Quarta, 28 de fevereiro de 2018

(Jr 18,18-20; Sl 30[31]; Mt 20,17-28) 
2ª Semana da Quaresma.

O texto de Jeremias que nos é proposto faz parte de um contexto mais amplo chamado de “confissões de Jeremias”. Ele sabia que era para um bem maior a sua pregação, mas ele encontra adversários que o querem matar. É por causa deles que Jeremias eleva seu pensamento a Deus pedindo proteção. Pode ser que pessoalmente nos sintamos como o profeta, cerceado e precisando de ajuda. A liturgia nos traz o salmo 31,5-6.14-16, rezado por Jesus em sua Paixão (cf. Lc 23,46) e também pelo próprio profeta Jeremias, servindo-se de algumas de suas expressões para falar do seu desespero (cf. Jr 17,18; 20,10; 22,28). “O fiel dirige-se ao Senhor para ser salvo das mãos dos inimigos. Na sua fé inquebrantável confia em quem o pode livrar dos que ‘coligaram contra ele’ das mãos dos seus inimigos. Nem sequer as calúnias de todos os que atentam contra a sua vida podem desviá-lo da verdade" (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 27 de fevereiro de 2018

(Is 1,10.16-20; Sl 49[50]; Mt 23,1-12) 
2ª Semana da Quaresma.

A voz do profeta se levanta em nome de Deus, com forte apelo a conversão e à compreensão do que Deus é capaz de realizar em seu amor, fazendo novas todas as coisas. Para isso o profeta indica alguns elementos concretos, pois não basta oferecer sacrifícios a Deus, se não levamos em conta a sua Palavra para o sentido prático da vida e das relações com o próximo. O salmo 50,8-9.16-17.21.23 complementa a nossa reflexão: “Já não oferecemos animais a Deus, mas ainda trazemos a ele na adoração: o sacrifício de nossos dons, o sacrifício de nós mesmos. E Deus ainda examina nosso coração para ver se estamos apenas cumprindo formalidades ou se nossos sacrifícios brotam de um coração no qual há um amor genuíno por ele. [...] Precisamos olhar cuidadosamente para nosso coração, porque Deus está vendo – e esperando pela resposta alegre que lhe agrada” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).   


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 26 de fevereiro de 2018

(Dn 9,4-10; Sl 78[79]; Lc 6,36-38) 
2ª Semana da Quaresma.

Daniel faz por nós, nesse tempo de penitência, um reconhecimento e pedido de perdão. É reconhecendo as nossas faltas que podemos ousar pedir o perdão. Por outro lado, só nos declaramos culpados porque sabemos e podemos contar com a misericórdia divina. É em nome do seu povo que ele reza e o salmo 79,8-9.11.13, atribuído a Asafe, um dos principais músicos de Davi, prolonga a sua oração: “A única partícula à qual Asafe podia se apegar era o caráter imutável do Senhor Deus – e era só a isso que Asafe tinha para apelar enquanto clamava a Deus por livramento. ‘Venha depressa ao nosso encontro a tua misericórdia’ (v. 8). Asafe não poderia usar a bondade de Israel ou a sua fidelidade inabalável a Deus como influência. Os israelitas eram culpados de iniquidades e pecados. Asafe não poderia pleitear a compaixão dos conquistadores, porque eles teriam respondido com ainda mais crueldade. A única esperança de Asafe era a natureza misericordiosa de Deus. ‘Ajuda-nos, ó Deus, nosso Salvador, para a glória do teu nome’ (v. 9)” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).   


 Pe. João Bosco Vieira Leite

2º Domingo da Quaresma – Ano B

(Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18; Sl 115[116B]; Rm 8,31b-34; Mc 9,2-10)

1. Num tempo em que sacrifícios humanos pareciam aplacar a divindade, e que crianças não tinham valor, o autor sagrado parece se inspirar para nos trazer mais uma das provas passadas por Abraão ao longo de sua jornada de fé. O texto pode suscitar muitas interrogações a respeito desse Deus que nos foi apresentado por Jesus, mas ele quer justamente esclarecer quem é o Deus de Israel.

2. Em primeiro lugar aparece a fidelidade de Abraão, que chega a nos assustar, mas o autor sagrado nos diz que ele confiou de modo absoluto em Deus, desde o começo. Rompeu com todo o passado e acreditou na promessa divina, mesmo quando o seu futuro parecia ameaçado com o sacrifício do único filho.

3. Em segundo lugar, o autor quer deixar claro que o Deus de Israel não aceita nem pede sacrifícios humanos como acontecia no passado, mas exige que nos mantenhamos firmes na fé que temos n’Ele, mesmo quando tudo ao nosso redor parece desmoronar.

4. Assim o texto prepara o terreno para a narrativa do evangelho. Assim como Abraão teve uma experiência de Deus numa alta montanha, assim os três discípulos que acompanham Jesus entram na mesma dinâmica.

5. O terreno do sagrado é carregado de realidades simbólicas que o autor não dispensa: a montanha, a roupa translúcida, a presença de Moisés e Elias, a nuvem, a voz do alto, tudo aponta para uma única realidade: Jesus em divindade. 

6. Por que tudo isso, aqui e agora? No capítulo anterior Jesus anuncia a sua paixão, Pedro se coloca em oposição e Jesus convida seus discípulos a tomarem a sua cruz. Mas não sem antes ter perguntado aos discípulos quem eles achavam que era Jesus, pergunta que se arrasta desde o início do evangelho na boca de muitos.

7. Talvez como Abraão eles estão chocados com o que se revela, mas tendo só Jesus como referencial do caminho que vem pela frente, eles poderão experimentar a mesma glória do Filho amado ao final da jornada. Toda vitória honesta tem seu custo, seu desgaste, sua cruz. Jesus convida a descer e a seguir adiante. É no embaraçado das situações da vida que podemos ler esse texto e apostar também nossas fichas em Jesus e seguir firme na escuta de sua Palavra.

8. Paulo também nos motiva a seguir, pois na entrega do seu Filho, Deus deu-nos não só o perdão dos pecados, mas revelou-se amoroso na gratuidade do seu gesto. Podemos caminhar desconfiado de muitas coisas e de muita gente, mas nunca do amor que Deus tem por nós.

9. Pela fé, o que é preciso deixar ou entregar? A quem devemos ter presente como centro de nossa vida? Eis o caminho da quaresma como proposta de renovação. 


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 24 de fevereiro de 2018

(Dt 26,16-19; Sl 118[119]; Mt 5,43-48) 
1ª Semana da Quaresma.

O trecho que nos oferecido como 1ª leitura é a conclusão de um discurso de Moisés que lembra os prodígios realizados por Deus e traz uma série de normas que identificam a Israel enquanto povo de Deus. O ideal seria ler os versículos que o antecedem. É uma proposta da parte de Deus, um caminho a seguir onde Israel, se for fiel, poderá experimentar a grandeza e a força de Deus, que lhe é favorável enquanto propriedade, povo escolhido. É preciso fazer memória para responder de modo positivo. O salmo 119, 1-2.4-5.7-8 canta o orgulho de Israel de ser conduzido pela Lei do Senhor. Lei que ele aprendeu a amar. Feliz o homem que segue a Lei de Deus. “O que me impressiona nesse salmo é a atitude do autor. Ele ficava empolgado com a leitura da Bíblia. Não se trata de uma tarefa enfadonha. Ele não está simplesmente separando um tempo de silêncio a cada dia para que possa riscá-lo de sua lista de afazeres. Ele ficava muito animado com o seu tempo com a Palavra de Deus. Ele preferia pegar a Bíblia a ler o caderno de esportes. Ele desligava a televisão para ouvir Deus. Por que não somos mais assim? Talvez seja porque não compreendamos todas as maravilhas daquilo que Deus tornou disponível para nós, e todos os benefícios resultantes do estudo constante, obediente e alegre da verdade de Deus. Um conhecimento da Palavra de Deus nos coloca muito à frente dos que nos rodeiam em se tratando de sabedoria e de viver de forma exímia” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).    


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 23 de fevereiro de 2018

(Ez 18,21-28; Sl 129[130]; Mt 5,20-26) 
1ª Semana da Quaresma.

O profeta Ezequiel chama os seus ouvintes a responsabilidade pessoal, ainda que algumas coisas tenham a ver com o passado, pedindo atenção às escolhas feitas no presente. É claro que o agir de Deus é diferente do nosso, mas isso não nos permite julgá-lo, por isso reafirma a retidão dos caminhos divino, pois Deus quer sempre o bem do ser humano. O salmo 130,1-8, na íntegra, traduz uma voz que se eleva como um lamento profundo, marcado pela confiança na misericórdia de Deus apesar do seu pecado. “Adonai, um dos nomes hebraicos de Deus, aparece três vezes no salmo 130. É traduzido como ‘Senhor’ em nossa Bíblia (vv. 2.6) em contraste como nome Yahweh, traduzido como Senhor (vv. 1.3.5.7), o nome Adonai (que significa Soberano ou Mestre) enfatiza a atividade de Deus como Regente sobre o mundo. O salmista espera que Deus não só ouça seu grito de socorro, mas que também intervenha em seu favor. Deus não está apenas sentado no céu, observando o que acontece a uma distância segura. Ele também está efetivamente envolvido nos detalhes de nossa vida. O exemplo supremo da intervenção divina em nosso mundo é a vinda do próprio Deus à terra na pessoa de Jesus. O próprio Jesus disse isso: ele veio buscar e salvar aqueles que estão perdidos e separados de Deus. Esse é um Deus que se aproxima de nós, aqui onde vivemos na terra, e que, em seguida, leva-nos até a glória” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).     


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 22 de fevereiro de 2018

(1Pd 5,1-4; Sl 22[23]; Mt 16,13-19) 
Cátedra de São Pedro.

Para sabermos mais sobre a festa de hoje, podemos olhar os anos anteriores no nosso arquivo. A festa gira em torno da realidade do pastoreio que se sustenta na fé professada em Jesus, transmitido como missão a Pedro e a seus colaboradores. Nada mais adequado que o salmo 23 aqui apresentado na íntegra dos seus seis versículos. Atribuído a Davi, onde se traduz a confiança na bondade e na provisão do Senhor. “Nenhuma passagem da Bíblia é mais amada do que o Salmo 23. Ela tem secado mais lágrimas, confortado mais corações, curado mais feridas, e tronou-se mais citada e memorizada do que qualquer outra seção da Palavra de Deus. O soldado no campo de batalha, o estudante universitário solitário e o cristão idoso que se encontra às portas da morte podem testemunhar o poder dessas palavras para encorajar, abençoar e confortar. É quase possível imaginar o rei Davi, rico e bem sucedido, sentado em seu palácio e refletindo sobre os dias de infância. Enquanto pensava sobre como cuidava das ovelhas do pai, Davi foi lembrado de como um Deus fiel havia tomado conta dele. Ele se lembrou de como Deus o havia protegido do perigo e suprido suas necessidades. Pegando a harpa, Davi começou a cantar: ‘O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta’ (v. 1)” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).  Você também pode fazer memória nesse dia. 


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 21 de fevereiro de 2018

(Jn 3,1-10; Sl 50[51]; Lc 11,29-32) 
1ª Semana da Quaresma.

A história de Jonas e sua missão de anunciar a conversão aos ninivitas é muito conhecida. Em parte, ela trata de nossas resistências em acolher a essa face misericordiosa de Deus. Os ninivitas ganham com isso enquanto Jonas perde um tempo precioso de sua vida. Talvez esse tempo queira mexer conosco por nos fazermos distante desse amor, pois somos chamados não só a anuncia-lo, mas também a experimentarmos. Para isso a leitura é seguida do salmo 51 (vv. 3-4.12-13.18-19). O que fizeram os ninivitas, Jonas é convidado a fazê-lo: “O reconhecimento sincero do próprio pecado abre caminho ao perdão. Somente a intervenção de Deus, no seu espírito de santidade, pode construir um coração novo. Por outro lado, Deus prefere o sacrifício do coração em lugar de todas as ofertas” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 20 de fevereiro de 2018

(Is 55,10-11; Sl 33[34]; Mt 6,7-15) 
1ª Semana da Quaresma.

A Palavra do Senhor fecunda o chão de nossa vida com a sua força, como a chuva que irriga o solo, dando-lhe vida antes de retornar às nuvens. É poética, bela e verdadeira essa visão do profeta, mesmo quando o nosso coração desanimado desconfia de si mesmo, da sua capacidade de acolhê-la e fazê-la frutificar. Esse tempo quaresmal nos convida a debruçar-se um pouco mais sobre a Palavra, a uma abertura maior do solo do coração a essa chuva que vem do alto. Talvez por isso o salmo 34 (vv. 4-7.16-19) nos convide ao louvar a Deus, pois ele sempre nos escuta.  Atribuído a Davi, que está em fuga de Saul e escapa graças à intervenção divina e aproveita para testemunhar o que significa confiar em Deus em nossa vida diária: “Davi não queria que sua experiência fosse desperdiçada ou esquecida. Quando nos encontrarmos em muitos problemas, temos um salmo para cantar. O foco, como sempre, é o Senhor: o Senhor livra, o Senhor redime, o Senhor ouve, o Senhor salva” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).    


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 19 de fevereiro de 2018

(Lv 19,1-2.11-18; Sl 18[19]; Mt 25,31-46) 
1ª Semana da Quaresma.

Se Deus é santo, Seus filhos e filhas não têm outro caminho se não buscar o Seu caminho de santidade que não tem nada de abstrato, mas um modo de ser e de agir que se concretiza em ações bem precisas conforme o texto que acompanhamos como 1ª leitura. Se olharmos com cuidado veremos em suas propostas algo da nossa Campanha da Fraternidade desse ano. Não esqueçamos: o reconhecimento de Deus como Senhor e o reconhecimento do valor do próximo e do amor que lhe é devido caminham juntos: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). O salmo responsorial (19,8-11.15) canta a perfeição da Lei Divina e pede que tal reconhecimento esteja em sus lábios como um canto que se eleva: “’Que as palavras da minha boca – o que falo – e a meditação do meu coração – o que penso – sejam o tipo de palavras e pensamentos que foi submetido ao julgamento de tua palavra, Pai, refletindo a instrução, a luz e o amor do teu coração, para que o que sou, tanto por dentro como por fora, seja agradável diante de ti’. Quando você fizer esse tipo de oração antes de ler o livro da Palavra ou o livro da natureza, descobrirá que Deus fala com você de um modo maravilhoso (Ray Stedman in Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).    


  Pe. João Bosco Vieira Leite

1º Domingo da Quaresma – Ano B

(Gn 9,8-15; Sl 24[25]; 1Pd 3,18-22; Mc 1,19-15)

1.  A nossa 1ª leitura faz alusão ao grande dilúvio que teria atingido toda a terra. É provavel que o autor esteja se referindo a um episódio particular. Na leitura que faz do ocorrido, imagina que Deus, um dia aborrecido com o comportamento do ser humano tenha resolvido por fim a uma geração e começar de novo.

2. Por trás dessa narrativa, o autor nos diz que Deus não é indiferente aos acontecimentos aqui de baixo, mesmo quando a maldade parece crescer. Que Deus é capaz de intervir, e o faz para recomeçar, não simplesmente para castigar. Faz Aliança, por sua iniciativa, sem necessariamente pedir algo em troca.

3. Dos sinais da natureza, ele escolhe o arco-íris, pós-chuvas, como um guerreiro que depõe seu arco, não está em luta com o homem, e ao mesmo tempo para sinalizar a alegre certeza de que Deus insistirá conosco, até que um dia a gente compreenda o seu amor por nós.

4. É recordando as águas do dilúvio que Pedro faz uma ligação com as águas do batismo; o batismo é um rito de passagem, de águas que lavam, purificam, para a novidade da vida cristã. Foi para que essa vida nova se concretizasse que Cristo deu a sua vida por nós. Já ensaiamos aqui passos para o tríduo pascal.

5. A narrativa sobre a tentação de Cristo transmitida também por Marcos é a mais curta, desse primeiro domingo da quaresma, cuja menção se repete a cada ano.

6. Segundo Marcos, é o próprio Deus que leva, conduz Jesus para uma situação de provação. A Bíblia está cheia de narrativas em que o ser humano é provado em sua fé. Não instigado ao mal, mas a fazer escolhas. Na sua humanidade perfeita, para Jesus não podia ser diferente.

7. O simbolismo do número quarenta nos remonta àquilo que já sabemos, durante toda a sua vida Jesus foi submetido a tentações. Propostas que o convidavam a deixar de lado a proposta divina e seguir o seu próprio caminho, quem sabe a de um Messias popular.

8. O texto salienta que durante esse período ele nunca esteve só, apesar do deserto. O que pode nos indicar um conforto nas experiências de deserto que experimentamos.

9. O restante do breve trecho nós já ouvimos no 3º Domingo do Tempo Comum que nos serve de motivação para o início da Quaresma: reafirmar a nossa fé no evangelho, empreender um caminho de revisão e mudança que corresponda a essa mesma fé.  Boa caminhada quaresmal.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 17 de fevereiro de 2018

(Is 58,9b-14; Sl 85[86]; Lc 5,27-32) 
Sábado depois das Cinzas.

Numa sequência do texto de ontem, o profeta convida para uma religiosidade verdadeira e concreta, pois só assim Deus escuta e cura aquele que a Ele recorre. O texto tem um tom quase poético e salienta também a observação do sábado. O salmo 86,1-6 recorda, através de um judeu devoto, que Deus é rico em misericórdia para aquele que O invoca. “Deus é misericordioso, e não há nada na Bíblia que nos impeça de dizer isso o mais forte possível. Seu próprio nome é Misericórdia. Uma vez que seu nome é Misericórdia, podemos garantir a outros que, se forem a ele mediante a fé em Jesus Cristo – que é como Deus fez sua misericórdia possível e conhecida -, eles irão encontrá-la. Deus nunca se fez de surdo para aquele que realmente pede misericórdia. Ele nunca rejeitou qualquer pessoa que tenha crido em Jesus” (James Boice in Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).    


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 16 de fevereiro de 2018

(Is 58,1-9; Sl 50[51]; Mt 9,14-15) 
Sexta depois das Cinzas.

O profeta tem que revelar ao seu povo a duplicidade dos seus corações no cumprimento de suas práticas religiosas se ela não leva em conta a vida do próximo, particularmente a prática do jejum. Culto e vida podem avançar em caminhos paralelos sem nunca se encontrarem, por isso o Sl 51,3-6.18-19 expressa o nosso pedido de perdão com a oração de Davi: “Respondemos às palavras duras do profeta com a oração do salmo 51, que nos convida a reconhecer com sinceridade o nosso pecado e invocar o perdão de Deus. O Senhor prefere o sacrifício do coração arrependido em vez de todas as oferendas, Ele não despreza quem a Ele se dirige com o coração humilhado e contrito” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 15 de fevereiro de 2018

(Dt 30,1-20; Sl 01; Lc 9,22-25) 
Quinta depois das Cinzas.

Com a celebração de ontem iniciamos o tempo quaresmal dentro do Ciclo Pascal. Digo isso para que não esqueçamos que a Quaresma é um com a Páscoa, pois nos prepara a viver de modo mais intenso o mistério da ressurreição do Senhor. Diferentemente do Tempo Comum, nossos textos não têm uma sequência, mas são ‘pinçados’ no conjunto das Sagradas Escrituras a partir de temas que nos ajudam a vivenciar o período pascal neste aspecto quaresmal e possibilitando uma reflexão sobre o nosso caminhar. Assim temos o texto do Deuteronômio que nos apresenta a opção entre dois caminhos que nos são possíveis e que não podem ser confundidos. É no acolhimento da Palavra que poderemos encontrar o discernimento para escolher o caminho do bem. Por isso o salmo 1,1-4.6 exalta quem soube escolher o caminho justo: “O salmo que inaugura o saltério coloca em oposição o caminho do justo ao do homem ímpio. Ao primeiro é assegurada toda a recompensa e fecundidade da vida; o segundo terá por sorte a ruína. São estes os caminhos que se abrem diante de cada homem” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus). Que caminho estamos fazendo? Que tempo temos dedicado à escuta da Palavra?


Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta-feira de Cinzas - 2018

(Jl 2,12-18; Sl 50[51]; 2Cor 5,20—6,2; Mt 6,1-6.16-18).

1. Nossa liturgia se abre com esse forte clamor do profeta Joel. Ele entende que a praga de gafanhotos que havia assolado suas terras era uma espécie de castigo divino diante dos pecados do povo. Por vezes, alguns eventos parecem acionar em nós um estado de consciência de que nos afastamos da comunhão com Deus. Provavelmente Deus não provocou o evento, mas serviu para nos despertar.

2. A quaresma é também um despertar não só para um afastamento ou alguma situação de acomodação que ameaça a minha fé. Esse tempo quer nos despertar para um sentido maior da nossa fé que é o mistério da ressurreição de Cristo e nossa. Na transitoriedade do tempo que passa, e nós com ele, algo maior nos é prometido.

3. Tudo isso vem com um forte apelo de retorno a Deus, às nossas raizes da fé. Jesus nos ensinou que Deus é como um pai que, quando ensaimos passos de retorno, já nos espera de braços abertos. Se num passado distante, antes de Jesus, Davi teve a coragem e a confiança de reconhecer suas faltas e voltar, muito mais razões temos nós que conhecemos a graça de Cristo.

4. Por isso Paulo reforça o convite e nos diz do nosso hoje, agora é tempo favorável de voltarmos ao Senhor. Assim também nos diz a Igreja em sua liturgia quaresmal. Por que protelar tal decisão? Quanto tempo julgamos ter nessa vida? Por que caminhar fora de Sua companhia?

5. Numa linguagem particular aos seus ouvintes, Mateus nos recorda que a nossa filiação divina revelada em Jesus exige de nós uma comunhão com Deus que passa através de três exercícios para o tempo da quaresma e de toda uma vida.

6. A esmola, a caridade, a solidariedade, a partilha e a atenção às necessidades do outro aparece como primeiro gesto de identificação. Lucas lembra a gestualidade do bom samaritano.

7. A oração é um exercício que podemos encontrar na multiplicidade de expressões em todas as religiões. Mas todas elas querem dizer uma só coisa: é preciso manter contato, comunicação, comunhão com Aquele que nos transcende. Ela pode vir cheia de necessidades ou de agradecimentos ou de mero entretenimento com quem buscamos proximidade, buscamos saber como é seu coração e o que deseja de nós.

8. A antiga prática do jejum foi se repaginando ao longo da história, mas sempre lembrando ao ser humano que é possível viver sem certas coisas, pois outras são imprescindíveis. Para Jesus era imprescindível demonstrar o amor que Deus tem pelo ser humano com suas ações; todas elas partiam de sua comunhão com o Pai e quando precisou passar por privação de algo, até de sua própria vida, sabia que era por uma causa maior.

9. Assim, em meio a esses exercícios que a quaresma nos propõe, lembremos que é algo que deve ser decidido e vivido entre Deus e eu, mas tem como fim também a minha relação com outro. Se conseguirmos montar esse quebra-cabeça podemos entender o apelo de cada Campanha da Fraternidade nesse tempo particular.

10. No cartaz desse ano temos um grupo de pessoas de idades e etnias diferentes representando a multiplicidade da sociedade brasileira, de mãos dadas querem nos lembrar que a superação da violência, tema desse ano, só será possível a partir da união de todos , de um pacto firmado em agir para combater a cultura da violência e resgatar uma cultura de tolerância e de paz.

11. A nós cristãos o apelo bíblico de Jesus nos recorda que somos todos irmãos, sem esse reconhecimento como podemos chamar a Deus de Pai? Essa é a proposta de reflexão que acompanharemos. Abramos o nosso ouvido e coração para compreendermos que a violência é inaceitável como solução para os problemas, que a violência não é digna do homem.

  
Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 13 de fevereiro de 2018

(Tg 1,12-18; Sl 93[94]; Mc 8,14-21) 
6ª Semana do Tempo Comum.

Tiago prossegue o seu discurso, que será interrompido pelo tempo quaresmal, lembrando-nos que ninguém está isento de passar por sofrimentos, seja uma doença, incompreensão, zombaria e até tentações. Para ele essas coisas não vêm de Deus, em sua origem, mas da livre opção que fazemos pelo mal. Sem o devido controle da nossa parte, o pecado que produzimos nos leva à morte espiritual. Na comunhão com o Senhor, o cristão aprendeu a suportar as tribulações pois sabe que não está só e assim é capaz de gerar no mundo um novo estilo de vida, iluminado pela Palavra de Deus. É esse deixar-se instruir por Deus que canta o salmo 94,12-15.18-19 que a liturgia nos propõe:  “Quando a vida, com suas provações, faz vacilar todas as seguranças, ao crente só lhe resta entregar-se uma vez mais ao Senhor e confiar no seu auxílio. Quem amadurece esta opção demonstra ter coração reto, um coração que se deixa instruir por aquele Deus que dá serenidade na prova e repouso na desventura” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 12 de fevereiro de 2018

(Tg 1,1-11; Sl 118[119]; Mc 8,11-13) 
6ª Semana do Tempo Comum.

Deixamos o Antigo Testamento para olharmos dois textos de Tiago (lido na sexta e sétima semana do Tempo Comum) que antecedem o tempo quaresmal. Não se pode precisar que tenha sido o Apóstolo a escrevê-la, provavelmente algum judeu convertido. A Carta é uma espécie de homilia exortativa ou uma catequese de tipo moralizante. Nos versículos iniciais já se fala das provações que o cristão é chamado a enfrentar na sua vida, com paciência, não resignação. Tudo isso deve ser vivido em comunhão com Deus que concede o dom e graça necessária. E já adverte da transitoriedade e fugacidade da riqueza. O salmo 119  (vv. 67-68.71-71.75-76) endossa essa reflexão: “Pode parecer paradoxal, mas a humilhação que sofremos na vida por causa dos outros ou por opções recomendáveis e razoáveis pode fazer amadurecer em nós a verdadeira humildade. Esta vê-nos envolvido a partir do coração e exprime-se como disponibilidade em aceitar os limites e erros pessoais, em deixar-nos guiar ainda pelo Senhor e pela sua Palavra” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite

6º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(2Rs 5,9-14; Sl 31[32]; 1Cor 10,31—11,1; Mc 1,40-45)

1. Estranhamente o periódico ‘O Domingo’ nos traz o texto da cura de Naamã ao invés do texto previsto que seria do Livro do Levítico 13, que traz algumas prescrições a respeito da doença da lepra. Nesse dia dos enfermos, talvez seja mais oportuna uma reflexão sobre a misericórdia divina para com esses irmãos do que a narrativa sobre a discriminação sofrida.

2. O episódio do sírio Naamã é na realidade um milagre doméstico que resultaria na confissão de fé monoteísta no Deus de Israel por parte de tal personagem estrangeiro. A doença não é propriamente lepra: se fosse, o perigo de contágio o afastaria de qualquer cargo de governo; trata-se de uma doença crônica de pele.

3. Para não nos perdermos nos detalhes da narrativa, o texto trata do reconhecimento da ação profética em Israel, pois este revela o poder de Deus e também a questão da fé e da obediência ao profeta. A partir dessa janela vislumbramos melhor o evangelho de Marcos, a atitude de Jesus que vai na contramão, no final do seu 1º capítulo.

4. Nesse último ato Jesus cura um leproso, algo como trazer alguém de volta à vida; algo reservado a Deus. Mais do que o milagre ou a cura em si, o fato é tomado como um sinal da presença do Reino de Deus esperado.

5. O que mais angustia um enfermo é o seu desligamento da vida comum dos demais; a doença restringe. Se à sogra de Pedro ele levanta com sua mão, aqui Jesus permite proximidade e toca o enfermo. Diferentemente das autoridades religiosas do seu tempo, ele demonstra ternura, benevolência e vence a exclusão que pesa sobre o leproso. Esse ‘cheio de compaixão’ resume bem a atitude de Jesus.

6. O texto acende uma luz que nos convida a refletir, enquanto discípulos, como agimos em relação a essas realidades.

7. O final da narrativa soa um pouco brusca, pois mesmo enviando o leproso aos sacerdotes para que possa retomar a sua vida comunitária, ele o proíbe de divulgar o fato. Para os estudiosos, Jesus não quer que haja confusão sobre a sua messianidade, pois o que virá pela frente vai chocar as expectativas do povo. A salvação virá de um modo inesperado.

8. Mesmo pedindo segredo, Jesus vê divulgar-se sua ação libertadora. Para Marcos isso é inevitável. Se ele mesmo disse que não se acende uma luz para escondê-la. As autoridades religiosas devem saber que algo novo teve início e o povo saberá de uma Palavra nova carregada dos cuidados divino.

9. Por fim, ele mesmo se exclui, se afasta e faz a experiência do isolamento. Mas as pessoas não deixam de busca-lo. É fora dessa realidade estruturada e engessada das cidades que ele tenta fazer algo novo.  E a partir de seu agir nos convida a refletir sobre essas realidades que nos cercam marcadas pela exclusão, isolamentos e enfermidades. Que talvez seja a nossa experiência pessoal nesse momento que também o buscamos.

10. Para Paulo, qualquer atitude nossa, ainda que pequena ou insignificante, pela fé, tem um peso particular, pois tudo dá glória a Deus ou pode escandalizar, o bom senso e um pouco de conhecimento ajuda no discernimento.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 10 de fevereiro de 2018

(1Rs 12,26-32; 13,33-34; Sl 105 [106]; Mc 8,1-10) 
5ª Semana do Tempo Comum.

Joroboão comete o mesmo pecado de Salomão e em proporção ainda maior, repetindo o pecado do povo no deserto, ao adorar o bezerro de ouro. O salmo 106,6-7.19-22 casa-se ao texto em sua dramaticidade e reconhecimento do pecado cometido. “Com uma chamada àquilo que é definido o ‘pecado original do povo hebraico’ (o vitelo de ouro), também o cristão de hoje é convidado a refletir na possibilidade de fabricar para si ídolos vãos: exaltar ideologias, pessoas, projetos, modas, não porventura a prova concreta da nossa incapacidade de colocar Deus no primeiro lugar da vida cotidiana?” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 9 de fevereiro de 2018

(1Rs 11,29-32; 12,19; Sl 80[81]; Mc 7,31-37) 
5ª Semana do Tempo Comum.

Segundo texto sagrado, a divisão de Israel se dá novamente como punição ao pecado de Salomão, por isso o salmo 81,10-15 menciona a traição em adorar um outro deus e a incapacidade de ouvir a voz de Deus. Tudo seria diferente se seu povo vivesse em Sua presença de fato, numa atitude de escuta. “Deus chama seu povo para observar a adoração que lhe oferece. Ele não está interessado apenas nos atos de adoração. Ele quer que seu povo, durante a prestação de culto, ouça seriamente sua voz no coração. Deus nos quer em adoração com o coração e a mente prontos para ouvir o que ele tem a nos dizer. Deus se agrada quando nosso coração está atento no culto, esperando que ele fale. Deus pode falar conosco por meio da pregação, de um cântico, de uma leitura ou pelas palavras de uma oração. Deus pode nos admoestar, ensinar e confortar quando nos sentamos em uma cadeira, nos ajoelhamos ou nos levantamos para uma leitura da Escritura. Deus deseja falar conosco, mas nem sempre ouvimos” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).    


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 8 de fevereiro de 2018

(1Rs 11,4-13; Sl 105[106]; Mc 7,24-30) 
5ª Semana do Tempo Comum.

O texto de hoje denuncia um dos problemas do reinado de Salomão: suas uniões com mulheres de outras nações que trouxeram sua religiosidade consigo e lhes permitiu vivenciá-las em meio ao povo do Deus de Israel. Salomão esqueceu de observar o que Deus havia estabelecido para o seu povo desde sempre: “Não terás outros deuses diante de mim”. O salmo 106 (vv. 3-4.35-37.40) medita essa situação histórica e sempre arriscada de todos os tempos.  “Antes de começar a condenar os israelitas por causa de sua desobediência a Deus, pense em sua própria vida. Quantas vezes você já renovou o compromisso de fé e obediência ao Senhor e logo depois se viu em desobediência e pecado? Antes de perguntar: ‘Como Israel pôde ter sido tão cego à presença de Deus?’, pergunte-se como você foi tão cego, às vezes, para o que Deus queria fazer em sua vida. Deus é sempre fiel para nos restaurar, mas que bênçãos e oportunidades perdemos durante os dias em que esquecemos Deus que nos salvou?” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).    


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 7 de fevereiro de 2018

(1Rs 10,1-10; Sl 36[37]; Mc 7,14-23) 
5ª Semana do Tempo Comum.

Para nos dar uma dimensão da sabedoria e do reinado de Salomão, a liturgia introduz essa visita da rainha de Sabá ao rei de Israel. Esta reconhece como Deus é quem está por trás de tudo aquilo que ele se tornou. Para complementar essa reflexão o salmo 37 (vv. 5-6.30-31.39-40) expressa sobre como viver para Deus em meio a um mundo cheio de contradições. “Se você quiser tirar o máximo proveito do salmo 37, sublinhe cada ordem enquanto o lê: ‘Não se aborreça [...] Confie no Senhor e faça o bem [...] Deleite-se no Senhor [...] Entregue o seu caminho ao Senhor e confie nele’ (vv. 1-5). A maioria de nós não gosta de ouvir o que deve fazer, mas essas instruções são diferentes. São as palavras de um mentor apaixonado e sábio ou um pai amoroso que só quer o melhor para seu aluno ou seu filho. São palavras que precisamos levar a sério, se quisermos viver de modo bem-sucedido em um mundo corrupto e corruptor” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).    


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 06 de fevereiro de 2018

(1Rs 8,22-23.27-30; Sl 83[84]; Mc 7,1-13) 
5ª Semana do Tempo Comum.

Salomão faz uma bela oração em que reconhece a grandeza de Deus, que nenhum templo pode conter, mas reconhece o lugar simbólico de onde sobem as preces. No salmo 84,4-9 o poeta de ‘derrete’ de elogios e reconhecimento pelo lugar de oração, pelo Templo onde Deus habita.  Talvez estivesse impossibilitado de ir ao Templo, mas tem o desejo em seu coração. “Ao ler este salmo, tenho que perguntar para mim mesmo se fiquei alguma vez tão chateado por faltar a um culto. Sei que Deus não ‘mora’ em um edifício, mas, quando seu povo se reúne, nós nos tornamos uma habitação para o Espírito Santo. Podemos adorar a Deus em qualquer lugar (e isso era verdade no Antigo Testamento também), mas separamos certos lugares para o culto coletivo, como povo de Deus, e ele se encontra conosco lá de maneira especial. Infelizmente, a maioria de nós não fica incomodada em faltar um domingo... ou dois, ou três”  (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).  


Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 5 de fevereiro de 2018

(1Rs 8,1-7.9-13; Sl 131[132]; Mc 6,53-56) 
5ª Semana do Tempo Comum.

Damos um grande salto na história bíblica. O Templo já foi construído e agora a Arca, símbolo da presença de Deus entre seu povo, é introduzida no Templo. Jerusalém se torna uma espécie de morada estável para o Deus que ao longo da história peregrinou com o seu povo. O salmo 132,6-10 remonta o tempo de Davi e de sua atenção para essa presença simbólica do Deus invisível e inacessível.  “Para o fiel orante, o transporte da Arca para Jerusalém (cf. 2Sm 6) é sinal do desejo de Deus de habitar no meio do seu Povo. Daqui nasce a coragem de pedir ao Senhor que manifeste o seu rosto de Pai a todos aqueles que, como Davi, são por Ele escolhidos para uma missão particular” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite

5º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Jó 7,1-4.6-7; Sl 146[147]; 1Cor 9,16-19.22-23; Mc 1,29-39)

1. Todos conhecemos o livro de Jó ou ao menos ouvimos falar dele. Escrito para expressar toda a angústia vivida por quem é afligido pelo sofrimento e se debate sobre a própria dor. Traz também aquela sensação de injustiça que pode levar a uma crise de fé. Ao mesmo tempo da inutilidade de uma existência marcada pelo sofrimento.

2. O nosso pequeno texto é uma espécie de oração que sobe em grau de angústia e desespero. É com toda essa multidão de sofredores que Jesus irá se encontrar em seu ministério. Ele não traz uma resposta, traz alívio e presença descortinando que a dor e sofrimento não são punições divina por causa do pecado. Ele traz e se faz presença. 

3. Uma primeira conclusão que nos vem é esse colocar-se ao lado de quem sofre fazendo-se um com ele na luta contra o mal. O "dar a mão" sinaliza a solidariedade e não a fuga do sofrimento. Cedo ou tarde, grande ou pequeno, ele nos chega ou toca alguém bem próximo a nós.

4. O texto salienta que a sogra de Pedro uma vez restabelecida coloca-se numa posição de serviço. Auxiliada na sua recuperação ela sabe que deve também ser solidária.

5. O texto prossegue mostrando Jesus como aquele que vence toda forma de mal, como vimos no domingo anterior. Os que querem segui-lo deverão tomar a mesma postura. Uma postura que deve incluir também momentos de solidão; aqueles em que diante de Deus, trazemos e tentamos entender os processos da vida.

6. Como um homem do seu tempo, viveu a sua fé numa dimensão comunitária, ouvindo, vendo e vivendo a inquietação de tantos. A sós, com seu Pai, realimentava a sua consciência de não estar só, de um sentido para tanto sofrimento e de poder seguir em frente.

7. Jesus não veio trazer a solução para tudo, mas veio mostrar que existe um caminho de solidariedade que alivia tanto sofrimento. Por isso ele deve seguir adiante, deve iluminar outras mentes e ambientes a despeito do sentido humano da existência, mesmo em meio a tanto sofrimento.

8. Talvez por tudo isso Paulo tenha descoberto a alegria de anunciar o evangelho ao perceber a luz que este traz sobre a vida de muitos. Paulo toca no delicado assunto de que aqueles que pregam o evangelho devem ser auxiliados economicamente para que possam continuar sua missão.

9. Mas isso não deve tornar-se um negócio, e assim cada pregador deve ser crítico do seu próprio estilo de vida. Paulo preferiu, muitas vezes, buscar o próprio sustento, para não ser pesado aos outros e para que compreendessem que, uma vez tocado por Cristo, sua maior alegria era levar outros a essa mesma experiência. Aqui está a ligação entre o gesto da sogra de Pedro e a gratuidade de Paulo. Onde está a nossa?


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 03 de fevereiro de 2018

(1Rs 3,4-13; Sl 118[119]; Mc 6,30-34) 
4ª Semana do Tempo Comum.

Hoje se nos apresenta a humilde oração de Salomão, que na consciência de sua juventude e limitações, pede a Deus que lhe conceda discernimento para bem governar o seu povo. Deus lhe concederá a sabedoria, como dom para bem reger e esta lhe trará muito mais do que poderia ousar desejar. O salmo 119,9-14 empresta voz ao reconhecimento de Salomão por tudo que lhe veio pelas mãos divinas e pela sua observação da Lei divina. “O Salmo 119 celebra com perspectiva sempre diversas o amor que a fé suscita por Deus e por tudo aquilo que medeia a relação com Ele: a adesão à sua vontade, a obediência à sua Palavra, à sua Lei, aos seus Mandamentos. Esta é a vida real que nos torna participantes da divina sabedoria”  (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 02 de fevereiro de 2018

(Ml 3,1-4; Sl 23[24]; Lc 2,22-40) 
Apresentação do Senhor.

Hoje é celebração de nossa padroeira, a Virgem da Luz. A liturgia da palavra se divide entre a profecia de Malaquias e a sua concretização narrada por Lucas no evangelho da infância, quando na forma de uma criança, para o rito da circuncisão, chega “ao seu templo o dominador, que tentais encontrar, e o anjo da aliança, que desejais” (Ml 3,1). Entre os dois textos temos o salmo 24,7-10, que vimos na semana anterior. Ele faz a ligação entre o antigo e o novo Testamento, dessa chegada do Senhor ao Templo: “Nos versículos precedente o salmo enunciou os requisitos morais para entrar no santuário e receber assim as bênçãos de Deus (Sl 24,3-6). Agora, inspirando-se porventura nalguma procissão litúrgica com a Arca, o suplicante descreve o próprio Deus que entra no Templo e ao qual devem abrir as portas” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus). Com Maria entramos também nós nessa aventura de deixar-se iluminar e a outros transmitir essa mesma Luz. Deixemos que Cristo entre no Templo de nossa pessoa e de nossa vida. Para aprofundar nossa reflexão sobre essa festa, ver os anos anteriores. 
Para ver a reflexão de 02/02/2016, clique aqui.
E para ver a reflexão de 02/02/2017, clique aqui.


 Pe. João Bosco Vieira Leite