Quinta, 07 de maio de 2020


(At 13,13-25; Sl 88[89]; Jo 13,16-20) 
4ª Semana da Páscoa.

“[Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus lhes disse:] ‘Em verdade, em verdade vos digo, o servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o enviou’” Jo 13,16.

“É a ação de um escravo (Is 25,41), e Jesus a pratica sabendo que o Pai entregou tudo em suas mãos, e que ele volta ao Pai do qual veio. Por este ato servil ele glorifica o Pai, e a lavagem dos pés, longe de velar a glória e de marcar o seu abandono, revela, ao contrário, aos discípulos o que é verdadeiramente a glória do Deus eterno. O extremo oposto daquela que os homens ‘recebem uns dos outros’ (Jo 5,44), a ‘glória que vem só de Deus’ se reflete na imagem de Jesus cingido por uma toalha e derramando água numa bacia. O episódio recebeu, segundo os comentadores, interpretações diferentes. Loisy queria ver nele um símbolo da eucaristia que purifica os membros da Igreja. Lagrange, ao contrário, insistia no senso óbvio: nada de simbolismo, nada mais que um exemplo de humildade. Mas parece um erro opor humildade e purificação. É bem verdade que a ação de Jesus ensina a humildade e nada mais. Mas é o ato do Filho de Deus que sabe que ‘a sua hora veio’ (Jo 13,1): seu gesto anuncia os rebaixamentos da paixão, depois da qual, somente, Pedro compreenderá o que se passa no momento (Jo 13,7). É que a paixão, ato supremo de humildade, será também o grande meio de purificação dos homens. O lavamento dos pés a prefigura ao mesmo tempo sob os dois aspectos, rebaixamento e expiação. É simultaneamente verdade e graça. Acabado o lavamento dos pés, Jesus entretém os apóstolos sobre a soberania que isto revela, e sobre a missão da Igreja em relação a esta. ‘Vós me chamais Mestre e Senhor, e bem o dizeis, pois eu sou. Se, pois, eu vos lavei os pés, eu o Senhor e Mestre, vós também deveis lavar os pés uns dos outros’ (Jo 13,13s). Dessa soberania do Cristo decorre a da Igreja que o representa: ‘Em verdade, em verdade, eu vos digo: quem me recebe, recebe aquele que me enviou’ (Jo 13,20). Mas o fundamento da humildade da Igreja é sempre a humildade do Senhor: ‘em verdade, em verdade, eu vos digo: o escravo não é maior que seu Senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou’ (Jo 13,16)” (A. M. Ramsey – La gloire de Dieu et la transfiguration du Christ – Ed. Beneditina Ltda.).

Santo do Dia:
Santa Flávia Domitila, mártir – No ano 95 d.C., Flávia Domitila, sobrinha por parte de irmã de Flavio Clemente, que era então um dos cônsules de Roma, juntamente com numerosas pessoas, foi deportada para a ilha de Ponza por ter confessado Cristo, onde sofreu longo martírio. Há poucas informações sobre essa santa e muitas não passam de lendas.

Pe. João Bosco Vieira Leite