Todos os Santos e Santas – 2020

(Ap 7,2-4.9-14; Sl 23[24]; 1Jo 3,1-3; Mt 5,1-12a).

1. A liturgia da Palavra para essa solenidade nos traz vários aspectos para reflexão em torno da santidade. O primeiro deles é a santidade de Deus manifestada nos seus filhos e filhas, os santos da Igreja. A 1ª leitura nos diz que se trata de uma multidão imensa que ninguém pode contar.

2. Essa santidade é consequência de uma filiação assumida a partir do nosso batismo, nos diz a 2ª leitura, que ao mesmo tempo avança para uma plenitude. Mas esse caminho que fazemos tem a ver com a proposta das Bem-aventuranças, uma santidade real, desafiante, vivida na proposta de Jesus.

3. Um outro aspecto escondido em nossa celebração é essa comunhão que vivemos com todos esses bem-aventurados, começando pelo próprio Jesus, o santo de Deus, passando pela Virgem Maria, os apóstolos, os mártires e os santos com nome próprio ou na lista anónima que trazemos em nosso coração.

4. Muitos homens e mulheres chegaram até Deus por uma vida honrada e santa, por isso, para além da lista conhecida, o papa Gregório IV estabeleceu, no século IX, esta festa de todos os Santos e Santas.

5. Não se trata tão somente de erigir, na memória, um monumento ou memorial ao santo desconhecido. A intenção da liturgia vai bem mais além. Queremos celebrar a santidade de Deus que resplandece encarnada em pessoas de carne e osso, porque a santidade em abstrato não existe. 

6. Uma outra intenção dessa solenidade é retirar certa ideia falsa dos santos canonizados. O critério pietista e milagreiro, angelical ou adocicado com que se descrevia há algum tempo muitos santos e santas, privando-os de sua condição e dos seus valores humanos. Mais dignos de admiração do que de imitação. 

7. As estatuas dos santos continuarão a ser de madeira, gesso ou pedra. Mas os santos eram de carne e osso. Seus contemporâneos bem o sabiam. Homens e mulheres com qualidades, defeitos e problemas como os outros, mas que levaram a sério o seguimento de Cristo.

8. O extraordinário da sua vida consistiu em viver com profundidade a fé, a esperança e a caridade. Não há santo possível sem valores humanos e sem uma grande maturidade pessoal, porque não pode haver santo sem amor a Deus e aos irmãos, vimos no domingo anterior. E o amor não é passivo, mas ativo, plenificante, altruísta, inconformista, revolucionário à sua maneira.

9. Ouvindo mais uma vez as bem-aventuranças, somos lembrados dessa pobreza de espírito que nos abre a essa condição de esvaziamento do próprio eu, para estar disponíveis diante de Deus, para fazer frutificar seus dons e talentos. A santidade é um caminhar contínuo e fiel diante de Deus.

10. A santidade cristã não está vinculada a um estilo de vida ou a uma época determinada; ninguém está excluído. Folheando o livro dos santos, temos falsa impressão de termos mais santos de hábito e clausura do que leigos comuns. Há tantos tipos e vocações de santos e santidade quantas as situações humanas. O Espírito sopra onde quer.

11. Aqui, em comunhão com eles, que já alcançaram a meta, alegramo-nos e reacendemos a esperança cristã, nós que ainda peregrinamos, e somos chamados a viver em nosso estado de vida aspectos da santidade do próprio Deus.

“Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação bendizer-Te, Deus santo, uno e trino, com todos os santos porque nos concede celebrar hoje a glória da assembleia festiva de todos os bem-aventurados na pátria definitiva do céu. Para ela, como peregrinos e forasteiros em país estranho, caminhamos com alegria, guiados pela fé e pela esperança, radiantes com a glória dos melhores filhos da tua Igreja, os santos, nossos irmãos, em quem encontramos exemplo de vida cristã para imitar como ajuda nossa fraqueza. Por isso, unidos a todos os santos e ao coro dos anjos, glorificamos-Te, repetindo sem cessar: Santo, Santo, Santo”. (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 31 de outubro de 2020

(Fl 1,18-26; Sl 41[42]; Lc 14,1.7-11) 

30ª Semana do Tempo Comum.

“Porque quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado” Lc 14,11.

“Você reparou no versículo deste Evangelho? Os fariseus o observavam. E Jesus também observava ‘como os convidados escolhiam os primeiros lugares’ (Lc 14,7). Que jeito diferente de observar! A observação, como todas as ações internas e externas, varia conforme a motivação que a provoca, conforme o que existe no coração do observador. Coisas banais, à primeira vista, põem a nu as verdadeiras motivações das pessoas. Assim, a escolha do assento num banquete assume uma dimensão ética insuspeitada. Pode esconder uma perigosa busca de honra e vaidade. E Jesus observa para ajudar, para servir, para fazer o bem. Jesus interpreta esta experiência de modo simbólico, transportando-a para o âmbito religioso. Esse comportamento humano torna-se imagem do que acontecerá com a pessoa em sua relação com Deus. Os fariseus – como diz o Evangelho em diversas partes – observam Jesus para acusa-lo. Conscientes de sua importância e dignidade, preocupavam-se em garantir para si os primeiros e os melhores lugares nos banquetes. Com isso, corriam o risco de se verem humilhados, porque, se chegasse alguém mais importante que eles, deveriam ceder-lhe o lugar de honra. Jesus disse com palavras o que Ele é e o que leva em seu coração: não procura ser honrado, mas honrar; não pensa em sua honra, mas na honra do Pai. Humildade e discrição são aconselháveis em qualquer circunstância. A pessoa despojada de ambição poderá ter a alegria de se ver honrada e chamada a ocupar um lugar de maior importância. Caso isto não aconteça, não se dará por frustrado. Não pensa nele, mas nos outros. Toda a vida de Jesus é uma revelação de quem é Deus: ‘Deus é amor’. – Pai, faze-me humilde e discreto no trato humano. E que eu não aspire grandeza humana. Basta-me ser reconhecido e exaltado por ti (Sônia de Fátima Marani Lunardelli – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 30 de outubro de 2020

 (Fl 1,1-11; Sl 110[111]; Lc 14,1-6) 

30ª Semana do Tempo Comum.

“Depois lhes disse: ‘Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo,

mesmo em dia de sábado?’ E eles não foram capazes de responder a isso” Lc 14,5-6.

“Hoje fixamos nossa atenção na pergunta aguçada que Jesus faz aos fariseus ao se deparar com um ser humano sofredor: ‘Quem de vós, se um filho ou um boi cair num poço, não o retira imediatamente em dia de sábado? (Lc 14,5), e na significativa anotação que faz Lucas: ‘E eles não puderam responder-lhe’ (Lc 14,6). São muitos os episódios evangélicos nos quais o Senhor joga na cara dos fariseus sua hipocrisia. É notável o empenho de Deus em nos deixar claro até que ponto lhe desagrada esse pecado. Deixando de lado os casuísmos legais Ele se antecipava para curar. Ele não se perguntava se era, ou não, sábado, quando tomava a decisão de curar alguém. Pouco lhe importava saber se era permitido ou proibido curar naquele dia. Seu único propósito era socorrer quem estava atribulado pelos sofrimentos e aliviá-lo. Deus ama a simplicidade de coração, a ingenuidade do espírito e, pelo contrário, rechaça energicamente o que é emaranhado, o olhar vago, a dupla moral, a hipocrisia. O significativo da pergunta do Senhor e da resposta silenciosa dos fariseus é a má consciência que estes, no fundo, tinham. A cura daquele homem encaixa-se perfeitamente no contexto do sábado. Aquele infeliz estava sendo libertado, pela bondade de Deus, de uma situação de escravidão, recuperando sua dignidade menos prezada. Se fariseus e mestres da lei ficaram chocados com a ação de Jesus, calam-se porque se dão conta de que sua hipocrisia não é justificável. Nesta parte resplandece uma clara lição: a necessidade de entender que a santidade é o seguimento de Cristo – até o enamorar-se plenamente – e não frio cumprimento legal de uns preceitos. O Pai, sem dúvida alguma, a tinha como um gesto muito acertado. – Espírito de sensibilidade para com os sofredores, que nada me impeça de ajudar os que sofrem. Antes, que eu demonstre por eles um amor eficaz (Sônia de Fátima Marani Lunardelli – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 29 de outubro de 2020

(Ef 6,10-20; Sl 143[144]; Lc 13,31-35) 

30ª Semana do Tempo Comum.

“Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos como a galinha reúne os pintainhos debaixo das asas, mas tu não quiseste!” Lc 13,34.

“A imagem da galinha estendendo as asas já era usada no Antigo Testamento, para simbolizar a proteção divina. Com o exemplo da ave, que congrega seus pintainhos sob as asas, para dar-lhes proteção e calor, Jesus nos manifesta no evangelho a predileção por Jerusalém primeiramente, o amor e o terno cuidado para com todos os fiéis que formavam a Igreja. O Senhor quer nosso bem e busca por todos os meios nossa salvação, dando-nos todas as graças de que necessitamos; cobre-nos com sua proteção contra toda tentação; da parte de Deus nunca fica ausente a ajuda; a imagem da galinha, que o Senhor emprega, cobrindo e protegendo os pintinhos sob as asas, é muito expressivo do amor e da solicitude com a qual a Providência divina vela sobre nós. Isto tem de mover-nos à confiança filial na amorosa Providência divina, inclusive quando não conseguimos compreender os caminhos da Providência. Deduz-se também desse evangelho a verdade de nossa liberdade. Deus nos criou livres e respeita nossa liberdade. Aí se fundamenta nossa responsabilidade: em nossa liberdade. Se quisermos, aceitaremos a vontade de Deus, realizando boas obras, atos meritórios; mas se não quisermos aceitar essa vontade de Deus, tornamo-nos merecedores do castigo, que terá de ser atribuído não à falta de bondade de Deus, mas ao abuso que fazemos de nossa liberdade” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).  

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 28 de outubro de 2020

(Ef 2,19-22; Sl 18[19A]; Lc 6,12-19) 

Santos Simão e Judas Tadeu.

“Vós fostes integrados no edifício que tem como fundamento os apóstolos e os profetas

e o próprio Jesus Cristo como pedra principal” Ef 2,20.

“De Simão, o mais desconhecido dos apóstolos, a Sagrada Escritura conserva somente o nome, dividido com outro Simão. Para distingui-lo de Pedro, os evangelistas Mateus e Marcos lhe dão o sobrenome de Zelote ou Cananeu. O apelido pode significar tanto a cidade de proveniência, como a sua participação no partido dos zelotes, ou conservadores das tradições hebraicas. Nada sabemos das circunstâncias que se referem à sua vocação. Simão, o desconhecido, é sempre um apóstolo do Senhor, protótipo de tantos discípulos sem nome, que trabalham a vida toda na lavoura do Senhor ou combatem nas trincheiras da fé não em vista de uma menção de honra, mas para o triunfo do Reino de Deus. Como os outros apóstolos, também Simão percorreu os caminhos do Evangelho ‘sem mala, sem dinheiro, pregando o reino dos céus; curou os enfermos, ressuscitou os mortos, limpou os leprosos, expulsou os espíritos maus’; zeloso desde jovem das tradições hebraicas, e agora zeloso e humilde servo do Senhor. Simão, conforme notícias duvidosas do historiador Eusébio, parece ter sido o sucessor de Tiago na cátedra de Jerusalém, nos anos da trágica destruição da cidade santa. Também as suas atividades além dos confins da Palestina são uma dedução dos lendários Atos de Simão e Judas, segundo os quais, os dois apóstolos percorreram juntos as doze províncias do império persa. Outras fontes assinalam para Simão o Egito, a Líbia e a Mauritânia. Segundo uma notícia de Egesipo, o apóstolo teria sofrido o martírio durante o império de Trajano, em 107, com a respeitável idade de 120 anos. Judas, não o Iscariotes (apressa-se a distinguir o evangelista são João), ocupa o último lugar no elenco dos apóstolos, com o sobrenome de Tadeu, e é identificado com o autor da epístola canônica que traz o seu nome. O apóstolo que teve a infelicidade de partilhar o nome com o traidor, é chamado também irmão do Senhor: ‘Não é este – perguntam-se os nazarenos, maravilhados pela fama de Jesus – o carpinteiro... o irmão de Tiago e Judas?’. Conforme as notícias de Eusébio, Judas teria sido o esposo nas núpcias de Caná (bodas de Caná), (isso explicaria a presença de Maria e de Jesus). Dada a notoriedade de Tiago na Igreja primitiva, Judas era sempre lembrado como o irmão de Tiago. O breve escrito de Judas Tadeu é uma severa advertência contra os falsos mestres e um convite a manter a pureza da fé” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus). 

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 27 de outubro de 2020

(Ef 5,21-33; Sl 127[128]; Lc 13,18-21) 

30ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus dizia: ‘A que é semelhante o Reino de Deus e com que poderei compará-lo? Ele é como a semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore,

e as aves do céu fazem ninho nos seus ramos’” Lc 13,18-19.

“A parábola do grão de mostarda que cresce até se tornar uma grande árvore previne os discípulos contra certas tendências mesquinhas de querer abafar o dinamismo do Reino e torna-lo apanágio de um grupinho de privilegiados. É a tentação de reduzi-lo a uma seita fechada da qual os pobres e os pequeninos são os primeiros a serem deixados de lado. O Reino irrompeu na história humana de forma misteriosa, oculta e aparentemente insignificante. Nada de estardalhaço nem de exuberância. Como tudo o que diz respeito às coisas de Deus, sua presença nem se faz notar. Implantado pelo ministério de Jesus, começou simples como foi simples a trajetória humana do Filho de Deus. O crescimento rápido e irresistível desse Reino não dispensa seus elementos constitutivos iniciais: humildade, simplicidade, fraqueza. O Reino torna-se grande, sem se revestir da grandeza própria do mundo. Sendo de Deus, seus atributos são os mesmos dele. Sua característica principal será a misericórdia e o trato benévolo com todos, sem exceção, embora os pobres sejam os privilegiados. – Senhor, faze de mim instrumento de teu Reino para que ele chegue a todas as pessoas, sem exceção, mormente os pobres marginalizados (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 26 de outubro de 2020

(Ef 4,32—5,8; Sl 01; Lc 13,10-17) 

30ª Semana do Tempo Comum.

“Esta filha de Abraão, que satanás amarrou durante dezoito anos,

não deveria ser libertada dessa prisão em dia de sábado?” Lc 13,16.

“A narrativa da cura da mulher encurvada tem forte valor simbólico. Aponta para a libertação das mulheres, realizada por Jesus. A mulher era vítima de uma das piores opressões: a religiosa. Era sábado e a cena se passa na sinagoga. O gesto de Jesus deixa o chefe da sinagoga furioso, pois havia transgredido a lei do repouso sabático, fazendo uma ação proibida. No parecer dele, a mulher deveria manter-se ‘encurvada e totalmente incapaz de olhar para cima’, porque uma tradição religiosa impedia Jesus de libertá-la. Jesus pautava-se pelo querer do Pai, e o Pai não desejava que nenhum de seus filhos vivesse encurvado. Daí a decisão de curá-la, mesmo com o risco de ser acusado de violador da Lei. A mulher curada é o paradigma de todas as pessoas que Jesus liberta do peso insuportável da tirania religiosa e as torna livres para louvar a Deus, sem o peso das exigências religiosas absurdas. – Pai, como Jesus, faze de mim instrumento de tua misericórdia, para libertar quem vive oprimido pelas exigências da religião que perdeu a sintonia contigo (Jaldemir Vitório – Dia a dia nos passos de Jesus [Ano A] – Paulinas).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

30º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Ex 22,20-26; Sl 17[18]; 1Ts 1,5c-10)

1. Na segunda investida das lideranças religiosas sobre Jesus está a pergunta sobre o maior dos mandamentos. De fato, a pergunta procede, pois viviam envoltos num mundo de prescrições e proibições que certamente se poderia perder de vista o essencial.

2. A resposta de Jesus não é em si uma novidade, pois o mandamento do amor a Deus estava presente na oração da manhã e da tarde do judeu piedoso. E o amor ao próximo já fazia parte do Antigo Testamento. A novidade de Jesus está no justo equilíbrio que parecia esquecido.

3. O princípio-síntese utilizado por Jesus unifica e equipara os dois mandamentos que os especialistas de então entendiam e explicavam como diferentes, separados e em níveis distintos: Deus e o próximo.

4. Dessa síntese de Jesus, conclui-se que a mensagem e o seguimento de Jesus é, fundamentalmente, amar, encontrar-se com Deus no amor através da fraternidade com os nossos semelhantes. Amar a Deus sem amar o ser humano é uma utopia religiosa, uma mentira, no dizer de São João Evangelista.

5. Para além das definições dos filósofos, antropólogos e sociólogos, o ser humano se define, também, como um ser feito para amar e ser amado. Numa bela intuição sobre essa realidade, Santo Agostinho dizia: amor é o meu peso; a minha lei da gravidade, diríamos na linguagem física; ou em termos psicológicos: ‘o afetivo é o efetivo’.

6. Essa realidade vem se revelando ao longo da história salvífica para culminar na pessoa de Jesus. Ele mesmo se tornou esse sacramento do encontro com Deus. Deus revela-se como amor que procura o ser humano e que pede uma resposta não só afetiva, mas também efetiva.

7. A primeira leitura nos fala desse olhar de Deus sobre os desassistidos, para expressar o seu cuidado e o nosso para com eles. É também uma lembrança do que nos impossibilita amar: o orgulho, a prepotência e o domínio, o desejo de consumir que nos leva a exploração do outro.

8. É verdade que Deus e o ser humano são objetos distintos de amor e se distinguem conceitualmente, mas não se podem separar, nos diz o próprio Jesus. É o amor que dá valor e consistência à observância dos mandamentos.

9. O nosso testemunho, no mundo, consiste em viver a fraternidade e a solidariedade humana, num esforço contínuo de dizer não ao egoísmo que nos impede de celebrar o amor em Cristo, na eucaristia e nos demais sacramentos da vida cristã.

“Nós Te agradecemos, Senhor, porque Jesus resume a tua lei num só mandamento, centrado no amor a Ti e ao próximo. Agradecemos, também, porque o teu Espírito nos permite amar-Te como filhos e abre-nos ao irmão, completando o círculo do amor em Cristo. Reconhecemos-Te, Senhor, como nosso verdadeiro e único Deus a quem devemos amar e servir com todo o ser, alma e coração. E queremos, também cumprir o mandato e testamento de Jesus: amai-vos uns aos outros como Eu vos mamei; assim sereis meus discípulos. Ajuda-nos, Senhor, a abandonar os ídolos do nosso egoísmo para nos centrarmos no mandamento principal e primeiro, porque amar-Te, a Ti e ao próximo, é cumprir totalmente a tua lei. Amém” (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite 

Sábado, 24 de outubro de 2020

(Ef 4,7-16; Sl 121[122]; Lc 13,1-9) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus lhes respondeu: ‘Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus por terem sofrido tal coisa?’” Lc 13,2.

“Jesus alertou os discípulos em relação a certos pensamentos enganosos, que podem ter graves desdobramentos. Trata-se da tendência a olhar para os outros e julgá-los pecadores, sem se dar o trabalho de olhar para si mesmo e se reconhecer carente de conversão. A facilidade de reconhecer os pecados alheios e identificar as respectivas punições não tem como contraponto a mesma facilidade de reconhecer os próprios pecados. Fatos conhecidos, implicando mortes violentas, tidas como castigos, serviram para ilustrar o ensinamento. Os galileus assassinados por Pilatos não eram mais pecadores que os ouvintes de Jesus. Da mesma forma, as dezoitos pessoas atingidas na queda da torre de Siloé; julgá-las, sem tirar as devidas lições, constitui um grave erro. O discípulo do Reino esforça-se por levar uma vida agradável a Deus, sem se fazer juiz da sorte alheia. – Pai, afasta de mim a tentação de pensar mal de meu próximo, sem me dar conta do caminho de conversão que me cabe trilhar” (Jaldemir Vitório – Dia a dia nos passos de Jesus [Ano A] – Paulinas).

 

Santo do Dia:

Santo Antônio Maria Claret, bispo. Quinto entre dez filhos de um modesto tecelão de Catalunha, nasceu em Sallent em 1807. Um excepcional homem de ação. Aos vinte e dois anos entrou para o seminário da diocese de Vic e saiu sacerdote aos 28, com nomeação de vigário para a sua cidade natal. Para seguir a própria vocação missionária, foi a Roma colocar-se à disposição da congregação de Propaganda Fide. Depois ingressou no noviciado dos jesuítas, interrompido por causa de uma doença. Voltou à Espanha e foi missionário em sua pátria, dedicando-se a evangelização das zonas rurais. Serviu-se da imprensa para evangelizar. Voltando à diocese de Vic deu início à sua mais importante obra: a fundação de uma congregação missionária dedicada ao Coração Imaculado de Maria (cujos membros são ainda hoje conhecidos com o nome de padres clarentianos). Era o ano de 1849. Pouco tempo depois foi eleito bispo de Cuba, então sob o domínio espanhol, cuja sede estava a 14 anos vacante. Fez um vasto e fecundo trabalho de evangelização. Um atentado grave pôs em risco a sua vida. Foi chamado à pátria em 1857, porque a rainha da Espanha quis tê-lo como confessor. Não adaptando-se bem à vida na corte, procurou estender sua jornada de trabalho prestando serviço em várias paróquias. Em 1867 foi exilado com a família real na França após uma revolução. Morreu aos sessenta e três anos, a 24 de outubro de 1870. Pio XII o incluiu no álbum dos santos durante o ano santo de 1950.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 23 de outubro de 2020

(Ef 4,1-6; Sl 23[24]; Lc 12,54-59) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“Hipócritas! Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu.

Como é que não sabeis interpretar o tempo presente?” Lc 12,56.

“É interessante como algumas pessoas conseguem prever uma mudança climática por meio de algum sinal da natureza. Já no tempo de Jesus isso acontecia. As pessoas daquele tempo sabiam que as nuvens que vinham do Mediterrâneo trariam chuva e que os ventos que sopravam do deserto do sul trariam calor (Lc 12,54-55). O método de prever o tempo era, obviamente, primitivo. Entretanto, Jesus os adverte que o discernimento espiritual deles era ainda pior, afinal eles não conseguiam discernir os sinais dos tempos que confirmavam a chegada do Reino de Deus e do Messias. Os milagres que Jesus fazia eram como um aviso de que o Reino de Deus estava próximo. Jesus chama os seus ouvintes de hipócritas porque eles viam os sinais do Reino, mas fingiam não os perceber. Ignoravam intencionalmente os sinais daquele tempo. Sustentavam uma cegueira voluntária (Lc 12,57), menosprezando a mensagem dos profetas, cujas palavras apontavam para o Messias. Naquele tempo como agora, Jesus será sempre um sinal inequívoco e a prova inconteste da chegada do Reino de Deus. Nos tempos de Jesus, as pessoas tinham o almejado Messias em seu meio e recusavam a reconhece-lo. Nos dias atuais, a realidade se confirma na ignorância ao que realmente importa: as pessoas não conseguem enxergar a Deus, sua existência e sua importância para este mundo caótico e sem esperança. Os sinais evidentes e as profecias bíblicas se cumprem. Por isso a mensagem para nossa geração é que saibamos reconhecer em Jesus a chegada do Reino de Deus. Assim como ele veio para salvar, também prometeu retornar para julgar o mundo. Até lá, anunciemos o Evangelho que transforma nossa maneira de pensar, sentir e agir, reconciliando-nos com Deus (Lc 12,57-58). – Senhor, abre os nossos olhos para que possamos entender e viver os valores do teu Reino no mundo em que nos colocastes. Amém!” (Acyr e Gerone Junior – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes). 

 

Santo do Dia:

São João de Capistrano, presbítero. Nascera em Capistrano, na província de Áquila, em 1386. Pela origem e aspecto nórdico, apelidaram-no de João alemão. Estou direito civil e eclesiástico em Perugia, laurenado-se excelente jurista. Teve logo a nomeação de juiz e governador da cidade. Quando Perugia foi ocupada pelos Malatesta, além do alto cargo perdeu a liberdade. Na prisão encontrou tempo de meditar sobre a vaidade das honras humanas, e saindo do cárcere, já transformado interiormente, obteve a anulação do matrimônio e foi bater na porta do convento franciscano de Assis. Teve início então para o dinâmico frade aquela múltipla atividade apostólica que por quarenta anos empenhou em vários lugares da Europa. Infatigável organizador de obras de caridade, mensageiro da paz, conselheiro, missionário entre os hussitas, na Baviera, na Turquia, na Saxônia, na Eslésia e na Polônia. Morreu a 23 de outubro de 1456 e foi canonizado em 1690.     

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 22 de outubro de 2020

(Ef 3,14-21; Sl 32[33]; Lc 12,49-53) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“Eu vim para lançar fogo sobre a terra e como gostaria que já estivesse aceso!” Lc 12,49.

“Alguns santos Padres interpretam este fogo como sendo o do Espírito Santo, da caridade, do zelo apostólico, porque o cristianismo é isso: a religião do amor, a religião do zelo apostólico; assim, pelo menos, parece interpretá-lo a Igreja quando na oração ao Espírito Santo o invoca: ‘Vinde, Espírito Santo, e enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor’. O amor é que dá sentido à vida e a todas as circunstâncias, e o zelo que canaliza as energias e polariza os esforços nos altares da fé. Por isso o cristianismo é uma escola de zelo e de ação apostólica. Todo cristão autêntico é uma pessoa entusiasta, otimista, confiante e alegre; é um verdadeiro propagandista de sua fé, um apóstolo ardoroso, que transmite a mensagem de salvação a todos quantos o rodeiam; é um soldado aguerrido, que luta sem descanso contra o mal e o pecado, contra a imoralidade e a injustiça; é um mestre que foi chamado para ensinar aos pobres a doutrina do Senhor Jesus consignada em seu evangelho. O cristão é uma pessoa compenetrada com os ideais de Jesus Cristo, cheio do fogo que devorava o coração do Mestre. As adversidades não fazem recuar o apóstolo cristão, mas o instigam e estimulam à ação apostólica. A tocha de fogo da fé, que constantemente arvora, é a chama que dá luz à sua vida e com a qual ateia fogo a seu derredor, a ponto de poder definir-se o apóstolo, dizendo que é uma pessoa que está envolta em chamas de calor. Porém o fogo ao qual, aqui, se refere Jesus literalmente é o fogo da luta. Diz um comentário evangélico: ‘Jesus não veio trazer a paz no sentido material da palavra, no que diz respeito À exclusão do sofrimento na terra. Sua mensagem dirige-se a um mundo inimigo de Deus e impulsiona os homens a decidir-se a favor ou contra Deus. E, assim, os homens dividir-se-ão em duas frentes: os que estão a favor de Deus e os que continuam com suas paixões desordenadas. A luta adquire caracteres trágicos dentro da mesma casa. Os exemplos dos versículos 52-53 servem para por em relevo o sentido trágico deste evangelho. A confissão de Cristo encontrará oposição em seres muito queridos.  O evangelho deve ser colocado acima dos interesses e afetos humanos mais sagrados. A discórdia no próprio seio das famílias menciona-se na apocalíptica judaica e considera-se parte das dores messiânicas que precederão a iluminação do Messias’” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

 

Santo do Dia:

São Contardo Ferrini, professor universitário. Nasceu de um casal profundamente cristão, numa época de grande crise de fé e oposição à Igreja de Cristo, precisamente no ano de 1859. Ditado de memória prodigiosa, era muito estudioso. Contava com 17 anos, ao começar em Pavia, em 1876, o curso de direito, em que foi aluno do seu tio, o abade Buccellati, professor de direito penal. A sua piedade, a sua prática religiosa provocava naturalmente as chacotas, os ditos obscenos, as grosserias dos colegas. Em 1880, defendeu brilhantemente em Pavia sua tese de doutorado sobre a importância de Homero e Hesíodo para história do direito penal. Ela lhe valeu uma bolsa de viagem. Foi a Berlim, onde experimentou fortemente o catolicismo sério, corajoso dos militantes provocados pela Kulturkampf de Bismarck. Em 1881 fez voto de castidade. Assistia a missa diariamente. Diante do tabernáculo, a orar, chegava ao êxtase. Terciário franciscano desde 1886, Ferrini era doce, humilde, paciente, sempre procurando a perfeição em tudo. Foi um sábio a viver como um eremita contemplativo. A ciência foi a sua dama, o professorado, um sacerdócio. Em outubro de 1883, com apenas 24 anos, ministrou em Pavia um curso de história do direito penal romano. Foi sempre um mestre compenetrado da seriedade de sua profissão e de respeito para com seu auditório. Os estudantes apreciavam seu esforço de adaptação e seu zelo em servir. Fora dos cursos era sempre afável, doce, sempre disposto a aconselhar e a ajudar. Terminadas estas, voltava sempre a pé para casa. Nas férias era um robusto alpinista. Além de tantas outras virtudes e ação em favor da fé católica, tinha o senso da liturgia e um real espírito de pobreza. Uma febre tifoide o levou rapidamente, a 17 de outubro de 1902, em Suna (Novara). Deixou belíssimas páginas de espiritualidade. 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 21 de outubro de 2020

(Ef 3,2-12; Sl Is 12; Lc 12,39-48) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“Então Pedro disse: ‘Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?’” Lc 12,41.

“Pedro deseja saber para quem Jesus estava dirigindo a parábola do dono da casa e do ladrão: para o grupo ou para todos os presentes? A conclusão da parábola do servo fiel e do servo infiel, contada logo em seguida, serve de pista para responder a esta preocupação. ‘A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi entregue, muito mais se pedirá’. Bastava que os discípulos considerassem sua condição em relação a Jesus para saber a quem se destinava o ensinamento do Mestre. Quanto mais alguém se aproxima de Jesus e se deixa interpelar por ele, mais obrigação terá de colocar em prática os seus ensinamentos. Pelo contrário, quem aderiu a Jesus, mas leva uma existência preguiçosa e despreocupada, não agindo em conformidade com o projeto de Deus, tem sérios motivos para se inquietar. A hora do encontro com o Senhor pode chegar qualquer momento. E esse discípulo tolo poderá ser encontrado despreparado, pondo a perder toda a sua vida. Os primeiros a serem visados pelas palavras de Jesus são os líderes das comunidades cristãs. Afinal, foi-lhes confiada a tarefa de guiar os irmãos na fé, exatamente por terem se deixado tocar pelo Reino, de forma radical. Sem isto, estariam incapacitados para esta missão tão delicada, e sua ação poderia ter o efeito contrário: afastar do Reino quem foi confiado a seus cuidados. Portanto, a liderança eclesial tem o dever de dar testemunho de uma fé robusta, que se expressa numa existência totalmente voltada para a misericórdia. – Pai, leva-me a tomar consciência de que muito será exigido de mim, pois muito me foi dado. Que minha vida seja compatível com minha condição de discípulo do teu Reino (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

 

Santo do Dia:

Santa Úrsula e companheiras, mártires. Pouco se sabe sobre a vida dessas santas, cujas narrativas são lendárias. Seu túmulo foi encontrado no século VIII nas proximidades de uma igreja de Colônia, na Alemanha. Por narração popular, Úrsula seria filha de um rei cristão da Inglaterra, de particular beleza, suscitou a admiração e o amor de um príncipe pagão, que logo a pediu em casamento. Secretamente, essa já havia se doado a Deus, tentando escapar do casamento, ela pediu três anos de tempo para melhor conhecer a vontade de Deus a seu respeito. Ela teria se retirado acompanhada de dez jovens escravas pagãs. Uma a uma, todas as companheiras de Úrsula, atraídas pela palavra e pelo exemplo da piedosa princesa, pediram o batismo. Foram todas batizadas em Basiléia. No caminho de volta a Colônia, encontraram-se com hunos de Átila, que massacraram as meninas, com exceção de Úrsula, pela qual se entusiasmou Átila e resolveu matá-la pessoalmente.  

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 20 de outubro de 2020

(Ef 2,12-22; Sl 84[85]; Lc 12,35-38) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas” Lc 12,35.

“A vigilância é uma virtude do discípulo do Reino. Nada lhe desvia a atenção, pois, desconhecendo a hora em que o Senhor virá, procura estar sempre preparado para o encontro com ele. Nada de ser apanhado desprevenido! A espera do Senhor acontece com a perseverança na prática do amor misericordioso, em que o próximo carente e sofredor se faz presente no horizonte das preocupações do discípulo. Os apelos egoístas não têm vez em seu coração, pois sua pauta de ação é o Reino e o querer do Pai. A ordem do Mestre consiste em ficar de prontidão, com o cinto amarrado e as lâmpadas acesas. O cinto amarrado à cintura – o mesmo que os rins cingidos – apela para a capacidade de discernimento. Os rins, na cultura da época, eram a sede do pensamento e da capacidade de decidir. Tê-los cingidos era a metáfora de uma vida feita de contínuo discernimento, na contramão de uma vida irresponsável, com o risco de descambar para a maldade. As lâmpadas acesas são a metáfora da superação das trevas do erro e do egoísmo, por onde vaga quem desconhece o fim da caminhada e não tem consciência do encontro com o Senhor, que o espera como juiz. A luz da fé permite ao discípulo caminhar com segurança, sem o perigo de desviar do bom caminho, e o prepara para encontrar com o Senhor, seja qual for o dia e a hora em que virá. – Pai, que eu esteja sempre com rins cingidos e as lâmpadas acesas, vigilante à espera de teu Filho que vem, de modo a ser acolhido por ele em teu Reino (Jaldemir Vitório – Dia a dia nos passos de Jesus [Ano A] – Paulinas).

 

Santo do Dia:

Santa Maria Bertilla Boscardin, religiosa. Nascida a 6 de outubro de 1888 em Vicência, batizada com o nome de Ana Francisca, desde menina dedicou-se aos trabalhos do campo, ajudando os pais. Aos 17 anos Ana Francisca teve permissão de seguir a própria vocação religiosa ingressando nas Mestras de Santa Dorotéia em Vicência. Lá fez o noviciado e emitiu os primeiros votos temporários. Deixou em seguida Vicência e foi para Treviso trabalhar no hospital, onde prestará o seu humilde e ativo serviço até a morte, acontecida a 22 de outubro de 1922, aos 34 anos. Beatificada em 1952, foi canonizada por João XXIII a 11 de maio de 1961. “É uma humilde camponesa. Figura puríssima de perfeição cristã, modelo de recolhimento e de oração. Nem êxtases, nem milagres durante a vida, mas uma união com Deus sempre mais profunda no silêncio, no trabalho, na oração, na obediência. Daquela união vinha a especial caridade que ela demonstrava para com os doentes, médicos, superiores, enfim, para com todos” (Pio XII).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 19 de outubro de 2020

 (Ef 2,1-10; Sl 99[100]; Lc 12,13-21) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida.

E para quem ficará o que tu acumulaste?” Lc 12,20.

“Você certamente já ouviu frases semelhantes a essa: ‘Se não comprar, vai acabar’. Esse tipo de argumento está bem presente. Vivemos em um mundo dominado pelo consumismo. Muitos fizeram dessa tendência seu principal motivo de vida. É justamente falando sobre esse apego excessivo ao dinheiro ou à atitude que temos diante dos bens, que Jesus reprova duramente a avareza, que pode se manifestar na busca por adquirir coisas más ou por adquirir coisas boas, porém de forma equivocada (cf. Lc 12,13-21). Para ilustrar a situação, Jesus cita a parábola de um homem rico e sem juízo que acumulara tantas riquezas que precisou até aumentar seus depósitos; naquela mesma noite, contudo, iria perder a sua vida. Jesus está ensinando que a vida não consiste no excesso de dinheiro ou bens. Tal realidade não traz segurança a ninguém. Cedo ou tarde, ‘esta mesma noite’ virá para todas as pessoas. As crises econômicas, as doenças, o ladrão, as catástrofes ou a própria morte podem nos tirar tudo em instantes. O problema não é o dinheiro em si, aliás, ele é útil e necessário. A raiz dos grandes males na sociedade é precisamente o amor ao dinheiro (1Tm 6,10). Por isso, o segredo é não servir ao dinheiro e não ser por ele dominado, afinal a única riqueza duradoura é estar seguro em Deus (Lc 12,21). Tornamo-nos insensatos quando não ouvimos o que Deus diz. Sua vontade está explícita em Lc 12,20. Preocupar-se demasiadamente com bens terrenos é sinal de insensatez e pode afastar-nos do Criador. Amontoar riquezas de forma egoísta não leva a lugar nenhum. Pelo contrário, qualquer um de nós pode morrer repentinamente sem desfrutar de nada. – Senhor, ajuda-nos a confiar em ti e não em nossos recursos. Que possamos compreender que a verdadeira vida não tem nada a ver com posses ou com ilusões deste mundo e assim possamos reconhecer que tudo o que temos é dádiva de tuas mãos. Amém (Acyr e Gerone Junior – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 

Santo do Dia:

São Paulo da Cruz, presbítero. Paulo Francisco Danei, piomontês, nascido em Ovala em 1694, é o fundador da Congregação dos Clérigos descalços da Santa Cruz e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Um título tão longo foi imediatamente simplificado pelo povo cristão, que resumiu no nome passionista o caráter e a própria essência da nova instituição, cujos membros vivem, meditam e pregam a Paixão do Senhor. Aos 19 anos, Paulo, ouvindo um sermão sobre a paixão do Senhor Jesus Cristo, tomou a decisão de colocar-se a serviço do Senhor. Amadureceu sua vocação dedicando-se à oração e à penitência. Alma eminentemente contemplativa, passava até sete horas consecutivas imerso em profunda meditação. Aos 26 anos recebeu do bispo de Alexandria, Gattinara, o hábito preto do penitente com os sinais da Paixão de Cristo: um coração com uma cruz em cima, com três pregos e o monograma de Cristo. Convenceu o irmão João Batista a ajuntar-se a ele e juntos se retiraram a um ermo sobre o monte Argentauro, o próximo a Orbetello. Viveram aí vida eremítica, com duras penitências corporais. Aos domingos desciam às cidades próximas para pregar a Paixão de Cristo. A pregação deles, apaixonada e dramática (às vezes se flagelavam em público para tornar mais viva a imagem de Cristo sofredor), comovia o povo e convertia até os mais refratários. Suas missões, marcadas por uma cruz de madeira, obtiveram resultados surpreendentes. O papa Bento XIII concedeu-lhes a licença de erigir a congregação e ordenou presbítero os dois irmãos. À congregação masculina logo agregou-se a feminina. Paulo morreu na idade de oitenta e um anos, a 18 de outubro de 1773. Pio IX o incluiu no elenco dos santos a 28 de junho de 1867. Antes da reforma do calendário sua festa era dia 14 de abril.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

29º Domingo do Tempo Comum – Ano A

 (Is 45,1.4-6; Sl 95[96]; 1Ts 1,1-5b; Mt 22,15-21)

1. A frase lapidar de Jesus no Evangelho de hoje, tem atravessado os tempos e recebido várias interpretações de acordo com a época e a perspectiva.

2. Comumente caímos no campo dos opostos: César e Deus. Mas a liturgia da palavra, logo na 1ª leitura, já nos adverte que Deus é capaz de agir para além do campo religioso, servindo-se de outros meios.

3. Os que tentam armar para cima de Jesus consideravam o pagamento do imposto moralmente ilícito e só o faziam por força maior. Os saduceus e herodianos eram colaboracionistas do poder estrangeiro e, portanto, partidários de pagar o imposto. Os zelotas se opunham a tal com as forças das armas. É nesse campo minado que pisa Jesus.

4. De modo inteligente, Jesus desarma seus oponentes chamando-lhes de hipócritas! Ao pedir para ver a moeda e ver a gravura ali impressa, faz passar a questão do âmbito político para o religioso.

5. Muitos entenderam que a religião deveria limitar-se aos templos ou às sacristias e deixar a rua, a vida econômica e o trabalho, e os demais setores da vida à competência exclusiva dos políticos, governantes e cientistas.

6. Diante dessa visão, como ficaria o mandato de Cristo: ‘Ide por todo o mundo e anuncia o Evangelho a todos os povos’, particularmente nesse domingo das missões? O tema desse ano nos diz que a vida é missão. E vida envolve todos os aspectos da existência humana.

7. A solução dada por Jesus não contrapõe César e Deus, temporal e espiritual, político e religioso. Reconhecendo a autonomia de poder terreno e civil, estabelece implicitamente uma hierarquia de termos que reconhece a soberania de Deus sobre César.

8. ‘Dar a Deus o que é de Deus’ vem em primeiro e daí advém o fundamento e a obrigação, também, de ‘dar a César o que é de César’.  Se quisermos usar a relação Igreja e Estado, nenhum está submetido ao outro, mas ambos estarão submetidos a Deus, Senhor da história.

9. Jesus foi cidadão de um estado, e mesmo tendo uma visão crítica das autoridades civis, ele seguia as leis por estas estabelecidas. Sua resposta não sacraliza a autoridade de quem manda, mas reconhece o seu direito. Contudo, a submissão ao poder civil está limitada ao ordenamento do bem comum da sociedade.

10. Por isso, são legítimas a discordância e a objeção de consciência, quando um Estado totalitário se auto diviniza ou uma lei civil contradiz os princípios evangélicos ou não salvaguarda os direitos das pessoas, tais como a ética, a vida, a família, a liberdade de religião, de consciência, educação, por exemplo.

11. O cristão, para Paulo, deve ser o melhor cidadão. Nada do que devemos a Deus damos a César. Mas a fé religiosa não nos exime de obedecer à autoridade estatal legítima e justa e com ela colaborar, seja no que diz respeito aos impostos, cumprimentos das leis, responsabilidade cívica e participação democrática crítica e construtiva.

“Bendito sejas, Deus Pai, porque Jesus Cristo, teu Filho, nos ensinou a dar-Te, Deus e Senhor nosso, o que é teu, e à autoridade civil a obediência e colaboração devidas. Com o exemplo da sua vida, Cristo mostrou-nos concretamente que o seu discípulo deve ser o melhor e mais completo cidadão: leal, responsável, justo, insubornável, crítico e solidário. Mas, se Tu, Senhor, não constróis a casa e a cidade, em vão vigiamos, madrugamos e nos afadigamos todo o dia. Concede-nos, Senhor, o teu Espírito de amor e de serviço para que testemunhemos entre os homens, nossos irmãos, que o teu reino tem primazia absoluta na nossa vida. Amém” 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 17 de outubro de 2020

(Ef 1,15-23; Sl 8; Lc 12,8-12) 

28ª Semana do Tempo Comum.

“Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus” Lc 12,8.

“Você já foi testemunha em favor de alguém? Testemunhar exige muita seriedade: pressupõe que o depoimento seja baseado em fatos reais; que a pessoa tenha visto o ocorrido ou ouvido de fonte segura e, se houver mentira, as penalidades da lei poderão ser rigorosamente aplicadas também à testemunha. Certa vez, Jesus conversou com seus discípulos sobre o que implica ser uma testemunha, ressaltando a existência de dois tipos: aquelas que falam contra e aquelas que falam a favor do Mestre. Em Lc 12,8-9, isso fica expresso no paradoxo ‘confessar’ e ‘negar’ a Cristo. Diferentes traduções bíblicas se utilizam dos sinônimos testemunhar, confessar, declarar, afirmar publicamente. Seja qual for, Jesus está ensinando que as decisões de hoje têm consequências eternas. A escolha imanente tem efeitos transcendentes (Lc 9,26). E assim, de forma objetiva, Jesus afirma que o testemunho na terra resulta em reconhecimento no céu; o contrário disso também é verdadeiro. A confissão pública em favor de Cristo se evidencia na lealdade em meio às dificuldades, desafios, perigos, perseguições, tentações etc. (2Tm 2,12). A confissão/negação pode ser em ação ou em palavras; por meio da omissão ou do silêncio. Não se trata de uma hesitação temporária, como aconteceu com Pedro; pelo contrário, de uma escolha definitiva que nega Jesus por causa do medo da vergonha, do desprezo ou das ilusões do mundo. Assim, a grande lição deste ensino de Jesus é que a confissão, como um ato público, exige compromisso e coragem, indo muito além do discurso. Trata-se de uma escolha decisiva para os discípulos que seguem o Mestre. – Senhor, dá-nos sabedoria e coragem para sermos testemunhas fiéis do Filho de Deus e que possamos ter a confiança de que por Ele fomos aceitos, aqui e agora nesta terra, como também nos tempos vindouros no céu. Amém!  (Acyr e Gerone Junior – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes). 

 

Santo do Dia:

Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir. Antioquia, terceira em ordem de grandeza do vasto império romano, teve como primeiro bispo o apóstolo Pedro, ao qual sucederam Evódio e em seguida Inácio, o Teóforo, o que traz Deus, como ele mesmo gostava de ser chamado. Ele é lembrado sobretudo pelas intensas expressões de intenso amor a Cristo, por ele escritas durante a viagem de Antioquia a Roma, para onde ia como prisioneiro, vítima da perseguição de Trajano (98-117). Nessa oportunidade, o santo bispo escreveu sete cartas, dirigidas a várias igrejas e a são Policarpo. Trazido acorrentado a Roma, onde terminou os seus dias na arena, devorado pelas feras selvagens, tornou-se objeto de afetuosas atenções da parte das várias comunidades cristãs nas cidades por onde passou. Mesmo com as intervenções para evitar-lhe o martírio, Inácio o desejava e não queria que seu corpo fosse alvo de alguma sepultura e que viesse a dar trabalho a alguém. As suas palavras inflamadas de amor a Cristo e à Igreja ficaram nas lembranças de todas as gerações futuras.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 16 de outubro de 2020

(Ef 1,11-14; Sl 32[33]; Lc 12,1-7) 

28ª Semana do Tempo Comum.

“Não se vendem cinco pardais por uma pequena quantia? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados.

Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais” Lc 12,6-7.

“O olhar de Cristo estava impregnado da solicitude do Pai, que ele mesmo vivia e testemunhava. A ternura de Deus transparece nas atentas observações de Cristo. Os homens negociam pardais por moedas. Os passarinhos podem mudar de dono, mas não são subtraídos à solicitude de Deus, que não se esquece de nenhum deles. Ninguém conta os próprios cabelos. Mas Deus sabe quantos são. Até este extremo chega o cuidado de Deus com seus filhos. É depois destas observações que Jesus se dirige ao povo com esta insistência: ‘Não tenhais medo’ vocês valem muito mais do que pardais’. Deus que tem solicitude pelos passarinhos, que está atento ao número de nossos cabelos, muito mais nos segue com o carinho do seu olhar paterno, guiando nossos passos, protegendo nossa vida, nos acompanhando com seu amor. Assim é o Deus de Jesus, todo feito de ternura e de bondade. Ele impressiona o salmista pela grandeza de sua obra, ao contemplar os céus em contraste com a pequenez humana. ‘Senhor, que é o homem para dele assim vos lembrardes, e o tratardes com tanto carinho?’ (Sl 8,4). Mas a grandeza de Deus se revela mais ainda quando o vemos ocupado com as pequenas coisas e os passarinhos indefesos. Toda sua grandeza, como igualmente sua ternura, se voltam par nós, o centro de suas atenções e do seu amor. Não entendemos nada do mundo se não compreendemos que Deus nos olha com infinito amor, e cuida de nós com extrema solicitude. – Senhor Deus, fico encantado com vosso amor, que se volta para mim e me envolve de todos os lados. Tranquilo, coloco minha vida em vossas mãos. Amém” (Maria Luiza Silveira Teles – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 

Santo do Dia:

Santa Margarida Maria Alacoque, virgem. Nascida a 22 de agosto de 1647 em Verosvres, na Borgonha. Seu pai, juiz e tabelião, morreu quando Margarida era ainda muito jovem. Conheceu assim a humilhação da necessidade, dependendo de parentes nada generosos. Deseja entrar para um convento. Aos nove anos recebeu a primeira comunhão e aos 22, a confirmação. Nesta ocasião acrescentou ao nome de Margarida ao de Maria. Depois de vencidas as últimas dificuldades da parte da mãe, pôde entrar no convento da Ordem da visitação, fundado havia sessenta anos por são Francisco de Sales. Na festividade de são João evangelista de 1673, aos vinte cinco anos, recolhida diante do SS. Sacramento, teve o singular privilégio da primeira manifestação visível de Jesus, que se repetiria por outros dois anos toda primeira sexta-feira do mês. As extraordinárias visões com que foi favorecida trouxeram-lhe no começo incompreensões e julgamentos precipitados, até que, por escolha divina, foi posta sob a direção espiritual do jesuíta bem-aventurado Padre Cláudio de la Colombiere. Este com discrição e com zelo tirou o véu que cobria as maravilhas de Paray-le-Monial. No último período de sua vida, nomeada mestra das noviças, ela teve a consolação de ver propagar-se a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e os próprios opositores de outrora mudaram-se em fervorosos propagadores. Apagou-se docemente, aos 43 anos, a 17 de outubro de 1690. Canonizada em 1920, a data da sua festa foi antecipada de um dia para não coincidir com a de santo Inácio de Antioquia. 

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 15 de outubro de 2020

(Ef 1,1-10; Sl 97[98]; Lc 11,47-54) 

28ª Semana do Tempo Comum.

“Ai de vós, mestres da Lei, porque tomastes a chave da ciência. Vós mesmos não entrastes

e ainda impedistes os que queriam entrar” Lc 11,52.

“Normalmente, Jesus era seguido pelos pecadores e pelos líderes religiosos. Aos pecadores há sempre uma palavra de arrependimento e esperança; já aos religiosos, uma palavra de advertência e juízo. No texto acima, o alvo das palavras do mestre eram os fariseus, uma seita político-religiosa que professava a tradição legalista dos rabinos, e os doutores da lei, responsáveis pela interpretação das Escrituras. O ‘ai’ de Jesus demonstra reprovação e anúncio de juízo, condenando a excêntrica preocupação com a forma em detrimento do conteúdo. Os religiosos se importavam com a aparência, porém a realidade interna estava distante do discurso, tratando-se de uma ostentação de piedade e um esforço destemido por receber elogios. Para eles, a religião estava acima da justiça e do amor, colocando um peso desnecessário sobre as pessoas, impedindo-as de se aproximarem de Deus. Jesus afirma que eles faziam isso ao se apoderarem da chave da ciência, aquela que abria a porta do conhecimento de Deus e da salvação revelada nas Escrituras. Percebemos a mesma realidade quando: 1) A interpretação errada das Escrituras ilude as pessoas, deixando-as com sede e com fome de Deus. Uma interpretação errônea da Bíblia leva à perdição; 2) Acrescentaram-se regras e tradições humanas sob a alegação de serem a Lei de Deus, transformando a verdade em algo incompreensível e inacessível por causa do legalismo; 3) Os líderes se tornam um mau exemplo: eles mesmos não são salvos, pois não entram pela porta, já que não conseguem cumprir as regras que criaram e não cumprem com sua vocação, impedindo os que desejam entrar pela porta da salvação que está em Cristo por meio de sua obra na cruz. -  Senhor, possamos ser fiéis no cumprimento de nossa vocação e leais à tua Palavra que mostra o caminho para a salvação a nós mesmos e aos irmãos. Amém! (Acyr e Gerone Junior – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 

Santo do Dia:

Santa Teresa, virgem e doutora da Igreja. Teresa de Cepada y de Ahumada (nasceu em Ávila em 1515) guiada por Deus por meio de colóquios místicos e por seu colaborador e conselheiro espiritual são João da Cruz, empreendeu aos quarenta anos uma missão que tem algo de incrível para uma mulher de saúde delicada como a sua: do mosteiro de são José, fora dos muros de Ávila, primeiro convento do carmelo por ela reformado, partiu carregada pelos tesouros do seu Castelo Interior, para todas as direções da Espanha. Levou a termo numerosas fundações, suscitando também muitos ressentimentos, até o ponto de lhe ser temporariamente revogada a licença de reformar outros conventos ou de fundar novas casas. Teresa escreveu, por solicitação do confessor, a história da sua vida, um livro de confissões. É a história de uma alma que apaixonadamente luta para subir, sem no começo conseguir. Duas vezes esteve gravemente enferma. Durante a doença começou a viver algumas experiências místicas que transformaram profundamente a sua vida interior, dando-lhe a percepção da presença de Deus e a experiência de fenômenos místicos descritos por ela mais tarde nos seus livros: O Caminho da PerfeiçãoPensamentos sobre o amor de DeusO Castelo Interior. Morreu em Alba de Tormes na noite de 15 de outubro de 1582 e em 1622 foi proclamada santa. Paulo VI, a 27 de setembro de 1970, reconheceu-lhe o título de doutora da Igreja.

 Pe. João Bosco Vieira Leite