqueu passa da curiosidade à fé. Fé como resposta a Alguém que acreditou nele. Que se auto convidou à sua casa. A fé de Zaqueu se manifesta com duas características: libertação e cura da cegueira. Primeiro Jesus o liberta das coisas, depois lhe abre o olhar, por isso agora consegue enxergar os outros: os pobres e a quem fraudou...

9. Para Zaqueu a fé se traduz no imediato distanciamento da riqueza acumulada. Acolher Deus significa desembaraçar-se de certos ídolos. Ele passa a olhar com mais cuidado, aqueles que o chamam de pecador. Vê o próximo que lhe é hostil também como irmão.

10. Esse sujeito que era um ‘separado’, no gesto de dividir passa a ser o homem do encontro. Isso porque Alguém, antes, saiu a procurar. Esse muro de separação que ele havia criado é derrubado por um olhar que o revela enquanto estava empoleirado em uma árvore.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 29 de outubro de 2022

(Fl 1,18-26; Sl 41[42]; Lc 14,1.7-11) 

30ª Semana do Tempo Comum.   

“Porque quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado” Lc 14,11

“Durante muito tempo, pensei que havia alguma oposição entre o amor por si mesmo e a virtude cristã da humildade. Minha antiga forma de compreender a humildade exigia alguém que negasse resolutamente qualquer coisa boa em sua pessoa e focalizasse toda a sua atenção consciente em seus defeitos e fracassos. Porém, mesmo quando pensava assim, sentia que era um curso de autodestruição psicológica. Por isso fiquei encantado ao descobrir que um dos patriarcas da Igreja, santo Ambrósio, bispo de Milão no final do século IV, tinha uma ideia muito diferente de humildade. Propunha que a ‘expressão perfeita da humildade’ fosse procurada no magnificat de Maria, mãe de Jesus. Segundo os Evangelhos, a situação era a seguinte: Elizabeth, prima de Maria, estava prestes a dar à luz João Batista. Era um costume judeu que todas as parentas visitassem a mãe grávida na hora do parto, oferecendo-lhe ajuda. Suspeito que, além de querer ajudar, Maria também devia estar ansiosa para compartilhar com a prima o segredo de seu ventre. De qualquer forma, logo depois da anunciação feita pelo anjo, Maria partiu em viagem de Nazaré até Ain Karin, um subúrbio a sudoeste de Jerusalém, a 120 quilômetros de distância de sua casa. Quando Maria chegou, Elizabeth ficou surpresa: ‘Por que deveria caber-me tal honra, que a mãe do meu Senhor venha me visitar?’ Maria, bem podemos imaginar, é envolvida pelos braços amorosos da prima e explica: ‘Minha alma exalta o Senhor, e meu espírito se encheu de júbilo por causa de Deus, meu Salvador, porque ele pôs os olhos sobre a sua humilde serva. Sim, doravante todas as gerações me proclamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez por mim grandes coisas: santo é seu Nome’ (Lc 1,46-49)” (Jonh Powell, sj – As Estações do Coração – Loyola).  

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 28 de outubro de 2022

(Ef 2,19-22; Sl 18[19ª]; Lc 6,12-19) 

Santos Simão e Judas.

“Vós fostes integrados no edifício que tem como fundamento os apóstolos e os profetas, e o próprio Jesus Cristo como pedra principal” Ef 2,20.

“Simão, o mais desconhecido dos 12 apóstolos – a respeito do qual o Evangelho se limita a indicar o nome e a alcunha de ‘Zelota’ –, teve o mérito de ter trabalhado pela propagação da mensagem evangélica, não em vista de um lugar de honra, mas para o triunfo do Reino de Deus sobre a terra. Antigas tradições suprem a falta de notícias. Os bizantinos identificam-no com Natanael, de Caná, e com o ‘mestre-sala’ durante as bem conhecidas bodas, quando Jesus transformou a água em vinho. Simão é ainda identificado com o primo do Senhor, irmão de são Tiago Menor, ao qual sucedeu como bispo de Jerusalém, nos anos da destruição da Cidade Santa pelos romanos. Os armênios sustentam que ele difundiu o Evangelho em sua região, onde teria sofrido o martírio. Seja como for, seu campo missionário é deduzido dos lendários ‘Atos de Simão e Judas’, segundo os quais os dois apóstolos percorreram juntos as 12 províncias do Império Persa. Também no Ocidente os dois apóstolos aparecem sempre juntos. Em Veneza é dedicada a ambos a igreja de São Simão Pequeno. O apóstolo Judas (‘não o Iscariotes’, apressa-se em precisar o evangelista João) é considerado pelos galileus ‘irmão’ (isto é, primo) de Jesus. Eles se perguntam, espantados com o grande barulho que se fazia em torno da figura do Nazareno: ‘Não é este o carpinteiro... irmão de Tiago [...], Judas?’. É provável, segundo alguns exegetas, que Judas seja o esposo das Bodas de Caná. O primeiro a fazer tal suposição foi o historiador Eusébio, para explicar sua presença como missionário na Arábia, na Síiria, na Mesopotâmia e na Pérsia. Sempre segundo a tradição, teria sofrido martírio em Arado ou em Beirute. Ele ainda é identificado com o autor da carta canônica que leva seu nome, um breve escrito de 25 versículos, no qual lança uma severa advertência contra os falsos doutores e convida à perseverança na fé genuína” (Mario Sgarbosa – Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas).       

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 27 de outubro de 2022

(Ef 6,10-20; Sl 143[144]; Lc 13,31-35) 

30ª Semana do Tempo Comum.

“Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém” Lc 13,33.

“Progressivamente, as narrações sinóticas preparam as suas personagens, e com ela os leitores, para o encontro com um Cristo rejeitado e crucificado em Jerusalém. Não deve subavaliar-se a crise de muitos perante esta perspectiva. E é também um pouco a nossa crise, porque sentimos que está em jogo a revelação radical do rosto de Deus, que Se ‘despoja’ de toda a onipotência para Se nos dar a conhecer na escandalosa impotência de um crucificado. O Senhor revela-Se num aspecto impensável: não como soberano vencedor, garantia de possíveis projetos de poder, mas como um Deus derrotado, segundo as categorias humanas. E essa crise renova-se diante de cada crucificado da história, das muitas situações de sofrimento que levantam perguntas: por que é que Deus o permite? Por que não mostra a Sua onipotência para as remediar? Estas perguntas receberam, ao longo dos séculos, diversas respostas, mas sempre fragmentárias, sempre abertas a ulteriores reformulações, enquanto colidem com os nossos interesses vitais. E, no entanto, o Evangelho convida-nos a coloca-las numa atitude de ‘conversão’. Precisamente porque o plano de Deus é impensável para o homem, e porque Jesus crucificado é ‘escândalo e loucura’ (cf. 1Cor 1,23), é necessário reconhecer nossa falta de preparação perante a lógica de Deus, para que ela possa falar ao nosso ser. E então, esse Deus escandalosamente impotente sobre a Cruz, revelará um poder inesperado. Ele permanece na Cruz, não porque não possa descer dela, mas porque não quer descer; não porque procura o suplício, mas porque procura a solidariedade extrema, a partilha incondicional conosco, com os nossos sofrimentos, com as nossas crucifixões, para nos dizer que através dessa partilha tem início a aurora de uma vida nova. Neste sentido, a Cruz é poder: não poder de domínio, mas poder de salvação” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 26 de outubro de 2022

(Ef 6,1-9; Sl 144[145]; Lc 13,22-30) 

30ª Semana do Tempo Comum.

“Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar

e não conseguirão” Lc 13,24.

“Perguntaram a Jesus sobre o número dos que se salvarão; o Senhor deixa na incógnita essa resposta; o número dos que se salvam pertence ao segredo de Deus; mas, por sua vez, dirige suas palavras não no sentido do número dos que se salvam, mas no sentido das condições exigidas para se conseguir a salvação. Isso é o que verdadeiramente importa, e não o número dos que se salvam, que pode constituir-se apenas uma curiosidade. A dificuldade da salvação expressa-se com a imagem da porta estreita. Deixando sem resposta a pergunta teórica, o que nos interessa é o aspecto prático do problema e, nesse aspecto, podemos afirmar que a salvação depende de nossa vontade, uma vez que Deus dá a todos os homens as graças suficientes para que se salvem, mas exige nossa cooperação pessoal. Dessa maneira, aquele que coopera com a obra da graça, certamente se salvará. O Senhor adverte, antes de mais nada, que o caminho que conduz à salvação não é nada fácil e que, consequentemente, será preciso esforçar-se, atuar com energia, inclusive fazer violência a si mesmo. Deve compartilhar, colocar em tensão todas as energias. Em parte alguma do evangelho se diz que o Reino de Deus é para os covardes ou acomodados, mas para os esforçados e corajosos. Lute contra as inclinações e os instintos, que podem afastar você do caminho reto que leva a Deus. Lute contra os desejos imoderados, que podem desviá-lo(a) da meta do Reino de Deus. Lute contra o egoísmo e contra seu amor próprio, que podem fazê-lo(a) perder de vista a meta que você traçou a si mesmo, que outra coisa não é senão a instrução do Reino de Deus em você e nos outros. Lute também contra seu comodismo e preguiça, contra seu pouco entusiasmo e contra a falta de estímulo ou desilusão; tudo isso nos leva a perder energia e força, e Jesus diz que, para entrar no Reino, são necessários muitos esforços e muitas renúncias de si mesmo” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 25 de outubro de 2022

(Ef 5,21-33; Sl 127[128]; Lc 13,18-21) 

30ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus dizia: ‘A que é semelhante o Reino de Deus e com que poderei compará-lo?’” Lc 13,18.

“A caminho de Jerusalém, Jesus conta duas pequenas parábolas, para dispor os discípulos para a experiência que haveriam de fazer. Nelas se estabelece o contraste entre o início do Reino, na humildade e na perda, o seu fim grandioso. Só quem foi alertado para dinâmica divina será capaz de superar o desânimo e a decepção do momento. A semente de mostarda era símbolo de pequenez. Todavia, esse grão minúsculo, lançado na terra, germina e se torna um arbusto de até três metros, permitindo às aves pousar em seus ramos. Também a pitadinha de fermento, ao ser colocada numa quantidade excepcional de farinha (três medidas) ou seja, cerca de 50 quilos, era suficiente para fermentá-la e torna-la apta para a fabricação do pão. Com o Reino dá-se algo semelhante. É preciso esperar com confiança. Seu projeto iniciado com um punhado de pessoas sem projeção social, tidas como estranhas para os esquemas religiosos da época, e sem muitas perspectivas, era como o grão de mostarda e o fermento. Pequenos e frágeis, mas destinados a um fim grandiosos. Por trás desta dinâmica, estava o dedo de Deus. Ele é que capacitaria este grupo inexpressivo para se tornar mediação de propagação do Reino, de modo a fermentar toda a história humana. – Espírito de esperança em Deus, ensina-me a perceber a ação divina fermentando a história humana por meio de pessoas frágeis e humildes (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 24 de outubro de 2022

(Ef 4,32—5,8; Sl 01; Lc 13,10-17) 

30ª Semana do Tempo Comum.

“Vendo-a, Jesus chamou-a e lhe disse: ‘Mulher, estás livre da tua doença’” Lc 13,12.

“Nessa mulher encurvada Lucas vê uma imagem do ser humano reprimido, quebrantado, lesado na sua dignidade. E ele nos mostra como Jesus tem o poder de curar não somente essa mulher, mas também a nós, ainda hoje. Jesus vê a mulher. Ele olha para ela; com isso, ela é agora uma pessoa considerada. Jesus não está indiferente diante da miséria humana. Ele se volta para a mulher. Lucas aqui não dá nome ao sentimento de comiseração de Jesus; é pela própria narrativa que ele expressa os sentimentos de comiseração de Jesus. Pelo seu modo de agir fica claro que ele trata a mulher com ternura e carinho. Tendo-a observado na sua miséria e na sua miséria e na opressão, ele dirige a ela a sua palavra. A palavra grega prosphono, ‘dirigir a palavra a’, ‘chamar pelo nome’, ‘interpelar’, indica o relacionamento que Jesus estabelece com a mulher. Ele fala com ela. As suas palavras se dirigem a ela. Ele quer arrancá-la do isolamento em que ela, sem dúvida por vergonha das pessoas sadias, se retirou. A mulher deixa-se movimentar por Jesus. Está claro: Jesus é capaz de abordar uma pessoa de tal maneira que ela é atingida e se põe em movimento. A mulher se volta para ele, e ele lhe diz: ‘Mulher, eis que estás libertada de tua enfermidade’. Ele oferece a ela a cura e a libertação. Na proximidade de Jesus, o ser humano não pode continuar amarrado; fica livre, reencontra a sua dignidade. O homem reto, Jesus, ergue a mulher oprimida, restituindo-a na sua dignidade singular e divina. No evangelho de Lucas e nos Atos dos Apóstolos a imposição da mão ou é uma intermediação de uma cura, ou é uma invocação do Espírito Santo. As duas coisas andam juntas. Pela imposição das mãos, o Santo Espírito de Deus se infunde naquela mulher. Este Espírito, que é santo, é sempre também um Espírito sanador. Ele concretiza a força divina, expulsando a fraqueza da mulher. Também os discípulos terão de impor as mãos aos outros. Intermediarão assim a força divina que cura e libertarão a todos do poder de Satanás. Doravante não devemos mais determinar a nossa vida segundo as nossas velhas normas, e sim pela força sanadora e libertadora de Deus, pelo amor divino que, passando por Jesus, nos alcança e nos faz ser assim como originalmente Deus tencionou. Quando Jesus toca na mulher, ela se ergue no mesmo instante. Ela se endireita, e louva a Deus. Agora realizou-se o número ‘dezoito’. Inteirou-se e achou novamente contato com Deus. A palavra grega para ‘erguer’, anortho, é usada também no sentido de ‘reconstruir’ uma casa. Jesus é aquele que levanta de novo o ser humano e o restabelece na sua beleza original, reconstruindo a casa de sua vida de tal maneira que Deus possa nela morar com sua glória” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).    

  Pe. João Bosco Vieira Leite

30º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Eclo 35,15-17.20-22; Sl 33[34]; 2Tm 4,6-8.16-18; Lc 18,9-14).

1. Depois de nos recomendar uma oração confiante e insistente no domingo anterior, Jesus nos fala da atitude justa – aquela que agrada a Deus – no orante. Mais que uma parábola, trata-se de uma lição. De uma história ‘exemplar’.

2. Vem colocado em cena, na moldura do Templo, dois personagens. A técnica aqui é a do contraste, muito comum a Lucas. O fariseu é um observante escrupuloso da Lei, praticante fiel da religião. A pessoa piedosa por excelência. Ela reza segundo a tradição judaica: de pé, rosto voltado para o alto, com os braços elevado ao céu.

3. Ele começa pela oração por excelência: a ação de graças, de louvor. Mas ele não louva a Deus por sua grandeza e misericórdia, mas por aquilo que ele é, o fariseu, em relação aos outros. Denunciando os outros (ladrões, desonestos, adúlteros), ele cria um fundo escuro que faz ressaltar melhor seus próprios méritos.

4. Ele olha para o alto, mas também para trás. Ali está um publicano que lhe serve para recordar a Deus aquilo que ele não é e deixar mais claras as coisas. Depois passa a elencar os próprios méritos, a ilustrar a própria conduta irrepreensível. Ele faz mais que o necessário ou obrigatório.

5. Suas ações parecem reparadoras, pelos que não jejuam; paga o dízimo para além do estabelecido, quem sabe assim suplanta os cidadãos e os comerciantes que se isentam de tal dever. Ele não quer ser cúmplice da violação da Lei. É um homem de bem. Seguro de si, da própria justiça. Se sente perfeitamente em dias com Deus. É melhor que os outros. Um desses a quem Deus deve alguma coisa...

6. Lá no fundo, na penumbra, um publicano, cobrador de impostos, um serviço considerado infame. Desfrutador, ladrão e colaboracionista com a ocupação romana. Um ser abominável, odiado e desprezado. Ele nem ousa levantar o olhar para o alto, nem levantar as mãos, vazias de boas obras; usa-as para bater no peito.

7. A conclusão é desconcertante. O juízo de Deus separa as duas atitudes. Não no sentido esperado pelo fariseu, que por sua posição social já era um separado dos ‘outros’, mas justamente o oposto. Porque essa mudança de posição inesperada?

8. Deus não está condenando as obras boas do fariseu e nem aprovando a desonestidade do publicano. Simplesmente: a conduta boa de um se traduz numa atitude errada diante de Deus e do próximo. Enquanto a conduta pecaminosa do outro desagua na atitude ‘justa’ na oração.

9. O fariseu erra, não porque se comporta honestamente, mas porque se coloca diante de Deus como um calculador dos próprios méritos. Se ilude de possuir a medida que determina exatamente a aproximação a Deus. Não sabe que só Deus – e não o homem – pode dizer quem lhe está verdadeiramente próximo e quem não.

10. Ele não se coloca numa perspectiva de alegre gratidão, mas de estar seguro da própria justiça e por isso julga e condena os outros. Tudo serve para construir para si um pedestal para reconhecer sua superioridade em relação aos outros.

11. O publicano, ao contrário, é justificado porque reconhece ser pecador. Não inventa desculpa, não olha em direção ao fariseu. Não fala dos outros, não os critica. Sabe que é um canalha, e o reconhece. E, para não sê-lo mais, precisa da misericórdia de Deus. Não tem nada de bom para oferecer, ou orgulhar-se, mas tudo por receber de Deus.

12. Esta parábola, segundo Lucas, foi contada para alguns que confiavam na própria justiça e desprezavam os outros. Entendemos a lição? Diante de Deus devemos aprender a atitude do pobre, que não tem nada e não reivindica nada. A única credencial válida é aquela de pecador.

13. O fariseu precisa de Deus para ser admirado, pois suas boas ações estão registradas nos livros do céu. O publicano precisa de Deus para começar do zero. E poderíamos afirmar, por essa parábola, que Ele tem simpatia não por aqueles que já se sentem ‘prontos’, mas por aqueles que, batendo no peito, lhe fazem sinal de que desejam recomeçar...

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 22 de outubro de 2022

(Ef 4,7-16; Sl 121[122]; Lc 13,1-9) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com os sacrifícios que ofereciam” Lc 13,1.

“Jesus nos mostra como devemos julgar os fatos históricos na cena de Lucas 13,1-9. O povo conta as últimas notícias: catástrofes políticas e infortúnios que ninguém entende. Pilatos mandou matar uns galileus que estavam querendo oferecer sacrifícios no templo. A torre de Siloé desabou e dezoito pessoas morreram. Nos dois casos a resposta de Jesus é a mesma: ‘Pensais que somente estes galileus eram pecadores, porque isso aconteceu com eles, e os demais galileus não pecam? Não, eu vo-lo digo; e todos padecereis do mesmo modo, se não vos converterdes’ (Lc 13,2s). Jesus alude à teologia dos fariseus, que em todo o desastre via um castigo pelos pecados. Mas não a confirma. E em vez de se envolver numa discussão teológica sobre o porquê do acontecido, faz os informantes olharem para si mesmos. Não se trata dos outros, e sim de nós mesmos. Pereceremos igualmente, se não mudarmos o nosso pensamento. Quando acontecem catástrofes não devemos perguntar ‘por que?’. Devemos entende-las como interrogação a nós mesmos. Pode nos acontecer a mesma coisa, por exemplo, que as vítimas das catástrofes de Eschede e Kaprun. Somos questionados: o que é que nos faz viver? Que sentido tem a nossa vida? Não temos nenhuma garantia de uma vida longa e com saúde. Não é evidente que a nossa vida terá bom êxito. O pressuposto para um bom êxito da nossa vida é a conversão. Conversão significa constatar primeiramente que me afastei de Deus, que meu modo de pensar não contava com Deus. E depois conversão significa ver a minha vida à luz de Deus, entende-la em função de Deus; significa olhar por trás das coisas e reconhecer Deus como o verdadeiro fim e o fundamento sólido da minha vida. Conversão, porém, não é somente enxergar e reconhecer, é também decidir. Tomo a decisão de viver de outra maneira, de viver de uma maneira que corresponda à vontade de Deus e à minha própria essência” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 21 de outubro de 2022

(Ef 4,1-6; Sl 23[24]; Lc 12,54-59) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus dizia às multidões: ‘Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva.

E assim acontece’” Lc 12,54.

“Uma resposta importante de Lucas à pergunta ‘O que devemos fazer?’ É ‘Conversão’. Pedro, no seu sermão do Pentecostes, quando o povo lhe pergunta: ‘O que devemos fazer, irmãos?’, responde assim: ‘Convertei-vos, e cada um de vós receba o batismo em nome de Jesus Cristo para o perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo’ (At 2,37s). A palavra grega para conversão, metànoia, significa literalmente ‘mudar de pensamento’, ‘pensar de outra maneira’, ‘olhar atrás das coisas’. Para os gregos, a conversão começava no pensamento. É o pensamento que nos faz errar. Se pensamos erroneamente sobre nós mesmos e sobre a situação ao nosso redor, então o nosso comportamento também não corresponde à realidade. Só podemos ter um procedimento certo se temos do mundo uma visão acertada. Na verdade, muitas vezes vemos o mundo só através dos óculos das nossas projeções. Por isso Jesus lucano quer ensinar os seus ouvintes a enxergar melhor a realidade e a avalia-la devidamente. Dois textos esclarecerão o assunto. Em Lucas 12,54-57, Jesus chama a atenção dos ouvintes para previsão do tempo. Quando no oeste subiam as nuvens, um bom observador do tempo já podia concluir que ia chover. Os homens sabem avaliar com acerto a natureza, mas para o sentido da história eles são cegos; de proposto, fecham os olhos. Jesus nos exorta a observarmos os acontecimentos concretos do nosso tempo, a fim de avalia-los devidamente, e a reagirmos a isso com procedimento adequado. A metànoia, o olhar de outra maneira, o pensar diferente, há de levar também o povo a um novo agir” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 20 de outubro de 2022

(Ef 3,14-21; Sl 32[33]; Lc 12,49-53) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão” Lc 12,51.

“O tempo que se inaugura com a presença de Jesus no mundo não é tempo de comodidade, mas de esforço, luta e decisão. O tempo da paz virá depois. O trabalho e o esforço (luta em sentido amplo) pela instauração do Reino de Deus provocam a divisão dos homens, uma vez que uns se lançam decididamente à instauração, no mundo, da justiça, da verdade, do amor e da paz, enquanto outros dificultam também decididamente essa ação. Chegou o momento das decisões. Não existe lugar para a neutralidade. A decisão, a favor ou contra Jesus, quebrará a paz no próprio seio das famílias; nem toda paz é aceitável: existe uma diferença muito grande entre a paz da indecisão ou da neutralidade, nem a paz da aceitação de um ‘status quo’ injusto e opressor, nem a paz que provenha do querer comprometer-se com a própria ação e a própria vida para o advento do Reino de Deus, esperando que sejam outros aqueles que se queimem, ou sejam talvez anjos de Deus os que venham fazê-lo. – Vivência: Não interprete mal este evangelho. Jesus veio para trazer a guerra contra nós mesmos, contras nossos instintos, contra nossas paixões, contra nosso orgulho e egoísmo, mas não veio para trazer-nos a guerra com os outros. Se conosco devemos ser exigentes, com os outros devemos mostrar-nos tolerantes; se conosco devemos ser duros, com os outros devemos ser suaves; se conosco devemos ser difíceis em achar justificativas para nossas ações, com os outros devemos ser compreensivos. Guerra contra nós mesmos, paz com os outros; guerra contra nós mesmos, não permitindo certas reações que poderão ser muito naturais, mas que por isso mesmo são muito pouco sobrenaturais; paz para com os outros, oferecendo-lhes sempre bondade, doçura, amabilidade e boas maneiras. Exija de você mesmo sempre mais, mas não seja exigente para com os outros, pois você desconhece suas possibilidades” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 19 de outubro de 2022

(Ef 3,2-12; Sl 12; Lc 12,39-48) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!”  Lc 12,48b.

“Depois de ter falado sobre a necessidade de se estar vigilante, Pedro perguntou-lhe se se referia a eles, ao mais íntimos, ou a todos. E o Senhor voltou a insistir em que o momento em que Deus nos chamará para prestarmos contas da herança que recebemos é imprevisível: pode acontecer na ‘segunda vigília ou na terceira…’, a qualquer hora. Por outro lado, respondendo a Pedro, esclarece que o seu ensinamento se dirige a todos, e que Deus pedirá contas a cada um conforme As suas circunstâncias pessoais e as graças que recebeu. Todos temos que cumprir uma missão aqui na terra, e dela teremos que responder no fim da nossa vida. Seremos julgados conforme os frutos, abundantes ou escassos, que tenhamos produzido. O Apóstolo São Paulo recordará aos cristãos dos primeiros tempos: ‘É necessário que todos nós compareçamos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que é devido pelas boas ou más obras que tenha feito enquanto esteve revestido do seu corpo’ (2Cor 5,10). O Senhor termina as suas palavras com esta consideração: ‘A todo aquele a quem muito foi dado, muito mais lhe será exigido, e àquele a quem muito foi confiado, muito lhe será pedido’. Quanto nos foi confiado? Quantas graças, destinadas a outros, quis o Senhor que passassem pelas nossas mãos? Quantos dependem da minha correspondência pessoal às graças que recebo? Esta passagem do Evangelho que lemos na Missa é um forte apelo à responsabilidade, pois todos recebem muito. ‘Cada homem, cada mulher – escreve um literato - é como um soldado que Deus destaca para velar por uma parte da fortaleza do Universo. Uns estão nas muralhas e outros no interior do castelo, mas todos devem ser fiéis ao seu posto de sentinela e não abandoná-lo nunca; caso contrário, o castelo ficará exposto aos assaltos do inferno’. O homem e a mulher responsáveis não se deixam anular por um falso sentimento de incapacidade pessoal. Sabem que Deus é Deus e que eles, pelo contrário, são um monte de fraqueza; mas isso não os retrai da sua missão na terra que, com a ajuda da graça, se converte numa bênção de Deus: na fecundidade da família, que se prolonga muito além daquilo que os pais podem divisar com o seu olhar; na paternidade ou maternidade espiritual, que se cumpre de uma maneira toda particular naqueles que receberam de Deus uma chamada para uma entrega total, e que tem uma imensa transcendência para toda a Igreja e para a humanidade..., no cumprimento dos afazeres diários – para todos –, através dos quais se realiza plenamente a vocação cristã” (Francisco Fernandez-Carvajal – Falar com Deus – Vol. 5 – Quadrante)             

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 18 de outubro de 2022

(2Tm 4,10-17; Sl 144[145]; Lc 10,1-9) 

São Lucas, Evangelista e Missionário.   

“Só Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, porque me é útil para o ministério” 2Tm 4,11.

“A tradição dos primeiros séculos vê Lucas como companheiro de Paulo nas suas viagens missionárias. A exegese atual, porém, questiona isso, pois a teologia representada por Paulo difere essencialmente da teologia de Lucas. Não temos certeza definitiva a respeito da origem e dos dados pessoais de Lucas. Mas, por causa da sua linguagem grega tão caprichada, podemos supor que ele pertencia a uma classe social mais alta e teve uma boa formação na retórica e na filosofia gregas. Porém, ele conheceu igualmente, e muito bem, a tradução grega da Bíblia, a Septuaginta. Pertenceu talvez ao círculo dos ‘tementes a Deus’, que simpatizavam com a religião judaica. Lucas pertenceu à segunda ou terceira geração depois dos acontecimentos em torno de Jesus. A tradição opina que ele era de Antioquia. Fraçois Bovon, o autor do mais recente comentário sobre Lucas, pensa que ele era da Macedônia, a saber, de Filipos. Pois nos Atos dos Apóstolos é exatamente essa cidade que ele descreve pormenorizadamente, mostrando ter conhecimento exato sobre o lugar. A esse respeito, porém, não existe certeza. Jerônimo diz que Lucas escreveu seu evangelho entre os anos 80 e 90. Lucas viajou muito, certamente também para Jerusalém, já que suas descrições da situação local daquela cidade também são claras. Parece, porém, que nunca esteve na Galileia, pois para essa região suas indicações geográficas são inexatas. Lucas é o único evangelista que fala sobre si mesmo. No seu prólogo, ele se apresenta como um historiador que investiga cuidadosamente as tradições, e faz questão de dar conta de tudo, desde o começo. Seu prólogo é parecido com o de autores helenistas. Está redigido em grego clássico. Lucas tem a ambição de escrever um best-seller. Seu livro há de parecer no mercado dos livros. Por isso ele dedica a uma personalidade ilustre e abastada, o ‘excelentíssimo Teófilo’. Como editor, Teófilo terá de cuidado da publicação e da divulgação de ambos os livros. Pois, de antemão, Lucas concebeu sua obra como composta de dois volumes: o primeiro sobre os acontecimentos em torno de Jesus; o segundo como história da jovem Igreja. A seu livro sobre Jesus, Lucas não dá o nome de ‘Evangelho’ e sim de ‘Narração’. Ele pretende narrar a história, não apenas os fatos isolados, mas sempre já como história interpretada, conforme o costume da historiografia helenista. Pois os fatos só se tornam significativos quando alguém nos mostra seu significado. Para Lucas, a história de Jesus significa uma história de salvação e de cura para o gênero humano. Na história de Jesus, Deus se revela como o Deus que libera e salva. O que lá aconteceu mudou decisivamente o nosso mundo. À medida que nos aprofundamos na história de Jesus, ela há também de nos transformar” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 17 de outubro de 2022

(Ef 2,1-10; Sl 99[100]; Lc 12,13-21) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida.

E para quem ficará o que tu acumulaste?’ Lc 12,20.

“Aquele que acumula riquezas para si e não para Deus é um insensato. A vida não se pode assegurar por meio dos bens materiais. O homem encontra-se sempre tentado a buscar a salvação e a segurança nos bens da terra, nas riquezas, nas posses. O dinheiro garante o futuro e, consequentemente, é pouco todo empenho que se aplique para conseguir dinheiro e mais dinheiro, e nunca chega a pensar que já tem suficiente; quanto mais tem mais quer, e a sociedade de consumo e de diversão, na qual estamos submersos, leva-o pelo mesmo caminho, uma vez que o melhor e mesmo o único meio para poder conseguir muito e já possuir muito. Isso descentraliza e desloca o homem e faz com que tudo o que ele realize seja excêntrico e fora dos eixos, tudo está desorientado, pois os bens terrenos não garantem nem a própria vida, menos ainda asseguram a salvação, a vida eterna. É este precisamente o tema central da parábola: a preocupação com as riquezas é um disparate, porque a vida temporal não se baseia nelas e nem delas depende, e muitíssimo menos ainda delas depende a outra vida. Jesus propõe-nos uma parábola, na qual o interlocutor, falando consigo mesmo, dizia: ‘Tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos’ (v. 19). Talvez se tivesse pensado nisso, não a sós consigo mesmo, mas junto com seu próximo e, sobretudo, em seu monólogo tivesse deixado Deus intervir, transformando-o em um diálogo de oração, não teria chegado àquela conclusão glutona: ‘Descansa, come, bebe, regala-te’ (v. 19). Não interessa tanto nessa parábola o egoísmo do rico, ou a sua procura de prazeres; o que mais interessa é a segurança que se promete para o futuro; seguro de si mesmo e de sua posição, planeja, para o futuro, gozo sem medida. Quando Deus interfere é para dizer-lhe: ‘Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma’ (v. 20). Não se ajusta melhor a esse homem outro apelativo que possa qualificar uma atitude como aquela: insensato, porque pensaste que teus bens iriam servir-te para acalmar tua consciência; insensato, porque tendo esses bens, pensava que já tinhas tudo quanto é necessário para seres feliz; insensato, porque olhaste ao teu derredor e não olhaste nem para cima nem para o teu interior; insensato, porque julgaste que a felicidade consistia em comer, em beber e em banquetear-se; insensato, porque essa mesma noite iriam pedir-te a alma e da lama não se cuida comendo, bebendo ou banqueteando-se. Somente aquele que acumula bens de Deus, bens que transcendem esta vida, os bens da virtude e da santidade, que não se guardam nos silos da terra, mas que se entesouram nos celeiros do céu, somente esse é verdadeiramente prudente e sensato, esse é o que entesoura não só por muitos anos, mas por toda a eternidade” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

29º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Ex 17,8-13; Sl 120[121]; 2Tm 3,14—4,2; Lc 18,1-8)

1. Mais uma parábola desconcertante. O modelo de oração nos vem de uma pobre viúva (até aí tudo bem). Mas quando a intervenção de Deus é comparada àquela de um ministro desonesto... aqui a coisa se complica. Mas antes de nos escandalizarmos, é preciso olhar os protagonistas dessa parábola.

2. Temos esse juiz, alguém a ser evitado. Sem religião, sem humanidade, alérgico a cumprir o próprio dever. Se não recebe ordens de Deus, também não escuta a própria consciência. Um indivíduo egoísta, impermeável a qualquer sentimento. Insensível a tudo e a todos.

3. Do outro lado temos uma viúva. A imagem da fragilidade. Sem apoios, sem recomendações. Certamente não pode pagar um advogado. Ela tem que enfrentar um adversário e um magistrado. Vítima de dois abusos: prepotência de um lado e inércia da outra. A batalha parece já começar perdida.

4. Mas ela não se rende. Vai ao juiz, uma, dez, vinte vezes. O aborda sempre que o vê. Não se cansa diante da rejeição. O persegue, o pressiona, lhe ocupa os ouvidos. Ele pôr fim se cansa e decide fazer justiça para se livrar da mesma.

5. Na realidade a viúva percebeu que ele tinha um ponto frágil: o seu próprio egoísmo; o seu desejo de não ser importunado. Com sua persistência, abre uma brecha precisamente naquele ponto. O ataca não no terreno da piedade, mas da insensibilidade. Ele se cansa de toda aquela irritação.

6. A justiça é feita, não porque se escutou a voz imperiosa do direito, mas porque não se quer mais escutar uma voz incômoda. Assim a fragilidade prevalece sobre a força. A pessoa indefesa teve razão sobre o poder arrogante. Essa é a primeira lição da parábola.

7. Não devemos ter medo da nossa fragilidade, nem desencorajar-nos em nossa impotência. Não deixemo-nos impressionar pela dificuldade. É inútil buscar apoio fora. A arma decisiva está dentro de nós. E é justamente a nossa fragilidade, a nossa pobreza. É somente com ela que temos a certeza de vencer.

8. Não devemos cansar se a resposta demora. Não percamos o ânimo de a nossa voz arrisca-se a gritar inutilmente. A demora, ao contrário de esfriar a esperança, é uma razão para alimentá-la.

9. Pois, do outro lado – e aqui o segundo protagonista não é uma cópia, mas sim a imagem contrária de Deus! – não está um juiz insensível, mas um Pai que se deixa ferir pelos gritos dos seus filhos e é impaciente no desejo de atendê-los.

10. Assim, não se trata da fraqueza contra a força. Mas de uma fraqueza, a nossa, contra uma outra fraqueza, aquela de Deus. Nada é mais vulnerável do que um Deus que ama. Deus nos atende não para não ser mais aborrecido. Ele ama a nossa insistência. Deseja ser importunado, porque tudo lhe chega através do canal da fé. 

11. A parábola termina com uma pergunta inquietante. É certo que o tempo de Deus não é o nosso. Mesmo que Deus tenha pressa de nos atender, pode acontecer que a nossa fé já se tenha apagado. Nosso cansaço pode chegar primeiro.

12. Se interrompemos o canal da fé, muitas respostas não chegam ao seu destino. E temos a coragem de lamentar-nos porque Deus é surdo, que não nos escuta... Que pensar se, no dia em que o juiz decidir responder a viúva, essa simplesmente não se faça ver?

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 15 de outubro de 2022

(Ef 1,15-23; Sl 8; Lc 12,8-12) 

Santa Tereza de Ávila.

“Desde que soube da vossa fé no Senhor Jesus e do vosso amor para com todos os santos, não cesso de dar graças a vosso respeito quando me lembro de vós em minhas orações” Ef 1,15-16.

“Teresa, como nenhuma outra mulher, descreveu suas experiências com Deus numa imagem clara e imediata. Ela escreve com humor e espiritualidade. Narra as circunstâncias concretas da construção dos mosteiros. E está sempre escrevendo sobre o caminho espiritual da oração interna com uma clareza e uma simplicidade que sempre fascinaram as pessoas. Quando a jovem filósofa Edith Stein leu o livro de Teresa a respeito da fundação de mosteiros, ela soube: ‘Eis a verdade’. É célebre a frase que Teresa escreveu num papelote que sempre trazia consigo: ‘Nada te deve angustiar, nada assustar, tudo passa. Só Deus permanece o mesmo. A paciência tudo alcança. A quem Deus possui nada lhe falta; Deus só basta’. ‘Solo Dios basta’. Muitas vezes se interpretou essa frase como se o ser humano dependesse apenas de Deus e de mais nada. Mas Teresa não entende a frase asceticamente. Ela mostra em sua própria vida que não precisou apenas de Deus, mas também das pessoas. Com razão as pessoas a chamaram de ‘santa amizade’. A frese espanhola ‘Solo Dios basta’ seria melhor traduzida como: ‘Só Deus basta’. Com isso Teresa quer dizer: o ser humano tem em si um anseio tão grande que apenas Deus pode satisfazê-lo. Apenas Deus é grande o suficiente para preencher a amplidão do coração humano. O coração humano também precisa da amizade. Mas nenhuma pessoa pode encher totalmente o coração humano” (Anselm Grüm – 50 Santos – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 14 de outubro de 2022

(Ef 1,11-14; Sl 32[33]; Lc 12,1-7) 

28ª Semana do Tempo Comum.

“Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados.

Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais” Lc 12,7.

“A amorosa providência de Deus está sempre junto a seus filhos, para atendê-los em todas as suas necessidades; é como um manto protetor que os cobre e não deixa jamais à mercê da tentação, nem do Maligno. O Pai tem nas mãos não só a história do mundo, mas também a de cada um dos integrantes do mundo, que são seus filhos, se vela solicitamente e com amor paternal sobre a criação inteira, sobre os seres irracionais, como diz o evangelho, sobre as aves do céu e os lírios do campo (Mateus 6,26.28), quanto mais não velará sobre os homens, que somos seus filhos. Tanto a história comunitária da humanidade inteira, como a história íntima e pessoal de cada um dos homens está nas mãos de Deus, e isso mesmo quando os caminhos da divina Providência forem ocasionalmente incompreensíveis para o conhecimento humano. Sua sorte, sua vida, seu porvir, estão nas mãos de habilíssimo advogado, não de um sábio, de um poderoso financista, da força ou da influência; sua sorte está nada mais nada menos que nas mãos de Deus. ‘Sede contentes e agradecidos ao Pai, que vos fez dignos de participar da herança dos santos na luz. Ele nos arrancou do poder das trevas e nos introduziu no Reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, a remissão dos pecadores’ (Colossense 1,12-14) ” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 13 de outubro de 2022

(Ef 1,1-10; Sl 97[98]; Lc 11,47-54) 

28ª Semana do Tempo Comum.

“Ai de vós, porque construís os túmulos dos profetas; no entanto, foram vossos pais que os mataram” Lc 11,47.

“A franqueza usada por Jesus no confronto com os seus adversários permitia-lhe entrever o que se passava no coração deles. Recusava-se a pactuar com sua hipocrisia, denunciando o modo como pretendiam agradar a Deus. Essa liberdade de Jesus em denunciar o comportamento dos seus adversários só podia torna-lo alvo de ódio feroz. A experiência do Mestre estava em perfeita consonância com a dor dos profetas do passado. Também eles foram perseguidos e mortos, sem que o povo desse ouvido à apelos. Em outras palavras, preferiu-se calar a voz de Deus a acolhê-la com humildade desejo de conversão. Mais que todos os profetas e mensageiros do passado, Jesus era a voz privilegiada de Deus na história humana. Na condição de Filho, fora enviado para proclamar o caminho da salvação. Todas as suas palavras e suas ações deveriam levar as pessoas a se converterem para o Reino. No entanto, por parte de um grupo de escribas e fariseus, só encontrou fechamento e recusa de acolher o caminho que ele lhes propunha. O Pai pedirá contas a esse grupo de pessoas, como pediu aos que derramaram o sangue dos profetas, desde a criação do mundo. Tamanha insensibilidade clama aos céus! Sua punição manifesta a rejeição divina de pactuar com a maldade. – Espírito de receptividade, faze-me dócil para acolher as palavras de Jesus, deixando-me tocar e converter por elas (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 12 de outubro de 2022

(Et 5,1-2; 7,2-3; Sl 44[45]; Ap 12,1.5.13.15-16; Jo 1,1-11) 

Nossa Senhora Aparecida.

1. Cada celebração de caráter mariano nos coloca diante dessa característica particular do povo católico: esse olhar contínuo para a Mãe de Jesus, como se fosse um referencial contínuo para o nosso discipulado, que busca entender e fazer o que seu Filho nos diz.

2. Como percebemos na narrativa que acompanhamos, os protagonistas não são os noivos, mas Jesus e sua mãe, Maria. Isso nos aponta para dois níveis de leitura do acontecimento: o cristológico, referido a Jesus que realiza o milagre; e o mariológico, baseado na intervenção suplicante de Maria.

3. Há uma rica simbologia por trás do nosso evangelho, mas o nosso olhar, hoje, se volta para a intercessão de Maria, que antecipa a ‘hora’ de Jesus. No 4º evangelho Maria é mencionada do princípio ao fim: em Caná e ao pé da cruz. Dois momentos de glorificação de Jesus: o primeiro e o último.

4. A escolha desse texto para a festa de Aparecida tem a ver com essa clara solicitação maternal de Maria à necessidade do próximo – neste caso, os jovens esposos –, e é prova, também, da eficácia da sua intercessão ante seu Filho. Assim entendeu o povo cristão desde sempre, confiando na mediação da Mãe do Senhor, pelos séculos afora, venerando e invocando-a continuamente.

5. A devoção a Maria tem três bases ou fontes doutrinais que são ao mesmo tempo chaves de interpretação e compreensão da sua figura, assim como da sua intercessão e mediação subordinada à de Cristo. São elas a Bíblia, particularmente os evangelhos; Cristo, sua pessoa, mensagem e obra; a Igreja, de que Maria é membro, modelo e mãe espiritual.

6. A Bíblia mostra-nos Maria como a mulher da história da salvação, ou seja, dentro do projeto salvador de Deus por Jesus Cristo. Como podemos vislumbrar nos outros textos dessa celebração. Maria é aquela que os católicos não adoram, veneram: uma mulher dentro do plano redentor de Deus e cuja vocação, missão e mistério são inseparáveis de Cristo.

7. A figura de Maria não pode ser entendida se não a partir de Cristo, pois tudo em Maria tem raiz, orientação e sentido a partir do seu Filho, que é Deus. Esta sua maternidade divina que o povo cristão expressa com as mil e uma invocações com que venera e invoca a Virgem em todo o mundo.  Tudo sobre ela está inserida no mistério de Cristo.

8. E ao dizer Cristo, estamos também falando nas duas outras pessoas da Santíssima Trindade, com quem a figura de Maria tem relação, como fonte da sua missão, grandeza, dignidade e privilégios. Tudo isso é percebido existencialmente pelo povo católico, quando é fruto de uma religiosidade popular mariana bem orientada...

9. A terceira referência básica de uma piedade mariana autêntica é a Igreja. O Vat. II afirma que, depois de Cristo, ela ocupa na Igreja o lugar mais alto e também mais próximo de nós (LG 54). Maria é a mulher nova que representa, com Cristo, para a humanidade, a amizade restaurada com Deus, que o pecado tinha quebrado.

10. Maria é a cristã perfeita, a primeira entre os discípulos de Jesus, que escuta a palavra de Deus, medita-a no seu coração, assimila-a e põe-na em prática. Por tudo isso, e muito mais, em Maria, a Igreja ‘vê e exalta o mais excelso fruto da Redenção, em quem contempla, qual imagem puríssima, o que ela, com alegria, deseja e espera ser’.

11. “Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida. Salve, ó Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!”      

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 11 de outubro de 2022

(Gl 5,1-6; Sl 118[119]; Lc 11,37-41) 

28ª Domingo do Tempo Comum.

“O Senhor disse ao fariseu: ‘Vós, fariseus, limpais o copo e o prato por fora,

mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades’” Lc 11,39.

“A atitude de Jesus é muito diferente da atitude dos escribas e fariseus. Estes se fixavam quase que exclusivamente no exterior, nas posições visíveis, no cumprimento minucioso de normas, regras e prescrições, preceitos e proibições no aspecto material e de uma observância meramente externa. Porém Jesus ensina a seus discípulos uma doutrina completamente oposta, que se esforça pela pureza interior, pela moldagem do coração, que coloca o essencial nas disposições do espírito. Levanta-se aqui uma série de censura para os escribas e fariseus; eles põem em evidência o fato de que nem Jesus nem seus discípulos tinham lavado as mãos, antes de sentar-se à mesa do banquete, como era costume deles; dessa crítica que lhe fazem os fariseus, o Senhor se serve para descarregar sua palavra sobre a hipocrisia de seus opositores; o uso rabínico de lavar as mãos, os pratos e até purificar os bancos, para não encontrar impureza legal alguma, não era preceito da Lei, mas procedia da tradição dos antigos rabinos. A admiração do fariseu não se exterioriza com suas palavras, que indicam mais hostilidade e prevenção e, assim, torna-se digno da repreensão do Senhor. A ideia fundamental da repreensão está na diferença entre a pureza exterior e a interior do coração; não se rejeita a prática exterior, mas afirma-se que Deus está mais no interior que no exterior e, por isso, se for preciso cuidar do exterior, maior cuidado deve-se colocar no interior. Poucas coisas são tão reprovadas por Deus como a hipocrisia ou o fingimento; parecer uma coisa e ser outra: Deus é a verdade e ama a verdade, e não aceita nem o erro nem a mentira; deve-se adorar a Deus em espírito e em verdade. ‘Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja’ (João 4,23). Seu amor ao Senhor deve ser um amor sincero e profundo, que se manifeste em múltiplas expressões externas, mas você o viverá intimamente e em profundidade; esse amor a Deus, que você possa viver em seu interior, você deve esforçar-se por descobri-lo também nos outros e em tudo quanto lhe suceda; tudo você deve viver como permitido pelo Senhor, como previsto por ele, a fim de que você eleve e dê rumo certo à sua vida” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite