Sexta, 31 de maio de 2019


(Sf 3,14-18; Sl Is 12; Lc 1,39-56) 
6ª Semana do Tempo Pascal.

“Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia” Lc 1,39.

“Mal me havia encarnado e já pedia a minha Mãe que me levasse à casa onde nasceria João, a fim de santifica-lo antes do nascimento... Na encarnação dei-me ao mundo para sua salvação. Antes mesmo de nascer já trabalho nesta obra, a santificação dos homens... e incito minha Mãe a trabalhar comigo... Não é a ela somente que levo a trabalhar, a santificar os outros, desde o instante que me possui. É a todas as outras almas a quem me dou. Um dia direi aos meus apóstolos: ‘Preguem’, e lhes designarei sua missão, traçando-lhes as regras... Agora me dirijo às almas, a todas que me possuem e vivem escondidas, que me possuem mas não receberam a missão de pregar. Digo-lhes para santificar as almas levando-me entre elas em silêncio. Às almas de silêncio, de vida escondida, que vivem longe do mundo na solidão, digo: ‘Trabalhem todas, todas na santificação do mundo. Trabalhem como minha Mãe, sem palavra, no silêncio. Estabeleçam suas santas habitações no meio daqueles que me ignoram. Levem-me entre eles estabelecendo um altar, um tabernáculo. Apresentem-lhes o Evangelho, não pela pregação oral, mas pela do exemplo, não anunciando-o, mas vivendo-o. Santifiquem o mundo, levem-me ao mundo, almas piedosas, almas escondidas e silenciosas! Como Maria me levou a João...” (C. de Foucauld – Cartas e Anotações – Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 30 de maio de 2019


(At 18,1-8; Sl 97[98]; Jo 16,16-20) 
6ª Semana da Páscoa.

“Pouco tempo ainda e já não mais me vereis, e outra vez pouco tempo e me verei de novo” Jo 16,16.

Ainda um pouco de tempo, diz Jesus, e já não me vereis. É como se dissesse: Serei arrebatado de vós pela morte e não me vereis mais. Mas, não vos entristeçais: o tempo em que não me vereis será curto. Eu ressuscitarei logo, na manhã do terceiro dia, conforme o oráculo de Isaías: esconde-te por alguns instantes, até que a cólera passeE vós me vereis. De fato, escreverá o evangelista mais adiante: Os discípulos viram o Senhor e ficaram cheios de alegria. De alegria, porque serei glorificado, diz Jesus. Vou a meu Pai. Como contam os Atos dos Apóstolos, eles viram-no subir ao céu. Eis uma outra explicação. Ainda um pouco de tempo e não me vereis mais: é a duração da nossa vida até o juízo final. E me vereis no julgamento, na glória. Porque vou a meu Pai, por minha Ressurreição e minha Ascensão. Nossa vida é aqui chamada um pouco de tempo, em comparação com a eternidade, porque mil anos diante de ti são como o dia que passou. Mas os discípulos nada compreenderam e Jesus lhes dá a explicação. Em verdade, em verdade, vos digo, haveis de chorar enquanto o mundo se alegrará. Isto se aplica, particularmente, ao tempo da Paixão: os escribas e fariseus se alegrarão com a morte de Cristo. O mundo, os maus que se acham na Igreja se alegrarão à vista dos santos perseguidos. De maneira geral, o mundo são todos os homens que levam vida carnal e que se alegram na posse dos bens da terra. A alegria deles, diz Isaías, consiste em matar bois, degolar carneiros, comer carne e beber vinhosMas vós ficareis tristes por causa dos sofrimentos que recebereis do mundo, sobretudo por causa de minha morte. É o sofrimento dos santos. O que vem das perseguições do mundo e dos próprios pecados. Aquele sofrimento do qual São Paulo diz: A tristeza que é segundo Deus, produz uma penitência salutar para a salvaçãoMas, a vossa tristeza se há de transformar em alegria. A tristeza causada em vós por minha morte, transformar-se-á na alegria de minha ressurreição. De maneira geral, a tristeza de todos os santos se transformará  na alegria da vida futura. Bem-aventurados os que choram, porque serão consoladosNa ida caminham chorando os que lançam as sementes. E voltam cheios de alegria, carregando suas braçadas. Os santos choram enquanto semeiam: é o tempo do mérito. No tempo da colheita, eles se alegram: é a recompensa” (S. Tomás de Aquino – Comentário sobre o Evangelho de São João – Liturgia das Horas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 29 de maio de 2019


(At 17,15.22—18,1; Sl 148; Jo 16,12-15) 
6ª Semana da Páscoa.

“Tudo que o Pai possui é meu. Por isso disse que o que ele receberá e vos anunciará é meu” Jo 16,15.

“Uma criança que diz: ‘Esse caminhão é do meu pai’, fala com orgulho e até com alguma empáfia. É uma afirmativa de poder e segurança. Essa criança não é qualquer uma. É filha do dono do caminhão. Cuidado, pois. Quando Jesus declara: ‘Tudo que o Pai tem é meu’, ele também faz uma afirmativa de poder e segurança num sentido infinitamente maior do que o da criança, mas com uma diferença fundamental. Enquanto a criança pensa na sua segurança e poder, cavando ao redor de si um cerco de prazer e orgulho, Jesus o faz com amor para dar segurança a seus discípulos e seguidores. Ele não o faz com o nariz empinado para dizer o quanto é superior aos outros, mas com o olhar voltado aos corações deles a fim de lhes dar a segurança que o momento exigia. Lembremo-nos: Jesus estava prestes a ser preso, levado aos tribunais e ser condenado à morte de cruz. O momento, pois, era de despedida e decadência – embora, nas palavras do próprio Jesus, fosse um momento incomparável da sua glória. Mas o que o ‘tudo’ englobava? Tudo é tudo. Nada escapa. Mas sempre que uma pessoa diz: vou lhe dar tudo, ela sempre imagina algo essencial. Jesus, no caso, não é exceção. O que Ele, pois, queria dizer? Ele queria dizer amor, perdão, salvação. Isso é do Pai, mas também de Jesus. E da mesma forma do Espírito Santo. O Espírito Santo, essa pessoa misteriosa que integra a Santíssima Trindade, recebe como encargo, tarefa, missão, aquilo que é de Jesus e nos anuncia. Temos, pois, uma intermediação que se inicia com batismo e continua na Palavra e na Santa Ceia para tornar nosso aquilo que o Pai tinha em seu coração, Jesus realizou em sua vida e o próprio Espírito nos transmite com seu testemunho a fim de crermos e salvar-nos. – Senhor, graças à atuação do Pai, à tua obra na cruz e ao testemunho do Espírito Santo, podemos dizer contigo, sem nenhum orgulho e sem nenhuma empáfia, mas com toda a certeza e segurança: ‘Tudo o que o Pai tem é meu’, é nosso. Amém” (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 28 de maio de 2019


(At 16,22-34; Sl 137[138]; Jo 16,5-11) 
6ª Semana da Páscoa.

“No entanto, eu vos digo a verdade: é bom para vós que eu parta; se eu não for, não virá até vós o defensor; mas se eu me for, eu vo-lo mandarei” Jo 16,7.

“O mistério da presença de Deus e de sua ação constante em nossa vida abarca momentos como esse, em que Deus precisa ir para vir. A missão do Filho não é substituída pela do Espírito, mas continua nele, de tal forma que o Filho também continua, pois sua comunhão é perfeita. Deus jamais nos deixa. Muda sua forma de ação e presença, assume uma nova missão a nos inspirar sempre o caminho da construção do Reino de Justiça, Paz e Fraternidade nesse mundo que temos, que vivemos e somos. O Advogado, o Intercessor, o Paráclito virá por nós e sobre nós, e nele poderemos experimentar esse estar em comunhão, esse ser um com Deus no agir e no caminhar. O Espírito Santo, o Espírito do Senhor. Quando é que movemos a nossa vida guiados pelo Espírito de Deus? Quanta dificuldade temos em vencer o espírito de egoísmo e teimosia? Como podemos, de verdade, conciliar nosso espírito de independência, de liberdade, nossos sonhos e projetos com o modo de Senhor agir e cooperar? O Espírito Santo, presença e comunhão, capacita-nos para esse caminhar junto de Deus, assumindo o compromisso de tornar nossa vida um templo do próprio Espírito Santo. Sabedoria, inteligência, ciência, temor de Deus, conselho, piedade e fortaleza... Dons do colocar-se na direção de Deus. – Vem dar-nos, Senhor, teu espírito de sabedoria para nos guiarmos pelas coisas realmente importantes na vida. Teu espírito que é nossa força esteja sempre a nos guiar, ensinado humildade para reconhecermos nos irmãos e irmãs oportunidade de encontro contigo. Amém (Clauzemir Makximovitz – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).  

Pe. João Bosco Vieira Leite


Segunda, 27 de maio de 2019


(At 16,11-15; Sl 149; Jo 15,26—16,4) 
6ª Semana da Páscoa.

“Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar
julgará estar prestando culto a Deus” Jo 16,2.

“O cristianismo é uma realidade paradoxal. Nasceu de uma torrente de generosidade inaugurada por Jesus Cristo. Mas na história esse patrimônio pode entrar no circuito dos interesses humanos de poder. Pode transformar-se num sistema de verdades, de seguranças, de normas e tradições em nome das quais se praticam exclusões e se fazem guerras. Os principais conflitos nos últimos séculos foram religiosos produzindo milhares de mortes, torturas e humilhações de todo gênero. As instituições religiosas cristãs convivem mal com místicos e profetas. Por isso todos os santos e santas fundadores de ordens e congregações ou de outras inciativas inovadoras dentro das Igrejas conheceram a incompreensão, a perseguição, o cárcere e alguns até a morte pela inquisição. Santa Joana d’Arc foi queimada na fogueira. S. João da Cruz, o místico ardente, ficou longo tempo encarcerado. Teilhard de Chardin, um dos maiores pensadores e místicos cristãos da atualidade, ficou exilado e recluso por muitos anos na China. Os que os condenaram o fizeram na maior das boas intenções, pensando servir a Deus. Cristo nos advertiu para semelhantes equívocos. Ele mesmo foi vítima desta lógica de exclusão. Mas suportou-a com liberdade interior, vivendo sem rancor e oferecendo o perdão. – Senhor, dá-nos lucidez para não usarmos o Teu nome ou o Teu evangelho para excluirmos pessoas ou para deixarmos de amá-las. E se formos vítimas de incompreensão por nossas atitudes, concede-nos o dom da resistência e do perdão. Amém (Leonado Boff – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

VI Domingo da Páscoa – Ano C


(At 15,1-2.22-29; Sl 66 [67]; Ap 21,10-14.22-23; Jo 14,23-29)

1. As primeiras comunidades cristãs atravessaram várias situações e tiveram seus problemas, como as do tempo atual; apesar de tudo, essas situações trouxeram a maturidade e a comunhão necessária. Tudo depende do modo como abordamos os problemas que surgem e o discernimento entre o que é essencial e o que é secundário.

2. Os textos nos encaminham para uma compreensão cada vez maior da ação do Espírito Santo em Sua Igreja. É Ele que inspira a necessidade de integrar-se nos costumes e tradições dos povos, ainda que esses sejam discutíveis. O Espírito provoca a Igreja a caminhar para evitar a estagnação e o entrincheiramento. 

3. O autor do Apocalipse já nos havia situado no contexto dessa realidade nova da comunhão com Deus a partir da imagem de uma cidade. Hoje a descrição da mesma é mais detalhada. Não será mais necessária mediação (Templo); nela experimentaremos comunhão e proteção (muralha), abertura e acolhimento universal (portas).

4. “A Igreja, que caminha no tempo, está ainda longe de se identificar com a bela imagem do Apocalipse, apesar disso, é nessa imagem que ela se inspira na sua história contínua de conversão” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

5. Ainda no contexto da última Ceia, Jesus recorda que a comunhão com Ele e com o Pai já é vivenciada desde aqui, nessa observância que fazemos da Palavra. É preciso guardar de modo atento e reflexivo no coração, antes mesmo de colocá-la em prática. 

6. É o Espírito Santo quem fecunda essa Palavra em nós. Experimentaremos a paz que nasce dessa comunhão, mesmo em meio aos conflitos, como vivenciou a Igreja primitiva, vendo em todos os acontecimentos um processo de passagem que nos levará ao encontro final com o próprio Deus.

7. Assim somos desafiados a um olhar sereno e em paz para o futuro da Igreja e do cristianismo, confiando que o Espírito manterá sempre vivo o essencial: a Palavra, que uma vez meditada e rezada virá à prática pelo mesmo movimento do Espírito Santo. Desde já peçamos e vinda do Espírito!

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 25 de maio de 2019


(At 16,1-10; Sl 99[100]; Jo 15,18-21) 
5ª Semana da Páscoa.

“Se fôsseis do mundo, o mundo gostaria daquilo que lhe pertence. Mas, porque não sois do mundo, porque eu vos escolhi e apartei do mundo, o mundo por isso vos odeia” Jo 15,19.

“O mundo aqui não é apresentado como algo ruim, ou como antítese das coisas de Deus. É apenas como um caminho diferente, ignorante das coisas de Deus, alheio à transformação do Evangelho, e sedento da manutenção desse status quo que não leva à comunhão, mas que divide. Nós somos não apenas do mundo, mas somos também o mundo. Deus nos escolhe e capacita, mas não se trata de um grupo alheio, isolado do mundo. Mas, sim, pessoas que, como fermento na massa, podem transformar a própria realidade num mundo melhor. Aqueles que são contrários a essa transformação odeiam toda a iniciativa que leve a mais justiça e fraternidade. E os cristãos são chamados a isso, não a bater de frente por bater de frente, mas se engajarem honesta e dedicadamente a essa empreitada. O mundo é nossa casa, graça, dom de Deus, precisamos assumi-lo como nossa responsabilidade, não como posse. E esse mundo inclui pessoas que talvez não tenham isso bem claro, cujos corações já tenham sido maculados pelo egoísmo, ambição e orgulho. Mas eles também fazem parte de missão. Também fazem parte desse grande presente de Deus para a humanidade, para cada um de nós. Mas esse mundo de gente que tenta desesperadamente se afastar de Deus, não percebendo que essa tentativa inútil só gera mais desespero, abomina mesmo o princípio da solidariedade, da misericórdia, da compaixão. Princípios que todo cristão acolhe como seus. – Pai, só Tu és bom. Ensina-nos, à tua imagem, a cultivarmos a bondade em nosso coração. Não uma falsa bondade, mera retribuição ao que recebemos do outro. Mas uma bondade verdadeira, gratuita, desapegada, direcionada a quem mais precisa e nada pode oferecer em troca. Faze-nos reflexo do bem supremo que só Tu podes representar. Amém! (Clauzemir Makximovitz – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).   

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 24 de maio de 2019


(At 15,22-31; Sl 56[57]; Jo 15,12-17) 
5ª Semana da Páscoa.

“Já não vos chamo servo, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor.
Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi do meu Pai” Jo 15,15.

“Jesus entende o amor como um amor entre amigos. Não um amor que vem de cima, é um amor que vê no outro um igual, é um amor entre amigos. E o auge desse amor amical é a morte de Jesus pelos amigos que somos nós. ‘Ninguém tem maior amor do que aquele que se despoja da vida por aqueles a quem ama’ (15,13). O amor do amigo é, tanto para os judeus quanto para os gregos, o maior bem e o cumprimento de seu desejo mais profundo. Jesus chama os discípulos de amigos. Eles já não são servos que não sabem o que o senhor faz e que não têm acesso ao coração do seu amo. O servo não entende o seu senhor, ele está sempre no escuro, ‘e por isso vive num estado de medo’ (BULTMANN, 1950, p. 418). Os discípulos são amigos amados incondicionalmente por Jesus. Nessa imagem da amizade, João descreve o mistério da nova relação de Deus com nós homens, que se tornou realidade por Jesus. Somos amigos de Deus. Somos amigos de Jesus. O amor amical é pura dádiva. Não nos sentimos mal em vista da obrigação de retribuí-lo. Ele simplesmente está aí. Quando passamos a ser amigos, o amor flui espontaneamente. Na imagem do amigo, Jesus nos mostra a nossa dignidade. Estamos na mesma altura dele. Tornamo-nos íntimos. Ele se abriu conosco. Revelou-nos tudo o que ouviu do Pai. Estamos a par de todos os segredos desse amigo divino. A morte de Jesus não deve causar remorsos, como se fôssemos culpados pela morte dele por causa dos nossos pecados. Pelo contrário, na morte, Jesus está especialmente perto de nós, como nosso amigo. É nesse momento que é selada a nossa amizade. Podemos experimentar como somos importantes para Jesus, a ponto de ele entregar a sua vida por nós” (Anselm Grun –Jesus: porta para a vida – Loyola). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 23 de maio de 2019


(At 15,7-21; Sl 95[96]; Jo 15,9-11) 
5ª Semana da Páscoa.

“Como meu Pai me amou, assim eu vos amei. Permanecei no meu amor” Jo 15,9.

“À metáfora da videira segue imediatamente o tema do amor. Agora, Jesus explica em que consiste esse permanecer nele: ‘permanecei no meu amor’ (15,9). O amor se parece com um recinto em que podemos entrar e morar. E o amor se parece com uma fonte à qual estamos ligados, assim como o ramo está preso à videira da qual recebe força e vigor. O motivo do nosso amor é o amor de Jesus com o qual ele nos amou até a consumação. Esse amor é motivo de alegria. Os padres da Igreja interpretaram a palavra de Jesus sobre a alegria perfeita que ele nos dá como promessa de uma alegria indestrutível, de uma alegria que ninguém pode tirar. O ser humano anseia por essa alegria que já não depende do sucesso e da atenção, mas que brota de uma experiência interior. É a alegria como resposta ao amor incondicional de Jesus. Jesus nos põe em contato com a alegria que é uma qualidade interior de nossa alma. Nele, a nossa alma se expande. A alegria é a expressão da vida que está dentro de nós e com a qual Jesus nos põe em contato por meio de seu amor” (Anselm Grun – Jesus: porta para a vida – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 22 de maio de 2019


(At 15,1-6; Sl 121[122]; Jo 15,1-8) 
5ª Semana da Páscoa.

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” Jo 15,1

“Na metáfora da videira, Jesus explica a transformação operada em nosso corpo e me nossa alma pelo fato de Deus morar no ser humano. ‘A imagem da videira é mística pura’ (SANFORD, 1997, p. 142, v. 2). Ela nos mostra como a nossa alma é transformada e fecundada pela união com Deus. [...] Se Jesus afirma que é ele a verdadeira videira (‘he alethine’), então há nisso um significado também para mim: se eu olhar para videira, a árvore, a porta, o pão, se procurar entender o fundo das coisas terrenas, então acabarei descobrindo nelas o mistério de Jesus, o mistério de Deus e o mistério do homem. Tudo se transforma em símbolo de Deus que se tornou homem em Jesus. Bultmann vê na videira também uma imagem da árvore da vida, com a qual tantos mitos sonharam. Agora vem Jesus e diz: eu sou a realidade daquilo que vocês sonharam. Em mim, os seus sonhos se realizam. Tudo aquilo que no mundo parece satisfazer a fome, a sua sede, seu desejo de viver não passa de aparência. Só em mim, o seu desejo vira realidade. Eu sou a origem da vida verdadeira. Se vocês permanecerem em mim, produzirão frutos de verdade, e a sua vida terá sentido e será fecunda” (Anselm Grun – Jesus: porta para a vida – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite 

Terça, 21 de maio de 2019


(At 14,19-28; Sl 144[145]; Jo 14,27-31) 
5ª Semana da Páscoa.

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo.
Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” Jo 14,27.

“Se imaginarmos um universo totalmente vazio, sem matéria nem força alguma, talvez digamos: que paz! Mas só poderíamos dizer isso porque nossa mente guarda a memória de conflitos, e, sem essa memória, é claro, jamais teríamos existido para saber o que é paz. Pois a paz só pode ser reconhecida como tal se antes houver existido um conflito. Cessada a luta, vem a paz: às vezes com o germe do novo conflito; outras, raramente, com a certeza de ser definitiva. Por isso, Jesus diferencia a sua paz daquela que o mundo dá, sendo a mais conhecida a Pax Romana, ou seja, a paz romana, a paz seguida após uma conquista pela força das armas (logo, um conflito) e estabelecida pela força dessas mesmas armas (consequentemente, um estopim para novos conflitos). Jesus não quer uma paz que de um lado está o oprimido e, de outro, o opressor. Essa paz tão somente oculta o conflito latente, o conflito ressentido, o conflito que pode ser flexionado por qualquer descuido. A paz de Jesus é uma paz antecedida por um terrível conflito; Deus x ser humano. Deus, com sua justiça, pureza e poder; o ser humano, injustiça, impureza e fraqueza. Desse conflito só sairia um perdedor: o ser humano. Jesus, no entanto, intermedeia essa luta e se transforma no x (o versus) e, ao mesmo tempo, se desse x numa cruz. Eis, pois, como fica terrível o conflito: Deus... ser humano. O poderoso (que seria o opressor) carrega a cruz; o ser humano (o oprimido), confia na cruz. Mesmo que a confiança, a fé, corcoveie e, eventualmente, se afunde no chão, aquele que dá estabilidade à cruz sequer se mexe. Por isso, temos paz. – Senhor Jesus, a paz que Tu nos dás é uma paz não isenta de conflitos em uma das pontas: nós – porque incessantemente nos sobrevêm dúvidas por causa da nossa mente inquieta e dos nossos constantes pecados. Mas na outra ponta: Tu, ó Pai – está a nossa segurança. Por isso, e só por isso, estamos em paz. Amém  (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 20 de maio de 2019


(At 14,5-18; Sl 113B[115]; Jo 14,21-26) 
5ª Semana da Páscoa.

“Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” Jo 14,21b.

“Nessas palavras completa-se a relação pessoal com Jesus e, por meio dele e nele, com Deus. Aqui, João não quer fazer uma afirmação sobre a essência do Deus trino, ele quer simplesmente meditar sobre a realidade de Jesus que passou a morar com o Pai na glória e, ao mesmo tempo, mora também dentro de nós pelo Espírito Santo. Ele estabeleceu a sua morada entre nós, uma morada que nem a morte poderá destruir. O Espírito é a presença permanente de Jesus entre nós e dentro de nós. Jesus não nos deixa para trás, como órfãos. Ele continua conosco e dentro de nós de uma nova maneira. Ele está até mais perto de nós do que quando viveu na terra. Porque agora ele mora em nosso coração. Se Jesus não tivesse deixado os discípulos, estes correriam o perigo de projetar o seu eu sobre ele. Assim não progrediriam em seu caminho de desenvolvimento. Como Jesus os deixa, precisam encontrar o seu verdadeiro eu dentro de si mesmos. O Espírito Santo leva os discípulos àquele Cristo ‘que mora na alma e do qual nunca poderão ser separados’ (SANFORD, 1997, p. 157, v. 2). A retirada de Jesus nos torna capazes de assumir uma comunhão mais profunda com ele. Já não podemos ser separados dele. Ele se fundiu conosco. Ele é mais íntimo de nós do que nós mesmos. O Espírito é a expressão dessa nova união mais íntima com Jesus. Ele não nos abandona, como Sócrates, por exemplo, abandonou os seus discípulos, deixando-os para trás como órfãos. Jesus vive. Ele ressuscitou e nos faz participar dessa vida divina que o mundo não compreende e não enxerga. Páscoa significa que Jesus está entre nós e dentro de nós pelo Espírito como poder capaz de suscitar a vida. O ressuscitado já está entre nós pelo Espírito e não nos abandonará nunca mais. O Espírito é o futuro divino que não terá fim. A comunhão com Deus, na qual fomos introduzidos pelo Espírito, não se desfaz na morte, pelo contrário, ela se manifesta então em toda sua plenitude. Para João, o cerne do cristianismo consiste no milagre admirável da chegada de Deus entre os homens. Através de Jesus, Deus entrou no homem e continuará presente nele para todo o sempre. João não se cansa de meditar sobre essa verdade. Os discursos de despedida giram em torno desse tema, abordando-o de todos os lados, para que o leitor seja capaz de crer cada vez mais: Deus está nele, e ele está em Deus. Jesus é o milagre da presença de Deus no ser humano. O auxiliador nos comunica essa presença permanente. Ele abre o espaço do nosso coração, para que o Pai e o Filho possam estabelecer a sua morada dentro dele. Se Deus mora dentro de nós, também nós somos capazes de morar em nós mesmos, de chegar ao nosso eu verdadeiro e de estar em casa dentro de nós mesmos” (Anselm Grun – Jesus: porta para a vida – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

5º Domingo da Páscoa – Ano C


(At 14,21b-27; Sl 144[145]; Ap 21,1-5a; Jo 13,31-33a.34-35)

1. A primeira missão da Igreja nascente está prestes a terminar. Na viagem de volta de onde partiram, eles têm a atenção para com as novas comunidades nascidas de sua pregação. Lembra-lhes que as dificuldades fazem parte do processo de maturação e os confia a Deus.

2. O texto aparece para nós como um esquema de evangelização que ao mesmo tempo precisa de constante revisão, pela partilha. No fundo do texto está a consciência da ação divina que os tem como instrumentos.

3. Caminhando para o final da leitura do Apocalipse, eis que a visão de um novo céu e uma nova terra traz de volta o começo, onde Deus havia preparado um jardim para a humanidade; o fim será a retomada de uma comunhão mais plena que acolhe e recolhe toda forma de sofrimento. 

4. O texto fala dessa esperança que carregamos do nosso futuro em Deus, ainda que o nosso presente continue marcado por lágrimas, mortes e lutos. Deus está comprometido com este futuro.  

5. A liturgia nos traz de volta ao Cenáculo onde se deu a última Ceia. Aqui se faz uma leitura de caráter pascal das palavras de Jesus. Sua glorificação se dá pela doação da própria vida, numa dinâmica de amor que deve inspirar os discípulos na vivência do mandamento do amor.

6. Só o amor é capaz de encher o nosso coração de esperança. Ele é o sinal que provoca o reconhecimento da nossa fé e é ao mesmo tempo testemunho. Para conservar a sua característica divina ele tem que ser totalmente desinteressado, liberto de exigências de gratificação e de correspondência. Um amor como o de Jesus.

7. Jesus se coloca como a causa: ‘Eu vos amei’. É uma possibilidade, mais que uma obrigação ou um preceito. “Poder amar como Jesus, com uma paixão tipicamente divina: isto é que torna ‘novo’ o Seu mandamento. Que outra legítima ambição podemos alimentar – enquanto discípulos do Senhor e como Igreja na sua totalidade – senão a de sermos reconhecidos discípulos d’Aquele que encontra a Sua glória em doar-Se totalmente, sem condições? (cf. Jo 13,31.32)” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 18 de maio de 2019


(At 13,44-52; Sl 97[98]; Jo 14,7-14) 
4ª Semana da Páscoa.

“... e o que pedirdes em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” Jo 14,13.

“Jesus está concedendo a seus discípulos uma carta branca: ‘O que pedirdes em meu nome eu o farei”. Carta branca semelhante a essa também gostaríamos de receber e com ela em mãos já sonhamos com saldos bancários extensos, iates, carros potentes, apartamentos de luxo de frente para o mar e, por que não dizer, mulheres e mais mulheres, uma mais linda que a outra. Carta branca, não é? O nosso velho homem não é bobo, nem descansa. É perspicaz e aproveita qualquer oportunidade para se dar bem. Por isso, mesmo vendo que esse projeto acima não iria dar certo, lampejos dele passam em nossa mente. E é essa a razão de tantas pessoas poderosas caírem na tentação de torna-lo realidade. Alguns até oram sobre o dinheiro arrecadado em propinas como se Deus rendesse à corrupção. Mas a carta branca é dada a discípulos de Cristo quando Ele já pré-vivenciava os momentos da Sexta-feira Santa. Aqui não se tratava de um carpem diem satânico. Aqui se tratava dos últimos instantes na terra do Filho de Deus, daquele que através da sua morte e ressurreição iria redimir todo o mundo. E ela é dada com um objetivo superelevado: ‘[...] para que o Pai seja glorificado no Filho’. Sabemos que essa glorificação não tinha nada de fausto nem de razoavelmente agradável. Muito pelo contrário. Todos nós fugiríamos dela porque Ele significa apenas angústia, sofrimento, abandono do próprio Deus e morte. Era essa a glorificação do Filho da qual o próprio Deus Pai iria participar, se é que já não estava participando. Em consequência disso, a carta branca recebida pelos discípulos (e por nós também) é uma carta branca dirigida para nela derramarmos o sangue das nossas orações a fim de que o Pai seja glorificado no Filho e nós todos nos glorifiquemos neles. – Senhor Deus, estamos sempre querendo a glória do mundo, glória passageira e muitas vezes contrária à tua vontade. Perdoa-nos. Ensina-nos a tua glória, glória que passa pela cruz como um fio vermelho que amarra todos os teus filhos. Amém”   (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes). 

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 17 de maio de 2019


(At 13,26-33; Sl 2; Jo 14,1-6) 
4ª Semana da Páscoa.

“Na casa do meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito.
Vou preparar um lugar para vós...” Jo 14,2.

“Em 14,1-4 Jesus fala das moradas na casa do Pai. Com essas palavras, ele responde a uma necessidade intrínseca do ser humano de segurança, de um lar, de aconchego e paz. O próprio Jesus nos prepara uma morada na casa do Pai. Lá existem muitas moradas, e para cada um de nós tem uma apropriada. É a morada eterna junto do Pai. Mas mesmo agora, neste mundo, já moramos onde Deus está. Jesus, que passou para o âmbito divino, retorna para junto de nós, para que passemos com ele, já agora, para o âmbito do Pai. Isso nos dá verdadeira liberdade e segurança no meio da sensação de desabrigo desse mundo. Na hora da nossa morte pessoal, Jesus virá das moradas celestes ao nosso encontro, para buscar-nos e levar-nos à morada que ele nos preparou na casa do Pai. Estaremos então sempre com ele. Será a prova de que o amor é mais forte do que a morte, e que nem mesmo a morte nos consegue afastar da união com Cristo” (Anselm Grun – Jesus: porta para a vida – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 16 de maios de 2019


(At 13,13-25; Sl 88[89]; Jo 13,16-20) 
4ª Semana da Páscoa.

“Em verdade, em verdade eu vos digo, quem recebe aquele que eu enviar me recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” Jo 13,20.

“A mesma relação que possui para com o Pai, o Filho quer repassá-la a seus irmãos e irmãs, a todos nós seus seguidores. Com o Pai é de total intimidade, a ponto de formarem uma coisa só, um só amor e um só projeto. Quem recebe Jesus, acolhe o Pai que enviou e está presente em Jesus. Ora, a mesma lógica Jesus quer introduzir para com seus seguidores. Quem os recebe, recebe ao próprio Jesus. Cada discípulo é enviado como o mestre foi enviado. Que significa ser enviado? É cumprir uma missão, é colocar-se a serviço de uma causa. Jesus foi enviado para trazer vida, potenciar o sistema da vida e transfigurar a vida. Isso se faz criando laços de amor, vínculos de solidariedade e movimentos de solidariedade. Tais coisas reforçam a vida. Por isso sempre que alguém se engaja em tais causas, está dentro da grande causa de Jesus. Acolher as pessoas e os movimentos que promovem tais bandeiras, somar-se a eles, é acolher Jesus. Por isso acolher Jesus não significa apenas acolher Jesus quando ele se manifesta com seu nome próprio. Acolhendo a causa dele, muitas vezes sob outros nomes e até anônima, é estar em comunhão com Jesus, é acolhê-lo verdadeiramente. – Senhor, faze que sejamos servidores da vida, para sermos instrumentos de Tua missão neste mundo. Dá-nos a lucidez de descobri Tua presença velada lá e sempre onde a vida é defendida e promovida pouco importa a etiqueta das pessoas e os nomes de suas inspirações. Amém (Leonado Boff – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 15 de maio de 2019


(At 12,24—13,5; Sl 66[67]; Jo 12,44-50) 
4ª Semana da Páscoa.

“Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção, e sua face resplandeça sobre nós! [...] Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem! Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, e o respeitem os confins de toda a terra!” Sl 67,1.6.8

“É tentador para os cristãos desenvolverem uma mentalidade de fortaleza. Vivemos e trabalhamos em um mundo que parece atacar todos os valores que consideramos significativos: a santidade do casamento, o chamado para viver de forma que honre a Deus, a importância de uma sociedade marcada por justiça e compaixão. Às vezes, só queremos ficar na defensiva e continuar com nossa panelinha santa. A expansão do Reino de Deus nem mesmo está em nosso pensamento. Perdemos a paixão por ver outras culturas e outras nações alcançadas pela mensagem de Jesus. O povo de Deus no antigo Testamento teve a mesma tentação. Os israelitas começaram a pensar que toda a atenção de Deus estava focada neles. Eles ficaram um pouco chocados quando foram adorar e se viram cantando o salmo 67 no final do culto. Se eles realmente ouviram, saíram do templo com uma perspectiva muito diferente: ‘Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te todos os povos’ (v. 3). Deus confiou a mensagem de sua graça para uma família, uma nação, mas não queria que essas pessoas mantivessem a mensagem só par si mesmas. A intenção de Deus era que elas se espalhassem para falar ao mundo sobre o Deus verdadeiro. Que bom que ‘todos os povos’ sempre estiveram no coração de Deus, porque é onde eu me encaixo! Usando a palavra hebraica, eu sou um goy, uma parte dos povos (goyim) do mundo. Isso me abençoa, pois, mesmo no antigo Testamento, quando Deus parecia estar focado apenas em Israel, ele tinha o mundo inteiro em vista. A família cristã, a Igreja de Cristo, é uma mistura maravilhosa de pessoas de todas as nações, culturas e línguas. Fomos enxertados no programa de salvação de Deus pela fé e Jesus Cristo” (Douglas Connelly – Guia Fácil para Entender os Salmos – Thomas Nelson).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 14 de maio de 2019


(At 1,15-17.20-26; Sl 112[113]; Jo 15,9-17) 
São Matias, apóstolo.

“Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais frutos, e o vosso fruto permaneça” Jo 15,16a.

“Para que somos chamados por Deus? Qual o projeto, o caminho que ele tem para nós? Talvez, se lembrarmos que a relação de Deus com a humanidade é a de um Pai amoroso, que se importa e ama cada um de seus filhos, respeitando, mas também torcendo que eles se tornem cada vez pessoas melhores, como qualquer pai torce por seus filhos, então compreendemos melhor qual o verdadeiro projeto para a humanidade. Deus se faz homem, assume a humanidade. Essa atitude é de alguém que ama tanto, que quer superar qualquer distância para com seus amados. Escolhidos que somos, não um grupinho dentre todos, não os que o garantem por méritos próprios, mas toda a humanidade, somos chamados a realizar de modo pleno essa comunhão com Deus, chamados a uma vida realizada e verdadeiramente feliz. Não sem dificuldades, não sem provações, caso contrário não seria uma vida real. Mas uma vida em que possamos enfrentar tudo com coragem e confiança de que não o estamos fazendo sós, mas que Deus acompanha cada passo. Essa é a fonte da verdadeira felicidade. Como cada um vai conseguir concretizar isso, depende de quem nós somos, de nosso dons, qualidades e defeitos, depende de nossos limites e até mesmo das oportunidades que a vida no oferece e que aproveitamos ou não. Depende de tudo isso, somos realmente felizes e realizados quando nos damos conta honestamente de que levamos nossa vida da melhor forma que podemos, ajudando quando está ao nosso alcance, não nos deixando levar pelo comodismo, evitando prejudicar alguém e mesmo lutando contra a injustiça e a maldade. Somos pessoas melhores quando não somos melhores que os outros, mas melhores para os outros. – Tu, Senhor, és o verdadeiro bem e a verdadeira vida. Dá-nos realizar nosso chamado sempre em tua companhia que conforta e incentiva à superação, que fortalece e ensina a doação. Amém!(Augusto Jacob Grun – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes). 

Pe. João Bosco Vieira Leite