(At 18,9-18; Sl 46[47]; Jo 16,20-23)
6ª Semana da Páscoa.
“Também vós agora
sentis tristeza, mas eu hei de ver-vos novamente, e o vosso coração se
alegrará,
e ninguém vos poderá
tirar a vossa alegria” Jo 16,22.
“Os discípulos vão
conhecer um tempo de alegria e de lamentações – lágrimas silenciosas não são
nos hábitos orientais – enquanto que o mudo se alegrará, isto é, os judeus que
pensarão ter acabado com Jesus. Mas essa tristeza será passiva e se
transformará em alegria. Será como no caso de uma mulher em trabalho de parto:
ela tem a sua hora de sofrimento; depois que a criança nasceu, ela esquecerá
tudo, na alegria de ter dado ao mundo um novo representante da raça humana. A
hora da tristeza é próxima para os discípulos; mas de novo Jesus virá para
eles, eles o verão, e assim a alegria lhes será devolvida, uma alegria que
ninguém lhes poderá tirar. Então eles não terão mais perguntas a fazer. A plena
segurança na posse da verdade será um dos elementos de alegria. Toda passagem
dá a entender que essa desaparição do Cristo, que vai ser para os discípulos
causa de lágrimas e de gemidos, é a sua morte iminente: ‘Ainda um pouco de
tempo e não mais me vereis’. Quanto à volta após um pouco de tempo, devemos ver
aí um anúncio da ressurreição do Cristo. Mas essa volta do Cristo não se limita
a aparições passageiras. Ela continua pela presença de Jesus ressuscitado no
seio da sua Igreja, no coração dos fiéis, esperando a visão face a face no
reino eterno. A Ressurreição é o começo duma presença que se perpetuará,
invisível, mas real, até à vinda gloriosa do último dia. Desde aqui, graças a
essa posse de Jesus, pela vida de fé, penhor e prelúdio da visão, a alegria dos
discípulos será uma alegria duradoura que nada de fora a eles poderá tirar” (J. Huby
– Les discours de Jésus après la Cène – Editora Beneditina
Ltda.).
Santo do Dia:
Santa Rita de Cássia, religiosa. Nasceu
em 1381, num canto remoto da úmbria, em Roccaporena. Crescida no temor de Deus
junto aos seus velhos pais, respeitou-lhes tanto a autoridade a ponto de
sacrificar o propósito de fechar-se num convento e aceitou unir-se em
matrimônio com um jovem violento e irrequieto, Paulo de Ferdinando. As
biografias da santa nos pitam uma cena familiar não incomum: uma mulher doce,
atenta a não ferir a suscetibilidade do marido, de cujas maldades está consciente,
e sofre e reza em silêncio. Sua bondade conseguiu, por fim, abrir uma brecha no
coração de Paulo, que mudou de vida e de costumes, sem, todavia, conseguir
fazer com que seus inimigos esquecessem os velhos rancores acumulados. Uma
tarde foi encontrado morto à beira de uma estrada. Os dois filhos, já bastante
crescidos, juraram vingar o pai. Quando Rita percebeu a inutilidade de seus
próprios esforços para dissuadi-los, encontrou a coragem de pedir a Deus que
chamasse a ambos a si, antes que se manchassem como homicidas. Sua oração,
humanamente incompreensível, foi ouvida. Sem marido e filho, Rita então pôde
bater à ´porta do convento das agostinianas de Cássia. Seu pedido não foi
aceito. Voltando ao seu solitário lar, suplicou incessantemente aos seus três
santos protetores, São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de
Tolentino. Numa noite, os três santos apareceram-lhe e convidaram-na a
segui-los. Eis que Rita se vê no meio do coro, onde as freiras estavam
recitando as orações da manhã. Rita pôde assim vestir o hábito das
agostinianas, realizando o antigo de dedicar-se totalmente a Deus, votando-se à
penitência, à oração e ao amor de Cristo crucificado, que a associou
visivelmente à sua paixão, imprimindo-lhe na testa um espinho. Este estigma milagroso,
recebido durante um êxtase, marcou-lhe o rosto com uma dolorosíssima chaga
purulenta até a morte, isto é, durante 14 anos. A fama de sua santidade
ultrapassou os muros do rigoroso convento de Cássia. As orações de Rita
obtiveram prodigiosas curas e conversões. Para ela mesma nada pediu a não ser o
vestir as dores que aliviavam o próximo. Morreu no mosteiro de Cássia em 1457 e
foi canonizada em 1900.
Pe. João Bosco Vieira Leite