3º Domingo da Páscoa – Ano C

(At 5,27-32.40-41; Sl 29[30]; Ap 5,11-14; Jo 21,1-19)

1. Os estudiosos insistem em afirmar que o evangelho de João se conclui no capítulo 20. Que este capítulo 21, de onde vem a nossa narrativa, teria sido acrescentado depois. De fato, os dois capítulos trazem uma conclusão semelhante. Mas qual o objetivo desse acréscimo?

2. As comunidades estão atravessando um momento difícil de perseguição, desânimo e até negação da fé. O narrador quer reavivar a fé dos seus leitores através dessa narrativa carregada de elementos simbólicos, sobre a presença do Ressuscitado no caminho que estão fazendo. Mas tem a ver também conosco, pessoalmente.

3. A cada dia nos dispomos a retomar o nosso trabalho, aquilo que aprendemos. Como fazem todos os demais, que têm um trabalho ou atividade regular. Sabemos sempre o que devemos fazer. Mas nem sempre sabemos o que devemos ‘ser’. E para não ficarmos empacados nesse ‘saber’, procuramos sempre o que fazer.

3. E assim preenchemos o nosso dia. Mas às vezes temos a sensação, como os apóstolos, de ‘não pegarmos nada’. Ainda que o nosso dia tenha sido cheios de atividades. Muitas vezes, ao fim, nos encontramos com uma sensação de vazio. E, talvez, percebamos que certas coisas, há que as faças melhor que nós.  

4. Quando Jesus falou a Pedro que ele seria pescador de homens, ele poderia se reconhecer incompetente para tal missão, tanto que ele não entendia exatamente o que Jesus queria dizer aquilo. E Jesus deve ensinar a esses experientes pescadores: ‘lancem a rede do outro lado...’.

5. Eles se deixam instruir, mesmo dentro de sua experiência. Talvez Jesus queira nos orientar no modo como devemos também nós, levar o nosso dia, o nosso trabalho, com toda a experiência que já temos. Ele o Ressuscitado, o Vivente, ao início de nossa jornada, quer ir conosco, acompanhar-nos em nosso trabalho.

6. Quer ser um cúmplice de nossas ações. Não quer ficar esperando o nosso retorno em nossas casas ou em nossas igrejas. Ele quer ser presença, em meio ao cansaço de nossas atividades. Que nos ocupemos das coisas de sempre. Que façamos tudo o que fazem os outros, mas que aceitemos a Sua presença.

7. O nosso viver cristão se assemelha ao de todo mundo, mas ao mesmo tempo é diferente, quando trazemos uma presença a mais. Uma presença que muda tudo. Nesses trabalhos ‘comuns’ a milhões de seres humanos, devemos ter presente o que é próprio da nossa vocação, aquilo que é próprio do cristão.

8. A cada domingo, se nos deixamos instruir, ele nos fala de lançar a rede de um outro modo, de testemunhar algo que não é nosso, mas dele. Nossa vida, nossas decisões, deve ser algo que faça referência à Sua presença. Ele não quer ficar em casa ou na igreja aguardando o nosso retorno.

9. Precisamos oferecer, naquilo que fazemos, algo a mais, um suplemento de valor, de significado, de alma, de ‘ser’. A maioria das coisas comuns todos sabem como devem fazer. Estejamos atentos: ou a nossa vida deixa entrever essa presença do Ressuscitado, ou estamos mortos, dificultando, impedindo a Cristo, de alguma forma, de ser presença.  

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 30 de abril de 2022

(At 6,1-7; Sl 32[33]; Jo 6,16-21) 

2ª Semana da Páscoa.

“Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco quilômetros quando enxergaram Jesus andando sobre as águas e aproximando-se da barca. Mas Jesus disse: ‘Sou eu. Não tenhais medo’” Jo 19-20.

“Navegadores antigos, povos do passado, nativos, tribos, lendas e tradições colocam o abismo das águas como o mítico lugar do medo, do mal, dos monstros ferozes da imaginação, daquela coisa ruim que se quer sepultar num lugar qualquer. O humano sempre quer encontrar um lugar para seus temores e a profundidade dos rios e mares guardam tantas histórias de morte, desparecimento, de assombrações. Ter medo é ver coisa, ver sombras, fantasmas. O pavor ofusca ou faz fantasiar demais. A insegurança tira a nitidez de saber ver, de conhecer, de trazer para bem perto. Por isso o medo manda ou para o abismo ou para os sótãos. No mundo dos nossos pavores construímos muitos muros altos, guaritas com sentinelas, matilhas de cães de guarda; por detrás disto tudo fugimos num isolamento com medo de qualquer proximidade. ‘Sou eu, não tenhais medo!’ Lá vem Jesus andando sobre o abismo das águas, passando por cima de todo mal. Quem vive como Ele caminha por cima das dificuldades com tranquilidade. Quem tem medo afunda, quem não tem anda. As neuroses não permitem que se vá muito longe. A serenidade existencial desliza leve pela turbulência da vida. Caminhemos sobre as ondas convulsivas da nossa época com muita coragem e determinação! Não nos deixemos tragar pelo vazio de tudo. Curtir tragédias é gostar de enrosco. A vida não é um buraco tenebroso. – Senhor Jesus, ensina-nos a caminhar sobre os conflitos da vida. Que sua Palavra seja nossa coragem e força. Que seu exemplo seja nosso melhor caminho. Amém” (Vitorio Mazzuco Filho – Graças a Deus [1995] – Vozes).       

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 29 de abril de 2022

(At 5,34-42; Sl 26[27]; Jo 6,1-15) 

2ª Semana da Páscoa.

“Jesus tomou os pães, deu graça e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam.

E fez o mesmo com os peixes” Jo6,11.

“Uma multidão cansada e faminta. Haviam visto os milagres de Jesus e queriam saber mais sobre Ele. A preocupação dos discípulos era como iriam conseguir comida para dar a toda aquela multidão. Mas eis que aparece um menino com cinco pães e dois peixinhos. Era o que bastava para Jesus. ‘Então tomou os pães, deu graças e deu-os aos que estavam sentados’ (Jo 6,11a). Toda a multidão foi alimentada com um milagre que foi de encher os olhos e a barriga. Cinco pães e dois peixinhos para alimentar uma enormidade de pessoas. Para o Salvador é possível. E ainda sobraram doze cestos cheios de sobras dos cinco pães. Comeram com fartura! Diante de tal fato, aquela multidão que estava em dúvida sobre Jesus afirmou com convicção que Ele era o profeta enviado por Deus para a salvação. Acabaram as dúvidas! Como é bom ver Jesus vindo ao encontro de vidas famintas. Não apenas de comida, mas de fortalecimento para fé. Esta cena continua repetindo-se até hoje. Deus continua vindo ao encontro de nossas dúvidas. Não para julgar e condenar, mas fortalecer e aclamar. Corações que estão fracos na fé e com dúvidas a respeito de Jesus encontram em Deus alguém que quer também destes momentos. No seu coração há dúvidas? Na sua fé há fraquezas? Na sua vida cristã há momentos de escuridão e vergonha? Então leia a Escritura Sagrada, ore, peça a Deus que Ele venha cuidar de tudo isto. Jesus, assim como fez com aquela multidão, oferece sua ajuda, seu perdão, sua força para dar forças e fé cristã. E o maior milagre de todo foi dado a todos nós: a ressurreição de Jesus, provando assim ser Ele Deus acolhedor! – Senhor Deus, peço que Tu continues vindo a mim. Mesmo com minhas dúvidas, meus medos, minhas culpas. Envie Jesus ao meu coração. Ele é meu salvador. Em nome dele, amém! (Bruno Arnaldo Krüger Serves – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 28 de abril de 2022

(At 5,27-33; Sl 33[34]; Jo 3,31-36) 

2ª Semana da Páscoa.

“De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o Espírito sem medida” Jo 3,34.

“O diálogo com Nicodemos constitui a oportunidade para Jesus explicar sua origem e missão. Ele veio do alto, do Pai. Portanto, seu horizonte existencial superava os limites da história humana e lançava raízes no próprio Deus. Foi assim que Jesus declarou sua divindade. Sua origem celeste e sua superioridade em relação a todos fazia-o tão próximo de Deus a ponto de revesti-lo dos atributos próprios da divindade. Sua missão constitui em dar testemunho do que aprendeu junto do Pai. Neste, suas palavras tinham sua origem. E seu testemunho era rigorosamente verdadeiro. Não aceitá-lo corresponderia a rebelar-se contra o próprio Deus. Afinal, Jesus recebera do Pai um mandato específico. Rejeitá-lo significaria rejeitar quem o enviou. Toda a vida de Jesus teve como pano de fundo o amor que o Pai não hesitou em colocar nas mãos do Filho, inclusive o poder de julgar a vida de quem se negar a crer nele. A contemplação do Ressuscitado coloca-nos diante de uma opção intransferível: aceitar, como veraz, o testemunho de Jesus e, com isso, obter a salvação; ou rejeitá-lo, e ser fadado à condenação eterna. Quem é prudente, opta pela salvação. – Espírito de decisão, leva-me sempre a escolher o caminho da fé e da salvação, indicados pelo Filho, como único capaz de me levar à reconciliação com o Pai (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 27 de abril de 2022

(At 5,17-26; Sl 33[34]; Jo 3,16-21) 

2ª Semana da Páscoa.

“Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo que nele crer,

mas tenha a vida eterna” Jo 3,16.

“Este texto sintetiza o Evangelho de Jesus Cristo. Na verdade, fundamenta toda a Palavra de Deus. É, portanto, a mais radical de todas as afirmações bíblicas, pois contempla o amor de Deus na sua mais abrangente e profunda compreensão – entrega graciosa e doação sacrificial de quem não tinha nada a ver com a desgraça humana, e beneficiário quem não tinha nada a merecer. As traduções corriqueiras deste texto preferem a opção que Deus amou ‘tanto’, talvez porque o termo original, que significa ‘dessa forma’, não diria do amor de Deus ao mundo com a força como a expressão ‘tanto’. Mas se esta é a intenção, há uma grande perda, pois a expressão original, ‘dessa forma’, inclui não só a grandeza extraordinária do amor, por se tratar do amor salvador de Deus aos seres humanos, como indica justamente a verdadeira dimensão da prática do amor cristão – doação e entrega irrestritas em favor da humanidade. E o amor ‘dessa forma’ é tão fora de qualquer padrão humano, que só ele é capaz de evitar a ‘morte’, e mais, ainda conduzir à ‘vida eterna’. Ensinavam os primeiros filósofos que a condição básica para se ter uma ideia clara da dimensão da vida era se sentir embasbacado diante de tudo, não entender nada como natural ou espontâneo. Grande descoberta, como se na Bíblia, desde os primórdios na criação, tudo não provocasse espanto, impensabilidade e até incompreensão da grandeza das coisas de Deus em favor dos seres humanos. Tudo que na fé não cabe na razão humana, o Evangelista João resume: é ‘dessa forma’ que Deus nos ama, e é ‘dessa forma’ que o cristão ama o próximo. – Ó Deus, amaste-me dessa forma, por graça e doação, para me dar a vida eterna. Ensina-me a amar o próximo dessa forma, para que ele também tenha a vida eterna. Amém (Augusto Jacob Grün – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 26 de abril de 2022

(At 4,32-37; Sl 92[93]; Jo 3,7-15) 

2ª Semana da Páscoa.

“Em verdade, em verdade te digo, nós falamos daquilo que sabemos e damos testemunho daquilo que temos visto, mas vós não aceitas nosso testemunho” Jo 3,11.

“Repetidamente Jesus nos afirma, e com toda clareza, que ele não fala por sua conta; fala o que viu junto ao Pai, transmite as palavras e o ensinamento do Pai; ele é a própria palavra do Pai. Palavra eficaz, pois por ela tudo foi tirado do nada, os mortos saem vivos dos sepulcros, são vivificados: ‘As palavras que vos tenho dito são espírito e vida’ (João 6,63); os homens são purificados: ‘Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciada’ (João 15,3). Pela palavra de Deus o homem chega a ser filho de Deus, pelo dom do Espírito, princípio da imortalidade. Só existe uma condição para o homem: crer na palavra, permanecer nela, guarda-la, seguir seu mandamento de amor: ‘Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiros discípulos’ (João 8,31). Porém a palavra é misteriosa, dura para o ouvido; ao ouvi-la, os homens dividem-se, uns creem, outros recuam desiludidos: ‘Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele (João 6.66)” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 25 de abril de 2022

(1Pd 5,5-14; Sl 88[89]; Mc 16,15-20) 

São Marcos, evangelista.

“A Igreja que está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, o meu filho” 1Pd 5,13.

“Nos livros do Novo Testamento, Marcos é lembrado dez vezes, com o nome hebraico de João, com o nome romano de Marcos ou com o duplo nome de João Marcos. Para alguns estudiosos deveríamos distinguir dois ou três Marcos. Nós, a esta altura, aceitamos a opinião mais comum, isto é, a de um só Marcos, filho daquela Maria em cuja casa reuniam-se os primeiros cristãos de Jerusalém e onde foi se refugiar o próprio Pedro após a libertação prodigiosa do cárcere. Marcos, hebreu de origem, nasceu provavelmente fora da Palestina, de uma família abastada. São Pedro, que o chama de ‘meu filho’, o teve certamente consigo em suas viagens em Roma, onde Marcos teria escrito o Evangelho. A antiguidade cristã, a começar por Pápias (+ 130), chama-o de ‘intérprete de Pedro’. ‘Marcos, um intérprete de Pedro, escreveu exatamente tudo aquilo de que se lembrava. Escreveu, porém, o que o Senhor disse ou fez, não segunda uma ordem. Marcos não escutou diretamente o Senhor, nem o acompanhou; ele ouviu são Pedro, que dispunha seus ensinamentos conforme as necessidades’. Além da familiaridade com são Pedro, o evangelista Marcos pode orgulhar-se de uma longa convivência com o apóstolo são Paulo, com quem se encontrou pela primeira vez em 44, quando Paulo e Barnabé levaram a Jerusalém a generosa coleta da comunidade de Antioquia. De volta, Barnabé levou consigo o jovem sobrinho Marcos. Após a evangelização de Chipre, quando Paulo planejou uma viagem mais trabalhosa e arriscada ao coração da Ásia Menor, entre as populações pagãs do Tauro, Marcos – conforme lemos nos Atos dos Apóstolos – ‘se separou de Paulo e Barnabé e voltou a Jerusalém’. Depois Marcos voltou ao lado de Paulo quando estava prisioneiro em Roma. Em 66 são Paulo nos dá a última informação sobre Marcos, escrevendo da prisão romana a Timóteo: ‘Traga Marcos com você. Posso necessitar de seus serviços’. Os dados cronológicos da vida de são Marcos permanecem duvidosos. Ele morreu provavelmente em 68 de morte natural, segundo uma tradição e, conforme outra tradição, foi mártir em Alexandria do Egito. Os ‘Atos de Marcos’, um escrito da metade do século IV, referem que Marcos, no dia 24 de abril, foi arrastado pelos pagãos pelas ruas de Alexandria, amarrado com cordas ao pescoço. Jogado ao cárcere, no dia seguinte, sofreu o mesmo tormento atroz e sucumbiu. A venda do seu corpo por parte de dois comerciantes e mercadores de Veneza não passa de lenda (828). Porém, a graça a essa lenda que, de 976 a 1071, foi construída a estupenda basílica veneziana dedicada ao autor do segundo Evangelho, simbolizado pelo Leão” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

2º Domingo de Páscoa – Ano C

(At 5,12-16; Sl 117[118]; Ap 1,9-13.17-19; Jo 20,19-31)

1. Esse domingo de Páscoa é caracterizado pelo dom da paz, dom do Ressuscitado. Aqui se usa o termo Shalom, saudação habitual entre os israelitas, uma expressão que deseja algo bom. Mas essa paz era dom de Deus e, mais que um vocábulo, era um conceito religioso.

2. O estado de paz em uma pessoa indicava uma condição de plenitude, de bem-estar, com uma acentuação material, realizável somente através de uma íntima comunhão com Deus. O ressuscitado nos deseja a paz. E, entendamos bem, a sua paz.

3. Reflitamos sobre esta paz que devemos possuir em nós mesmos, para poder irradiá-la sobre os outros e tornar-nos, com nos diz as bem-aventuranças: ‘promotores da paz’.

4. Como para a alegria, também para a paz se pode dizer que existem em circulação dois tipos: Aquela que é nossa e aquela que nos dão os outros. A primeira tem uma característica inalterável. A outra é precária, provisória. Um exemplo para entendermos:

5. Um garoto um dia resolve construir em seu quintal, uma tenda ou cabana. Chama seus amigos e todos resolvem colaborar com a empreitada. Um traz hastes para sustentação, outro uma lona, uma cadeira, um tapete, um vaso, um espelho. Eles levam algumas semanas nessa construção.

6. Uma tarde, estando todos aproveitando o novo espaço, diz o garoto que o idealizou: ‘Se não fosse o meu quintal, não poderíamos ter essa tenda...’. Os outros colegas protestam, pois todo o resto foi patrocinado por eles. Cria-se uma discussão que termina por cada levando de volta o que trouxe e assim o garoto permanece só em seu quintal vazio.

7. O problema está todo aqui. Com quais materiais construímos a nossa paz? Quando alguém diz que ‘perdeu a sua paz’, porque alguém a levou é porque certamente não era dela. Os outros só levam aquilo que haviam emprestado.... Que era seu direito.

8. Muitas vezes a nossa paz é construída com material que não nos pertence. Alguém nos dá um pedaço de estima, um outro oferece um pouco de simpatia, alguém um naco de apreciação pelo nosso trabalho, uma declaração de acordo com as nossas ideias, um comprimento, um elogio.

9. E nós estamos em paz em nossa ‘cabana’. Tudo parece perfeito. Não temos a coragem de reconhecer que essa construção se fez de material recolhido, que nossa paz depende, na realidade, do que trouxeram os outros.

10. Um dia pode acontecer algum incidente. Alguém retira o seu pedaço (uma grosseria, uma incompreensão, uma observação injusta, uma indelicadeza, uma maledicência). E a nossa paz se vai. Não era nossa. Perdemos aquilo que não nos pertencia.

11. Para que a paz seja nossa, é preciso recebe-la como um dom de Cristo. Ele nos dá a sua paz. E para que se torne nossa, é preciso que a acolhamos como Cristo a concebeu. Uma paz crítica, capaz de romper com certos esquemas. A paz evangélica nos chama mais para a mudança do que para o repouso. Não é um ponto de partida, mas de chegada.

12. É uma paz diferente. Exclui o medo, pois deve ir sempre além e até contracorrente. Acolher a paz de Cristo significa acolher a Sua pessoa, em Sua paz, por vezes rejeitada. Por isso, somente nós podemos perde-la, se O perdemos de vista. A paz é mais que uma conquista, é uma escolha de caminhar sob a luz de Cristo. 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 23 de abril de 2022

(At 4,13-21; Sl 117[118]; Mc 16,9-15) 

Oitava de Páscoa.

“Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo, repreendeu-os por causa da falta de fé e pela dureza de coração porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado” Mc 16,14.

“Novamente se apresentam à nossa reflexão as aparições de Jesus ressuscitado a seus apóstolos. Aqui é São Marcos que em breve parágrafo narra, sem maiores detalhes, as aparições de Jesus, primeiro a Maria Madalena, em seguida aos discípulos que iam a caminho de Emaús e, finalmente, aos onze discípulos, reprovando-lhes claramente a incredulidade. Deus permitiu que os apóstolos encontrassem dificuldades em crer, com a finalidade de assegurar com maior firmeza que a aceitação da ressurreição de Jesus não era fruto de autossugestão, e sim fruto do convencimento real, provado por sucessivos acontecimentos. A fé dos apóstolos baseia-se na experiência direta e em uma renovação da convivência com o Senhor. Assim focam constituídos como testemunhas e recebem a mensagem do Ressuscitado, afim de leva-la por todo o mundo. Sua fé deve fundamentar-se na convivência com Jesus. ‘O homem contemporâneo escuta com mais prazer aqueles que dão testemunho, mais do que aqueles que ensinam ou, se escutam os que ensinam, é porque dão testemunho’ (Paulo VI)” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 22 de abril de 2022

(At 4,1-12; Sl 117[118]; Jo 21,1-14) 

Oitava de Páscoa.

“Jesus disse-lhes: ‘Lançai a rede à direita da barca e achareis’. Lançaram, pois, a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes” Jo 21,6.

“A ressurreição de Jesus começava a dar sinais de mudança no comportamento dos discípulos. Incrédulos, os discípulos foram ao túmulo na manhã da Páscoa, ocasião em que os anjos foram incisivos com eles: ‘Por que procurais entre os mortos o que vive? Cristo não está mais aqui, mas ressuscitou, como havia dito!’ Agora, mesmo diante do inusitado da ordem, eles, especialistas em pesca, lançaram as redes na mais improvável das esperanças, porque Cristo ‘havia dito’. Conhecendo-se a natureza humana, a reação espontânea dos discípulos reserva ponderações interessantes. Diante de duas ordens, Páscoa e pesca, emanadas do mesmo Jesus, apesar das destinações diferentes, produzem duas atitudes absolutamente opostas: a ressurreição, improvável na mente e no coração dos discípulos, porque tem a ver com a condição espiritual, ‘produz medo e tranca as portas’, enquanto que a pesca, improvável para os experientes pescadores, produz os peixes, porque tem a ver com a condição humana. É fácil de se perceber isto nas propagandas neopentecostais: Qual o grande pregador midiático que convida os espectadores para uma grande concentração de fé com o tema da ressurreição e da vida eterna? O comum é aproveitar a grande exposição que a mídia oferece para encantar os espectadores com a promessa de curas e outros milagres. Da pesca maravilhosa, outra reflexão: só existe milagre em resposta à promessa/ordem de Jesus, produza a fé/esperança, se dá por meio de trabalho/comunidade, e produz resultados/beneficiários. Os milagres não são um fim em si mesmos, mas um meio para a Palavra de Deus produzir os frutos que, entre outros, visam à festa do Salvador com os seus discípulos, como no texto. - Senhor, que a tua ressurreição seja um poder e mude o comportamento dos teus fiéis, transformando-os em discípulos eficientes para aproximar as pessoas de ti. Amém (Augusto Jacob Grün – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 21 de abril de 2022

(At 3,11-26; Sl 08; Lc 24,35-48) 

Oitava de Páscoa

“Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede!

Um fantasma não tem carne nem ossos, como estais vendo que eu tenho” Lc 24,39.

“Quais são os efeitos pós-Páscoa? Nesta sociedade consumista, o pós-Páscoa pode ser definido como alguns quilos a mais devido ao consumo exagerado dos chocolates e enfeites que o imaginário coelhinho trouxe no Domingo de Páscoa. O texto bíblico de hoje apresenta um pós-Páscoa maravilhoso, melhor até mesmo que chocolate. E não engorda! Após sua ressurreição e de ter mostrado aos discípulos, Jesus pede para que os discípulos toquem nele e vejam que Ele não é espírito ou fantasma, mas verdadeiro homem Deus ressuscitado. [...] Crer é saber que Jesus é homem e Deus é melhor do que chocolate! Este é o melhor pós-Páscoa! Nossa fé cristã não é baseada em espíritos, fantasmas, aparições. É alicerçada na morte e ressurreição de Jesus como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Deus que traz salvação, perdão, vida eterna, um novo viver. Aliás, é interessante saber que os discípulos estavam em dúvida e com medo quando Jesus lhes mostrou que é de ‘carne e osso’. Jesus é Deus que vem cuidar de nossas vidas mesmo quando existem dúvidas e medos. Se no seu coração agora estão muitas dúvidas pessoais, profissionais ou até mesmo a respeito da sua fé, peça a Deus que abençoe seus pensamentos. Se no seu coração o medo está presente pelas mais diversas situações da vida, ore também a Deus para que Ele venha cuidar de tudo isto. Em Jesus, há um Deus real, carne e osso, morto e ressuscitado, que vem ao encontro de nossos medos e dúvidas. – Senhor Jesus, a ti entrego minhas dúvidas e meus medos. Como é bom saber, no pós-Páscoa, que Tu és Deus real e verdadeiro. Morreu e ressuscitou em meu lugar para minha salvação. Em nome de Jesus, amém! (Bruno Arnoldo Krüger Serves – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 20 de abril de 2022

(At 3,1-10; Sl 104[105]; Lc 24,13-35) 

Oitava de Páscoa.

“Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois discípulos de Jesus iam para um povoado, chamado Emaús”

Lc 24,13.

“Lucas narra aquela que sem dúvida é a mais bela história pascal que existe: o encontro de Jesus com os discípulos de Emaús. O tema do caminhar é retomado. Jesus é o desconhecido viandante, caminhando com os dois discípulos que, decepcionados, deixam a cidade de Jerusalém. Pois a esperança em que tinham apostado não se cumpriu. Jesus, que eles julgavam ser um grande profeta, foi crucificado. Mas, enquanto ainda conversavam sobre a sua decepção, o ressuscitado consegue entrar na conversa, e interpreta de outra maneira as suas experiências. Ressurreição significa também, aqui, uma nova interpretação da vida de Jesus, mas também uma nova interpretação para o caminho da nossa própria vida. No nosso caminho temos frequentemente experiências semelhantes às dos discípulos de Emaús. Ficamos decepcionados. As ilusões que tínhamos sobre a nossa vida caem em pedaços. Nós também pensamos às vezes que somos ‘poderosos em palavras e atos diante de Deus e diante de todo o povo’ (Lc 24,19). E de repente alguma coisa perturba a nossa autoimagem. Tudo nos é tirado da mão. Estamos diante do que sobrou da nossa vida: um monte de cacos. Gostaríamos então de fugir de nós mesmos. Mas não andamos sozinhos, no nosso caminho. Enquanto conversamos uns com os outros, Jesus, o ressuscitado, nos acompanha e nos abrirá o sentido da nossa vida. A palavra ‘Não devia o Messias sofrer tudo isso, para entrar assim na sua glória’ (Lc 24,26) é a chave para a compreensão do destino de Jesus, mas também de nossa própria sorte. Foi a vontade de Deus, para nós impossível de elucidar: o Messias precisava sofrer para chegar à sua glória. E este é o nosso caminho também: é só através da aflição que chegaremos à verdadeira vida, à glória que Deus já preparou para nós. Foi bom ficarmos decepcionados, e que tenham se quebrado as imagens que tínhamos feito de nós mesmos. É só assim que chegaremos à glória que Deus imaginou para nós” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 19 de abril de 2022

(At 2,36-41; Sl 32[33]; Jo 20,11-18) 

Oitava de Páscoa.

“Então Jesus disse: ‘Maria!’ Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: ‘Rabuni’ (que quer dizer Mestre)” Jo 20,14.

“Maria se volta duas vezes. Quando se volta pela primeira vez (em latim está escrito: escrito est), ela vê Jesus. Quando este lhe dirige a palavra, ela se volta novamente. Só então o encontro se torna possível. A verdadeira experiência pascal se dá no encontro com o ressuscitado e Maria. Jesus pronuncia o seu nome: ‘Miriâm’. A maneira de pronunciar o nome de alguém revela a natureza do relacionamento que existe entre duas pessoas.  Quando o amado pronuncia o nome, ressoa nele também o seu amor. O mesmo experimentou Maria de Mágdala. Quando ouviu o seu nome, percebeu também o amor que a despertou para a vida. Na voz de Jesus, ela identificou os sentimentos que Jesus mostrara a seu respeito, de modo que pôde experimentar a força curadora e purificadora de Jesus. A voz de Jesus produz nela uma conversão total. Agora, sim, ela pode responder: ‘Rabuni’, isto é, meu mestre. Com estas palavras ela exprime o que Jesus é para ela. Retoma a expressão que os discípulos usaram no primeiro chamado: ‘Mestre’ (1,38). Só que ela diz: ‘Meu Mestre’. Ela não faz uma afirmação genérica sobre Jesus, ela diz quem é Jesus para ela. Ele se tornou o seu mestre e professor totalmente pessoal. É a ele que ela deve a sua vida” (Anselm Grüm – Jesus: Porta para a Vida – Loyola). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Segunda, 18 de abril de 2022

(At 2,14.22-32; Sl 15[16]; Mt 28,8-15) 

Oitava de Páscoa.

“As mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo,

mas correram com grande alegria para dar a notícia aos discípulos” Mt 28,8.

“Por mais precioso que fosse, o túmulo vazio, assim como a cruz vazia, teriam que ficar para trás, haviam prestado seu serviço, e agora havia outras cruzes e sepulturas a esvaziar. Por isso, é preciso correr, dar notícias aos outros, e repartir a ressurreição com os outros, mesmo que cheias de temor em relação à ressurreição, mas igualmente cheias de renovadas esperanças de vida, para esvaziar o poder das cruzes e dos túmulos que o pecado constrói, para que a mensagem do Evangelho renove a fé no ‘eu vivo, vós vivereis também’. Afastar-se do túmulo é uma tarefa imprescindível para quem não deseja um cristianismo meramente contemplativo, ou simples observância de tradições. Lugares e eventos, como a própria cruz e o túmulo, podem ser preciosos aos costumes e tradições cristãs. Mas não servem aos propósitos de Deus. Tanto é verdade que nem a cruz de Cristo foi produzida por Deus, mesmo que servisse aos interesses de Deus em fazer seu Filho sobre ela pagar pelos pecados da humanidade, e nem a sepultura era propriedade de Jesus, Ele que tinha prometido ressuscitar ao terceiro dia, e antes tivesse que necessariamente ser sepultado. Afastar-se do túmulo também é fundamental para escapar da piedosa, mas pueril ingenuidade de querer provar a ressurreição de Jesus, como se a mensagem da salvação tenha que ser provada para os que detêm o poder neste mundo. A notícia da ressurreição precisa ser levada para longe das cruzes e das sepulturas, símbolos cristãos, para destruir as cruzes e as sepulturas que o poder do pecado produz aqui na terra, e criar a fé que conduz à vida eterna por meio da ressurreição de Cristo. – Senhor, não permita que a cruz e a sepultura, mesmo vazia, transformem a Igreja em um simples lugar, mas cristãos apressados em noticiar que Jesus ressuscitou. Amém (Augusto Jacob Grün – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Domingo de Páscoa

(At 10,34.37-43; Sl 117[118]; Cl 3,1-4; Jo 20,1-9).

1. Nossa missa de hoje é uma continuidade da Vigília Pascal, que já nos envolveu no mistério da ressurreição de Cristo, que hoje celebramos nesse anúncio da comunidade cristã da ressurreição que acolhemos na 1ª leitura. É o que chamamos de ‘Querigma’.

2. A frase central é: ‘Deus o ressuscitou’. Esta é base da nossa fé e esperança: Jesus vive e Deus o estabeleceu juiz dos vivos e dos mortos. O juiz é também Salvador: quem nele crê é absolvido e recebe a vida. O salmo traduz essa alegria nesse ‘Halel’ da liturgia do Templo. Um convite a louvarmos juntos ao nosso Deus.

3. A 2ª leitura nos leva a pensar que o melhor anúncio da ressurreição é a nossa vida como ‘novos Cristos’, ressuscitados. O que somos feitos pelo batismo, também o devemos ser em nossa vida, já nos dizia Paulo ontem.

4. Mas o batismo ultrapassa nossa existência no mundo: antecipa a vida sem morte, vida escondida em Deus, com o Cristo ressuscitado. Vivemos na expectativa da plena manifestação. Ainda antes da proclamação do Evangelho temos essa narrativa poética do evento pascal que chamamos de sequência. 

5. O evangelho apresenta os fatos comemorados: de manhã, o sepulcro vazio, que vai pouco a pouco criando nos discípulos a consciência de que Ele vive. Não foi abandonado pelo Pai, mas confirmado na vida e também na obra que levará a termo.

6. O sepulcro vazio é um sinal ‘negativo’, as aparições são experiências preenchidas positivamente. Lembremos que na sequência desse evangelho que ouvimos, Jesus compensa essa busca de Madalena, aparecendo-lhe. Depois que Pedro e o outro discípulo voltam para casa, as trevas começam a ceder: para Maria Madalena, surge a luz da alvorada.

7. Ouviremos a sequência dessa narrativa na terça-feira, no evangelho do dia. Ela é convidada a entender que esse Jesus que ela tenta segurar, não é mais aquele que ela seguiu desde os dias da Galileia. Ela deve levar adiante seu testemunho, que nasce de sua própria experiência pessoal.

8. Que experiência trago comigo desse mistério pascal? Que compreensão tenho desses movimentos de Deus que cercam a minha existência e me envolvem nesse mistério? Como eu transmito aos meus, aos que cruzam o meu caminho essa força renovadora da Páscoa, celebrada a cada domingo?

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 16 de abril de 2022

(Ex 14,15—15,1; Sl Ex 15; Br 3,9-15.32—4,4; Sl 18B[19]; Ez 36,16-28; Sl 41[42]; Rm 6,3-11; Lc 24,1-12) 

Vigília Pascal (leituras selecionadas para a celebração).

“Assim, vós também considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Jesus Cristo” Rm 6,11.

“Era um lindo domingo de sol, um dia bem agradável. Era dia de culto. A igreja estava cheia. Era dia de batismo. A criança que seria batizada estava no colo dos pais que, rodeados por todos os familiares, aguardavam com ansiedade pelo momento do Batismo. Eis que o pastor, em preparação ao Batismo, pega a criança no colo e diz: ‘Querida família, lamento informar, mas hoje esta criança vai morrer’. Imagine a reação da família e da comunidade! Mas o pastor continuou: ‘Ela vai morrer para o pecado, para a vida sem Cristo, e vai ressuscitar para uma vida com Cristo, com perdão, com salvação’. Ufa, que alívio! A família ficou bem mais calma e tranquila por saber que aquele pastor falava do Batismo. A Palavra de Deus diz: ‘Assim também vós, considerai-vos mortos para o pecado, porém vivos para Deus em Cristo Jesus’ (Rm 6,11). Quando a vida cristã começa pelo Batismo ou pelo contato com a Palavra, um novo viver começa. Morto para o pecado. Vivo para Deus. Graças à união com Cristo Jesus! Este morrer para o pecado e viver na graça de Deus têm consequências diretas no nosso dia a dia. A luta contra o pecado, contra a tentação, contra a tendência natural e humana de ofender, humilhar, ganhar vantagem em tudo. Viver na graça de Deus é enfrentar a vida de outro jeito, com outros olhos, com uma sabedoria que parte da própria fé cristã. Aquele pastor que pegou a criança no colo e afirmou que ela iria morrer e viver por ocasião do Batismo, de um jeito ‘diferente’, procurou mostrar a importância do Batismo cristão. É uma data muito especial. Uma data em que morremos para a vida sem Deus, de culpa e pecado. É a data que nascemos para a graça de Deus. – Senhor, obrigado porque, pelo Batismo, Tu me fizeste nascer novamente. Dá-me teu Espírito Santo para viver sempre na graça, não no pecado. Por Jesus, amém! (Bruno Arnaldo Krüger Serves – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 15 de abril de 2022

(Is 52,13—53,12; Sl 30[31]; Hb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1—19,42) 

Paixão do Senhor.

“Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que amava, disse à mãe: ‘Mulher, este é o teu filho.

Depois disse ao discípulo: esta é tua mãe. Desta hora em diante, o discípulo a colheu consigo” Jo 19,26-27.

“Independente de terem sido a mãe o discípulo amado os destinatários da preocupação de Cristo, soa grandioso no Salvador a atenção para com os sofredores numa hora tão dolorosa como a que estava passando, pendurado na cruz. Aliás, é marcante que na sociedade de injustiças sociais em que vivemos, que não só a desatenção aos necessitados, como assistimos a cada nova tragédia, são os que mais sofrem os que são sempre os primeiros a partilhar o pouco que têm, mesmo com estranhos. A solidariedade entre os pobres é comovedora. E este parece ser o quadro no episódio de Jesus com sua mãe e o discípulo amado. É bom lembrar que Jesus havia passado pela cruel experiência de ter sido abandonado pelos seus próprios discípulos. E não só. Havia se sentido abandonado pelo próprio Pai Celeste. ‘Deus meu, por que me abandonaste?’, é uma profecia do Sl 22, e esta profecia é completada com esta preciosidade: ‘Então os pobres se alegrarão’. Qual seria a razão para este ‘estranho mundo dos pobres’? A sua capacidade de ver. O nosso texto começa justamente com essa afirmação: ‘Vendo...’ E a segunda razão para este ‘estranho mundo dos pobres’ é a capacidade de ‘estar perto’, como igualmente diz o nosso texto. E uma terceira razão para este ‘estranho mundo dos pobres’ é que somos uma humanidade/comunhão, ‘mulher/mãe/discípulo/filho’. Não sabemos se este era o sentido que João desejou dar a este episódio tão pessoal e particular, quando escreveu seu Evangelho. Mas não se trata de exagero fazer deste texto um ensinamento geral tão extraordinário para a Cristandade e para a sociedade humana. – Senhor, que os pobres nos lembrem sempre as lições de ver e estar perto dos necessitados, para que possamos transformar nossa sociedade em uma humanidade/comunhão. Pelo exemplo de Cristo. Amém (Augusto Jacob Grün – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 14 de abril de 2022

(Ex 12,1-8.11-14; Sl 115[116B]; 1Cor 11,23-26; Jo 13,1-15) 

Missa da Ceia do Senhor.

“Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai;

tendo amado os seus que estavam no mundo amou-o até o fim” Jo 13,1.

“Com o capítulo 13 mudam a situação e a atmosfera no evangelho de João. Agora, Jesus está sozinho com os seus. Os seus, ‘idioi’, somos nós. Os discursos de despedida respiram um clima de confiança e de intimidade. Já não se trata da luta contra as trevas do mundo, mas do amor. Tudo o que Jesus faz é chamado do amor. Jesus veio para mostrar-nos o seu amor. Na primeira parte, João descreveu como o amor luta, como corteja o mundo e acaba se transformando em seu juiz porque o mundo não o acolhe. Jesus tinha se dirigido ao mundo, mas o mundo o rejeitou. Assim, a sua atuação levou à crise, ao julgamento, à cisão e à decisão. Agora, Jesus revela aos seus o seu amor até à consumação, primeiro no ato do lava-pés, depois nas palavras de despedidas e, finalmente, na paixão e ressurreição. O lava-pés é uma espécie de portão de entrada para a história da paixão. É a abertura da história do amor perfeito. Aqui se diz pela terceira vez: ‘Era antes da festa da Páscoa’ (13,1). Na paixão se completa aquilo que os judeus celebravam na Páscoa. Deus liberta o seu povo do cativeiro e o conduz à terra que lhe foi prometida. João menciona a festa da Páscoa pela primeira vez antes de cotar a expulsão dos vendedores do templo. Na paixão e na ressurreição, Jesus purifica o povo e cria em seu corpo o novo templo em que Deus é adorado. A festa da Páscoa é mencionada pela segunda vez antes da multiplicação dos pães. A eucaristia é a verdadeira ceia pascal, a ceia em que comemoramos a libertação e a salvação por Jesus Cristo. Agora, João interpreta o mistério da festa da Páscoa com a observação: ‘Sabendo Jesus que a sua hora tinha chegado, a hora de passar deste mundo para o Pai’ (13,1).  Páscoa significa passagem. A verdadeira passagem é a morte de Jesus. Na cruz, Jesus passa para a glória de Deus. Trata-se de uma imagem da nossa existência cristã. Em Jesus nos bandeamos desde já para o âmbito divino. Continuamos no mundo, mas ao mesmo tempo já participamos do mundo do além, do esplendor divino, no qual Jesus entrou pela cruz. Crer significa para João que já estamos passando para o mundo de Deus. Só assim podemos viver verdadeiramente como homens livres, despertos e acordados, que contemplam e amam” (Anselm Grüm – Jesus: Porta para a Vida – Loyola). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 13 de abril de 2022

(Is 50,4-9; Sl 68[69]; Mt 26,14-25) 

Semana Santa.

“Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba:

não desvie o rosto e bofetões e cusparadas” Is 50,6.

“O ser humano é, por natureza, vingativo. A sociedade em que vivemos impulsiona ainda mais este sentimento através de mídias. Levar o desaforo para casa é para fracos, como muitos pensam e vivem. Infelizmente, o natural para tantas vidas é sempre revidar, ter a última palavra, devolver na mesma moeda, retribuir ofensas. Mas teve alguém que quebrou este discurso, este hábito, esta prática. Alguém que ensinou a oferecer o outro lado da face quando um tapa for dado. Alguém que ensinou a amar os inimigos. Alguém que ensinou a fazer o bem a quem faz o mal. Jesus. Seu amor quebra e reconstrói a forma de viver. Ele mesmo, como Deus, fez isto e cumpriu a profecia: ‘entreguei minhas costas aos que me batiam, e minhas faces aos que me arrancavam a barba; não escondi o rosto aos ultrajes e às cuspidas’ (Is 50,6). Assim Jesus foi Deus conosco, de maneira humilde, semeando amor onde havia rancor. Ficou quieto, como uma ovelha levada ao matadouro. Suportou as piores dores. Poderia agir como Deus poderoso, mas, por nós, aguentou todo o sofrimento. Graças a este sacrifício vicário de Cristo na cruz, temos salvação. Quando cremos nisto, o amor de Jesus invade nosso estilo natural de revidar e ser vingativo. Somos pequenos cristos para o próximo. Assim como Cristo amou os difíceis de amar, somos convidados a amar os que são difíceis de amar. Estender a mão ao inimigo. Reconstruir um relacionamento quebrado e difícil. Revidar com palavras pacíficas os discursos ofensivos e vingativos. Ser cristão é ser diferente, é ser moldado pelo amor de Cristo. Amor que ama os inimigos. Amor que aprendemos de Jesus, o qual se sacrificou para nossa salvação. – Senhor Jesus, obrigado por ter sofrido em meu lugar. Poderias ter desistido, mas ficou firme, até a morte na cruz. Minhas culpas foram pagas por ti. Ensina-me a amar e viver como Tu, Senhor. Amando o inimigo, quebrando o triste costume da nossa sociedade de pagar violência com violência. Por ti, Senhor. Amém! (Bruno Arnaldo Krüger Serves – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 12 de abril de 2022

(Is 49,1-6; Sl 70[71]; Jo 13,21-33.36-38) 

Semana Santa.

“Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: ‘Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará’” Jo 13,21.

“Quando as primeiras comunidades se reuniam para fazer memória da vida de Jesus, recordavam que em seu caminhar Ele só se preocupava em fazer o bem, em acolher os deserdados, em reunir os que estavam dispersos, em incluir na roda de sua amizade os que desfrutavam de convívio, de perdão e de carinho. Ele ‘passou pela vida fazendo o bem’ (cf. At 10,38). Mas as comunidades também guardaram na memória da última ceia feita com os amigos e amigas, o momento comovente em que ele declara que será traído por um deles, que o entregará por dinheiro e (quem sabe?) até buscando prestígio e posição social e religiosa no sinédrio. Quando Judas sai, diz o evangelista: ‘era noite’, como a dizer que as trevas tomaram o coração de Judas e que ele se fechara ao projeto de Jesus, de dar a vida para que todos pudessem ter vida em abundância. É comovente ler o relato da Última Ceia e perceber a humanidade de nosso Deus. Sente o abandono, a falta de correspondência ao amor sem limites a que entregara toda sua vida. Vê que o projeto do Pai, pelo qual entregara toda a vida, vai lhe custar a vida, que a sua vida se lhe vai escapando, que a morte está a sua espreita... Confia que o Pai o glorificará. Nesta confiança, entrega a sua vida, mesmo sabendo que esta não será a única traição que sofrerá como o diz a Pedro: ‘o galo não cantará sem que me renegues três vezes’ (cf. Jo 13,38). Caminhamos nas estradas de Jesus, hoje como ontem, discípulos e discípulas nem sempre são fiéis ao projeto de Jesus. Traímos muitas vezes os nossos sonhos de um mundo fraterno, entregamos nossa vontade de lutar por mais justiça, solidariedade, paz e amor. Entregamo-nos às obras das trevas e fechamos nosso coração ao perdão que o Senhor nos oferece. Mas Ele continua seu caminho a Jerusalém, o caminho da paixão e da morte, mas principalmente, o caminho da paz e do bem, da ressurreição. – ‘Ó luz do Senhor, que vem sobrea terra, inunda meu ser. Permanece em nós!’” (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 11 de abril de 2022

(Is 42,1-7; Sl 26[27]; Jo 12,1-11) 

Semana Santa

“Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos” Jo 12,1.

“Depois do último sinal, João relata uma ação simbólica que prenuncia a morte de Jesus. Faltam seis dias para a festa da Páscoa. Seis é o número da imperfeição e do diletantismo. Aquilo que é imperfeito torna-se perfeito e completo pela morte e ressurreição de Jesus. O número seis remete ao número sete que é o número da transformação e da consumação. Na ressurreição, o homem é criado de novo. Essa é a verdadeira Páscoa: passagem para o mundo de Deus, transformação e divinização do ser humano. Esse é o verdadeiro sábado: nova criação por Deus. Seis dias antes da Páscoa, ou seja, na noite de domingo, Maria, Marta e Lázaro oferecem uma ceia em honra de Jesus. A ceia talvez seja um símbolo da eucaristia que os cristãos costumam celebrar na noite de domingo. Maria toma uma libra de puro óleo de nardo, um perfume precioso, e unge com ele os pés de Jesus. É uma quantidade generosa de um óleo que era um dos mais preciosos da Antiguidade. Judas calcula que o valor deve corresponder a 300 denários, mais que o salário anual de um diarista. ‘A casa ficou cheia do perfume’ (12,3). A quantidade desmensurada do óleo lembra a abundância de vinho que Jesus mandou servir nas bodas de Caná. Nesse casamento se fez menção do novo sabor da vida. Aqui se trata de uma fragrância preciosa que entra pelas narinas. O amor de Deus que se completa na morte de Jesus exala um odor agradável. A casa toda, a Igreja toda, o mundo todo, ficam cheios desse aroma e se transformam. Os padres da Igreja interpretam essa cena assim: desde a morte e ressurreição de Jesus, o odor do conhecimento (da gnose) passou a encher o mundo todo. Em contraste com o cheiro desagradável espalhado pelo Lázaro defunto, a ressurreição emite um cheiro agradável. João mostra nessas imagens que a realidade de Deus pode ser percebida por todos os sentidos. Ela pode ser vista e ouvida, saboreada, cheirada e tocada. Em sua teologia da ‘doçura’ de Deus, a tradição mística deu continuidade a essa visão de João. Deus pode ser experimentado e percebido. Os rastros de Deus na alma humana são a fragrância, o novo sabor, a doçura e a alegria” (Anselm Grüm – Jesus: Porta para a Vida – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Domingo de Ramos – Ano C

(Lc 19,28-40; Is 50,4-7; Dl 21[22]; Lc 23,1-49).

1. Sabemos que Cristo é a imagem perfeita, visível do Deus invisível. Eis que através desse Messias condenado, abandonado, rejeitado sobrevive a imagem de Deus. A cruz nos revela o verdadeiro rosto de Deus.

2. Um Deus entregue à maldade humana, inerme, indefeso, tratado como malfeitor, e que não impõe resistência. A onipotência se aniquila livremente, renunciando usar de sua força. Um Deus que é possível matar.

3. Mas a cruz também revela o cristão. É inútil buscar fora dela a nossa identidade. Não existe o seguimento de Jesus sem cruz. Um cristianismo sem sacrifício é como uma conversa sem conclusão. Um cristão se reconhece como alguém que leva a sua cruz junto com Cristo.

4. A cruz é a outra face do amor. Ela é feita de sofrimento, solidão, de incompreensão, humilhação, rejeição, mas é feita de amor. Não basta sofrer para poder afirmar que se leva a cruz de Cristo. É preciso leva-la na mesma direção que Ele levou, sofrer na mesma linha de doação e de plenitude.

5. A cruz do discípulo, como a do Mestre, não revela somente sua identidade, explica o significado da sua vida. Não é a cruz por si mesma, a dor pela dor. Mas a cruz como um sinal revelador de uma vida que se dá, que se oferta, que se reparte pelos outros.

6. Não basta carregar a cruz. Ela precisa exprimir solidariedade, capacidade de doar-se pelo outro. Não nos iludamos achando que a ressurreição representa a superação da cruz. É superação, mas somente para quem passou e passa continuamente através do calvário.

7. Foi Aquele que foi crucificado que ressuscitou, nos lembra a mensagem pascal. A glória através da paixão. Nos lembra a 2ª leitura. Passagem obrigatória. Em Paulo, a cruz está no centro da sua doutrina da ressurreição.

8. A cruz de Jesus não desapareceu de nossa terra. Somos nós que a carregamos sobre esse chão. O evento salvífico não é um ato isolado que aconteceu uma só vez: ‘Brilhando sobre o mundo que vive sem sua luz, tu és um sol fecundo, de amor e de paz ó cruz...’

9. A teologia da cruz e da glória vivem juntas. A ressurreição não obscurece ou reduz a importância da cruz. Ela não é uma sobra da ressurreição. É, antes, a cruz luminosa. Na prática, o cristão é um crucificado ressuscitado. O seu caminho é feito de cruz e ressurreição ao mesmo tempo.

10. Falar de Jesus glorificado, deixando de lado sua cruz, deve estar falando de um outro Jesus. Não o de Nazaré. Não nos iludamos de fazermos algo significativo nesse mundo que não comporte certo sofrimento. Eliminar a cruz do nosso vocabulário para tornar o cristianismo mais compreensivo, nunca será o mesmo de Jesus Cristo. A cruz faz a diversidade do cristão.

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 9 de abril de 2022

(Ez 37,21-28; Jr 31; Jo 11,45-56) 

5ª Semana da Quaresma.

“Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote em função naquele ano, disse: ‘Vós não entendeis nada.

Não percebeis que é melhor um só homem morrer pela nação” Jo 11,49-50.

“As autoridades judaicas decidiram a morte de Jesus: buscavam continuamente a ocasião oportuna para levar a efeito seus desígnios perversos. Porém Jesus é dono de seu fim, que virá somente quando chegar sua hora. Jesus congregará, com sua morte, proveniente de todos os pontos cardeais, o novo Israel, o novo povo de Deus, salvando-o da morte eterna de sua perdição e levando-o à salvação de uma nova vida, a vida de Deus. É essa a eficácia da morte de Jesus na cruz. Essa morte é para nós a verdadeira vida. Jesus, morrendo na cruz, venceu a morte de todos nós. Não é de estranhar-se que, desde então, a vida surja da cruz: da cruz da dor, do sacrifício, da derrota, da humilhação, das perseguições do homem. Por isso São Paulo exclama: ‘mas nós pregamos Cristo crucificado’ (1Cor 1,23). Humanamente falando, a cruz aparecia como o contrário das aspirações tanto de judeus quanto de gregos; fracasso em vez de manifestação gloriosa, loucura em vez de sabedoria. Porém na fé, a cruz aparece como algo que transborda e supera a morte, porque é porta da Ressurreição. Somente Jesus é nosso Salvador. No livro do Apocalipse é acalmado com as palavras: ‘A nosso Deus a salvação, a glória e o poder’ (Ap 19,1). Nós não podíamos salvar-nos por nós mesmos. Estávamos perdidos irremediavelmente em nosso pecado e por nosso pecado. Jesus toma sobre si nossas culpas e assume a responsabilidade das mesmas; elas sobrecarregarão seu dorso e o farão suar sangue na oração do jardim do Getsêmani; elas obrigá-lo-ão a estender seus braços na cruz, porém com sua Paixão e sua morte, nossas culpas ficarão perdoadas e poderemos olhar de novo para o céu com plena confiança e chamar a Deus nosso Pai e esperar a entrada felicidade da glória. Vivência: Jamais chegaremos a compreender o que devemos a Jesus, nosso Salvador; nossa gratidão para com ele nos deve mover a falar-lhe continuamente por meio da oração e a amá-lo com todo o nosso coração. Jesus meu Salvador, o que teria sido de mim sem ti? O que poderia eu esperar agora, se não olhasse para ti e te visse com os braços estendidos na cruz, como se me esperasse para dar-me o doce beijo da paz e o abraço da reconciliação? Se não fosse por ti, por tua bondade para comigo, cairia no mais profundo desespero, ao recordar meus pecados. Mas olho para ti e minha alma enche-se de confiança segura de minha salvação, pois como poderia ser que tua morte tivesse sido ineficaz para mim?” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

  Pe. João Bosco Vieira Leite