(At 14,5-18; Sl 113B[115]; Jo 14,21-26)
5ª Semana da Páscoa.
“Nas gerações
passadas, Deus permitiu que todas as nações seguissem o próprio caminho” At 14,16.
“’Cada um por si, e
Deus por todos’. Esse dito bem que poderia resumir o que o Apóstolo Paulo
queria dizer, pois o contexto nos afirma que Deus nunca deixou dar testemunho
de si mesmo através da natureza e dos benefícios dela para o ser humano. Através
desse testemunho, o ser humano sempre poderia perguntar pelo verdadeiro Deus e,
pelo exemplo dos antigos patriarcas, jamais deveria ter-se afastado do
verdadeiro Deus. No entanto, sabemos que se afastou, e muito. Começou, dessa
forma, a divinizar as coisas da natureza e a colocar humanos como deuses. E, no
caso dos gregos, eles começaram a divinizar os próprios defeitos humanos como
traição, homicídio, infidelidade conjugal, estupro e outros mais. Alguns
filósofos chegaram a dizer que a religião grega nada mais era que a
santificação da falta de virtudes. Se, então, os seres humanos seguiram os seus
próprios caminhos, eles não se deram muito bem, visto que a perversão, em todos
os sentidos, reinou absolutamente no paganismo. Isso não condizia com a vontade
de Deus. O que, pois, aconteceu nesse tempo entre os começos da vida na terra e
a vinda de Cristo? Apenas isto: Deus preparou um povo que desse testemunho dele
aos povos vizinhos e se preparasse para ser a pátria do Messias, ou seja, o
Ungido, o Cristo, queria redimir a toda a humanidade. Quando Paulo lhe anunciou
haver Deus permitido que todas as nações seguissem o seu caminho, evidentemente
lhes anunciava a lei, a condenação. Junto com essa lei, porém, havia outra
mensagem muito mais importante: o Evangelho, a Boa notícia. Cristo havia
chegado para declarar o perdão a todo aquele que se arrependesse dos seus
pecados. – Senhor Deus, somos descendentes daqueles que outrora
seguiram seus próprios caminhos. Muitas vezes seguimos também os nossos. Perdoa-nos.
Dá-nos o verdadeiro arrependimento e fé, fé que não se dobre nem para um lado
nem para o outro, mas que sempre se fixe no teu Filho. Amém” (Martinho
Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).
Santo do Dia:
Santa Joana, virgem – Nasceu em
Portugal, a 6 de fevereiro de 1452, filha primogênita de Dom Afonso V, e,
portanto, herdeira do reino. Desde cedo o espírito da jovem princesa estava
mais disposto para o serviço de Deus do que para as grandezas da terra. Aos 12
anos já se recolhia ao seu oratório meditando as vidas e martírios dos santos.
Quando, aos 15 anos, perdendo a mãe, seu pai lhe confiou o governo da casa
real, começou por penitência a usar cilício e túnicas grossas e ásperas, por
baixo das vestes finas. Assim assistia às festas da Corte, cobrindo os
instrumentos de penitência com pedrarias e panos dourados. Grande parte das
noites passava no oratório, ou de joelhos orando ou deitada no chão, tendo por
simples conforto uma almofada em que apoiava a cabeça; e muitas vezes recorria
a cruéis disciplinas. Pratica jejum por longos períodos não só material, mas
também nas palavras, procurando no silêncio aplicar melhor e espírito à
meditação das coisas de Deus. Praticava a caridade para com os pobres e acudia
com esmolas generosas às cadeias, hospitais e casas religiosas. Pretendida por
muitos príncipes, esquivou-se de casamentos, pois seu desejo era a vida
religiosa. Em 1471, obteve licença de seu pai e recolheu-se para a vida
monástica. Faleceu no dia 12 de maio de 1490, vítima de cruel doença, cujas
dores suportou com invencível paciência. Em Portugal sua festa é celebrada a 12
de maio.
Pe. João Bosco Vieira Leite