Sábado, 9 de maio de 2020


(At 13,44-52; Sl 97[98]; Jo 14,7-14) 
4ª Semana da Páscoa.

“Desse modo, a Palavra do Senhor espalhava-se por toda a região” At 13,49.

“O que aconteceu na experiência de Paulo e Barnabé (primeira leitura) oferece-nos uma dupla indicação, uma de perspectiva e outra de método. A perspectiva: a universalidade. A Boa Notícia que os dois missionários anunciam vem do amor de Cristo crucificado e ressuscitado, um amor que abraça a todos: não é possível anunciar o Evangelho a alguns, e a outros não, anuncia-lo aos vizinhos e não aos que estão longe. O método: o missionário leva a Boa Notícia, cria uma comunidade e retoma a caminhada. A Palavra atua segundo tempos e modos que não correspondem aos da lógica humana, porque ela tem uma lógica toda sua. Refere por isso o texto: ‘A Palavra do Senhor divulgava-se por toda a região’ (At 13,49). Ao verem o acolhimento que Paulo e Barnabé tiveram da parte da população, os judeus desencadeiam uma perseguição contra eles. Encontramos a confirmação na lógica evangélica: a Palavra não obtém a sua eficácia da resposta do homem, mas tem em si mesma a força que lhe é própria. Assim, saídos os missionários, permanece, precisamente no lugar da rejeição, um grupo de discípulos ‘cheios de alegria e do Espírito Santo’ (At 13,52). Ver Jesus – diz-nos João no Evangelho – significa também ouvir a sua Palavra e reconhecer na sua Palavra a Palavra do Pai (cf. Jo 14,10). Só e unicamente em Jesus se pode ter a experiência e o conhecimento do Pai. Como prova-lo? Como demonstrá-lo? Não existe outra argumentação que dispense a fé. É verdade: as palavras de Jesus têm em si mesma uma força de convicção, mas não ao ponto de obrigar o interlocutor a acreditar. É na carne, na história de Jesus que é preciso entender a transcendência do Pai. A resposta dada a Filipe é clara: não pode ser concedida nenhum ‘ver a Deus’ aos discípulos, senão aquele tipo de ‘ver’ que consiste em vislumbrar na presença histórica de Jesus o rosto do Pai. E ter fé em Cristo significa ao mesmo tempo agir com Ele. É o Mestre que o promete aos discípulos: ‘Quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai’ (Jo 14,12) – ‘Senhor Jesus Cristo, enviai também sobre nós o Espírito Santo, que nos dá o conhecer e o querer, e concedei-nos cooperar, em quanto nos for possível, com tudo que depende de nós, de modo a tornar-nos templos do mesmo Espírito. Envia-nos o Paráclito, o Consolador, por meio do qual podemos reconhecer-Vos e amar-Vos, de modo a sermos dignos de chegar até Vós, que sois bendito pelos séculos dos séculos’ [oração ao Espírito Santo, Santo Antônio]” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma – Páscoa] – Paulus).

Santo do Dia:
S. Pacômio, abade – Monge egípcio do século IV, nasceu no Alto Egito no ano de 287, de pais pagãos. Engajado à força no exército imperial com a idade de vinte e três anos, acabou prisioneiro em Tebas com todos os recrutas. Protegidos pela escuridão, alguns cristãos levaram-lhe comida. O gesto dos desconhecidos comoveu Pacômio, que lhes perguntou quem os havia levado a fazer aquilo. “O Deus dos céus”, foi a resposta dos cristãos. Naquela noite Pacômio orou para o Deus dos cristãos pedindo que o livrasse das correntes, comprometendo-se em troca dedicar-lhe sua própria vida ao seu serviço. Obtida a liberdade, cumpriu a promessa agregando-se a uma comunidade cristã onde teve a instrução necessária ao batismo. Durante algum tempo conduziu vida de asceta, dedicando-se ao serviço da gente do lugar, depois se submeteu à guia de um velho monge, Palamon, por sete anos. Durante um intervalo de solidão no deserto, uma voz misteriosa convidou-o a fixar sua morada naquele lugar, ao qual bem logo teriam vindo numerosos discípulos. Foi assim que deu início a uma nova forma de vida monástica: o cenobitismo ou vida comum, em que a disciplina e autoridade substituíam a anarquia dos anacoretas. Ele educou os seus discípulos na vida comum, constituindo pouco distante das margens do Nilo a primeira ‘Koinonia’, uma comunidade cristã, nos moldes daquela fundada pelos apóstolos em Jerusalém, baseada na comunhão de oração, de trabalho e de refeição, e concretizada no serviço recíproco. Ficou desconhecido o lugar da sepultura do santo, pois no seu leito de morte fez o discípulo Teodoro prometer que esconderia seu corpo para evitar que sobre seu túmulo se construísse uma igreja, imitando o costume de se construir capelas sobre a sepultura dos mártires.

Pe. João Bosco Vieira Leite