Sexta, 01 de dezembro de 2023

(Dn 7,2-14; Sl Dn 3; Lc 21,29-33) 34ª Semana do Tempo Comum.

“Vós também, quando virdes acontecer estas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto” Lc 21,31.

“Na mensagem de ontem afirmamos que neste capítulo, em determinado momento, Jesus se refere à destruição de Jerusalém que aconteceu em 70 d.C., e noutro à sua segunda vinda. O contexto indicado para hoje, Lc 21,29-31, trata com o que haveria de ocorrer em breve, a saber, a destruição de Jerusalém. Deduzimos isso do fato de que Cristo afirmou que essas coisas aconteceriam antes que morressem todos que naquela ocasião estavam vivos. Contudo, quando Jesus afirma que o Reino de Deus estaria próximo, Ele torna a falar do fim dos tempos. Você poderia perguntar: Próximo? Já se passaram quase 1945 anos desde que Jerusalém foi destruída? Bem, a resposta que temos para dar é a mesma ainda: para Deus, que está fora do tempo, mil anos são como um dia e um dia como mil anos. Na eternidade, a dimensão do tempo é outra daquela que hoje temos. Na eternidade não envelheceremos, não ficaremos enfermos nem tão pouco morremos. Por enquanto, não temos todas as explicações. Quando, porém, estivermos com Ele, face a face, não mais haverá segredos e tudo será revelado. Continuemos a confiar na Palavra revelada por Deus, naquilo que temos escrito na Bíblia Sagrada. Deixemos que ela, pelo poder do Espírito Santo, nos oriente e continue sendo uma lâmpada para os nosso pés e uma luz para os nossos caminhos. Seguramente ela levará ao Reino de Deus que, segundo nossa contagem de tempo, pode estar distante ou muito mais próximo do que imaginamos. Amém. – Pai nosso, por vezes me parece demorando o retorno de teu Filho Jesus. Permita que teu Espírito Santo mantenha em meu coração a fé em ti e nas tuas promessas que a tua Palavra contém. Fica comigo e com todos os teus filhos para que um dia estejamos contigo, na eternidade. Amém (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 30 de novembro de 2023

(Rm 10,9-18; Sl 18[19ª]; Mt 4,18-22) Santo André, apóstolo.

“Quando Jesus andava à beira do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. [...] Jesus disse a eles: ‘Segui-me, eu farei de vós pescadores de homens’” Mt 4,18-19.

“Jesus escolheu seus apóstolos de preferência entre os pescadores. E o primeiro a ser chamado a seguir o Messias foi exatamente André, irmão mais velho de Pedro, dois pescadores. Com André respondeu ao chamado João, ambos discípulos do Batista. Foi o austero profeta quem apontou aos discípulos o Messias no homem de Nazaré que transitava perto das águas do Jordão. André e João não perderam tempo; seguiram Jesus, que se afastava, limitando-se a perguntar: ‘Onde moras?’ Um modo insólito de travar conhecimento, mas claro nas intenções de passar das fileiras do precursor às do esperado Messias. A André cabe ainda o mérito de ter levado a Jesus o irmão Pedro, que lhe passará adiante na consideração do Mestre, mas não tanto, visto que os evangelistas o colocam sempre logo após o irmão. Deixando de lado o elenco, o Evangelho acena três vezes ao apóstolo André: na multiplicação dos pães, quando ainda uma vez se faz de apresentador, conduzindo a Jesus um menino com poucos pães de cevada e alguns peixes; depois, de novo apresentador, quando se faz intermediário entre alguns forasteiros que em Jerusalém se dirigiram a André para serem apresentados a Jesus; finalmente, quando um pedido seu induz Jesus a predizer o fim inglório e trágico de Jerusalém. André é mencionado entre os apóstolos no cenáculo depois da Ascensão. Durante a vida pública de Jesus, ele viveu quase à sombra do irmão, fiel e silencioso ‘operário da vinha’, sem outra pretensão que a ser útil e sem pedir, depois de Pentecostes, uma posição diretiva, em razão de ter sido o primeiro a se pôr no seguimento do Messias. Faltando outras notícias diretas sobre a obra missionária de André, não resta se não confiar no que escreve Orígenes; segundo ele, o apóstolo teria evangelizado a Cítia (região entre o Danúbio e o Don), o Ponto Euxino, a Capadócia, a Galacia e a Bitínia, para passar depois a Acaia, onde logo sofreria o martírio com a crucifixão, em uma cruz em forma de X, chamada por isso ‘cruz de Santo André’. Suas relíquias, transportadas em 357 para Constantinopla, chegaram imprevistamente, segundo a tradição a Amalfi. Em 1462, o crânio do mártir foi levado a Roma, para a basílica de São Pedro” (Mario Sgarbosa – Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 29 de novembro de 2023

 

(Dn 5,1-6.13-14.16-17.23-28; Sl Dn 3; Lc 21,12-19) 34ª Semana do Tempo Comum.

“É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” Lc 21,19.

“Já se pode definir o homem como sendo a soma de defeitos e limitações que pouco a pouco vão sendo polidos e vão desaparecendo graças ao esforço do próprio homem e da graça. Se ao reconhecer seus defeitos e suas limitações, você se enerva contra si mesmo(a) e reage amargamente, você tornará pior sua situação e acrescentará outro defeito à soma já bastante avultada dos seus defeitos. Lembre-se de que a vitória de Jesus sobre o poder das trevas acompanha-nos por toda parte, desde que aceitemos sua exortação a perseverar: ‘É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação’ (v. 19)” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Terça, 28 de novembro de 2023

(Dn 2,31-45; Sl Dn 3; Lc 21,5-11) 34ª semana do Tempo Comum.

“Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído” Lc 21,6.

“O prenúncio da destruição do templo tem profundas implicações teológicas. Conforme antigas tradições, Deus mesmo escolhera Jerusalém como lugar de sua habitação no meio do seu povo. O templo era, pois, o lugar da sua morada. A certeza da presença divina era motivo de segurança não só religiosa, mas também política. Deus era o baluarte, o defensor do seu povo. A destruição do templo significava a perda desta segurança. O povo estaria entregue à própria sorte, sem ter quem o defendesse. Seu futuro descortinava-se sombrio e incerto. Podia contar com guerras e revoluções, com seu elenco macabro de consequências. Estaria Deus realmente abandonando seu povo? Ou o Deus de Israel seria tão impotente a ponto de não ter como defender os seus eleitos do furor incontrolável dos seus inimigos? Estaria Jesus anunciando a desmoralização total da religião de Israel? As palavras do Mestre funcionavam como um premente alerta tanto para os discípulos quanto para o povo em geral, com relação à falsa esperança colocada no templo. Afinal, a beleza dele era precária e não estava imune da destruição. Era imprudente fazer Deus depender de realidade tão pouco consistente. Chegara o tempo de perceber que a presença de Deus no meio do seu povo acontecia na pessoa e no mistério de Jesus. Este era o verdadeiro templo que o Pai jamais deixaria ser destruído. – Pai, teu Filho Jesus é sinal de tua presença no meio da humanidade. Que eu saiba acolhê-lo como manifestação de tua misericórdia, e só nele colocar toda a minha segurança (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Segunda, 27 de novembro de 2023

(Dn 1,1-6.8-20; Sl Dn 3; Lc 21,1-4) 34ª Semana do Tempo Comum.

“A esses quatro jovens Deus concedeu inteligência e conhecimento das letras e das ciências, e a Daniel,

o dom da interpretação de todos os sonhos e visões” Dn 1,17.

“De acordo com a história, em 606 a.C. o rei da Babilônia, Nabucodonosor, invadiu Israel e levou consigo muitos prisioneiros. Entre eles encontrava-se Daniel e seus três amigos Ananias, Misael e Azarias, cujos nomes foram modificados na ordem para Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Estes quatro jovens foram separados, a mando do rei, para receber uma alimentação diferenciada durante três anos, bem como para estudar o fim de que tivessem capacidade de servi-lo no palácio. Sendo fiéis às tradições e ensinamentos judaicos, os quatro amigos não quiseram comer a comida que lhes era servida. Deus, por seu lado, concedeu-lhes conhecimento e compreensão de toda a literatura e sabedoria dos babilônicos, sendo que Daniel se tornou mestre em interpretar qualquer visão ou sonho. Depois de três anos de preparo, verificou-se que estes quatro eram os mais capazes, sendo que por isso ficaram servindo ao rei no palácio real. Fidelidade a Deus, foi isso que estes quatro jovens judeus, que foram levados ao exílio babilônico, tiveram. Fidelidade a Deus, é isso que Ele também espera de cada um de nós. Se prestarmos atenção veremos que não são poucas as tentações que nos sobrevêm e que nos querem levar à infidelidade. Querem alguns exemplos? Aquele que é casado é tentado a trair seu cônjuge. O jovem a drogar-se e a ficar com que puder. O líder religioso a aceitar ensinamentos contrários à Palavra de Deus para não enfrentar dissidentes e se dar bem com os que não a aceitam. O político a ganhar dinheiro de modo irregular. Sim, tentações e mais tentações. Por isso, cuidemos para não cair em alguma delas. Por isso, continuemos a orar pedindo que Deus fortaleça a fé. – Perdoa, Senhor, as minhas infidelidades. Ajuda-me para que eu tenha forças para lutar e vencer as tentações. Amém (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo – Ano A

(Ez 34,11-12; Sl 22[23]; 1Cor 15,20-26.28; Mt 25,31-46)

1. Nesse último domingo do Tempo Comum, celebramos a festa de Cristo Rei. O evangelho nos sugere aquele que será o último ato da história humana: o juízo universal. Aquele que um dia foi apresentado como Rei, de pé e acorrentado, perante Pilatos, agora aparece sentado, para julgar os homens e a história.

2. Esta cena faz parte da fé imutável da Igreja e em seu credo continua a proclamar: “E de novo a de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos. E o seu reino não terá fim”.

3. Nesses tantos milênios de vida sobre a Terra, o ser humano se acostumou a tudo; se adaptou ao clima, imunizou-se diante de tantas doenças. Mas há algo ao qual não se adaptou: as injustiças. Continua a senti-la como algo intolerável. Nos rebelamos diante da ideia do mal, a prepotência que permanece não punida e triunfante. É a esta sede de justiça que responderá o juízo.

4. Sem essa fé no juízo final, todo o mundo e a história tornam-se incompreensíveis, escandalosos. Quem já visitou a praça de São Pedro em Roma, a princípio acha confusa a disposição das colunas ao redor da praça, mas basta colocar-se num determinado ponto ali marcado e sua observação muda completamente. Como por encanto, elas se alinham como se fosse uma só coluna. É o milagre da perspectiva. Precisamos colocar-nos no ponto justo, para entrever alguma ordem no caos. Este ponto é o juízo de Deus. 

5. A cada dia se somam mais notícias de atrocidades. Criminosos horrendos se dizem inocentes com um sorriso nos lábios, pois parecem ter no ‘bolso’, juízes e tribunais. A liturgia quer nos lembrar que o verdadeiro juízo ainda não se deu. Ele nos espera do outro lado da porta.

6. Que será daqueles que não só não deram de comer a quem tinha fome, mas lhe tiraram a comida; não só não hospedaram o forasteiro, mas os tornaram hóspedes e forasteiros; que não só não visitaram um encarcerado, mas o colocaram injustamente na prisão, sequestraram, abusaram, mataram?

7. Mas não podemos nos iludir olhando as coisas somente a partir de grandes injustiças. Tudo isso reflete, um pouco, certas situações em que vivemos nós diante dos mandamentos divinos. Nós violamos alegremente esses mandamentos, um após o outro, muitas vezes com a desculpas de que todos fazem assim. Mas Deus não os revogou por causa disso. Assim o evangelho nos diz que nossa segurança é fictícia, um terrível engano. 

8. Quantas vezes, no mundo político, reagimos indignados quando finalmente pensamos que se fará justiça e de repente toda a responsabilidade penal vem cancelada; é isto que também esperamos de Deus, no plano espiritual: uma esponja que apague tudo. Pois, se diz, Deus é bom e perdoa tudo. Se não fosse assim, que Deus seria? Sem pensar que se Deus cedesse a um pacto com o pecado, entraria em colapso a distinção entre o bem e o mal e com isso o Universo inteiro.

9. Não podemos deixar no esquecimento que biblicamente Deus também pode ter uma ‘mão pesada’. Ou de modo muito simples: Deus é bom, mas não é bobo.

10. Alguém poderia tentar se consolar dizendo que, afinal de contas, o dia do juízo é algo distante, talvez daqui a milhões de anos. Mas Jesus, no Evangelho, nos responde: ‘Tolo, quem lhe assegura que nessa mesma noite não pedirão conta da tua vida?’

11. O tema do juízo final se entrelaça, nessa liturgia, com aquele do bom pastor em nosso salmo. O sentido é claro: no momento Cristo está conosco como Bom Pastor, um dia será constrito a ser nosso juiz. Agora é o tempo da misericórdia, depois virá o tempo da justiça.

12. Para nós está a escolha, em tempo, escolher quem queremos encontrar: com o Juiz ou Bom Pastor? Oxalá, esse tempo que passamos juntos refletindo sobre o Evangelho nesse ano, nos tenha ajudado a conhecer melhor o Bom Pastor e assim a não temer o Juiz.

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Sábado, 25 de novembro de 2023

(1Mc 6,1-13; Sl 9A[9]; Lc 20,27-40) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Aproximaram-se de Jesus alguns saduceus que negam a ressurreição, e lhe perguntaram: ‘Mestre, Moisés deixou escrito: ‘Se alguém tiver um irmão casado e este morrer sem filho, deve casar-se com a viúva a fim de garantir a descendência para seu irmão’” Lc 20,27-28.

“A questão levantada pelos saduceus visava fazer Jesus passar por tolo. Eles pensavam enredá-los numa pergunta impossível de ser respondida e, assim, acusá-lo de pregar uma doutrina sem fundamento. Com isso, queriam desautorizá-lo como Mestre.  Os saduceus formavam a casta sacerdotal de Jerusalém. Controlavam as atividades do templo, especialmente a enorme circulação de dinheiro, e o comércio. Aliaram-se aos dominadores romanos como forma de garantir seus benesses. Quanto à moral, eram relaxados; quanto à religião, conservadores. Aceitavam como divinos e inspirados apenas a Torá, os cinco primeiros livros da Bíblia. A história matrimonial que forjaram baseava-se na chamada Lei do Levirato, prescrita pelo Deuteronômio. Para acompanhar a resposta de Jesus, seus interlocutores deveriam refletir, tendo como referencial um esquema teológico ao qual estavam acostumados. Deviam superar a ideia de que a procriação humana continua no Céu, onde as pessoas vivem numa felicidade perfeita, sem as vicissitudes humanas. Deviam ler com mais atenção a parte da Bíblia à qual estavam apegados e verificar que ela fala de um Deus de vivos e não de mortos. Deviam deixar de lado um modo de pensar falso e sofisticado, sem fundamento. Pois, se Deus vive e é Deus dos vivos, aqueles aos quais ele ama haverão de viver, igualmente, para sempre. Tal é o fundamento da ressurreição dos mortos. – Pai, és Deus da vida e Deus dos vivos, e queres todos os seres humanos em comunhão contigo para sempre. Ajuda-me a viver, já nesta vida, em comunhão eterna (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Sexta, 24 de novembro de 2023

(1Mc 4,36-37.52-59; Sl 1Cr 29; Lc 19,45-48) 33ª Semana do Tempo Comum.

“E disse: ‘Está escrito: ‘Minha casa será casa de oração’. No entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões’”

Lc 19,46.

“Para facilitar a troca de dinheiro aos judeus que vinham da Diáspora ao templo do Senhor e para que pudessem pagar os impostos sagrados em moeda do templo havia os cambistas; e depois estendeu-se o acesso aos mercadores que, em pontos autorizados, vendiam as vítimas que eram adquiridas, para a seguir oferece-las, ali mesmo, no templo, visto que na festa da Páscoa todo israelita deveria oferecer um sacrifício que consistia em um boi ou uma ovelha pelos ricos, ou uma pomba pelos pobres; além disso, todo israelita, tendo completado a idade de vinte anos, devia pagar anualmente, ao templo, meio siclo. Jesus Cristo, ao ver aquele espetáculo, fez um chicote de cordas e expulsou os vendedores e os que compravam. Este evangelho nos ensina que o templo, casa de Deus, lugar de sua morada especial, é o lugar onde ele deseja ser adorado e reverenciado de um modo muito particular devido à sua especial presença nele. Os antigos comerciantes de templo de Jerusalém profanaram o templo e mereceram ser repreendidos e castigados por Jesus; contudo, os cristãos da atualidade, com bastante frequência mereciam igual tratamento com indignação parecida, pelas profanações da casa de Deus que, se transforma em mercado ou feira, torna-se uma espécie de salão de reuniões ou de festas, aditando atitudes indignas da casa de Deus, estando no templo de qualquer maneira, menos com respeito, a reverência e o silêncio que a presença de Deus exige, que todo cristão sabe e crê que está de modo particular no Sacrário. O templo é a casa de Deus e por isso mesmo ‘é casa de oração’ (v.46). onde cada qual se apresenta para orar e escutar a palavra de Deus. Isso exige devoção, respeito e silêncio” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 23 de novembro de 2023

(1Mc 2,15-29; Sl 49[50]; Lc 19,41-44) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Eu, meus filhos e meus irmãos continuaremos seguindo a aliança de nossos pais” 1Mc 2,20.

“O trecho narra o início da revolta dos Macabeus. A apostasia imposta pelos enviados do rei Antíoco IV Epifânio, com a obrigação de os hebreus oferecerem sacrifícios, provoca a violenta reação do sacerdote Matatias, que degola sobre o altar um hebreu que sacrificava segundo o decreto do rei. Isto justifica o abandono da cidade, a fuga de Matatias para os montes e a constituição de um grupo armado em oposição ao soberano. [Compreender a Palavra]: O texto deve ser entendido dentro da crise que surgiu sob o domínio de Antíoco IV Epifânio e que, entre 167-164 a.C., se tornou ‘zelo pela lei’, defesa a todo o transe daquilo que era considerado o valor supremo da religião hebraica. As palavras dos mensageiros do rei colocam o problema da apostasia, ou seja, do abandono da Torá por parte de alguns hebreus. O sacerdote Matatias, também em nome dos seus filhos, rejeita altivamente o convite de passar para o número dos ‘amigos do rei’ (v. 18), exprimindo a sua firme intenção de querer continuar a ‘seguir a Aliança dos antepassados’ (v. 20), isto é, de querer manter a sua fidelidade ao pacto estipulado por Deus com Israel (cf. Ex 1,19.24; 34). Matatias distingue-se pelo ‘zelo’ da Lei (cf. v. 24), por uma fidelidade tão extrema e apaixonada que o leva a matar quem transgride a Lei, quer a colocar em perigo a sua vida na resistência armada. Neste sentido, a figura de Matatias recorda outra personagem bíblica, Fineias que, segundo a narração do Livro dos Números, matou um israelita e sua mulher, uma moabita, porque as filhas de Moab, seduzindo os filhos de Israel os levavam ao culto de Baal de Fegor (cf. 25,7-13)” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 22 de novembro de 2023

 (2Mc 7,1.20-31; Sl 16[17]; Lc 19,11-28) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus acrescentou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém e eles pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo” Lc 19,11.

“A parábola evangélica tem como pano de fundo um fato histórico. Arquelau, um dos filhos de Herodes, tinha viajado para Roma com o intuito de pedir ao imperador César Augusto para confirmá-lo no trono, com o título de rei.  Arquelau era perverso como seu pai, por isso o povo judeu o odiava. Foi por essa razão que uma delegação judia seguiu também para Roma para se opor, diante do imperador, contra a nomeação. A questão foi contornada pela autoridade romana que concedeu a Arquelau apenas o título de tetrarca. Desconhece-se qual terá sido sua reação ao voltar. Contudo, a ordem do rei mandando trucidar seus inimigos na presença dele, pode revelar a ira contra seus opositores. Pouco tempo depois foi destituído do cargo. A parábola oferece pistas para compreender o que está para acontecer com Jesus. Ele é quem está para ser investido rei pelo Pai. Isto exigirá dele passar, antes, pela morte e, depois, ressuscitar. O tempo de sua ausência é oferecido aos discípulos como oportunidade para fazerem frutificar os dons recebidos de Deus. Os sensatos e responsáveis irão, logo, fazê-los multiplicar. Os medrosos permanecerão bloqueados. E seus dons estarão fadados a esterilidade. Além disso, os inimigos de Jesus, contrários à sua condição de Messias, irão perseguir a comunidade dos discípulos. Todavia, ao voltar, revestido de poder real para realizar o juízo, o Mestre retribuirá a cada um conforme se tiver comportado. A prudência aconselha, pois, o caminho da fidelidade ao Messias Jesus. – Pai, faze de mim um discípulo fiel de Jesus a quem deverei prestar contas do bom uso dos dons que me concedeu. Que eu seja prudente no meu agir” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 21 de novembro de 2023

(Zc 2,14-17; Sl Lc1; Mt 12,46-50) Apresentação de Nossa Senhora.

“Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão,

minha irmã e minha mãe” Mt 12,50

“Nada diz a Sagrada Escritura sobre a Apresentação de Nossa Senhora Menina ao Templo. Este fato, todavia, fundado em antiga e autorizada tradição, é reconhecido pela Igreja que dele faz objeto de particular festa mariana. Aliás, não é tanto o fato em si mesmo que interessa quanto sua significação que não dá lugar a dúvidas. Desde a primeiríssima idade, deu-se Maria toda a Deus e se dedicou inteiramente ao serviço divino. Imaculada em sua Conceição e, portanto, isenta de qualquer sombra de pecado, abriu-se toda a Deus, disponível à sua Vontade, livre de se dar a ele com toda a força de um amor que desconhece as tardanças, os obstáculos, as alternativas provenientes de uma natureza ferida pelo pecado. A imaculada pureza de Maria, cheia de graça, capacita-a para aderir a tudo o que lhe propõe Deus, a tudo o que lhe agrada. Absolutamente pleno é o dom de si, em Maria: ultrapassa o dom de qualquer outra simples criatura; supera-o apenas o dom do Homem-Deus. Desde o início da existência, Maria foi ‘escrava do Senhor’ (Lc 1,38), a quem amou e serviu com todas as forças. Atitude já longamente vivida foi a resposta de Maria ao Anjo da Anunciação. Realmente, antes de pronunciá-la, ouviu Nossa Senhora estas palavras: ‘Não temas, Maria, pois achastes graça diante de Deus’ (ibidem, 30). À iniciação livre do Altíssimo que a quis Imaculada e cheia de graça, achou nova graça junto do Altíssimo que a escolheu para Mãe de seu divino Filho. Sublime é a grandeza de Maria, mas com tanta simplicidade vivida que não desanima nem oprime ninguém. Ao contrário, atrai e convida todos a seguirem seu exemplo. Recebida no batismo, a Graça sustenta os cristãos na luta contra o pecado. Chama-os, além disso, a conseguir uma pureza imaculada, uma liberdade plena, semelhante à de Maria. Só assim poderão dar, como Nossa Senhora, e com seu auxílio, resposta generosa ao dom de Deus! Pela plena correspondência à Graça, nova graça receberão, que os tornará capazes de uma resposta generosa” (Gabriel de Sta. Maria Madalena, OCD – Intimidade Divina – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 20 de novembro de 2023

(1Mc 1,10-15.41-43.54-57.62-64; Sl 118[119]; Lc 18,35-43) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Então o cego gritou: ‘Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim’” Lc 18,38.

“Jesus é aclamado como Messias pelo cego de Jericó, pois o título que lhe dá de ‘Filho de Davi’ era um título claramente messiânico; tendo sido realizado o milagre, a multidão reafirma o título dando glória a Deus. Em tudo isso manifesta-se a fé do cego: nem bem lhe dizem que quem se aproxima é Jesus de Nazaré, deixa escapar o grito cheio de esperança: ‘Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim’, com que expressava sua fé no poder de Jesus, poder que lhe vinha da messianidade, pois ele era o ‘Filho de Davi’, isto é, o Messias. A fé do cego, uma vez curado, leva-o à comunidade; a multidão ao ver a glória de Deus e a maravilha operada por Jesus, ‘deu glória a Deus’ (v. 43). A fé sempre conflui para a comunidade dos crentes; como a salvação, é vinculada à comunidade dos crentes, quanto mais alguém se aproxima da comunidade, mais se aproxima da salvação. Você deve deduzir daí a importância que tem o sentido comunitário que você deve dar à sua fé, e como deve viver sua fé na comunidade, com a comunidade e para a comunidade. Graças à fé, o cego mereceu a cura, como expressamente adverte Jesus: ‘Tua fé te salvou’ (v. 42). A fé salvou o cego e pode salvar você, sempre que ela for como a do cego: confiante, firme e perseverante. A gratidão do cego é também digna de admiração: assim que recebeu a graça pedida de recuperar a vista, seguia Jesus, glorificando a Deus’ (v. 43). Quantas e quantas graças você recebeu do Senhor; veja quantos motivos para segui-lo e glorificar sua bondade” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

33º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Pr 31,10-13.19-20.30-31; Sl 127[128]; 1Ts 5,5-6; Mt 25,14-30)

1. A 1ª leitura desse domingo contém um célebre elogio à mulher que é necessário prestar atenção, em parte. Este elogio, assim belo, tem um defeito, que não depende obviamente da Bíblia, mas da época em que foi escrito e da cultura que esse reflete.

2. Não é difícil perceber que esse elogio à mulher está inteiramente em função do homem. A conclusão seria: feliz o homem que tem tal mulher. Não creio que as mulheres em nosso tempo seriam muito entusiastas de tal elogio.

3. Para conhecer o verdadeiro e definitivo pensamento da Bíblia a respeito da mulher é necessário olhar a atitude de Jesus para com elas. Que, certamente, na mentalidade atual, não foi ‘feminista’; não fez nenhuma análise ou crítica explícita às instituições ou relações entre classes ou sexos. Sua missão se coloca sobre o plano onde a diferença entre macho e fêmea não tem nenhum peso. Ambos são imagem de Deus, ambos precisam de redenção.

4. E justamente por isso, Jesus é capaz de colocar em evidência as situações atuais de sujeições da mulher em confronto com o homem. Ele é livre diante delas. Diferentemente de todos os outros, não as vê como uma ameaça e isto lhe permite romper tantos preconceitos.

5. Não desdenha de falar com as mulheres, de ensiná-las, de fazê-las discípulas. É elas que se tornam as primeiras testemunhas de sua ressurreição. Jamais saiu de sua boca uma palavra de desprezo ou de ironia com relação à mulher, que era algo comum na cultura do seu tempo impregnada de misoginia, como ainda hoje.

6. Ele cura várias mulheres, restituindo-lhes não só a saúde, mas a própria dignidade. Em Lc 13,10ss temos a emblemática cura de uma mulher encurvada. Que não se trata apenas de uma mulher encurvada, mas de inumeráveis mulheres que caminham encurvadas não por uma doença na espinha dorsal, mas pela opressão a que vivem submetidas em quase todas as culturas. 

7. Esta liberdade, qual esperança contida nas palavras de Jesus: “Mulher, eis que está liberta da tua enfermidade...” é um dos fatos mais positivos da nossa época: a emancipação da mulher e a igualdade de direitos. João Paulo II foi um dos papas a saudar esse novo cenário com uma encíclica sobre a dignidade da Mulher (Mulieris dignitatem). 

8. Isso não quer dizer que todos os problemas foram resolvidos. Em certas áreas culturais, o espírito de escravidão é ainda presente e a libertação da mulher ainda está por se concretizar. Mulheres que depois de um breve período de juventude, tornam-se esposas e mães, reduzidas a escravas: dos maridos, dos filhos, do trabalho; sem alegrias ou beleza.

9. Mas o evangelho não fala de renúncia de si, de mortificação, de abnegação? Não desta forma. Não deste tipo de mortificação. Este estilo de vida não faz viver, impede a alegria e de dar alegria. Empobrece a família. Uma mulher escrava em casa, corresponde comumente a uma amante fora de casa... 

10. Há mulheres reduzidas a uma coisa, a um corpo bonito, instrumentalizadas. Mas sabemos que muitas não são somente vítimas de uma situação, são também, em parte cúmplices. O autor do Gênesis diz logo após a queda de ambos que o desejo da mulher a levará ao encontro do homem e este a dominará.

11. Enfim, se me é permitido dizer, a mulher não deve conceber a vida só em função do homem, não deve apostar todas as suas fichas em tentar ser-lhe agradável e atrair sua atenção e olhar desejoso. Se for tão somente por aí, acabará escrava de alguém que a vê a partir do sexo, e muito pouco mais que isso... 

12. Hoje continua essa discussão de igualdade de direitos entre homens e mulheres. É certamente um sinal dos tempos, uma coisa importante. Mas tal luta não se trava simplesmente sobre a redação de documentos ou leis. Há uma cura profunda que se deve operar a partir do coração tanto da mulher como do homem.

13. E isso se dá a partir desse olhar que Deus tem para cada mulher, da compreensão da sua dignidade e liberdade. Conta-se que a filha de um rei da França tratava duramente sua jovem camareira. Um dia, irritada, lhe disse, “Não sabe você que sou a filha do seu rei?”. A jovem camareira lhe respondeu: “E por um acaso você não sabe que sou filha do seu Deus?”

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 18 de novembro de 2023

(Sb 18,14-16; 19,6-9; Sl 104[105]; Lc 18,1-8) 32ª Semana do Tempo Comum.

“Como cavalos soltos na pastagem e como cordeiros, correndo aos saltos,

glorificaram-te a ti, Senhor, seu libertador” Sb 19,9.

“O trecho está situado no contexto na terceira parte do Livro da Sabedoria (cap. 10-19), onde, particularmente a partir do capítulo 11, se descreve uma evocação da História salvífica do Êxodo, segundo a exegese própria do midrash. Os versículos de hoje constituem o ápice da evocação, dois momentos: a irrupção da Palavra (18,14-15); a saída do mar Vermelho (19,6-10). [Compreender a Palavra]: Toda a evocação do êxodo articula-se no Livro da Sabedoria segundo cinco dípticos, que contrapõem dois momentos da ação de Deus: o que Ele realizou contra os Egípcios; como agiu a favor dos hebreus. Esta seção, ao referir-se à noite e ao silêncio, conduz-nos ao primeiro momento e narra-nos os três dias da praga das trevas, da qual, segundo o Livro do Êxodo, tinham feito a experiência só os egípcios (cf. Ex 10,21-23). Mas na escuridão mais profunda, eis que irrompe a Palavra onipotente de Deus, representada por um guerreiro que se ergue da terra ao céu a favor do seu Povo. Da Palavra, das ordens do Senhor, tem origem uma nova criação que, transformando a água em terra enxuta, o mar Vermelho em estrada, a água em verde planície, atua a salvação e a libertação de Israel. E do povo, exultante de alegria tal como dos cavalos e dos cordeiros deixados livres no pasto, saem cânticos de júbilo ao Deus libertador” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 17 de novembro de 2023

(Sb 13,1-9; Sl 18ª[19]; Lc 17,26-37) 32ª Semana do Tempo Comum.

“Como aconteceu nos dias de Noé, assim também acontecerá nos dias do Filho do Homem” Lc 17,26.

“Ao alertar os discípulos sobre a Parusia – a vinda do Filho do Homem –, Jesus retoma antigas histórias onde o gozo materialista da vida impedia que a humanidade se desse conta dos apelos prementes de Deus. O dilúvio destruiu a Terra porque a humanidade levava uma vida dissoluta, vivendo na corrupção e na violência. Alheios aos anseios de Deus, ‘comiam, bebiam, casavam-se’, até que veio a destruição total. O destino de Sodoma deveu-se à semelhante insensatez. Contaminados pelos vícios e pela maldade, os sodomitas levavam uma vida de pecado e dissolução – ‘comiam, bebiam, vendiam, compravam, plantavam. Construíam’ –, prescindindo, por completo, da vontade divina. O gesto da mulher de Lot foi também recordado como exemplo de apego inútil à posse de bens terrenos. Lot e todos os seus familiares foram proibidos de olhar para trás ao se afastarem da cidade pecadora. Mas sua mulher, apegada ao que estava deixando, desobedeceu a ordem divina. Por isso foi castigada. Desta volta ao passado, Jesus tirou uma conclusão: ‘Quem procura ganhar a sua vida, vai perde-la, e quem a perde, vai conservá-la’. Portanto, supervalorizar os bens terrenos, julgando encontrar neles segurança e salvação, é uma atitude indigna do discípulo do Reino. A preparação para o encontro com o Senhor exige desapego, partilha, relativização dos bens deste mundo, de modo que seu coração fique totalmente disponível para Deus – Pai, dá-me suficiente sensatez para não buscar segurança e salvação nos bens deste mundo, pois só as encontro junto de ti, na obediência fiel à tua vontade (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Quinta, 16 de novembro de 2023

 

(Sb 6,1-11; Sl 81[82]; Lc 17,11-19) 32ª Semana do Tempo Comum.

“Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração” Lc 17,19.

“Jesus, o Messias, há de chegar a cumprir sua obra messiânica de salvação e redenção, por meio do sofrimento e da humilhação, e a Igreja, que é encarregada de continuar a obra salvadora para todo mundo, vive hoje a experiência de caminhar no mundo mediante o sofrimento e a perseverança até a glória que receberá no seu dia. Custa-nos a nós cristãos convencer-nos da necessidade do sofrimento e da cruz, para poder-nos chamar verdadeiramente cristãos. ‘O discípulo não é superior ao mestre; mas todo discípulo perfeito será como o seu mestre’ (Lucas 6,40): por conseguinte, se o Mestre teve uma vida sacrificada e de sofrimentos contínuos, a vida que o discípulo aspira não pode ser de condição diferente. O sofrimento será, pois, a pedra de toque que avalia e demonstra a autenticidade do espírito evangélico. Nenhuma religião apresentou a divindade sofrendo; parecia que o sofrimento fosse próprio da humanidade. No entanto, o cristianismo nos apresenta um Deus cravado na cruz e morrendo nela por amor aos homens, para salvá-los da condenação eterna” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Quarta, 15 de novembro de 2023

 (Sb 6,1-11; Sl 81[82]; Lc 17,11-19) 32ª Semana do Tempo Comum.

“Escutai, ó reis, e compreendei. Instrui-vos, governadores dos confins da terra!” Sb 6,1.

“O texto abre com uma advertência dirigida aos reis e aos governantes de toda a Terra, através de uma tríplice exortação: ‘Escutai’; ‘trata de compreender’, ‘aprendei’ (v. 1). A exortação explicita-se, depois, na arte central, numa dupla afirmação: o poder vem só de Deus; os reis devem aprender a Sabedoria. A conclusão exorta novamente ao ‘desejo’ de aprender, indicado como pressuposto indispensável para a instrução (cf. v. 11). [Compreender a Palavra]: O texto contido em Sb 6,1-11 é um ensinamento sapiencial dirigido aos governantes da Terra. Em linha com a tradição bíblica, recorda aos reis e aos poderosos que existe um único Reino, o de Deus, de que eles são os servos (‘Ministros do seu reino’, v. 4). Os governantes, porém, não só não podem gloriar-se do seu poder sobre as multidões e sobre os povos, mas devem saber que estão submetidos ao juízo divino. Deus é um juiz imparcial com todos, tal como é misericordioso com todos, mas o Seu juízo é tanto mais severo quanto mais os governantes abusarem do seu poder (cf. vv. 5-8). Os poderosos, portanto, para evitarem cair e sair do caminho reto devem aprender a Sabedoria: poderão assim ser reconhecidos como santos no dia do juízo (cf. vv. 9-11). Neste texto a Sabedoria é vista como uma norma de vida, em vista do juízo escatológico” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 14 de novembro de 2023

(Sb 2,23—3,9; Sl 33[34]; Lc 17,7-10) 32ª Semana do Tempo Comum.

“Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis;

fizemos o que devíamos fazer’” Lc 17,10.

“A parábola do senhor e do servo põe em xeque uma mentalidade muito em voga entre os fariseus do tempo de Jesus. No trato com Deus, muitos deles eram movidos pela teoria da recompensa: tenho o direito de ser recompensado por todo bem que faço. E julgavam poder exigir o pagamento devido por suas virtudes e boas obras, como se estivessem em pé de igualdade com Deus. Era preciso acautelar os discípulos contra este perigo. A distância que separa o Pai do discípulo é infinita, embora haja entre eles profunda relação. Nesta dinâmica de proximidade e distância, o discípulo se reconhece servidor do Pai, mas com plena liberdade. E jamais se julga no direito de exigir dele qualquer recompensa. Esta será tão somente fruto do amor misericordioso do Pai. A constatação de sermos ‘servos inúteis’ não indica que as ações humanas sejam desprovidas de valor diante de Deus, como se a pessoa, por mais que se esforce, jamais consiga fazer algo que, de fato, agrade a Deus. O sentido é bem outro e tem a ver com a humildade cristã. O discípulo faz o bem e se esforça por ser justo e misericordioso, porque nisto deve consistir a sua vida, e não porque agindo assim Deus irá recompensá-lo. Basta-lhe a consciência de saber que age em conformidade com o querer divino. Tudo mais está entregue à benevolência de Deus.  – Pai, reconhecendo-me servo inútil, quero esforçar-me para ser justo e misericordioso. Somente assim serei agradável a ti (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Segunda, 13 de novembro de 2023

 (Sb 1,1-7; Sl 138[139]; Lc 17,1-6) 32º Semana do Tempo Comum.

“Jesus disse a seus discípulos: ‘É inevitável que aconteçam escândalos.

Mas ai daquele que produz escândalos!’” Lc 17,1.

“Chama-se escândalo a todo tropeço no caminho da fé, a tudo aquilo que induz ao mal, ao pecado. Jesus falou várias vezes contra os que provocam o escândalo; não podem ser mais duras as suas expressões, como quando afirma: ‘Mas, se alguém fizer cair em pecado um desses pequenos que creem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho, e o lançassem no fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos!’ (Mateus 18,6-7). O escândalo implica uma ofensa ao irmão, e essa ofensa deve ser perdoada. O perdão ao irmão que ofende é uma exigência do evangelho e a expressão ‘sete vezes ao dia’ indica número indeterminado de vezes, isto é: ‘sempre’. O dever do perdão não admite limites; é um preceito universal. A prática dos judeus, conforme um texto do Talmude, era perdoar três vezes; Jesus Cristo aperfeiçoa a lei e suprime todo limite no preceito: deve-se perdoar sempre. Isso deve fazer-nos meditar, nós cristãos, tão reacionários em certas ocasiões, em perdoar àqueles que nos ofendem; somos sensíveis no acusar a ofensa recebida, mas somos difíceis e rígidos no compreender, dissimular e esquecer as ofensas; o perdão aos que nos ofendem constitui-se assim em um dos mais difíceis preceitos do evangelho; porém, mesmo sendo difícil, não deixa de ser obrigatório. Jesus diz que é necessário que venham os escândalos, dado que o homem é livre e, consequentemente, abusando da liberdade, pode abraçar-se ao mal, desprezando o bem; porém o próprio Jesus pronuncia um de seus mais temíveis anátemas contra aqueles que escandalizam. Uma coisa é pecar por fraqueza; outra, fazê-lo premeditadamente e organizar os meios de comunicação social e progressos modernos para apresentar o pecado sob a forma mais sedutora e atraente; todos deveriam recordar a afirmação de Jesus e não tomá-la como exagero: ‘Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar’ (v. 2)” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

32º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Sb 6,12-16; Sl 62[63; 1Ts 4,13-18; Mt 25,1-13)

1. O nosso ano litúrgico caminha para o seu final e a liturgia, tradicionalmente nos convida a lançar um olhar para frente, para as últimas realidades. O texto principal, que é o Evangelho, traz o tema da vigilância, da vinda última de Cristo, convidando-nos, com a 1ª leitura, a uma atitude de sabedoria, de sensatez, enquanto esperamos.

2. Mas o outro tema, que se liga com esse, está na 2ª leitura, onde Paulo busca trazer um pouco de luz ao tema da morte que marca o início desse mês de novembro. Que nos diz a fé cristã a respeito desse tema? Algo simples e grandioso: a morte é uma realidade, é o maior dos nossos problemas..., mas Cristo venceu a morte!

3. Com Cristo, essa realidade se reveste de outra compreensão. Cristo a venceu não evitando-a ou repelindo como um inimigo de que devemos nos desbaratar. A vence submetendo-se a ela em todo seu amargor. Ele a vence a partir de dentro.

4. Vários textos do Novo Testamento deixam claro essa luta que Ele mesmo travou com a morte, compartilhando nosso medo. É Ele que chora de pavor no Getsêmani. E grita na cruz, sentindo-se abandonado. Ele entra na morte como quem atravessa um espaço escuro sem saber o que ali se esconde.

5. É na confiança em Deus que Ele faz sua travessia. Mas aquele homem trazia dento de si o Verbo de Deus que não pode morrer. A morte se deu conta que não podia ‘digerir’ a Cristo e teve que devolvê-lo à vida. Jesus cita essa realidade ao falar da experiência de Jonas no ventre da baleia.

6. Assim, temos uma releitura da morte como um processo de passagem, uma Páscoa. Através dela entramos na verdadeira vida, que não conhece a morte. Essa é a novidade cristã: nós pertencemos a Deus mais que a nós mesmos. A sua morte é mais nossa que a nossa própria morte.

7. Quando se trata da morte, a coisa mais importante, no cristianismo, não é o fato que devemos morrer, mas o fato de que Cristo morreu. Jesus veio nos libertar desse medo ao assumir um corpo como o nosso, partilhando nossa realidade e transformando o nosso fim. Nessa travessia não estamos mais sozinhos.

8. A Igreja rejeita a eutanásia, porque ela retira da morte humana a sua ligação com a morte de Cristo, desvincula do seu caráter pascal; torna-se uma obra humana, decisão de uma liberdade finita. Ela é literalmente profanada, isto é, perde seu caráter sagrado.

9. A humanidade busca ‘remédios’ contra a morte. Mas o único e verdadeiro remédio é participar da vitória de Cristo sobre a morte. Ancoramo-nos n’Ele, pela fé, como um barco no porto, para resistir às grandes ondas que estão por abater-nos.

10. Francisco de Assis, abraçando toda a realidade humana a partir dessa união com Cristo chega a chamar a morte de irmã, ao final de sua vida terrestre. Ela tinha mudado sua feição.

11. Mas essa atitude de Francisco não veio assim, ao improviso. Diz um ditado que a árvore cai para lado que pende. Assim somos nós. E assim nos lembra a parábola das dez jovens. É preciso trazer alguma reserva de óleo consigo, isto é, alimentar a fé com as boas obras e a oração, de modo que à vinda de Cristo possamos também nós, como as jovens sábias, entrar com Ele para a festa de casamento.

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 11 de novembro de 2023

(Rm 16,3-9.16.22-27; Sl 144[145]; Lc 16,9-15).

“Então Jesus lhes disse: ‘Vós gostais de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações. Com efeito, o que é importante para os homens é detestável para Deus’” Lc 16,15.

“Terrível é a tentação que sonda continuamente o coração do homem: fazer-se passar pelo que não é; ser injusto e querer passar por justo; violento e querer passar por amável; não saber controlar-se a si mesmo, porém pretender aparecer diante dos outros como dono de si mesmo; deixar definhar-se o espírito pela avareza, enquanto vendemos nossa imagem de generosos e compassivos; condescender com nossos mais baixos instintos, mas aparecer diante dos outros como pessoas de costumes rígidos; deixar-nos levar pela preguiça e viver acomodados, enquanto falamos como se nos preocupássemos com todos os que sofrem alguma necessidade. Com quanta razão diz Jesus que procuramos ‘parecer justos diante dos homens’ (v. 15); quem pode confessar, com honestidade, que não pretende aparecer diante dos outros como melhor do que na realidade é? ‘Mas Deus vos conhece os corações’ (v. 15), afirma Jesus. Não podemos enganar Deus, diante dele não podemos fingir nada. Cuida de ter um coração puro, costumes sadios, consciência reta e delicada de Deus, obras tão santas e corretas que Deus não deve apartar delas seus olhos” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 10 de novembro de 2023

(Rm 15,14-21; Sl 97[98]; Lc 16,1-8) 31ª Semana do Tempo Comum.

“E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz” Lc 16,8.

“Partindo da parábola evangélica, Jesus contrapôs dois modos distintos de agir: o dos ‘filhos deste mundo’ e o dos ‘filhos da luz’. Os primeiros visam, em suas ações, proveitos humanos, porque são movidos pelo Maligno, que os seduz com mundanidades. Os segundos são os que pautam sua ação pelos ideais do Reino, movidos pelo Espírito Santo, que os ilumina e os preserva da corrupção do erro. O comportamento dos ‘filhos da luz’ foi censurado. É que não se mostraram tão espertos como os ‘filhos deste mundo’ na criatividade e no esforço de conquistarem a vida eterna. Qual seria a esperteza própria do ‘filho da luz’? Devem mostrar-se criativos na prática da caridade e da misericórdia em relação aos pecadores e transviados, na solidariedade com os pobres e excluídos, na disponibilidade para o perdão e a reconciliação, no empenho para criar um mundo mais humano e fraterno onde a dignidade de cada pessoa seja respeitada, na busca da comunhão com Deus fundada numa grande abertura de coração para o Pai a ponto de assimilar o seu modo de ser. Enfim, os ‘filhos da luz’ são instados a não cruzarem os braços, dando-se por satisfeitos com o pouco já realizado. Existe sempre algo a ser feito, alguma iniciativa a ser tomada, visando o crescimento da amizade com Deus. Imposta estar sempre em ação, pois desconhecem a hora do encontro com o Pai. – Pai, torna-me esperto em relação às coisas do reino, e sempre misericordioso no trato com o meu semelhante, pois é assim que alcançarei a comunhão contigo (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite