(At 18,23-28; Sl 46[47]; Jo 16,23-28)
6ª Semana da Páscoa.
“Eu saí do Pai e vim
ao mundo; e novamente parto do mundo e vou para o Pai” Jo 16,28.
“Desconcertado. Assim
poderia ficar a pessoa que estivesse ouvindo as palavras de Jesus no seu último
sermão. Era uma despedida, e nessas palavras de Jesus no seu último sermão. Era
uma despedida, e nessas palavras se misturavam o anúncio da morte, incentivo à
confiança no Pai, valorização da obra do Espírito Santo e fé nele próprio. E a
vitória ressoa por toda parte. Afinal, perguntaria essa pessoa: Era a despedida
de um doente terminal, quem sabe, de um pobre diabo condenado à morte, ou as
palavras de um herói que iria vencer os inimigos e recuperar sua vida e
liberdade e, assim, conquistar a grande glória da vitória? Sim, desconcertados
ficamos nós todos se não entendermos a natureza de Jesus e o objetivo da sua
missão aqui na terra. Qual, pois, sua natureza? Ele era (e é) homem integral.
Nada do que pertencia à humanidade lhe era estranho – com exceção do pecado,
que, por sinal, não pertence à essência da humanidade, Ele a recebeu no tempo –
ou seja, desde que foi gerado – de Maria. Mas era (e sempre foi) Deus. Ora, se
Ele era e sempre foi Deus, por que se submeteu a tanto sofrimento e à própria
morte? A resposta para isso repousa na sua missão, assumida em consenso com o
Pai e o Espírito, de redimir a humanidade. E essa resposta vale tanto para o
desconcerto do observador quanto às aparentes contradições do sermão em que
morte e vitória se misturam como os ingredientes de um bolo. Por isso, ele diz:
‘Saí do Pai e vim ao mundo. Agora deixo o mundo e volto para junto do Pai’. Sua
missão estava quase completa. Faltava pouco para ser entregue às autoridades e
submeter-se à mais intensa humilhação que podemos imaginar para o Deus-Homem.
Mas Ele a enfrentaria com todas as consequências para si... e para humanidade.
– Meu Jesus, meu primeiro sentimento ao olhar para ti é pena, pois vejo
o teu desamparo e a extrema injustiça à qual foste submetido. Mas o segundo é
de alegria, pois vejo que venceste tudo: cumpriste a missão assumida e
voltastes em glória e vitória para o Pai. Amém” (Martinho
Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).
Santo do Dia:
São João Batista de
Rossi, presbítero. Nasceu em Voltaggio, província de Gênova a 22 de fevereiro
de 1698, mas aos 13 anos se estabeleceu definitivamente em Roma, com um primo
padre, cônego de Santa Maria em Cosmedin, para poder frequentar o liceu
clássico com os jesuítas do Colégio Romano. Em 1714, se encaminhou às ordens
sacras, sendo ordenado sacerdote a 8 de março de 1721, mesmo não aguardando
esse momento para dar início ao seu intenso apostolado. Nos anos precedentes
havia dirigido vários grupos de estudantes. Por causa desta experiência pôde
criar a Pia União de Sacerdotes Seculares. Além de trabalhar no albergue de
santa Galla, destinado só a homens, quis ampliar o raio de seu apostolado,
fundando o albergue para mulheres, dedicado a são Luiz Gonzaga, seu santo
predileto. Atingido pela epilepsia e por uma doença nos olhos, multiplicou o
trabalho cotidiano para beneficiar os pobres da cidade de Roma e dos internados
nos albergues. Parecia onipresente, pois estava em todos os lugares onde
precisavam de conforto, instrução, socorro, em qualquer hora do dia ou da
noite. Não era raro vê-lo nas praças de Roma improvisando um sermão para os
desocupados e a tarde quando o povo voltava do trabalho. A simpatia que ganhava
do povo humilde dos subúrbios atraia ao seu confessionário longas filas de
penitentes. Era um mestre de espiritualidade e onde quer que pusesse a mão numa
iniciativa, imprimia um ritmo de santo fervor. Morreu a 23 de maio de 1764 e
foi beatificado por Pio IX, que tinha sido seu sucessor na Pia União dos
Sacerdotes Seculares de santa Galla. Leão XIII o canonizou a 8 de dezembro de
1881.
Pe. João Bosco Vieira Leite