Sábado, 23 de maio de 2020

(At 18,23-28; Sl 46[47]; Jo 16,23-28) 

6ª Semana da Páscoa.

“Eu saí do Pai e vim ao mundo; e novamente parto do mundo e vou para o Pai” Jo 16,28.

“Desconcertado. Assim poderia ficar a pessoa que estivesse ouvindo as palavras de Jesus no seu último sermão. Era uma despedida, e nessas palavras de Jesus no seu último sermão. Era uma despedida, e nessas palavras se misturavam o anúncio da morte, incentivo à confiança no Pai, valorização da obra do Espírito Santo e fé nele próprio. E a vitória ressoa por toda parte. Afinal, perguntaria essa pessoa: Era a despedida de um doente terminal, quem sabe, de um pobre diabo condenado à morte, ou as palavras de um herói que iria vencer os inimigos e recuperar sua vida e liberdade e, assim, conquistar a grande glória da vitória? Sim, desconcertados ficamos nós todos se não entendermos a natureza de Jesus e o objetivo da sua missão aqui na terra. Qual, pois, sua natureza? Ele era (e é) homem integral. Nada do que pertencia à humanidade lhe era estranho – com exceção do pecado, que, por sinal, não pertence à essência da humanidade, Ele a recebeu no tempo – ou seja, desde que foi gerado – de Maria. Mas era (e sempre foi) Deus. Ora, se Ele era e sempre foi Deus, por que se submeteu a tanto sofrimento e à própria morte? A resposta para isso repousa na sua missão, assumida em consenso com o Pai e o Espírito, de redimir a humanidade. E essa resposta vale tanto para o desconcerto do observador quanto às aparentes contradições do sermão em que morte e vitória se misturam como os ingredientes de um bolo. Por isso, ele diz: ‘Saí do Pai e vim ao mundo. Agora deixo o mundo e volto para junto do Pai’. Sua missão estava quase completa. Faltava pouco para ser entregue às autoridades e submeter-se à mais intensa humilhação que podemos imaginar para o Deus-Homem. Mas Ele a enfrentaria com todas as consequências para si... e para humanidade. – Meu Jesus, meu primeiro sentimento ao olhar para ti é pena, pois vejo o teu desamparo e a extrema injustiça à qual foste submetido. Mas o segundo é de alegria, pois vejo que venceste tudo: cumpriste a missão assumida e voltastes em glória e vitória para o Pai. Amém (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 

Santo do Dia:

São João Batista de Rossi, presbítero. Nasceu em Voltaggio, província de Gênova a 22 de fevereiro de 1698, mas aos 13 anos se estabeleceu definitivamente em Roma, com um primo padre, cônego de Santa Maria em Cosmedin, para poder frequentar o liceu clássico com os jesuítas do Colégio Romano. Em 1714, se encaminhou às ordens sacras, sendo ordenado sacerdote a 8 de março de 1721, mesmo não aguardando esse momento para dar início ao seu intenso apostolado. Nos anos precedentes havia dirigido vários grupos de estudantes. Por causa desta experiência pôde criar a Pia União de Sacerdotes Seculares. Além de trabalhar no albergue de santa Galla, destinado só a homens, quis ampliar o raio de seu apostolado, fundando o albergue para mulheres, dedicado a são Luiz Gonzaga, seu santo predileto. Atingido pela epilepsia e por uma doença nos olhos, multiplicou o trabalho cotidiano para beneficiar os pobres da cidade de Roma e dos internados nos albergues. Parecia onipresente, pois estava em todos os lugares onde precisavam de conforto, instrução, socorro, em qualquer hora do dia ou da noite. Não era raro vê-lo nas praças de Roma improvisando um sermão para os desocupados e a tarde quando o povo voltava do trabalho. A simpatia que ganhava do povo humilde dos subúrbios atraia ao seu confessionário longas filas de penitentes. Era um mestre de espiritualidade e onde quer que pusesse a mão numa iniciativa, imprimia um ritmo de santo fervor. Morreu a 23 de maio de 1764 e foi beatificado por Pio IX, que tinha sido seu sucessor na Pia União dos Sacerdotes Seculares de santa Galla. Leão XIII o canonizou a 8 de dezembro de 1881.

  Pe. João Bosco Vieira Leite