Sexta, 22 de maio de 2020

(At 18,9-18; Sl 46[47]; Jo 16,20-23) 

6ª Semana da Páscoa.

“Também vós agora sentis tristeza, mas eu hei de ver-vos novamente, e o vosso coração se alegrará,

e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria” Jo 16,22.

“Os discípulos vão conhecer um tempo de alegria e de lamentações – lágrimas silenciosas não são nos hábitos orientais – enquanto que o mudo se alegrará, isto é, os judeus que pensarão ter acabado com Jesus. Mas essa tristeza será passiva e se transformará em alegria. Será como no caso de uma mulher em trabalho de parto: ela tem a sua hora de sofrimento; depois que a criança nasceu, ela esquecerá tudo, na alegria de ter dado ao mundo um novo representante da raça humana. A hora da tristeza é próxima para os discípulos; mas de novo Jesus virá para eles, eles o verão, e assim a alegria lhes será devolvida, uma alegria que ninguém lhes poderá tirar. Então eles não terão mais perguntas a fazer. A plena segurança na posse da verdade será um dos elementos de alegria. Toda passagem dá a entender que essa desaparição do Cristo, que vai ser para os discípulos causa de lágrimas e de gemidos, é a sua morte iminente: ‘Ainda um pouco de tempo e não mais me vereis’. Quanto à volta após um pouco de tempo, devemos ver aí um anúncio da ressurreição do Cristo. Mas essa volta do Cristo não se limita a aparições passageiras. Ela continua pela presença de Jesus ressuscitado no seio da sua Igreja, no coração dos fiéis, esperando a visão face a face no reino eterno. A Ressurreição é o começo duma presença que se perpetuará, invisível, mas real, até à vinda gloriosa do último dia. Desde aqui, graças a essa posse de Jesus, pela vida de fé, penhor e prelúdio da visão, a alegria dos discípulos será uma alegria duradoura que nada de fora a eles poderá tirar” (J. Huby – Les discours de Jésus après la Cène – Editora Beneditina Ltda.).

 

Santo do Dia:

Santa Rita de Cássia, religiosa. Nasceu em 1381, num canto remoto da úmbria, em Roccaporena. Crescida no temor de Deus junto aos seus velhos pais, respeitou-lhes tanto a autoridade a ponto de sacrificar o propósito de fechar-se num convento e aceitou unir-se em matrimônio com um jovem violento e irrequieto, Paulo de Ferdinando. As biografias da santa nos pitam uma cena familiar não incomum: uma mulher doce, atenta a não ferir a suscetibilidade do marido, de cujas maldades está consciente, e sofre e reza em silêncio. Sua bondade conseguiu, por fim, abrir uma brecha no coração de Paulo, que mudou de vida e de costumes, sem, todavia, conseguir fazer com que seus inimigos esquecessem os velhos rancores acumulados. Uma tarde foi encontrado morto à beira de uma estrada. Os dois filhos, já bastante crescidos, juraram vingar o pai. Quando Rita percebeu a inutilidade de seus próprios esforços para dissuadi-los, encontrou a coragem de pedir a Deus que chamasse a ambos a si, antes que se manchassem como homicidas. Sua oração, humanamente incompreensível, foi ouvida. Sem marido e filho, Rita então pôde bater à ´porta do convento das agostinianas de Cássia. Seu pedido não foi aceito. Voltando ao seu solitário lar, suplicou incessantemente aos seus três santos protetores, São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino. Numa noite, os três santos apareceram-lhe e convidaram-na a segui-los. Eis que Rita se vê no meio do coro, onde as freiras estavam recitando as orações da manhã. Rita pôde assim vestir o hábito das agostinianas, realizando o antigo de dedicar-se totalmente a Deus, votando-se à penitência, à oração e ao amor de Cristo crucificado, que a associou visivelmente à sua paixão, imprimindo-lhe na testa um espinho. Este estigma milagroso, recebido durante um êxtase, marcou-lhe o rosto com uma dolorosíssima chaga purulenta até a morte, isto é, durante 14 anos. A fama de sua santidade ultrapassou os muros do rigoroso convento de Cássia. As orações de Rita obtiveram prodigiosas curas e conversões. Para ela mesma nada pediu a não ser o vestir as dores que aliviavam o próximo. Morreu no mosteiro de Cássia em 1457 e foi canonizada em 1900.   

Pe. João Bosco Vieira Leite