Corpo e Sangue de Cristo – Ano B


(Ex 24,3-8; Sl 115[116]; Hb 9,11-15; Mc 14,12-16.22-26).

1. Nesse dia de adoração e reflexão em torno do mistério Eucarístico, a liturgia nos recorda o compromisso assumido pelo povo de Israel com Deus a partir do sacrifício de animais. O sangue aspergido sobre o povo recorda esse vínculo forte e duradouro, como um vínculo de sangue.

2. Num futuro que já conhecemos e vivenciamos, um outro sangue foi derramado de maneira definitiva, não de animal, e foi nos dado a beber e a comer como forma de comunhão com Deus e de unidade dos seus filhos. Uma nova Aliança se estabelece num compromisso assumido gratuitamente pelo próprio Deus e que nos foi revelado no Filho, que veio a nós como expressão do Seu amor.

3. O salmo canta um cálice que se eleva como um brinde pela alegria de uma boa amizade que se estabeleceu, pois nossa obediência à Sua lei nos vem de uma experiência de libertação, em vários aspectos da vida que experimentamos.

4. É o autor da 2ª leitura que nos explica a substituição e a superioridade do sacrifício de Cristo, que faz parte da nossa memória Eucarística. Sua vida oferecida é um gesto de amor e de obediência à vontade do Pai e nos convida, pela escuta e acolhimento da Palavra, da vivência comunitária, da prática da caridade, a oferecer-nos em comunhão com Cristo.

5. O nosso evangelho omite o anúncio da traição de Judas para não perturbar a atmosfera de fé e de alegria que caracteriza a celebração de hoje, concentrando-se nas palavras e gestos de Jesus durante a última Ceia. Primeiro percebemos como Ele quis que essa se desse num ambiente tranquilo e a sós com os seus, como tentamos reproduzir em nossos encontros de oração.

6. Ele não faz nenhuma menção ao passado do Êxodo, mas coloca no centro a sua pessoa e através de dois gestos, partir o pão, servir o vinho, faz alusão à Sua morte. Assim Ele revela o sentido autêntico da Cruz, apresentando-a como dom de Si mesmo ao pai e aos discípulos. Ao acolhermos seu Corpo e Sangue nos inserimos em Sua própria doação e obediência ao Pai.

7. Na Ceia Eucarística temos a representação e a fonte real desta doação de Deus a nós. Ele se comunica com a nossa pobre humanidade, para uni-la a si. Assim compreendemos que o nosso caminhar diante de Deus não é uma simples observância de normas, embora elas sejam importantes, pois nos ajudam a estar atentos e direcionar os nossos passos.

8. O objetivo e o mais importante é vivermos essa dimensão filial que viveu Cristo, sentir-se um só com o Pai, numa oferta total de si. Todo o nosso agir estará assim precedido de uma atitude de crer, esperar e amar. Como todo sacramento é um sinal sensível da fé, o que celebramos não é apenas um rito ou uma aspiração, mas sim um sinal que recorda e exige um modo de ser e existir.

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 30 de maio de 2018


(1Pd 1,18-25; Sl 147; Mc 10,32-45) 
8ª Semana do Tempo Comum.

O tema da redenção aparece de maneira bem acentuada em nosso texto. Fomos resgatados pelo sangue de Cristo e o Batismo nos insere nessa vida nova. Tudo isso nos veio à luz pela pregação da Palavra, aquela que não passa, pois tem origem na eternidade divina e no seu amor incansável pela humanidade. O salmo 147,12-15.19-20 convida Jerusalém ao louvor diante dos privilégios que Deus lhe concedeu: “Deus protegeu-a, abençoou-a, saciou-a de paz e abundância e concedeu-lhe o dom da sua Palavra” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus). Neste dia também podemos rezar numa atitude de reconhecimento do que Deus já realizou em nosso favor. Assim podemos ter a certeza que Ele sempre agirá de novo.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 29 de maio de 2018


(1Pd 1,10-16; Sl 97[98]; Mc 10,28-31) 
8ª Semana do Tempo Comum.

No longo caminho que estamos fazendo pela fé, reconhecemos que desde o Antigo Testamento um projeto de salvação culminaria nessa vida nova anunciada e testemunhada por Cristo que culmina na graça batismal. Agora, como nos lembra o papa Francisco, pela santidade d’Aquele que nos chamou, não podemos esquecer do nosso esforço a sermos santos. É essa alegria da salvação realizada por Deus que canta o salmo 98,1-4: “O salmista exulta no louvor entoando ‘um cântico novo’ que celebra a manifestação da salvação e da justiça do Senhor aos olhos dos povos, sinais visíveis para todos do Seu amor e da sua fidelidade à casa de Israel” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 28 de maio de 2018


(1Pd 1,3-9; Sl 110[11]; Mc 10,17-27) 
8ª Semana do Tempo Comum.

Nessa última semana de maio e começo de junho leremos alguns trechos da 1ª Carta de São Pedro, carregada de referências ao Batismo como realidade nova que inaugura um novo tempo para o cristão como já percebemos nessa introdução de hoje. A alegria e a perseverança são duas realidades que nascem desse mesmo conhecimento que nos conduzirá, pela fé à nossa condição filial ao final dessa jornada. Deus não esquece a Sua aliança, canta o salmo 111,1-2.5-6.9-10. “Ele nos convida a passar um tempo pensando nos grandes feitos de Deus, estudando e refletindo sobre eles, dispondo-nos a louvar a Deus pelo que ele fez. Seja qual for a obra de Deus que consideramos, grande ou pequena, de muito tempo atrás ou de ontem, podemos ver nela a majestade, a compaixão e a fidelidade de Deus. ‘As obras das suas mãos são féis e justas’ (v. 7). Somente Deus e sua obra são verdadeiramente maravilhosos” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Santíssima Trindade – Ano B


(Dt 4,32-34.39-40; Sl 32[33]; Rm 8,14-17; Mt 28,16-20)

1. Retomamos o Tempo Comum com a solenidade da Santíssima Trindade, uma espécie de coroamento das solenidades que encerram o Tempo pascal. Um olhar ainda mais aguçado para o mistério do Deus que se revelou em Jesus Cristo e nesses últimos dias derramou sobre nós o Seu Espírito.

2. É desse revelar-se sem comparação que nos fala o autor da 1ª leitura. O texto quer fortalecer a fé do antigo Israel em Deus e falando do poder e da ternura com que agiu ao longo dessa caminhada. Ao mesmo tempo abre caminho para o mistério da encarnação, onde seremos capazes de não só sobreviver à presença divina, mas conviver com Ela. O salmo complementa os elogios dos cuidados e da confiança em Deus.

3. Dessa convivência com o Filho, Paulo nos revela uma outra realidade que se instala: nossa filiação divina. É pelo Espírito que compreendemos e vivemos nessa realidade nova. Como Jesus, também queremos ser fiéis ao Pai em meio as inconstâncias dessa nossa vida, pois carregamos uma esperança que ultrapassa a barreira da morte.

4. O final do evangelho de Mateus nos serve como referência de uma Igreja que já vive envolvida nesse mistério Trinitário e é enviada nessa mesma missão que já foi e é divina. É a revelação desse ser de Deus que nós recebemos que deve ser levada adiante. Mas acima de tudo saber que não caminhamos sós.

5. Em seu evangelho Mateus caminhou entre um Jesus austero e severo, mas ao mesmo tempo ‘manso e humilde de coração' (Mt 1,29), como a fazer um equilíbrio entre o Antigo e Novo Testamento. Nossa compreensão do mistério divino mudou muito.

6. “O Deus do céu e da terra, que os hebreus julgavam que não se podia ouvir sem perder a vida (Dt 4,33), entrou no nosso pobre mundo em Jesus e agora, como diz Paulo, habita como Espírito Santo em nossos corações (cf. Rm 8,15). [...] A revelação do amor de Deus e a comunicação desse amor não só a alguns, e nem sequer a todos em conjunto, mas a cada um na intimidade do seu coração, aconteceu e durará para sempre, como diz a última palavra do Evangelho (Mt 28,20)”. (Pe. Romeu Cavedo in Leccionário Comentado – Paulus).

7. A experiência desse mistério de comunhão está para nós na comunicação que mantemos através da oração, na comunhão do mistério eucarístico, que nos sustenta e suscita a fé, a esperança e o amor que brota da Trindade Santa que hoje celebramos, ousando penetrar no mistério de Deus. 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 26 de maio de 2018


(Tg 5,13-20; Sl 140[141]; Mc 10,13-16). 
7ª Semana do Tempo Comum.

Concluímos nossa leitura da Carta de São Tiago com esse texto cujos versículos inicias fazem parte do ritual da Unção dos Enfermos e acrescenta a importância e a necessidade de rezarmos uns pelos outros. Também fala do esforço para trazer ao bom caminho aquele que se desviou. O nosso salmista (Sl 140) pede a Deus não só que aceite a sua oração, mas que o guarde de também ofender pela língua. Atribuído a Davi que reza após um longo dia pedindo integridade e proteção. “Os editores piedosos que reuniram esta coleção dos salmos procuraram nos arquivos e encontraram várias composições de Davi que não haviam sido incluídas antes. Eram salmos que havia abençoado e incentivado o povo de Deus por centenas de anos, e um deles foi esta oração. Davi pede a Deus para proteger sua integridade como rei (vv. 3-5a) e para protegê-lo de inimigos perversos (vv. 5b-10). Essas duas preocupações estavam frequentemente na mente de Davi – e com a mesma frequência em seus lábios ao orar. Seria interessante saber quantas vezes essas mesmas preocupações passam por nossa mente e, quando vêm à superfície, o que fazemos com elas. Oramos ou simplesmente continuamos a pensar que podíamos lidar com o que quer que surja em nosso caminho? Somos autossuficientes ou dependentes de Deus?” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 25 de maio de 2018


(Tg 5,9-12; Sl 102[103]; Mc 10,1-12) 
7ª Semana do Tempo Comum.

O apóstolo se volta sobre a comunidade, que como todas as outras, tem dentro da sua realidade as cobranças, murmurações e lamentos que marcam as relações. Paciência e tolerância, inspiradas nas atitudes dos personagens bíblicos, ele acredita que a palavra deve ser usada para construir e não para destruir. Assim como Deus é misericordioso, paciente, benevolente, o salmo 103,1-4.8-9.11-12 pede que tomemos como referência segura em nosso agir. “Deus é louvado pela Sua benevolência e pela Sua constante ação em favor dos Seus fiéis. Aquilo que suscita a admiração do salmista é antes de tudo o modo como Deus trata o homem e o pecado deste: o Senhor perdoa e usa de misericórdia” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 24 de maio de 2018


(Tg 5,1-6; Sl 48[49]; Mc 9,41-50) 
7ª Semana do Tempo Comum.

Se a demasiada confiança em si mesmo já é censurada, o Apóstolo chama a atenção para a riqueza que cria uma certa autoconfiança e condena abertamente a riqueza que vem da exploração do outro. Quem pensa ter, na realidade está em vias de perder.... Não é a primeira vez que ele toca nesse assunto, que também é tema do nosso salmo 49,14-20 que se repete em nossa liturgia. “O salmo 49 foi escrito para todos – jovens e velhos, ricos e pobres, pessoas de todas as raças e de todas as idades. É um salmo particularmente apropriado para nossa cultura consumista na qual a prosperidade é medida pelo tamanho de nosso patrimônio ou pela quantia de dinheiro que gastamos com tecnologia de ponta. O aviso de Deus é muito claro: se você coloca sua confiança nas riquezas, o fim é desastroso. As pessoas com as quais você trabalha podem ficar impressionadas com o carro que você dirige ou com a marca de sua bolsa, mas Deus não fica. O dinheiro não pode nos redimir, nem nos dar vida eterna. Todos estaremos no mesmo patamar quando estivermos diante de Deus após a morte. Não há bolsos em um caixão nem transferência bancária para o céu. Todos deixaremos tudo isso para trás” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 23 de maio de 2018


(Tg 4,13-17; Sl 48[49]; Mc 9,38-40) 
7ª Semana do Tempo Comum.

Por mais que queira, nos diz o apóstolo, o ser humano não é tão ‘dono do seu destino’ como pensa, muitas coisas pesam e interferem e acima de tudo está Deus. É a essa atitude da disposição de tudo à conduta da vontade divina que ele nos convida. E também a fazer o bem. O salmo 49,2-3.6-11 segue nessa dinâmica da sabedoria da vida. “É precisamente em tempos cheios de atividades e mais agitados da vida que precisamos de um lembrete duro e severo sobre o que é, de fato, importante. Nós nos deixamos tão facilmente envolver na busca de riquezas que achamos que Deus deve ficar impressionado com nossa prosperidade. Nós nos esquecemos do que disse Jesus: ‘Façam para vocês bolsas que não gastem com o tempo, um tesouro nos céus que não se acabe’ (Lc 12,33)”(Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 22 de maio de 2018


(Tg 4,1-10; Sl 54[55]; Mc 9,30-37) 
7ª Semana do Tempo Comum.

Tiago não alisa em seus textos, particularmente diante de uma comunidade dividida por causa de suas paixões mundanas que se opõem ao projeto e as inspirações divinas. A cobiça parece ser o mal que está minando as relações entre eles e até com Deus. Por isso a comunidade deve buscar humildemente o reconhecimento de suas faltas e submeter-se à vontade divina em sua luta contra o inimigo tentador, através de um caminho penitencial, para que possamos nos reaproximar de Deus. Quem vive experiências de conflito geradas por interesses vários na família ou na comunidade, certamente gostaria, como ao autor do salmo 55,7-12.23, ganhar asas e voar, ou seja, cair fora. “’Eu gostaria de poder me afastar de tudo isso’. É isso que dizemos (ou, pelo menos, é o que pensamos) quando o nível de estresse sobe em nossa vida. O projeto no trabalho está atrasado e acima do orçamento, as crianças estão gritando na sala de casa, a água do macarrão está fervendo no fogão e a quarta vez que toca o telefone é alguém tentando vender janelas novas para a casa. É muita coisa. Dá vontade de largar tudo. Os reis do Antigo Testamento sentiam-se dessa forma. Os inimigos atacavam Davi por todos lados. Seus pensamentos perturbavam-no; seus medos sufocavam-no. ‘Quem me dera poder ir para bem longe’, pensou ele. ‘Eu só preciso de uma tenda, um saco de dormir e o deserto aberto’. Era um sonho para Davi assim como é para nós. Fugir só parece uma solução; nunca resolve nada” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

Pe. João Bosco Vieira Leite 

Segunda, 21 de maio de 2018


(Tg 3,13-18; Sl 18[19B]; Mc 9,14-29) 
7ª Semana do Tempo Comum.

Retomamos o Tempo Comum na sua sequência interrompida com a quarta-feira de Cinzas. Continuaremos nessa sequência da 1ª leitura e o salmo, mas já caminhando para o seu final, pois alguns salmos se repetem muito. Só voltaremos aos salmos quando houver algum que ainda não tenha sido comentado. Havíamos iniciado a leitura da carta de Tiago na 6ª Semana Comum. Dentre os trechos selecionados nos situamos no capítulo 3 onde o autor nos fala de dois tipos de sabedoria, uma vem da Terra e outra do Alto, e ambas se manifestam no modo como nos comportamos. É aquela imagem dos dois caminhos, da contraposição, que aqui se apresenta mais uma vez. Mas Tiago quer atingir particularmente as lideranças para que tenham um comportamento que seja um testemunho e também inspirador. Por isso o nosso salmo 19B,8-18.15, se volta para uma sabedoria que se encontra nos preceitos do Senhor. “Depois de ter cantado a Criação, obra de Deus, nesta segunda parte do salmo o orante exprime o seu assombro pelo dom da Torá. A cada qualidade da Lei (perfeita, verdadeira, justa, límpida) corresponde um benefício para os fiéis (reconforta a alma, dá sabedoria aos simples, alegra o coração, ilumina os olhos)” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus). Tomemos as palavras do apóstolo como reflexão sobre nosso sábio modo de viver.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Pentecostes - Dia – Ano B


(At 2,1-11; Sl 103[104]; 1Cor 12,3b-7.12-13; Jo 20,19-23)

1. A liturgia da Palavra se abre com essa memória bíblica desse ‘derramamento’ do Espírito Santo sobre a Igreja. ‘Vento’ e ‘fogo’ fazem alusão aos eventos divinos do Antigo Testamento, mas mesmo recorrendo a todo esse simbolismo, trata-se de algo novo.

2. Há um acento sobre a Palavra que é compreendida e que se expande num cenário de universalidade. O Espírito promove e anima o anúncio do Evangelho a todos os povos. Assim tem sentido cantar o salmo que segue, pois eis que o Senhor não só renova, mas em Jesus faz novas todas as coisas.

3. Essa vida nova no Espírito traz uma nova dinâmica à vida comunitária e as relações humanas de um modo geral. Pelo batismo, todos os crentes, embora diferentes por razões étnicas e culturais, formam o único corpo de Cristo. Daí a necessidade de manter a unidade e tomar consciência que o Espírito age em liberdade e concede a todos os dons que julga necessário para o bem comum.

4. Paulo quer recordar a nossa realidade batismal, desse Espírito derramado sobre nós desde então. É preciso colocar as qualidades e aptidões ao serviço do crescimento e da vitalidade da Igreja.

5. “Ninguém é inútil e estéril na Igreja quando se deixa guiar pelo Espírito de Deus que atua para o bem de todos. O único obstáculo à ação vivificadora do Espírito é a tendência a considerar seus dons como um direito de propriedade e não como um compromisso ao serviço e à partilha recíproca” (Giuseppe Casarin).

6. O evangelho nos leva de volta àquela tarde do dia da ressurreição. Para João, naquele mesmo dia o Senhor concedeu a seus discípulos o dom do Espírito Santo, para que prolonguem a missão pelo perdão dos pecados, um dos aspectos de renovação dessa nova humanidade nascida do lado de Cristo, que nos revelou que o mal e os pecados não são impedimento para o encontro com Deus.

7. “Em Jesus Cristo, Deus torna-Se próximo de cada ser humano, liberta-o e renova-o no íntimo. O Perdão de Deus torna possíveis as novas relações que estão na base da comunidade” (Giuseppe Casarin).

8. É esse sopro restaurador de Deus que no início da criação deu vida ao ser humano. Por isso nós pedimos que Ele nos renove e reacenda em nós esse desejo de comunhão com Deus que dá novo sentido ao nosso caminhar, cantando nessa sequência o humilde reconhecimento das necessidades do nosso ser criatural.

9. A comunidade reunida para celebrar a liturgia de Pentecostes pede a Deus que ‘continue hoje, na comunidade dos crentes, as maravilhas’ que realizou no começo da pregação do Evangelho. Que ilumine a nossa mente, reacenda a caridade, dê-nos a fortaleza necessária, livre-nos das ciladas do inimigo e dê-nos principalmente a paz, para evitarmos os perigos e as incertezas do caminho. Amém.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 19 de maio de 2018

(At 28,16-20.30-31; Sl 10[11]; Jo 21,20-25) 
7ª Semana da Páscoa.

Chegamos ao fim dos Atos dos Apóstolos e do tempo pascal. Segundo o filme “Paulo, Apóstolo de Cristo”, Lucas quis dar um final mais honroso a Paulo em seu tempo de prisão em Roma, deixando-o prisioneiro numa casa, mas talvez não tenha sido bem assim, diz o filme. Da viagem feita pelo Evangelho naquela região, eis que chega a Roma através de Paulo, mesmo preso, mas esse é apenas um recomeço para uma expansão ainda maior, servindo-se da ilusória ideia de reinado dos romanos, pois quem é realmente Senhor da História é Deus, nos diz o salmo 11,4-5.7: “Uma certeza guia o salmista: Deus é realmente o Senhor da história. Os crentes experimentam amiúde realidades que parecem desmentir esta certeza. É em particular nesses momentos que eles fizeram suas as palavras do salmista: ‘O Senhor é justo e ama a justiça, os homens retos contemplarão a sua face’. E com esta certeza vivem na concreta e contraditória realidade quotidiana” (Giuseppe Casarin –Lecionário Comentado – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 18 de maio de 2018


(At 25,13-21; Sl 102[103]; Jo 21,15-19) 
7ª Semana da Páscoa.

Esta página dos atos nos trazem um pouco os bastidores do processo de Paulo que findará por seu testemunho em Roma. Onde os homens pensam traçar o destino de outros, Deus se serve para realizar a Sua vontade. Esses movimentos de Paulo diante das autoridades romanas faz uma referência ao processo sofrido por Jesus, como se algo de Sua história se repetisse na vida dos discípulos. No salmo 103,1-2.11-12.19-20 se traduz o espírito de Paulo nessa memória contínua do que Deus fez nele e através dele: “Alguma vez você já conversou consigo mesmo, uma conversa franca, de coração para coração, de cartas na mesa? É realmente uma coisa muito saudável a fazer. Na verdade, a Bíblia a recomenda. No salmo 103, Davi não fala com Deus ou com seus companheiros de adoração. Ele conversou com sua alma, com seu ser mais íntimo. Ele olhou no espelho e disse: ‘Alma, você que é o verdadeiro Davi, precisa fazer algumas coisas que não está fazendo. Você precisa ser lembrada de alguns fatos que tem esquecido’. Não sei se Davi estava deprimido, desanimado ou apenas sendo levado pela vida nesse momento, mas ele deu uma parada repentina. Estou impressionado que Davi não tenha focado sua posição no salmo: ‘Você é o rei, Davi. Comece agir como um’. Ele não se concentrou em suas posses, em sua prosperidade financeira, em suas proezas militares ou em sua poesia campeã de vendas. Davi lembrou-se da bondade de Deus. Talvez você precise ouvir as mesmas palavras hoje” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 17 de maio de 2018


(At 22,30; 23,6-11; Sl 15[16]; Jo 17,20-26) 
7ª Semana da Páscoa.

Agora, em outro momento que aponta para o fim da missão de Paulo confirmada pelo próprio Senhor; ei-lo em conflito com os sumos sacerdotes, e entre eles no partidarismo de saduceus e fariseus, no seu testemunho da ressurreição de Jesus. Essa fidelidade e esse amor de Paulo a Jesus são traduzidos com as palavras do salmo 16, 1-2.5.7-11, atribuído a Davi quando em tempo de perseguição ou ameaça de morte: “Davi quase perdeu o seu lar, sua família, seus amigos. Até mesmo seu pai e sua mãe se voltaram contra ele por um momento. Mas, apesar das perdas materiais de Davi, ele ganhou muito em seu relacionamento com o Senhor. As divisas que limitavam sua propriedade não eram medidas em acres ou hectares; eram medidas em amor e provisão divinos sem limite. Ele pode ter sido tirado do testemunho dos seus pais, mas Deus lhe deu ‘uma bela herança’ (v. 6). E ainda que Davi fosse encontrado e morto, Deus não o abandonaria. Ele viveria para sempre na presença de Deus. Isso soa como algo que Jesus disse: ‘Todos os que tiverem deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por minha causa, receberão cem vezes mais e herdarão a vida eterna’ (Mateus 19,29)” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 16 de maio de 2018


(At 20,28-38; Sl 67[68]; Jo 17,11-19) 
7ª Semana da Páscoa.

Temos a continuidade e a conclusão do discurso emocionado de Paulo aos Anciãos da comunidade de Éfeso, para que cumpram fielmente o seu ministério no desinteresse e fidelidade ao evangelho. Tudo isso numa atitude contínua de vigilância aos perigos que vem de fora e de dentro da própria comunidade. Nessa semana da unidade pedimos também pelos responsáveis de nossas comunidades para que renovados, fortalecidos e conduzidos pela força do Espírito possam ajudar na caminhada do nosso povo. O salmo 68,29-30.33-36 canta a ação de graças a Deus em seu poder: “De novo temos a ação de Deus em primeiro plano. Ao motivo do louvor junta-se o da súplica para que Deus manifeste novamente o Seu poder em favor de Israel, como fez no passado. A memória de como o Senhor interveio gera, quer a esperança numa nova intervenção, quer o louvor, a que são convidados todos os povos da terra” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 15 de maio de 2018


(At 20,17-27; Sl 67[68]; Jo 17,1-11) 
7ª Semana da Páscoa.

Paulo convoca um grupo de responsáveis da Igreja de Éfeso e diante deles faz uma avaliação da sua própria caminhada diante de Deus e sua missão, pressentido que deve partir, quer deixar claro que fez todo esforço possível para encaminhá-los nesse mesmo caminho da fé. Assim ele bendiz a Deus que o sustentou nessa caminhada em Sua fidelidade. A liturgia traz o salmo 68,10-11.20-21 para complementar esse louvor de Paulo. “Todas as vezes que Israel de desvinculou da Aliança, Deus permaneceu fiel. Por isso é o salvador do seu povo e é digno de louvor. O louvor nasce do reconhecimento de que o Senhor, em primeiro lugar, interveio e manteve-se fiel à palavra dada de geração em geração” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 14 de maio de 2018


(At 1,15-17.20-26; Sl 112[113]; Jo 15,9-17) 
São Matias, Apóstolo.

Com a ‘saída’ de Judas do grupo dos Apóstolos, foi necessária a escolha de alguém, que esteve ao longo da caminhada com eles no grupo dos discípulos, para substituí-lo. Isso não deixou de ser uma honra para aquele que foi escolhido, por isso o salmo traz na sua última estrofe a compreensão de que mesmo não sendo dignos, o Senhor nos escolhe ou nos quer a Seu serviço. Deus nos torna dignos por pura misericórdia: “Você não consegue descer mais do que uma pilha de lixo, um monte de cinzas. Se você está nessa situação, é como se tivesse chegado ao fim, como se não houvesse saída. Na verdade, se você tiver chegado ao fundo do poço, temos uma boa notícia. Isso significa que Deus tem a oportunidade de erguê-lo. O escritor do salmo 113 diz que Deus pode erguer do lixo aquele que está necessitado – física, emocional ou espiritualmente -, e pode fazê-lo sentar-se com príncipes (vv. 7-8). Nenhum cronograma é mencionado, mas, no tempo de Deus, ele irá erguê-lo do buraco da vida. O que ele pede que façamos nesse meio tempo é que confiemos nele – e continuemos a louvá-lo” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Festa da Ascensão – Ano B


(At 1,1-11; Sl 46[47]; Ef 1,17-23; Mc 16,15-20).

1. Para falarmos da Ascensão a cada ano resta-nos o evangelho, pois os dois textos que o antecedem se repetem a cada ano. O primeiro traz a segunda versão de Lucas para o mesmo episódio narrado pelos Atos dos Apóstolos. Daí nos damos conta que estamos mais diante de uma página teológica que histórica, carregada de elementos simbólicos que já comentamos. Ressurreição e Ascensão são duas faces de uma mesma moeda.

2. Por isso e para isso Paulo reza por nós, para que nos seja dada a sabedoria necessária, que ultrapassa o simples compreender humano, num desejo que nosso coração, iluminado pela fé, possa entender, nesse mistério de Cristo que celebramos, a esperança a que somos chamados. Sua ressurreição e ascensão dizem respeito à meta do nosso caminhar, mesmo envolvidos nas atividades dessa vida.

3. A ascensão de Jesus é sinônimo de uma Igreja que mesmo contando sempre com a sua presença espiritual, deve aprender a caminhar sem sua presença física. E os desafios não eram poucos.

4. Para muitos estudiosos do mundo bíblico, essa cena grandiosa de Marcos foi um acréscimo ao seu Evangelho. Uma pregação que deve atingir a toda criatura não nos deve confundir com o gesto de Santo Antônio que pregou aos peixes, diante da indiferença dos homens ou mesmo de São Francisco que buscava uma comunhão tão perfeita com toda a criação que chegava a conversar com os animais.

5. A pregação tem como destinatário o ser humano, pois é ele que submete a criação a um estado tal que cria uma ameaça a si mesmo. Uma vida fraterna e pacífica para todos e para tudo necessita de uma séria conversão, pois a harmonia da criação inteira, o respeito da natureza, o uso inteligente dos recursos energéticos faz parte das exigências morais da própria fé.

6. O texto também diz de certos sinais que irão acompanhar a pregação dos apóstolos como sinal da presença do Ressuscitado. A linguagem é estranha à nossa cultura, mas quem não já tenha visto ou ouvido alguns indivíduos recorrem a tais sinais para chamar atenção sobre si como uma espécie de privilegiados ou de quem tem ao seu lado a proteção divina?

7. Na realidade tal narrativa quer salientar aos ouvintes toda ordem de dificuldade que a pregação do evangelho encontraria pela frente. Um mundo novo já estava presente desde a presença de Jesus entre nós, mas esse nunca se daria sem as dores de parto e sem o testemunho concreto de vidas transformadas pela força da Palavra.

8. Por fim, numa linguagem própria dos reinados da época, o autor fala de como Jesus, em seu mistério e ministério foi reconhecido por Deus. E nessa certeza, os apóstolos partiram buscando perceber esses sinais que Jesus lhes oferecia de que não estavam sós. Do mesmo modo, nós também buscamos caminhar na fé fazendo uma leitura contínua de tudo que nos envolve e nesses mesmos fatos encontramos a certeza de que o caminho é por aqui...

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 12 de maio de 2018


(At 18,23-28; Sl 46[47]; Jo 16,23-28) 
6ª Semana da Páscoa.

Gradativamente vão se apresentando no caminho que Paulo vai percorrendo as lideranças e pessoas capazes de estender sua ação evangelizadora a outros. Um modo de Deus confirmar a missão do Apóstolo, não só para que perceba os frutos, mas principalmente experimentar o companheirismo de outros que Deus chama à fé. Retorna o salmo 47,2-3.8-10, é nosso canto do final de semana. Em Sua realeza e em suas escolhas Deus segue uma lógica diferente da do mundo. “Vislumbramos (ou deveríamos vislumbrar) como é o reinado de Cristo quando olhamos para a Igreja. Homens, mulheres e crianças de todas as nações e todas as etnias se unem em submissão e louvor ao Rei Jesus. Vivemos sob sua autoridade; fazemos tudo para agradá-lo. Ele é Rei; nós não somos. Essa submissão não nos é imposta. Não nos submetemos porque Jesus é maior do que nós e está pronto para nos dar uma paulada se sairmos de linha. Submetemo-nos voluntariamente. Fomos conquistados por seu amor, sua graça e sua bondade. Um dia, o reinado de Jesus se estenderá a todos os corações e a todas as pessoas. Alguns se submeterão com má vontade. Outros se submeterão voluntariamente, por já terem dobrado os joelhos a Jesus como Senhor e Salvador” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 11 de maio de 2018


(At 18,9-18; Sl 46[47]; Jo 16,20-23a) 
6ª Semana da Páscoa.

Como a preparar o coração de Paulo para as dificuldades advinda da missão, o Senhor o confirma em sua missão e o convida a não temer, pois estará ao seu lado. E assim vemos desenrolar de mais uma ida de Paulo diante das autoridades romanas e sua conclusão, mas Paulo tem o discernimento necessário para intuir o momento de partir. O alegre salmo 47,2-7, que voltaremos a cantar no domingo, festa da Ascensão do Senhor, exalta essa certeza de que Deus é soberano sobre a Terra, independente de todas as formas de autoridade conhecidas: “Neste momento, Deus governa como Rei sobre a terra. Às vezes, pode não parecer que seja assim. Governantes insignificantes desfilam pelo cenário mundial e lançam palavras que exaltam a si mesmos; mas o comportamento deles não muda a realidade. Nosso Deus reina! Chegará o dia em que esse fato ficará claro pelo reinado de Deus Filho, em glória e majestade, sobre toda a terra. Mas seu Reino neste exato momento é tão real quanto o esse Reino futuro” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 10 de maio de 2018


(At 18,1-8; Sl 97[98]; Jo 16,16-20) 
6ª Semana da Páscoa.

Corinto tem um papel importante no processo evangelizador de Paulo, pois é uma das mais importantes comunidades por ele fundada em meio a todos os desafios que essa cidade portuária comportava. Lá ele encontra esse apoio humano em Áquila e Priscila e por um ano e meio se dedica a convencer sobre Jesus mais com o testemunho do que com raciocínios lógicos. O salmo 98,1-4, que rezamos na semana anterior aqui se repete nessa visão de ação de graças por uma salvação que chega a muitos outros, pois é o próprio Deus quem conduz os passos dos Apóstolos. “Nos salmos de louvor, a salvação, experimentada de formas diversas, é motivo de alegria e de ação de graças. O Senhor operou uma grande vitória para Israel, suscitando a admiração dos povos. Israel e os gentios todos assim chamados a louvar em virtude da salvação recebida” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 9 de maio de 2018


(At 17,15.22—18,1; Sl 148; Jo 16,12-15) 
6ª Semana da Páscoa.

Paulo, agora em Atenas busca uma certa estratégia intelectual para convencer os atenienses de que o Deus desconhecido a quem veneravam era o Pai de Jesus, que o ressuscitou dos mortos. Mas não deu muito certo, apesar de algumas adesões ao novo caminho. De qualquer forma as sementes foram lançadas em solo grego. Apesar do aparente fracasso do nosso pregador, o salmo 148,1-2.11-14 se encarrega de louvar a Deus. “Tantas vezes recorremos a Deus apenas quando estamos necessitados. Quase sempre, para nós, ele não passa de um instrumento ou ferramenta subserviente aos nossos desejos e usado para atingir algum desígnio egoísta. É claro que Deus é nossa fonte, nossa salvação, nosso sustento. Mas ele deve, em primeiro lugar e fundamentalmente, ser visto como alguém totalmente belo em si mesmo, digno de todo louvor, toda glória e honra, ainda que não nos beneficiemos com sua bondade” (Samuel Storms in Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

 Pe. João Bosco Vieira Leite