(At 2,1-11; Sl 103[104]; 1Cor 12,3-7.12-13; Jo 20,19-23).
1. De tempos em tempos, a solenidade de
Pentecostes coincide com a festa da Visitação de N. Senhora, onde muitas
comunidades fazem também a coroação da imagem da Virgem no encerramento do mês
de maio. Pois bem, é com ela que nos recolhemos em oração, com os apóstolos,
para acolher o Espírito Santo, fonte de vida e guia no caminho.
2. Era lugar comum dizer que o Espírito
Santo era o grande desconhecido ou esquecido; assim iniciava o curso meu
professor de pneumatologia. Eu diria, hoje, que Ele se aproxima sempre mais do
centro da nossa vida cristã, na tomada de consciência de Quem tudo conduz para
a realização da vontade divina.
3. É claro que não chegamos à plenitude
do conhecimento, nem nos será possível sem aquele ‘face a face’ da vida eterna,
mas há um esforço sempre maior em mergulhar no ‘oceano do Espírito’ vasculhando
as suas imagens simbólicas quando percebemos que nos falta um vocabulário e
definições mais precisas.
4. As imagens que brotam no Antigo e
Novo Testamento O colocam constantemente em saída, agindo, seja no mistério de
Jesus, da Sua encarnação até a Sua ressurreição, ou mesmo como braço de Deus
que opera maravilhas na vida de cada pessoa, na Criação que se renova, na vida
das comunidades e dos seus membros.
5. Se o Espírito é ‘resultado’ desse
amor que se movimenta entre o Pai e o Filho como expressão de comunhão, de
unidade, a vinda e a vida do Espírito sobre nós e em nós quer ‘operar’ essa
mesma comunhão e unidade como expressão de nossa fé em Jesus e nosso
reconhecimento como filhos e filhas de Deus.
6. Quem bem sabe disso é a Virgem Maria
em sua relação com o mistério Trinitário. Não é à toa que muitas imagens da
coroação da Virgem se dá num contexto das três Pessoas divinas que a ‘envolvem
num abraço’.
7. Assim, depois do retorno de Jesus ao
seio do Pai, passamos a viver o tempo do Espírito, que impulsiona a Igreja em
sua ação evangelizadora. Assim lemos de novo, o nascimento da Igreja, na
compreensão de alguns, a partir do evento de Pentecostes. Uma nova linguagem é
capaz de restaurar a unidade perdida.
8. A chama de Pentecostes jamais se
apagou dentro e fora da Igreja. Só os tempos que mudaram e os carismas são
outros para novos tempos. Não falta testemunho de Sua ação nas novas
configurações que a Igreja, em suas comunidades de fé, foi assumindo para levar
adiante a fé em Jesus e em Sua presença santificadora e libertadora.
9. Quão espetacular é a ação do
Espírito na vida dos crentes de um modo geral. Homens e mulheres são movidos a
um testemunho por vezes silencioso da fé que os leva a uma vida quase heroica
nas diversas relações que a vida exige como expressão do amor em seus corações
abertos à ação de Deus.
10. Ampliemos o nosso horizonte de
percepção da ação do Espírito no mundo ao nosso redor. Homens e mulheres buscam
manter acesa a esperança humana colocando ao serviço de todos seu talento,
energias, tempo e vida em busca de um mundo mais justo, defendendo a dignidade
humana, o desenvolvimento pleno, à ecologia e vivendo a fraternidade. Nada
disso pode passar despercebido, pois o ‘Espírito sopra onde quer’, reflexo do
próprio amor de Jesus pela humanidade.
- “A nossa oração comunitária e
pessoal, Pai de todos, é da glorificação, ação de graças, louvor e alegria
pelos sinais da presença do teu Espírito no mundo. Perdoa, Senhor a nossa
ineficácia de cristãos covardes, e dá-nos a força do teu Espírito para anunciar
Cristo, hoje, como esperança da humanidade e verdade que vence a mentira, como
paz e liberdade que fundamenta a dignidade humana, como vida que supera a
morte, o desamor e a opressão, como amor e fraternidade que derrotam o ódio e a
violência, como única libertação, capaz de criar pessoas livres que amam. Vem,
Espírito divino! Enche os corações dos teus fiéis e acende neles o fogo perene
do teu amor. Amém”
Pe. João Bosco Vieira Leite