Terça, 01 de agosto de 2023

(Ex 33,7-11; 34,5-9.28; Sl 102[103]; Mt 13,36-43) 17ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram:

‘Explica-nos a parábola do joio!’” Mt 13,36

“Temos a vantagem de que é o próprio Senhor Jesus quem explica a parábola aos apóstolos. Jesus propôs a parábola a todos, mas somente aos seus apóstolos, aos mais íntimos, é que propôs a explicação da parábola. Talvez seja preciso que você se examine para reconhecer se entende as coisas de Deus, ou não. E se você não as entende, você pode adivinhar por quê. Quantas e quantas coisas estava o Senhor disposto a manifestar-lhe, se você tivesse se aproximado mais dele, se tivesse penetrado em seu Espírito. De todos esses bens você se privou, precisamente por falta de espiritualidade, de maior convivência com o Senhor, por viver talvez com excessiva superficialidade. Se você se dispuser com humildade à convivência íntima com Deus, e o buscar em oração constante e simples, não duvide de que o amor de Deus também o/a escolherá para tornar-se confidente de suas coisas, das delicadezas de seu amor”. (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 31 de julho de 2023

 (Ex 32,15-24.30-34; Sl 105[106]; Mt 13,13-35) 17ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus contou-lhes outra parábola: ‘O reino dos Céus é como uma semente de mostarda

que um homem pega e semeia no campo´” Mt 13,31.

“Existe uma canção sobre o ‘Sonho impossível’ no musical do ‘Homem de La Mancha’ que é bastante comovente tanto a melodia quanto seu conteúdo. Neste musical, o homem sabe que é um sonho impossível, mas, mesmo assim, ele quer continuar a vencer o inimigo invencível, ir onde os bravos fogem e fazer justiça para todos. Nossos sonhos impossíveis poderiam ser retratados por ver um mundo com maior equilíbrio emocional, maior respeito entre as pessoas, maior amor, menos guerras, mais justiça, mais verdade – sonhos que são impossíveis para nós, porém, para Deus, todos possíveis. Este sonho é aqui descrito por Cristo ao comparar o seu Reino com a Parábola da Mostarda. Uma pequena e simples semente, aparentemente insignificante, mas, depois de plantada, torna-se a maior de todas as hortaliças. Aves do céu fazem ninhos nelas. Reino de Deus é assunto central da Escritura: ‘Arrependei-vos porque está próximo o Reino dos Céus’. ‘Venha o teu Reino’, ‘Eu sou o teu Deus, tu és o meu povo’. Este Reino se tornou realidade quando Cristo se tornou o redentor do seu povo. A sua Palavra, cheia do Espírito Santo, faz crescer continuamente seu grão de mostarda, atingindo outros povos. Há muitas tarefas para serem realizadas. Sonhos impossíveis acontecem. Apesar dos seres humanos, das guerras, perseguições e violência, o cristianismo prosperou. Alcançou quase toda a Europa e grande parte da Ásia e o norte da África. Hoje este grão de mostarda ainda é semeado em muitos lugares. O sonho impossível tornou-se realidade. – Senhor! Faze crescer em nós o grão do teu amor. Amém” (Arnaldo Hoffmann Filho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

17º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(1Rs 3,5.7-12; Sl 118[119]; Rm 8,28-30; Mt 13,44-52)

1. Jesus se serve de diversas imagens para descrever a realidade misteriosa do Reino de Deus. O Reino vem comparado a uma semeadura, a uma porção de fermento na massa, à descoberta de um tesouro escondido, à busca de um comprador para possuir uma pérola preciosa etc.

2. Tantas imagens. Menos aquela que gostaríamos. Que o Reino nos viesse apresentado como um fenômeno a ser contemplado, uma coisa já pronta que está ali à nossa disposição, somente para ser consumido...

3. Na perspectiva de Jesus, o Reino representa uma realidade dinâmica, não estática. Se trata de buscar, caminhar, ocupar-se, escolher, decidir, sacrificar algo, esforçar-se. Como bem representam essas duas primeiras parábolas de hoje sobre a nossa pertença ao Reino. Justamente o que não queremos.

4. Parece que o ponto de partida é a descoberta. Mas essa é precedida pela busca, uma exploração; poderíamos dizer, uma paixão. A verdade é oferecida a todos. Mas não vem colocada à disposição numa bandeja. Buscar constitui a condição essencial para encontrar. O coração deve arder de desejo para que o dom seja alcançado.

5. E não se trata de uma descoberta marginal, mas de algo essencial, que pode mudar uma vida, determinar uma mudança imprevista, dar um sentido totalmente diferente à existência. É uma conversão. A descoberta de um todo, capaz de preencher a vida do ser humano. Não um elemento acessório, para juntar-se a tantos outros...

6. O segundo aspecto que nos traz as parábolas é o de uma escolha precisa. Tanto é importante a descoberta, quanto é importante a escolha. A avaliação sobre o valor do tesouro sobre o qual repousamos o olhar deve nos levar a uma decisão precisa, mesmo se dolorosa, porque implica um sacrifício, um distanciamento, uma renúncia.

7. O Reino se nos apresenta como algo único, que não devemos deixar escapar. Não se trata, é bom entender, de desprezar o resto. Trata-se de relativizar, redimensionar, subordinar ao que foi descoberto. É impossível entrar no Reino sem passar por uma ruptura, renúncia, abandono.

8. O sacrifício não é um fim em si mesmo. Ele desemboca na alegria pela posse. E a alegria constitui o ponto culminante da parábola. O discípulo de Jesus não é um que ‘deixou’, mas um que encontrou. O cristão não é um que tende ao sacrifício, à renúncia. Mas um que tende a uma alegria plena. E para isso está disposto a pagar o preço.

9. Quem melhor expressa tudo isso é parábola da pérola preciosa. Na resposta à nossa vocação cristã, está sempre uma fase de ruptura. Com a pérola na mão, lançamos um novo olhar sobre as coisas. Concluímos ter feito um bom negócio.

10. Mas, a parábola pode ter um final menos exultante. Aquilo que um dia consideramos precioso, pela força do hábito, pode não ser hoje apreciado mais em todo o seu valor. A poeira do tempo pode ter ofuscado o seu brilho original. Algo lento, progressivo, inexorável, corrosivo vai se instalando...

11. Nosso olhar cansado da opacidade produzida pelo hábito, vai em busca de outros brilhos e acabamos por trocar a nossa pérola preciosa por bijuterias. E isso não diz respeito só ao departamento de nossa fé. Está para um monte de coisas em nossa vida e em nossas relações.

12. Trocamos a especificidade de nossa vocação cristã por qualquer ideia nova ou idealismo em voga. Pelo carreirismo, pela aparência, pelo aplauso, por vantagens econômicas, por uma miserável satisfação. Nós podemos ser esse vendedor confuso que troca uma pérola autêntica por pedaços de vidros coloridos.  Por onde podemos começar a nossa limpeza para recuperar o brilho perdido?

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 29 de julho de 2023

 (1Jo 4,7-16; Sl 33[34]; Jo 11,19-27) Santos Marta, Maria e Lázaro.

“Então Marta disse a Jesus: ‘Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido’” Jo 11,21.

“A festividade de Santa Marta permite-nos entrar mais uma vez no lar de Betânia, tantas vezes abençoado pela presença de Jesus. Ali, numa família formada pelos três irmãos, Marta, Maria e Lázaro, o Senhor encontrava carinho, e também descanso para o seu corpo fatigado pelo incessante ir e vir entre aldeias e cidades. Jesus procurava refúgio nesse lar, sobretudo quando tropeçava mais frequentemente com a incompreensão e o desprezo, como aconteceu na última época da sua vida na terra. Os sentimentos do Mestre para com os irmãos de Betânia foram anotados por São João no seu Evangelho: ‘Jesus amava Marta e sua irmã Maria e Lázaro’ (Jo 11,5). Eram amigos! O Evangelho da Missa relata-nos a chegada de Jesus à casa dessa família, quatro dias após a morte de Lázaro. Pouco tempo antes, quando Lázaro já estava gravemente doente, as irmãs tinham enviado ao Mestre um recado cheio de confiança: ‘Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas’ (Jo 11,3). E Jesus, que se encontrava na Galileia, a vários dias de caminho, ‘tendo ouvido que Lázaro estava enfermo, ficou ainda dois dias no mesmo lugar. Depois, passados esses dias, disse a seus discípulos: Vamos outra vez à Judeia’ (Jo 11,7). Quando chegou a Betânia, havia quatro dias que Lázaro tinha sido sepultado. Marta, sempre atenta e ativa, soube que Jesus vinha chegando e foi ao seu encontro. Aparentemente, o Senhor não tinha atendido ao seu recado, mas o seu amor e a sua confiança não diminuíram. Senhor – disse Marta –, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido... (Jo 11,21). Censura-o com suma delicadeza por não ter chegado antes, pois esperava que o Senhor curasse seu irmão quando ainda estava doente. [...] Admiramos fé de Marta e quereríamos imitá-la na sua amizade cheia de confiança com o Mestre. ‘Viste com que carinho, com que confiança os amigos de Cristo o tratavam? Com toda naturalidade, as irmãs de Lázaro lançam lhe em rosto sua ausência: - Nós te avisamos! Se tivesses estado aqui!... ‘Confia-lhe devagar: - Ensina-me a tratar com aquele amor de amizade de Marta, de Maria e de Lázaro; como tratavam também os primeiro Doze, ainda que a princípio te seguissem talvez por motivos não muito sobrenaturais’ (Josemaria Escrivá)” (Francisco Fernandez-Carvajal – Falar com Deus – Vol. 7 – Quadrante).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 28 de julho de 2023

(Ex 20,1-17; Sl 18[19B]; Mt 13,18-23) 16ª Semana do Tempo Comum.

“Ouvi a parábola do semeador” Mt 13,18

“O primeiro semeador é Jesus; veio a nós semear em nossos corações a semente da palavra do Pai. Porém, também nós temos de ser semeadores encarregados de ir levando essa semente evangélica por toda a amplidão do mundo. Semeadores da palavra de Deus, cultivadores do campo dos espíritos a fim de capacitá-los para receberem a palavra. Distribuidores generosos da semente, não a guardando em nossos alforjes pessoais, mas lançando-a ao vento do espírito, que poderá leva-la a regiões inimagináveis. Vivência: Se você for semeador da palavra de Deus, impõe-se que estude e se aprofunde na Sagrada Bíblia, estojo que conserva a palavra divina. Cuide de fazer algum curso bíblico ou, ao menos, não deixe de ler tudo que esteja a seu alcance para chegar a um conhecimento profunda da Bíblia. E quanto a seu aproveitamento espiritual da palavra de Deus, lembre que você não pode escutar a divina palavra como alguém que escuta a chuva ou de uma forma rotineira, e lembre-se também que você não pode ser duro de ouvido ou surdo por motivações humanas que o impediriam de escutar a palavra do Senhor. Não basta a força fecundante da palavra; é preciso que nossa vontade revolva a terra de nosso espírito para que possa receber a semente. A vitalidade que produza 100, 60 e 30 por cento dependerá de nossa aceitação pessoal” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 27 de julho de 2023

(Ex 19,1-2.9-11.16-20; Dn 3; Mt 13,10-17) 16ª Semana do Tempo Comum.

“É por isso que lhes falo em parábolas, porque veem sem ver e ouvem sem ouvir nem entender” Mt 13,13.

“Ver sem ver e ouvir sem ouvir, à primeira vista, pode parecer um absurdo, mas na realidade, isto acontece. E quando? Quando olhamos tudo, mas não olhamos com profundidade. Quando olhamos as coisas e não vemos a mensagem que cada uma delas transmite. Quando vemos as realidades e não vemos o que está por trás de todas. Quando vemos superficialmente o que se encontra em derredor de nós e não mergulhamos em sua essência. Quando vemos só o que está acontecendo hoje e não vemos o que pode acontecer amanhã. Quando só vemos de modo global, e não vemos também, de modo particular. Exemplificando. Quando só vemos o prédio construído e não vemos o trabalho sacrificado do pobre peão que deu toda a sua energia em prol do seu soerguimento. Quando vemos a beleza e a majestade da árvore e não vemos a pequenez da semente que nela se transformou. Quando vemos a doença que estamos tendo e não vemos o infinito número de dias que passamos gozando de perfeita saúde. Quando só vemos o que Deus quer dos outros e não vemos o que ele quer de nós. A mesma coisa podemos asseverar a respeito do ‘ouvir sem ouvir’, do ‘ouvir sem entender’. É que não deixa de existir uma certa diferença entre o ouvir e o escutar. O ato de ‘escutar’ é quase que só fisiológico, enquanto o ato de ouvir é mais espiritual. Escutamos o que, às vezes, nem desejamos escutar, mas só ouvimos aquilo que nos interessa ouvir. Daí, existirem os que não põe em prática a palavra de Deus porque escutaram, mas não a ouviram. Perceberam-lhe o som, mas não sua mensagem. Em meio de quais estamos? – Senhor, favorecei-nos com a graça de ver com os olhos e ver com o coração, também em consequência de termos ouvido quem nos ensina uma coisa e outra. Amém.” (José Gilberto de Luna – Graças a Deus (1995) – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 26 de julho de 2023

 (Eclo 44,1.10-15; 131[132]; Mt 13,16-17) São Joaquim e Santa Ana.          

“Os povos proclamarão a sua sabedoria, e a assembleia vai celebrar o seu louvor” Eclo 44,15.

“Na tradição da Igreja, existe uma ‘bagagem de sapiência’ que sempre sustentou uma cultura de proximidade aos anciãos, uma disposição ao acompanhamento carinhoso e solidário na parte final da vida. Essa tradição está arraigada na Sagrada Escritura, como testemunham, por exemplo, estas expressões contidas no Livro do Sirácida: ‘Não desprezes os ensinamentos dos anciãos, dado que aprenderam com seus pais. Estudarás com eles o conhecimento e a arte de responder de modo oportuno’. A Igreja não pode e não quer conformar-se com uma mentalidade de intolerância, e muito menos de indiferença e de desprezo, em relação à velhice. Devemos despertar o sentido comunitário de gratidão, de apreço e de hospitalidade, que levem o idoso a sentir-se parte viva da sua comunidade. Os anciãos são homens e mulheres, pais e mães que antes de nós percorreram o nosso próprio caminho, estiveram na nossa mesma casa, combateram a nossa mesma batalha diária por uma vida digna. São homens e mulheres dos quais recebemos muito. O idoso não é um estranho. O idoso somos nós: daqui a pouco, daqui a muito tempo, contudo inevitavelmente, embora não pensemos nisso. E se não aprendermos a tratar bem os anciãos, também nós seremos tratados assim. Nós, idosos, somos todos um pouco frágeis. No entanto, alguns são particularmente débeis, muitos vivem sozinhos, marcados por uma enfermidade. Outros dependem de cuidados indispensáveis e da atenção dos outros. Daremos, por isso, um passo atrás, abandonando-os ao seu destino? Uma sociedade sem proximidade, onde a gratuidade e o afago sem retribuição – inclusive entre estranhos – começam a desaparecer, é uma sociedade perversa. Fiel à Palavra de Deus, a Igreja não pode tolerar degenerações. Uma comunidade cristã em que a proximidade e a gratuidade deixassem de ser consideradas indispensáveis perderia, juntamente com elas, também a sua alma. Onde não há honra pelos idosos não há porvir para os jovens” (Papa Francisco – Catequese do Papa Francisco – Paulus). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Terça, 25 de julho de 2023

 (2Cor 4,7-15; Sl 125[126]; Mt 20,20-28) São Tiago Maior, apóstolo.

“Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir

e dar a sua vida como resgate em favor de muitos” Mt 20,28.

“As relações bíblicas dos Doze mencionam duas pessoas com este nome: Tiago, filho de Zebedeu, e Tiago, filho de Alfeu (cf. Mc 3,17; Mt 10,2-3), que tradicionalmente se diferenciam com nomes de Tiago Maior e Tiago Menor. Estas designações não pretendem, naturalmente, mediar a santidade deles, mas apenas testemunhar a diferente relevância que recebem nos escritos do Novo Testamento e, em particular, na presença na vida terrena de Jesus. Hoje dedicaremos a nossa atenção ao primeiro desses personagens homônimos. O nome Tiago é a tradução de ‘Iákobos’, forma helenizada do nome do célebre patriarca Jacó. O apóstolo assim chamado é irmão de João, e nas listas citadas ocupa o segundo lugar depois de Pedro, como em Marcos (3,17), ou o terceiro lugar depois de Pedro e de André, no Evangelho de Mateus (10,2) e no de Lucas (6,14), enquanto nos Atos aparece depois de Pedro e João (1,13). Este Tiago pertence, junto a Pedro e a João, ao grupo de três discípulos privilegiados que foram reconhecidos por Jesus em momentos importantes de sua vida. Ele teve a ocasião de assistir, como Pedro e João, à agonia no Jardim de Getsêmani e ao acontecimento da transfiguração de Jesus. Trata-se de duas situações muito diferentes: num caso, Tiago, com os outros apóstolos, experimenta a glória do Senhor, o vê conversando com Moisés e Elias, vê transpirar o esplendor divino em Jesus; no outro, encontra-se diante do sofrimento e da humilhação, contempla com seus próprios olhos como o Filho de Deus se humilha e é obediente até a morte. Certamente, a segunda experiência constituiu para ele uma ocasião de amadurecer a sua fé, para corrigir a interpretação unilateral, triunfalista, da primeira: ele teve que compreender que o Messias, esperado pelo povo judeu como um triunfador, na verdade não estava rodeado de honras e glória, mas também de tormentos e fraquezas. A glória de Cristo se mantinha precisamente na cruz, com sua participação em nosso sofrimento” (Bento XVI – Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus – Planeta).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 24 de julho de 2023

 (Ex 14,5-18; Sl Ex15; Mt 12,38-42) 16ª Semana do Tempo Comum.

“Quanto a ti, ergue a vara, estende o braço sobre o mar e divide-o, para que os filhos de Israel

caminhem em seco pelo meio do mar” Ex 14,16.

“Os israelitas quando saíram do Egito não seguiram uma linha reta para a Palestina. Tomaram o caminho do deserto e estão em Pi-Heirote, à margem do Mar Vermelho. Aos olhos do faraó era estratégico para uma reconquista da mão de obra barata. Seu coração endurecido articulava sua força com seiscentos carros escolhidos saindo em furiosa perseguição. Do outro lado, estavam os afoitos israelitas próximos de serem alcançados e mortos. Há entre eles manifestações de voltarem a ser escravos e assim sobreviveriam. Os filhos de Israel clamam ao Senhor e Moisés diz as palavras certas: ‘Não temais: aquietai-vos e vede o livramento do Senhor [...]. O Senhor pelejará por vós [...] marchem’. Neste contexto Moisés ergue a vara e o mar se abre, possibilitando que o povo acuado encontrasse passagem livre e fosse vitorioso. Para Deus não há impossíveis. Sempre quis dar as melhores condições de superação a todos os seus filhos. É verdade que muitas vezes nossas cidades se tornam tão desertas e áridas que causam horrores e mortes. Torna-se difícil imaginar um futuro promissor. O desânimo toma conta. O desespero se aproxima e o mar de dúvidas faz retroceder e entregar o ‘ouro para o bandido’. Aqueles que clamaram ao Senhor como Moisés tiveram atitudes plausíveis e, pela graça divina, comemoraram a vitória. A Igreja cristã necessita sempre de pessoas com essas características. Que tenham coragem de clamar ao Senhor, marchar e passar na direção indicada por Ele e assim glorificar o seu nome. É preciso avançar com gratidão a Deus. A graça de Deus abrirá portas e situações difíceis serão bem resolvidas. A alegria estará presente, motivando os fiéis a viverem com otimismo e perseverança. – Senhor! Guia nossos passos pelos desertos secos e mares tumultuosos. Seja sempre a luz a brilhar em nossos corações. Amém (Arnaldo Hoffmann Filho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

16º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Sb 12,13.16-19; Sl 85[86]; Rm 8,26-27; Mt 13,24-43)                                                                                                               

1. A parábola do joio e do trigo está construída a partir dos contrastes. Sejam eles de personagens, gestos, mentalidade, sobretudo. O cenário é um só. Um campo. O dono que semeia a boa semente. Mas, uma noite, chega também o inimigo que semeia o joio no meio do trigo.

2. Entre os dois gestos há uma clara oposição. O adversário cumpre a sua tarefa rapidamente, aproveita o escuro, enquanto todos dormem, intervém no trabalho alheio para destruí-lo, depois desaparece. Não o vemos mais. Mas o dono do campo é sempre presente. Sua ação não está limitada ao início.

3. Ele não perde de vista o seu campo, da semeadura à colheita. Age, fala, explica. Sobretudo, não abandona a própria obra. Ele não é só o dono do campo. É dono também do tempo. Não é tomado pela impaciência, ainda que a presença do joio espalhado pelo campo não lhe dê prazer.

4. Mesmo assim ele se opõe ao intempestivo agir dos empregados. Justo eles que dormiam enquanto o inimigo agia. É mais fácil dar-se conta do mal quando este já causou danos irreparáveis que preveni-lo, tolher sua ação, ser vigilante, lúcido. É mais fácil denunciar que testemunhar. É mais fácil reclamar do que ocupar-se.

5. O dono não quer essa limpeza do campo. Está preocupado com a semente: “Pode acontecer que arrancando o joio, arranqueis também o trigo...”. essa frase constitui o ponto principal. O ensinamento da parábola. Deus tem tempo. Deus dá tempo. Deus precisa de tempo. Deus sabe esperar.

6. Sua ação está fixada para o fim, no momento da colheita, quando se fará a separação. Não antes. Somos nós que temos pressa. Nós com a nossa mania de separar, avaliar, descriminar, selecionar, classificar. O termo joio, substitui aqui a palavra cizânia, que em hebraico, deriva da mesma raiz de Satanás, que por sua vez trás a ideia de ‘disputar’, ‘dividir’.

7. Gostaríamos de ter essa precisão entre o Reino de Deus e o reino do mal. Dos bons de um lado e os maus do outro. Aqui, a verdade. Lá, o erro. Sem nuances. Um dos erros da pessoa religiosa é fazer coincidir a santidade com a separação. Ter as coisas bem definidas em termos de bons e maus.

8. Com o pretexto de combater o mal, são sempre contra alguém. O joio é uma planta parasita. Há muitos que para serem servidores do bem, precisam de um inimigo. Sem esse não saberiam o que fazer. Mais que produzir algo, estão apenas focados no que fazem os outros.

9. A parábola quer nos lembrar algumas coisas importantes: a presença do mal não representa um fato excepcional. É a norma. Tanto na Igreja como no mundo. Não há porque nos admirarmos do mal misturar-se ao bem. Que cresçam juntos. Que coexistam. A Igreja, como sabemos, é santa, mas feita de pecadores.

10. Não temos o direito de adiantar o juízo final. Este compete a Deus. Não temos a métrica exata para o julgamento. Nossa ação está situada no campo da compreensão, da tolerância, do respeito, da paciência.

11. O bem e o mal não estão delimitados em territórios bem precisos. A linha que separa o bem do mal não passa através de indivíduos ou grupos. Ela passa pelo coração de cada ser humano. Por isso não podemos nos iludir de ser totalmente uma coisa ou outra. Em nós reside sempre as possibilidades. Denunciar o que vai fora, sem olhar dentro de si, nem sempre é o melhor ou mais honesto.

12. Podemos olhar o campo do mundo e enxergar exclusivamente porcaria, corrupção, violência, maldade, falsidade. Mas tem quem, sem ignorar essas coisas, vê também o bem, a generosidade, o limpo, o honesto, a coerência. Há quem detecte a obra do inimigo sem aperceber-se da ação de Deus no mundo.

13. Mais que aprendermos o tempo de Deus, precisamos que Ele nos empreste o seu olhar. Ele vê diferentemente o campo. Esse seu tempo é repleto de esperança. Aquilo que a princípio era joio, ou que parece joio, possa tornar-se, sob o influxo benéfico da espera, algo bom, e que tenha o pleno direito de habitar os celeiros eternos.  

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 22 de julho de 2023

 (Ct 3,1-4; Sl 62[63]; Jo 20,1-2.11-18; Jo 20,1-2.11-18) Santa Maria Madalena.

“Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: ‘Eu vi o Senhor!’ e contou o que Jesus lhe tinha dito”

Jo 20,18.

“A tradição ocidental vê reunidas em Maria Madalena três figuras bíblicas. A pecadora que lavou os pés de Jesus com suas lágrimas e os ungiu com óleo (Lc 7,36-50); Maria, a irmã de Lázaro e de Marta, de acordo com os capítulos 11 e 12 do Evangelho de João; e Maria Madalena, a primeira testemunha da ressurreição. As ledas que surgiram no Ocidente a respeito de Maria Madalena veem sempre essas três figuras juntas numa única Maria Madalena. E constituem com elas uma única imagem: a imagem da pecadora convertida, que amou com plena intensidade o Senhor justamente contra o pano de fundo do seu passado de pecado, tornando-se digna com isso do encontro com o ressuscitado. Isso revela uma teologia própria, que louva o mistério da graça de Deus, que presenteia com grandes dádivas justamente a pecadora. A tradição ocidental conta que Maria Madalena foi posta num navio juntamente com seu irmão, Lázaro, e sua irmã, Marta, pelos infiéis e despachada ao mar. O navio desembarcou em Marselha. Maria Madalena passou a pregar aí, encantando a todos com sua beleza. Depois da conversão de inúmeras pessoas, Maria se recolheu numa caverna solitária. Ali ela morou anonimamente por trinta anos, recebendo dos anjos alimentos celestes. Sempre que rezava, os anjos a erguiam até os céus. Quando morreu numa igreja, esta foi preenchida por um suave perfume durante uma semana. Mais tarde, os ossos da Santa foram levados para Vézelay, onde ainda hoje é especialmente venerada. Hoje muitas mulheres desaprovam a fusão das três Marias na figura de Maria Madalena. Temos aqui duas maneiras de ver Maria. Cada uma delas tem, certamente, sua justificação. O tema da pecadora convertida tocou muitas pessoas e lhes deu esperança em seu próprio caminho de conversão. A crítica feminina a essa visão é que ela promove uma imagem negativa da mulher, pois entende sempre a mulher como pecadora. Historicamente, é mais provável que os evangelhos falem de três mulheres distintas” (Anselm Grüm – 50 Santos – Loyola).   

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Sexta, 21 de julho de 2023

 (Ex 11,10—12,14; Sl 115[116B]; Mt 12,1-8) 15ª Semana do Tempo Comum.

“Ora, eu vos digo, aqui está quem é maior que o templo” Mt 12,6.

“Mateus recorda situações que provocaram o crescimento da hostilidade dos fariseus contra Jesus. Uma das questões que os irritavam, por exemplo, era o comportamento de Jesus em relação ao preceito do sábado. Para os fariseus, o Mestre era totalmente indiferente à lei do sábado. Como exemplo, Mateus cita o episódio em que, justamente num sábado, Jesus e os discípulos foram pegos pelos fariseus apanhando espigas. Questionado, o Mestre se defendeu recordando o outro fato envolvendo o Rei Davi, e também lembrando uma licença que a Lei concedia aos sacerdotes. Jesus era muito esperto! Os fariseus jamais criticariam Davi, nem questionariam aquela licença que a própria Lei concedia aos sacerdotes. Jesus encerrou a discussão dizendo: ‘Aqui está quem, é maior que o Templo. Se vocês compreendessem que Deus quer misericórdia e não sacrifício, vocês não condenariam inocentes. Lembre-se: o homem é senhor do sábado’ (Mt 12,1-8). ‘Aqui está alguém que é maior que o Templo’. Ao dizer isso, Jesus recordou que a vida humana sempre estará acima de qualquer lei ou instituição. Assim, no entender do Mestre, a fome de um homem se sobrepõe ao cumprimento da lei. Se o próprio Davi usou pão consagrado para alimentar seus companheiros (2Sm 21,1-10), por que seus discípulos, cansados e famintos, não comeriam?! Citando Oseias (6,6), Jesus reafirmou ainda que nenhum sacrifício ritual será agradável a Deus se não for acompanhado por gestos de misericórdia. Sacrifícios e rituais só encontram verdadeiro sentido quando conduzem à solidariedade com os que sofrem, socorrendo-os em suas necessidades, aliviando suas dores. Confirmando tudo isso, Mateus relata outros gestos de compaixão realizados por Jesus (Mt 12,9-17).  – Feliz o homem que se compadece e empresta, porque jamais vacilará... Ele dá esmolas aos pobres e sua justiça se afirma sempre... O perverso ao vê-lo se irritará, rangerá os dentes até se consumir (Sl 112,5-6.9-10)” (Marcos Daniel de Morais Ramalho – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

Pe. João Bosco Viera Leite

Quinta, 20 de julho de 2023

 (Ex 3,13-20; Sl 104[105]; Mt 11,28-30) 15ª Semana do Tempo Comum.

“Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos,

e eu vos darei descanso” Mt 11,28.

“No final de cada dia de trabalho podemos ver o cansaço estampado na fisionomia das pessoas. As filas nas paradas de ônibus nos mostram pessoas cansadas. O trabalhador que volta de sua jornada de trabalho não esconde o cansaço. Em toda a parte vemos pessoas estressadas. Há outro tipo de cansaço estampado nas pessoas. É motivado pelos problemas, dificuldades, enfermidades, preocupações e decepções da vida. Faz fugir o sono, afasta a alegria. Pode ser percebido na fisionomia do rosto, e se expressa nas palavras e nos gestos. É o cansaço do sofrimento humano. A todas essas pessoas Jesus Cristo tem uma palavra a dizer: ‘Vinde a mim vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos darei descanso’. Quem faz este convite não é um homem qualquer, mas o próprio Deus na pessoa de seu Filho. ‘Vinde a mim’ é o seu convite. Convite agradável que soa bem aos ouvidos e agrada aos corações. Convite que traz consigo algo substancioso para dar aos seres humanos. Convite sincero, pois vem da parte de Jesus Cristo. Convite que responde às necessidades da alma humana, pois oferece alívio e descanso. Convite gracioso, pois tudo que pede dos seres humanos é que o aceitem. E, quem o aceita, desfruta os benefícios que oferece. Convite urgente. Que ninguém demore em levar os problemas que o afligem a Jesus Cristo. ‘Vinde a mim’ é o seu convite! Dirigido a ti. Ele conhece todos os teus problemas e necessidades. Ele deseja te acompanhar em cada passo da vida, sempre oferecendo a sua companhia e assistência na jornada da vida. O que farás com tão grande oferta da parte de Jesus Cristo? Aceita o presente. Reconheça, erga os braços e solicite sempre a presença de Jesus. Ele é o bom amigo e conselheiro. Ele carrega os fardos pesados. Ele, na cruz, tudo fez por ti e por mim. Ele é o Salvador de todos. – Senhor! Estamos atendendo ao teu convite. Sara nossas feridas. Amém (Arnaldo Hoffmann Filho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Quarta, 19 de julho de 2023

  (Ex 3,1-6.9-12; Sl 102[103]; Mt 11,25-27) 15ª Semana do Tempo Comum.

“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos

e as revelastes aos pequeninos” Mt 11,25.

“Os mais sublimes mistérios do reino messiânico são revelados aos simples e aos humildes, aos ‘pequenos’, isto é, àquele que se têm por pequenos, mas que na realidade são os únicos grandes na presença de Deus. No entanto, o mais recôndito do amor de Deus fica oculto aos soberbos, aos que têm a si próprios por grandes e poderosos. Já nos tempos de Jesus, os escribas e fariseus pela soberba e autossuficiência não conseguiram compreender a messianidade de Jesus e, no entanto, os apóstolos, simples e pobres, homens do povo sofrido, sem maior cultura, de coração humilde, que não eram presunçosos de si mesmos, porque não tinham de que presumir-se, tiveram acesso às mais íntimas conversas e trato com o Senhor. Se eu quiser penetrar no coração divino de Jesus, deverei deixar-me levar pelo amor, pela ação do Espírito Santo, não pretender tanto eu ‘fazer’, quanto ‘deixar-me fazer’ pelo Espírito” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 18 de julho de 2023

 (Ex 2,1-15; Sl 68[69]; Mt 11,20-24) 15ª Semana do Tempo Comum.

“Um homem da família de Levi casou-se com uma mulher da mesma tribo, e ela concebeu e deu à luz um filho. Ao ver que era um belo menino, manteve-o escondido durante três meses” Ex 2,1-2.

“A narração, construída com grande habilidade e ironia, divide-se em duas partes. A primeira (vv. 1-10) conta o nascimento de um menino hebreu, colocado pela mãe na margem do Nilo e achado pela filha do Faraó que o toma consigo; só no final desta cena vimos a saber que o recém-nascido salvo é Moisés, aquele que salvará o povo. Na segunda parte (vv. 11-15a) Moisés, já adulto, intervém duas vezes em contendas entre hebreus, mas as suas tentativas de fazer justiça fracassam dramaticamente. [...] A figura de Moisés, a personagem que guiará Israel do Egito até à fronteira da Terra Prometida, é apresentada desde o nascimento com aspectos extraordinários e simbólicos. Moisés nasce duas vezes: da mãe antes, e das águas depois, nas quais fora lançado para morrer; é salvo das águas do mar Vermelho; é hebreu de nascimento e pela primeira educação, mas é também egípcio, porque foi salvo pela filha do Faraó, da qual recebe o nome, e porque cresce no palácio real. Moisés tem, portanto, uma dupla identidade, mas ele sabe de que lado deve estar: escolher a parte dos oprimidos, identificando-se com seu povo. Aparece, portanto, como o homem da justiça, que defende o inocente dos violentos, escolhendo, ao início, instrumentos ineficazes: a violência que exerce volta-se contra ele e o seu desejo de justiça a este ponto da história desaparece. Moisés, salvo das águas, antes de salvar através das águas, precisa de encontrar o Senhor e de receber d’Ele a missão e a revelação definitiva da sua identidade” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 1] – Paulus).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 17 de julho de 2023

(Ex 1,8-14.22; Sl 123[124]; Mt 10,34—11,1) 15ª Semana do Tempo Comum.

“Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada” Mt 10,34.

“A afirmação de Jesus a respeito de sua missão soa estranha. Qual terá sido a sua intenção ao declarar: ‘Não vim trazer a paz, e sim a espada’? Como combinar esta declaração coma bem-aventurança relativa aos construtores da paz? As palavras de Jesus visam dirimir um mal-entendido. O alerta: ‘Não pensem que...’ pressupõe que circulavam interpretações equivocadas sobre a sua missão. Muitos tinham-no em conta de um Messias pacificador, que haveria de instaurar o shalom em Israel, um tempo de bem-estar e prosperidade, obtida pelo aniquilamento de todos os adversários da nação, e pela recuperação da liberdade desde há muito perdida. O caminho de Jesus é outro. Seu ministério terá como resultado criar uma grade divisão no seio da humanidade. Ou melhor, explicitar uma cisão que está latente, velada por um falso irenismo que encobre as maldades e as injustiças, impossibilitando a concretização do Reino na história humana: quem pertence e quem não pertence ao Reino. Uma vez concretizada a divisão, aí sim, saber-se-á quem aderiu ao Reino e se dispõe a toma-lo como parâmetro das próprias ações, e quem resiste a submeter-se à sua dinâmica. Então caberá aos discípulos do Reino, reconciliados entre si, buscar atrair quem optou pelo caminho contrário. O ideal de Jesus é ver toda a humanidade reconciliada, mas sobre bases verdadeiras! – Pai, robustece minha adesão a teu Reino, levando-me a pautar por ele todo meu agir e a atrair para ti quem optou pelo caminho da maldade e do egoísmo (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

15º Domingo do Tempo Comum – Ano A

 (Is 55,10-11; Sl 64[65]; Rm 8,18-23; Mt 13,1-23)

1. Ao centro da liturgia de hoje está o tema da palavra de Deus. Na 1ª leitura se fala dela com a imagem da chuva que desce do céu e para lá não retorna sem antes ter irrigado a terra, tê-la fecundado e feita germinar, para que dê a semente ao semeador e o pão para alimentar-se.

2. No Evangelho se volta a falar da palavra de Deus, desta vez com a imagem da semente que cai ora entre as pedras, ora sobre espinhos, ora sobre terreno bom e dá seus frutos. Mas eu gostaria de me deter sobre um tema sugerido pela 2ª leitura que aparece somente nesse ciclo: o tema da ecologia e do salvaguardar a Criação (Rm 8,20-22).

3. Este texto nos fala de uma solidariedade, para o bem e para o mal, na liberdade e na escravidão, entre o ser humano e o criado. Juntos gemem, juntos esperam, mesmo se o gemer humano seja fruto da corrupção da sua liberdade, o da criação é participação ao destino do ser humano.

4. Paulo vê o Cosmo como algo dinâmico, no seu esforço que tende para uma harmonia e uma ordem superior (‘novos céus e uma nova terra’). Sua visão é muito próxima da evolucionista dos nossos tempos. Assim temos dois modos de falar de ecologia e da Criação: uma parte do ser humano e a outra de Deus.

5. Nesse primeiro momento o ser humano está ao centro. E assim não se preocupa das coisas por elas mesmas, mas em função do ser humano: por um dano irreparável que é o esgotamento de recursos, a poluição do ar, da água ou o desparecimento de espécies animais, coloca em risco a vida no planeta.

6. Poderíamos pensar: ‘Salvemos a natureza e a natureza nos salvará’. A coisa não é tão simples. Os interesses humanos variam de nação para nação, de um hemisfério para o outro, e é difícil colocar-nos de acordo. As conferências climáticas que o digam.

7. A fé nos ensina que devemos respeitar a criação não só por causa dos interesses egoístas, para não prejudicarmos a nós mesmos, mas porque a criação não é nossa, é de Deus, é a obra prima do Espírito de Deus que a tirou e a tira continuamente do caos para torná-la cosmo, isto é, algo belo, harmonioso, perfeito.

8. É verdade que ao início da Criação Deus disse ao homem de ‘dominar’ a terra, mas em dependência d’Ele, da Sua vontade, como administrador e não como patrão absoluto. Todos viemos do mesmo criador; somos telas diversas de um mesmo pintor. Assim entendeu Francisco de Assis, que a tudo chamava de irmão e irmã.

9. Esse modo de colocar-se diante da natureza, inspirado pela fé, não é só poético, mas pode determinar atitudes verdadeiramente novas e ‘ecológicas’, também no sentido moderno. Quando usamos as coisas mais que o necessário, estamos privando alguém daquele bem, e se pensar nas gerações futuras ajuda, pensemos...

10. Deus escreveu dois livros: A Bíblia e a Criação; um é feito de palavras, o outro de coisas. Este segundo é um livro aberto diante de todos; todos podem lê-los, até mesmo os analfabetos. Por isto, muitas vezes, a Bíblia recorre aos fenômenos e elementos naturais para instruir-nos nas verdades espirituais.

11. Devemos reaprender a contemplar a natureza. A contemplação é uma grande aliada da ecologia. Ela nos permite gozar das coisas sem a necessidade de possuí-las ou tirá-las dos outros. Jesus era um grande contemplador da natureza. Suas parábolas nos atestam o amor com que contemplava as coisas.

12. Talvez por isso, possamos compreender seus milagres como se a natureza, à sua passagem, suspendesse suas leis e fizesse uma exceção, como se faz quando chega um amigo (Caná). O salmo de nossa missa nos convida a olhar a natureza com olhos plenos de maravilha e a louvar o criador de tudo.

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

 

Sábado, 15 de julho de 2023

 

(Gn 49,29-32; 50,15-26; Sl 104[105]; Mt 10,24-33) 14ª Semana do Tempo Comum. 

“Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário,

temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!” Mt 10,28.

“A dura realidade da missão encheria de temor o coração dos apóstolos. A proclamação da Boa Nova do Reino em cima dos tetos teria como efeito atrair o ódio mortal dos inimigos. Como consequência do temor, ficariam bloqueados diante dos perseguidores, e se poriam em fuga. Esta situação colocava os apóstolos num verdadeiro dilema: a quem temer? A Deus, senhor do reino, a cujo serviço se tinha posto, a partir do mandato recebido de Jesus, ou aos adversários, que intentavam tirar-lhes a vida? Que fazer: seguir em frente, sem se deixar intimidar, sofrendo as consequências deste gesto de coragem e buscando ser fiel a Deus ou fugir da missão e acomodar-se, pressionados pela violência dos inimigos? A resposta de Jesus é bem pragmática. O máximo que os perseguidores podem fazer é tirar a vida física dos apóstolos. Mas, perigo maior, seria perder a vida eterna. Isto pode acontecer a quem se mostra infiel a Deus. A ação dos adversários atinge um nível superficial – o corpo –, ao passo que a ação de Deus toca no mais profundo da existência humana – a alma. Logo, o discípulo deve discernir bem a quem deverá temer. Jesus encorajou os apóstolos a confiarem na Providência divina. Suas vidas estavam nas mãos do Pai, que cuida de cada um, com todo o carinho. É quanto basta para não terem medo de enfrentar os adversários. Temer, só a Deus! – Pai, que a perseguição malvada dos que pretendem levar-me a ser infiel à missão recebida de Jesus jamais me impeça de seguir adiante, com coragem (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Sexta, 14 de julho de 2023

 

(Gn 46,1-7.28-30; Sl 36[37]; Mt 10,16-23) 14ª Semana do Tempo Comum.

“Vós sereis odiados por todos por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo”

Mt 10,22.

“O quadro da missão descrito por Jesus ao enviar seus apóstolos ajuda-nos a compreender por que ele insistiu no tema da perseverança até o fim, como penhor de salvação. De fato, as palavras do Mestre não deixavam margem para ilusões: o cumprimento do mandado missionário aconteceria em meio a dificuldades e reveses, exigindo muita fibra e muita garra para serem enfrentados. Personalidades dúbias, inseguras e medrosas estavam, de antemão, excluídas deste projeto missionário. A realidade descrita por ele tem um quê de aterrador. Os missionários serão entregues aos tribunais, flagelados nas sinagogas, arrastados diante de reis e governadores, vitimados por seus próprios familiares, odiados por todos. Bastava que as primeiras comunidades cristãs considerassem a experiência de Jesus para se darem conta do significado da exortação do Mestre. Ele falava da própria experiência. Evidentemente, nenhum apóstolo estaria em condições de suportar tudo isto, e perseverar até o fim, sem contra com o auxílio divino. Daí o alerta de Jesus a respeito da ação do Espírito do Pai, em favor dos apóstolos, de modo especial nos momentos difíceis da missão. Nos tribunais, o Espírito colocaria em suas bocas as palavras adequadas. Ao serem flagelados, dar-lhes-ia forças para suportar. Ao serem objeto do ódio dos familiares, dar-lhes-ia a capacidade de não fraquejar. O Espírito é quem torna possível a perseverança. – Pai, reveste-me com a força do teu Espírito a fim de que eu tenha força suficiente para perseverar, até o fim, no cumprimento da missão recebida de Jesus” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).     

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Quinta, 13 de julho de 2023

 

 (Gn 44,18-21.23-29; 45,1-5; Sl 104[105]; Mt 10,7-15) 14ª Semana do Tempo Comum.

“De graça recebestes, de graça deveis dar!” Mt 10,8B.

“O que recebemos gratuitamente, ‘de graça’, é a salvação do Senhor: ter sido eleitos para sermos depositários de sua mensagem e, portanto, destinados a sermos seus enviados ou apóstolos, transmissores dessa mesma mensagem que nós recebemos sem mérito algum da nossa parte. A gratuidade deve mover-nos a não guardar para nós mesmos o dom recebido, mas a compartilhá-lo com os outros, uma vez que todos são chamados pelo Senhor à salvação. Por outro lado, se nos foi dado, não foi para que o usufruíssemos egoisticamente, mas para sermos depositários da força dinâmica da mensagem, que tende à expansão e a crescer em virtualidade, à medida que são os que mais usufruem dela. Fomos destinados a difundir o reino do Senhor: é esta a nossa missão e a razão de ser de nossa vida; se a missão não for cumprida por nós, somos supérfluos à Igreja de Deus, frustramos os planos de Deus e deixamos nossa vida vazia e sem sentido. Finalmente, não nos bastará dar ‘de graça’ o que ‘de graça’ recebemos, mas será necessário que o demos em abundância, com generosa entrega, sem pechincha, de mãos cheias e coração repleto, pois nas coisas de Deus não é possível mesquinharias nem é possível ser mesquinhos” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 12 de julho de 2023

 

(Gn 41,55-57; 42,5-7.17-24; Mt 10,1-7) 14ª Semana do Tempo Comum.

“Todo o Egito começou sentir fome, e o povo clamou ao faraó, pedindo alimento. E ele respondeu-lhe:

‘Dirigi-vos a José e fazei o que ele vos disser’” Gn 41,55.

“Com o capítulo 37 do Gênesis tem início a longa narração da história de José, que alonga por todo o resto do livro, até ao capítulo 50. A narração, baseada em antigas memórias, assume as características dos contos edificantes, os quais para além da função de constituírem em relação entre a saga dos Patriarcas e a história do Êxodo, desempenha um papel de encorajamento moral. A leitura litúrgica põe de lado toda a primeira parte da história de José e começa a partir do capítulo 41. Estamos já no ponto em que, impelidos pela carestia, os irmãos de José chegam ao Egito para procurar auxílio. [Compreendendo nosso texto:] Deus não abandona o justo no momento do perigo, antes o assiste e guia ocultamente coma Sua ação providente, e daquilo que parecia ser um mal faz um bem, para a salvação do povo. José, o filho predileto de Jacó, fora vendido por ódio pelos irmãos mais velhos, e conduzido para o Egito. Aqui, graças à sua integridade moral e ao dom de interpretar os sonhos, de escravo chega a desempenhar o mais alto cargo do reino, só subordinado ao Faraó, conseguindo enfrentar, com sua gestão cuidadosa das reservas agrícolas, uma grande carestia que atinge igualmente a terra de Canaã. Quando os outros filhos de Jacó partem para o Egito para comprar trigo, não reconhecem, sob as vestes do altíssimo dignatário, o irmão por eles vendido. O pedido de José, para lhes trazerem o irmão mais novo, Benjamim, serve para verificar se o coração dos irmãos tinha mudado. Com admirável habilidade literária o narrador expõe, num registro duplo, a parte oficial mantida por José, e o seu pranto escondido” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 1] – Paulus).        

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Terça, 11 de julho de 2023

 

(Gn 32,23-33; Sl 16[17]; Mt 9,32-38) 14ª Semana do Tempo Comum.

“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para sua colheita!” Mt 9,37-38.

“A frase: ‘a messe é grande...’ era provavelmente algo assemelhada a um provérbio popular, muito comum, e que Jesus aplica a uma situação religiosa. É o Pai quem deve enviar operários para sua messe; não é permitido a qualquer um ir por própria iniciativa, é o Pai quem marca a cada um o lugar onde deseja que o sirva e onde deve realizar a missão que lhe confia. Daí a necessidade da missão da parte do Pai; do Pai provém a vocação, se não para o apostolado que aparece no cristão, ao menos para a determinação das condições, circunstâncias e campos onde se deva realizar esse apostolado. A vocação sempre vem de Deus. Porém, se a vocação vem de Deus, é ele somente quem pode muda-la e não somos nós donos e livres para modifica-la a nosso capricho, ou segundo nossos gostos e conveniências. Se, pois, a vocação, a missão é um dom do Pai, é um dom que deve ser primeiramente reconhecido e aceito de nossa parte e, portanto, sinceramente agradecido; devemos reconhecer também e aceitar as exigências dessa missão apostólica; não ficar somente com a alegria de ter sido chamado, e sim tomar consciência das exigências desse chamado e viver em conformidade com elas. A missão de Jesus prolonga-se e se atualiza, torna-se presente no aqui e agora e para os homens deste mundo concreto, por meio de seus discípulos” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 10 de julho de 2023

 

(Gn 28,1—22; Sl 90[91]; Mt 9,18-26) 14ª Semana do Tempo Comum.

“E viu em sonho uma escada apoiada no chão, com a outra ponta tocando o céu

e os anjos de Deus subindo e descendo por ela” Gn 28,12.

“O sonho de Jacó em Luz/Betel representa a primeira manifestação de Deus na vida do jovem fugitivo. O Senhor, que até agora tinha agido silenciosamente no íntimo da sua vida, confirma agora a Sua promessa da terra, da descendência e da bênção a todas as nações, já prometidas aos seus antepassados. ‘Eu estou contigo’ (v. 15): as palavras da proximidade de Deus, pronunciadas num momento de trevas, quando Jacó vai ao encontro do desconhecido, sem posses nem seguranças, representam a única certeza da vida. O jovem, que também advertiu claramente a presença de Deus, está ainda no começo da caminhada da sua fé, é imaturo e coloca muitas condições ligadas mais ao receber do que ao dar: proteção; vestuário; saúde... Pede, mas ainda não aprendeu a dar. E, no entanto, Deus não força o homem para além das possibilidades, mas irrompe na vida de cada um com a Sua graça” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 1] – Paulus).     

Pe. João Bosco Vieira Leite

14º Domingo do Tempo Comum – Ano A

 

(Zc 9,9-10; Sl 144[145]; Rm 8,9.11-13; Mt 11,25-30)

1. Há uma enfermidade que atinge a todos a certa altura do caminho. Uma doença estranha, ao menos em suas causas. Ela se chama cansaço.

2.Há o peso da estrada já percorrida que se faz sentir. O peso dos incidentes da viagem, das desilusões, das incompreensões, dos insucessos. O peso das pessoas, de um ambiente mesquinho, das injustiças, da falsidade, da desconfiança.

3. Tudo isso vai se acumulando, e mais que esmagar-nos, nos entorpece, embaça a vista, nos esvazia e nos suga as energias. E por isso a estrada perde todo o interesse. Aliás, o único interesse é encontrar um lugar onde alojar o próprio cansaço. E desligar-se.

4. Não há o desejo de mais nada, a não ser o de ‘deixar-se levar’, pois nada parece valer a pena. Há algum sentido em tudo isso? Por que vou eu perturbar a tranquilidade dos outros? Que se ganha sendo sincero? Melhor colocar-se no meu canto. Já tenho meus próprios problemas...

5. Essa experiência que pode nos assaltar, foi vivida muito séculos atrás pelo profeta Elias, e ela tem um valor simbólico para todos nós em todos os tempos (cf. 1Rs 19,4-8). Alguns de nós precisamos de uma árvore sob a qual possamos distender nosso próprio cansaço e adormecer. A árvore da resignação, da abdicação, da mediocridade, da facilidade, da indiferença...

6. Qual é a resposta que Deus dá ao cansaço de Elias? Não é uma resposta consoladora, não obstante as aparências. Há uma preocupação de Deus com Ele, providenciando o comer e beber. Mas tem uma proposta que soa provocadora: “levanta-te e come pois tens uma longa estrada por percorrer...”

7. Deus o livra da doença do cansaço adotando uma cura demasiadamente insólita: Ele diz que o cansaço não vem do que foi feito, mas do que ainda resta fazer, não pela estrada já percorrida, mas por aquela que ainda nos resta percorrer. Somos cansados por não mover-nos, por aquilo que ainda não trabalhamos.

8. Depois desse surpreendente e escandaloso diagnóstico do mal, Cristo nos oferece também um alívio: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados... e eu vos darei descanso”. Finalmente!

9. E logo acrescenta: “Tomai sobre vós o meu jugo...”. Não parece ser a melhor maneira de curar o cansaço. Longe de aliviar-nos com seu afeto, o Senhor nos presenteia com o seu jugo. E mesmo se é ‘suave’, é sempre um jugo. Parece que algo nos é acrescentado. Ainda que ‘leve’.

10. Diferentemente de Elias, o pão que nos é oferecido é o próprio Jesus. Ele é a própria estrada. ‘Eu sou o pão vivo...’ ‘Eu sou o caminho’. Alimentando-nos d’Ele, alimentamo-nos da nossa estrada. A estrada é o nosso alimento, a estrada é o remédio do nosso cansaço. Não atoa o cristianismo inicial era conhecido como “O Caminho”. 

11. “Levanta-te e come, porque o caminho é longo”. Deus não nos permite dormir, não nos permite embalar o nosso cansaço. Caminhemos, então. Quanto mais longa e desafiadora a estrada por percorrer, mais tempo e disposição teremos para deixar para trás o cansaço...  É isso que nos propõe o Senhor.  

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Sábado, 8 de julho de 2023

(Gn 27,1-5.15-29; Sl 134[135]; Mt 9,14-17) 13ª Semana do Tempo Comum.

“Disse-lhes Jesus: ‘Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles?

Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então sim, eles jejuarão’” Mt 9,15.

“A Igreja é peregrina; vai por este mundo, caminhando para o Pai, conduzida por seu Chefe, Jesus Cristo, que, colocado à frente do povo de Deus, iluminando a estrada com a luz de sua vida e de sua doutrina e dando-lhe força com o impulso de sua graça, leva todos os filhos de Deus à casa do Pai. O final são os braços de Deus Pai; o final será indefectivelmente a felicidade de gozar do amor paterno. Será então que todos estaremos juntos em uma única comunidade de amor: o amor infinito de Deus; não haverá nem prantos, nem sofrimentos, nem angústias, nem necessidade de sacrifícios, jejuns ou privações, pois o amor suprirá tudo com a força de seu gozo infinito. Não obstante, agora estamos no momento da peregrinação e o peregrino está sujeito ao cansaço, ao esgotamento, à ânsia de chegar rápido à pátria. É esta necessidade do sacrifício, da mortificação, do jejum, da negação de nossas preferências; são as gotas de sangue, que diariamente devemos derramar no cálice, para podermos dispor da matéria necessária para nosso sacrifício; são os grãos de trigo com os quais cada dia iremos conseguindo a farinha de que necessitamos para a hóstia de nosso oferecimento eucarístico. Isto é, a hóstia de nossa vida não somente seremos nós, mas também devemos amassar-nos a nós mesmos. E assim, cada vez que tivemos de suportar uma contrariedade, ou uma doença, um cansaço, a rejeição de um gosto ou desejo, a privação de uma comodidade, devemos pensar: um grãozinho de trigo a mais, para a hóstia de minha missa de amanhã; um baguinho de uva a mais para o cálice de minha missa de amanhã” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 07 de julho de 2023

(Gn 23,1-4.19; 24,1-8.62-67; Sl 105[106]; Mt 9,9-13) 13ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus ouviu a pergunta e respondeu: ‘Aqueles que têm saúde não precisam de médico,

mas, sim, os doentes’” Mt 9,12.

“No tempo de Jesus, a postura preconceituosa de certa ala do farisaísmo era bem conhecida. Julgando-se melhores que todo mundo por observarem, escrupulosamente, a Lei mosaica, sentiam-se no direito de desprezar quem não agia assim. Olhavam com desprezo para os pecadores e todos os que eram incapazes de praticar a Lei de modo ‘tão perfeito’ como eles. Por outro lado, por serem contrários aos romanos, recusavam-se a conviver com os colaboradores do poder opressor. Nesta categoria, incluíam-se os cobradores de impostos. Isto explica por quê se admiraram ao ver Jesus sentado à mesa com eles e com os pecadores. O gesto de Jesus parecia-lhes dignos de censura. Entretanto, o modo de proceder do Mestre ia na direção contrária. Sabendo-se revestido da missão de libertar o povo do seu pecado, buscava a companhia e a amizade dos que mais necessitavam da misericórdia divina. Longe de despreza-los e marginalizá-los, sempre tinha para com eles gestos benevolentes de acolhida. Um provérbio popular bem conhecido ajudava-os a compreender sua missão. Afinal, ao médico interessa quem está doente e carece de ajuda, e não quem está sadio e em boa forma. Sendo ele o médico enviado por Deus para curar o pecado da humanidade, urgia colocar-se junto às vítimas do pecado. É o que fazia, sem se importar com os preconceitos dos fariseus. – Pai, coloca-me sempre junto àqueles que mais carecem de tua salvação, e liberta-me de toda espécie de preconceitos que contaminam meu coração (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 06 de julho de 2023

(Gn 22,1-19; Sl 114[115]; Mt 9,1-8) 13ª Semana do Tempo Comum.

“Apresentaram-lhe, então, um paralítico deitado numa cama. Vendo a fé que eles tinham,

Jesus disse ao paralítico: ‘Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!’” Mt 9,2.

“Estes evangelhos são destinados a demonstrar o poder de Jesus; primeiramente seu poder sobre os elementos da natureza: vento, mar, tempestades; em seguida o poder sobre o espírito do mal; e neste evangelho, demonstra-se o poder supremo de perdoar os pecados, poder exclusivo da divindade. Jesus tem, como preocupação principal, curar a alma, mais que a cura do corpo e, quando concede a saúde do corpo, é para que se viva em maior plenitude a saúde espiritual. Tenhamos confiança na bondade do Senhor; não agora menos compassivo e misericordioso conosco como no passado o foi com seus conterrâneos. Também diz-nos o mesmo que ao pobre doente: ‘Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados’ (v. 2). A confiança em sua bondade para perdoar é que conseguirá o perdão. Jesus perdoa os pecados. O perdão dos pecados era descrito no Antigo Testamento como um dom messiânico: para isso vinha precisamente o Messias: para conseguir-nos o perdão, para transmitir-nos o perdão do Pai, porque ‘não é mão do Senhor que é incapaz se salvar, nem seu ouvido demasiado surdo para ouvir’ (Isaías 59,1). O perdão dos pecados era um fato que não se podia constatar; por isso, alguns escribas e fariseus começaram a murmurar, como que pedindo outro fato que convencesse da existência efetiva de que realmente tinha-se conseguido o perdão dos pecados. Essas murmurações e críticas foram formuladas, mas o Senhor Jesus, ‘penetrando-lhes os pensamentos’ (v. 4), respondeu-os: ‘Por que pensais mal em vossos corações?’ (v.4). Nem sempre formulamos certos reparos sobre a vontade de Deus, ou sua divina providência; porém, em nosso interior, questionamos o plano de Deus sobre nós; protestamos em nosso íntimo com protesto silencioso, não expresso, mas sentido. O poder de perdoar os pecados pertence propriamente a Jesus; Cristo fala e age com autoridade própria. A afirmação de que Jesus era o Filho de Deus tinha de ser demonstrada; Jesus manifesta sua divindade, penetrando na intimidade dos pensamentos e dos sentimentos dos escribas; por isso, pergunta: ‘Por que pensais mal em vossos corações?’ Não nos esqueçamos de que entre os semitas, o coração era considerado como a sede dos pensamentos. No entanto, Jesus quis tornar participantes de seu poder de perdoar os pecados os seus ministros, que o exercem em seu nome e com sua delegação; é para glorificar a Deus, que ele tenha dado aos seus ministros este poder” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 05 de julho de 2023

(Gn 21,5.8-20; 33[34]; Mt 8,28-34) 13ª Semana do Tempo Comum.

“Levanta-te, toma o menino e segura-o bem pela mão, porque farei dele um grande povo” Gn 21,18.

“Interferências humanas, zombarias, discórdias, ciúmes, rejeições, abandonos estão presentes neste relato histórico que envolve Abraão, Sara, Isac, Agar e Ismael. Estas ações negativas enfatizam o quanto os seres humanos, limitados por sua natureza, causam dor, miséria e abandono. Vemos no cap. 16 Sara preocupada em suscitar herdeiros em seu marido. Facilita a aproximação de sua serva Agar a ter um filho com Abraão. Após a constatação da gravidez vêm as provocações e relacionamentos difíceis. As feridas não curadas se tornam abertas e dolorosas quando então Sara gera um filho e seu esposo, após o desmame deste, resolve fazer um grande banquete. A forma de Ismael zombar do pequeno Isaac foi a gota d’água. Sara interferiu e Abraão tomou dramática decisão ao pôr para fora de casa Agar e seu filho Ismael. Havia alguma provisão, porém o Deserto de Berseba era hostil e de difícil sobrevivência. Lá estavam os peregrinos debaixo de arbustos, sem provisões e um pouco distantes um do outro. Agar não queria presenciar a morte do menino. Neste momento de grande dificuldade surgem as soluções que marcam a novidade da graça divinal. Ismael esquece as zombarias, lembra da promessa ‘multiplicarei sobremodo a tua descendência’ (16,10) e, certamente, tendo aprendido bons hábitos na casa do seu pai, ora ao Senhor e, conforme o Anjo de Deus, é atendido. Erguer, levantar, segurar, ser um grande povo são palavras indicativas da graça de Deus que fazem crer que o amanhã existirá. Os olhos passam a enxergar o poço de água ali existente. A presença de Deus era perceptível. O viver e morar com dignidade era possível. Uma grande nação haveria de nascer. – Senhor! Agrada-nos saber que, apesar das zombarias do mundo, somos agraciados pelo teu amor e desafiados a sermos um grande povo que anuncia esperança e verdade. Queremos estar prontos. Envia-nos. Amém” (Arnaldo Hoffmann Filho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite