(At 13,13-25; Sl 88[89]; Jo 13,16-20)
4ª Semana da Páscoa.
“[Depois de lavar os
pés dos discípulos, Jesus lhes disse:] ‘Em verdade, em verdade vos digo, o
servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o
enviou’” Jo 13,16.
“É a ação de um
escravo (Is 25,41), e Jesus a pratica sabendo que o Pai entregou tudo em suas
mãos, e que ele volta ao Pai do qual veio. Por este ato servil ele glorifica o
Pai, e a lavagem dos pés, longe de velar a glória e de marcar o seu abandono,
revela, ao contrário, aos discípulos o que é verdadeiramente a glória do Deus
eterno. O extremo oposto daquela que os homens ‘recebem uns dos outros’ (Jo
5,44), a ‘glória que vem só de Deus’ se reflete na imagem de Jesus cingido por
uma toalha e derramando água numa bacia. O episódio recebeu, segundo os
comentadores, interpretações diferentes. Loisy queria ver nele um símbolo da
eucaristia que purifica os membros da Igreja. Lagrange, ao contrário, insistia
no senso óbvio: nada de simbolismo, nada mais que um exemplo de humildade. Mas
parece um erro opor humildade e purificação. É bem verdade que a ação de Jesus
ensina a humildade e nada mais. Mas é o ato do Filho de Deus que sabe que ‘a
sua hora veio’ (Jo 13,1): seu gesto anuncia os rebaixamentos da paixão, depois
da qual, somente, Pedro compreenderá o que se passa no momento (Jo 13,7). É que
a paixão, ato supremo de humildade, será também o grande meio de purificação
dos homens. O lavamento dos pés a prefigura ao mesmo tempo sob os dois
aspectos, rebaixamento e expiação. É simultaneamente verdade e graça. Acabado o
lavamento dos pés, Jesus entretém os apóstolos sobre a soberania que isto
revela, e sobre a missão da Igreja em relação a esta. ‘Vós me chamais Mestre e
Senhor, e bem o dizeis, pois eu sou. Se, pois, eu vos lavei os pés, eu o Senhor
e Mestre, vós também deveis lavar os pés uns dos outros’ (Jo 13,13s). Dessa
soberania do Cristo decorre a da Igreja que o representa: ‘Em verdade, em
verdade, eu vos digo: quem me recebe, recebe aquele que me enviou’ (Jo 13,20).
Mas o fundamento da humildade da Igreja é sempre a humildade do Senhor: ‘em
verdade, em verdade, eu vos digo: o escravo não é maior que seu Senhor, nem o
enviado maior do que aquele que o enviou’ (Jo 13,16)” (A. M. Ramsey
– La gloire de Dieu et la transfiguration du Christ – Ed.
Beneditina Ltda.).
Santo do Dia:
Santa Flávia Domitila, mártir – No ano 95
d.C., Flávia Domitila, sobrinha por parte de irmã de Flavio Clemente, que era
então um dos cônsules de Roma, juntamente com numerosas pessoas, foi deportada
para a ilha de Ponza por ter confessado Cristo, onde sofreu longo martírio. Há
poucas informações sobre essa santa e muitas não passam de lendas.
Pe. João Bosco Vieira Leite