Quarta, 31 de janeiro de 2018

(2Sm 24,2.9-17; Sl 31[32]; Mc 6,1-6) 
4ª Semana do Tempo Comum.

Davi comete mais um erro: resolve fazer o recenseamento do povo, que na bíblia era considerado um gesto sagrado, pois Deus é o Senhor do seu povo, só a Ele cabe controlar e contar o número das pessoas. Por isso essa narrativa pode nos parecer estranha. Como consequência vem um castigo, que Davi deve escolher, pois não há outra saída. Aqui aparece mais uma vez sua sinceridade na responsabilidade dos seus atos e sua profunda religiosidade. O salmo 32,1-2.5-7, dá voz a tudo isso. Ele foi escrito por ocasião do pecado cometido pelo rei denunciado por Natã, que já vimos na narrativa anterior com relação ao soldado Urias. “Claramente, o salmista traça o espiral descendente de transgressões. É uma pirueta notória com a qual a maioria de nós está familiarizada. Primeiro, nós nos rebelamos ou nos revoltamos contra a vontade revelada de Deus. Em seguida abandonamos o caminho que ele traçou para nós, o caminho da retidão. Então, a culpa nos agarra e nós sofremos o tormento interior de sentimentos desconfortáveis graves. Sem alívio, a rotina diária de uma consciência sem perdão pode enlouquecer uma pessoa” (Charles Swindoll in Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).    

  
Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 30 de janeiro de 2018

(2Sm 18,9-10.14.24-25.30—19,3; Sl 85[86]; Mc 5,21-43) 
4ª Semana do Tempo Comum.

Eis que um incidente provoca a morte de Absalão, que apesar de sua perda, faz justiça à Davi. Aqui Davi demonstra sua profunda humanidade e sua fraqueza enquanto pai. Uma vitória pode se tornar um momento de luto. O salmo 86,1-6, composto por Davi em outro momento de perseguição, expressa o poder de Deus para livrá-lo do inimigo: “Davi não tinha problema em tornar seus pedidos conhecidos a Deus. Mas foi além de falar sobre a força de seus inimigos e a grandeza de sua necessidade ao apelar a Deus. Ele pediu resposta à sua oração apelando ao caráter misericordioso de Deus. [...] Que argumentos você pode apresentar ao Senhor em sua situação atual? Sua necessidade pode ser grande e seus inimigos podem ser fortes, mas até que ponto seu Deus é grande?” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).    


  Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 29 de janeiro de 2018

(2Sm 15,13-14.30; 16,5-13; Sl 03; Mc 5,1-20) 
4ª Semana do Tempo Comum.

De maneira resumida a liturgia nos traz o quadro da crise do reinado de Davi no momento em que Absalão tenta tirar o trono do próprio pai. Davi foge de Jerusalém e numa atitude realista e penitencial se encaminha para o monte das Oliveiras, ciente de que as injúrias que recebe de um passante são consequências do seu pecado. Faz-se um paralelo do texto com a subida de Cristo ao Calvário, por isso o salmo 3,2-7, composto por ele nesse momento de fuga do filho, expressa a lamentação e o sofrimento: “A fé de Davi triunfou sobre seus medos. Como se costuma dizer, Deus nunca promete mudar nossas circunstâncias; Deus sempre promete nos mudar. Tendo a segurança de quem era Deus e a paz em seu coração, Davi está pronto para a batalha. Ele pede ao Senhor que lute e está confiante quanto ao resultado” (Donald Williams in Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).    


 Pe. João Bosco Vieira Leite

4º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Dt 18,15-20; Sl 94[95]; 1Cor 7,32-35; Mc 1,21-28)

1. A liturgia da Palavra desse domingo parece não se harmonizar muito bem, com temáticas diferentes em cada texto proclamado.

2. Na primeira leitura temos a questão da ação profética instituída desde o tempo de Moisés, como uma espécie de mediação nas relações de Deus com o seu povo. Temos alguns elementos claros de sua missão e de sua responsabilidade de transmitir a mensagem divina. O texto não diz como saber se ele fala em nome de Deus ou não, talvez o evangelho possa ser a chave de compreensão de uma palavra que não só tem autoridade, mas que liberta, que faz o bem. Onde está o nosso profetismo, nós que comungamos dessa Palavra?

3. Na esteira do pensamento iniciado no domingo anterior, Paulo exalta a virgindade e o celibato numa sociedade onde estes não eram bem vistos. Ele não tenciona dizer qual a condição melhor, mas lembra que a realidade matrimonial é passageira e que aqueles que se dedicam ao serviço do Senhor têm que estar mais livres.

4. É provável que ele esteja justificando a sua opção pela vida celibatária. Mas esta nunca será um afastamento da realidade comum dos casados.

5. O mesmo Jesus que mal proclamara o advento do Reino de Deus, já começa a agir com claros indícios do que seria essa presença do Reino entre nós. Marcos, muito sucinto, não nos diz sobre que texto Jesus iniciou o seu ensinamento, nem o conteúdo do mesmo, mas salienta o modo novo com que fala ou interpreta a Palavra.

6. Essa novidade que Jesus traz consigo, desestabiliza a aparente tranquilidade daquela assembleia. Alguém, possuído por um espírito mal, sente-se incomodado. Marcos dá a entender que este já conhece a Jesus e sabe de sua autoridade. Nessa luta travada por eles, deve recuar, deixar o homem.

7. Para Marcos a ação demoníaca é tudo aquilo que desfigura o ser humano e o afasta de Deus e dos outros. Assim poderíamos identificar uma série de condições em que muitos se encontram. A Palavra forte que Jesus traz consigo e em si, é aquela capaz de desestabilizar e provocar uma saída. Se nos sentimos perturbados, incomodados com ela, algo em nós deve sair ou mudar.

8. Assim Marcos deixa claro o itinerário desenvolvido por Jesus ao longo do seu evangelho: uma luta contínua contra tudo aquilo que diminui a nossa condição filial ou que nos afasta de Deus. É comum nos admirarmos com casos de exorcismos praticados por alguns sacerdotes, mas esquecemos que a Palavra de Deus tem a força em si mesma de nos revelar o que não vai bem em nossa vida.


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 27 de janeiro de 2018

(2Sm 12,1-7.10-17; Sl 50[51]; Mc 4,35-41) 
3ª Semana do Tempo Comum. 

As festas de Paulo, Timóteo e Tito nos tiraram a sequência da narrativa do 2º livro de Samuel com a aventura do envolvimento amoroso de Davi com a mulher de Urias, a gravidez da mesma e a estratégia de Davi para jogar a responsabilidade sobre o mesmo e como terminou por dar um fim ao pobre soldado. Por fim ele a toma como esposa. Tudo isso está contido na história narrada por Natã, levando-o a assumir a culpa e uma atitude de penitência que culminou no salmo 51,12-17: “Natã assegurou o perdão de Deus a Davi no momento em que o rei admitiu seu pecado. Esse salmo é um registro da confissão de Davi. Algumas pessoas acham que o perdão é fácil. De forma impertinente, elas pedem a Deus: ‘Perdoa-me por qualquer coisa que eu tenha feito de errado hoje’, e vão embora. Elas precisam ler o salmo 51. Confessar o pecado a Deus significa dizer a mesma coisa que Deus diz sobre o nosso pecado. Davi chamou seu pecado pelo nome, e nós devemos fazer isso também. Da mesma maneira que o pecado foi contra Bete-Seba e o marido dela, Urias, Davi percebeu que, em um sentido mais amplo, o pecado foi contra Deus. O texto de 1Jo 1,9 promete que quando confessarmos nossos pecados, Deus é fiel para perdoá-los. Mas não economize na parte de ‘confessar’. Não temos de implorar a Deus que nos perdoe. Sua graça é abundante. Mas, quando seguimos o modelo de confissão de Davi, reconhecemos quanto nosso pecado fere nosso Pai, e como foi grande o preço que Jesus pagou para tirar de nós a mancha do pecado” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).    


  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 26 de janeiro de 2018

(2Tm 1,1-8; Sl 95[96]; Lc 10,1-9) 
Santos Timóteo e Tito.

Em seguida à festa de São Paulo temos a memória obrigatória de dois de seus discípulos, e a exortação paulina colocada como primeira leitura lembra o afeto e o cuidado do Apóstolo com aqueles que foram despertados para fé em Jesus Cristo. Para expressar esse clima de alegria por essa extensão da ação de Paulo, a liturgia nos convida o louvor a partir do salmo 96 (vv. 1-3.7-8a.10). Este salmo fez parte da festividade que acolheu a Arca em Jerusalém, como vimos na terça-feira dessa semana, como uma espécie de entronização de Deus, seu senhorio sobre o mundo: “O hino que a comunidade em festa canta quer agora fazer com que a revelação divina que ela recebeu se irradie de retorno a Deus, estabelecendo vivo relacionamento com ele, ao tributar-lhe, em resposta à sua revelação, ‘glória e poder’ (v. 7), e ao oferecer-lhe seus dons em humilde adoração e temor (vv. 8-9) e prestar-lhe homenagem aclamando-o como rei e saudando alegremente o Senhor do universo quando ele sobe ao trono para assumir o seu reinado (v. 10)” (Arthur Weiser - Os Salmos – Paulus).


  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 25 de janeiro de 2018

(At 22,3-16; Sl 116[117]; Mc 16,15-18) 
Conversão de São Paulo, Apóstolo.

Para festejar São Paulo em sua conversão, a liturgia nos recorda sua conversão através da narrativa dos Atos e com o salmo 117 traduz a alegria da expansão do evangelho por obra de seu empenho missionário, na sua crença do amor de Deus por todos os povos do mundo. Ele o cita na carta aos Romanos 15,11. É o canto mais curto da Bíblia. “O salmo 117 é missionário, pois chama todas as pessoas, em todas as culturas, de todas as etnias para louvar e adorar o único Deus verdadeiro. Por quase dois mil anos, Deus concentrou sua atenção em uma família: os descendentes de Abraão por meio de Isaque e Jacó. [...] A parte triste é que Israel pensava que o amor de Deus era só para ele. Em vez de falar ao mundo sobre o Deus vivo, os israelitas colocaram barreiras para deixar os gentios de fora. Então veio Jesus e abriu as portas da salvação para todos os que cressem – judeus e gentios. A comissão da Igreja é ir a todo o mundo com a mensagem do amor e da fidelidade de Deus a todo o mundo. A parte triste é que normalmente pensamos que as Boas- novas de salvação são só para nós. Fechamo-nos em panelinhas e colocamos barreiras para deixar o mundo exterior de fora. O salmo 117 é um lembrete de que Deus vê nosso mundo muito diferente de nós. Ele vê com olhos de compaixão e de amor. Sua graça se estende a todas as pessoas” (Douglas Connelly -Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).   


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 24 de janeiro de 2018

(2Sm 7,4-17; Sl 88[89]; Mc 4,1-20) 
3ª Semana do Tempo Comum.

Depois de trazer a Arca para Jerusalém e coloca-la numa tenda para tal preparada, Davi entra em crise de consciência porque ele vive em um palacete e a Arca permanece em local mais simples. Lhe vem a ideia e o desejo de construir um templo para o Senhor. É quando o profeta entra em cena, a leitura de hoje, para lançar  tal obra para o futuro, para quem lhe sucederá e lhe promete outra casa (dinastia) que permanecerá para sempre. O salmo 89 (vv. 4-5.27-30) retorna para reforçar o pensamento sobre a aliança divina para com a casa de Davi: “Jesus nasceu da família e linhagem de Davi. De José, seu pai adotivo, Jesus herdou todos os direitos e privilégios da realeza, uma vez que José nasceu da família de Davi por meio de Salomão, a linhagem de reis (Mt 1,6). No entanto, uma vez que não foi concebido de José, mas concebido em Maria milagrosamente pelo Espírito Santo, Jesus não herdou a maldição de Jeremias sobre os descendentes de Joaquim. Jesus tinha o pleno direito de sentar-se e prosperar no trono de Davi. Maria também estava na linhagem de Davi, mas por meio de Natã, outro filho de Davi (Lc 3,31). Assim, Jesus herdou a linhagem de Davi de Maria, mas sem a maldição sobre a linhagem real. Uma vez que ressuscitou dos mortos, para nunca mais morrer, Jesus pode reinar no trono de Davi e em seu reino para sempre. Deus cumprirá as promessas que fez na aliança com Davi em Jesus” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 23 de janeiro de 2018

(2Sm 6,12b-15.17-19; Sl 23[24]; Mc 3,31-35) 
3ª Semana do Tempo Comum.

Festiva e fascinante essa recepção da arca da Aliança em Jerusalém. Davi manifesta profundo sentimento religioso, reconhecendo o senhorio de Deus, verdadeiro e único comandante do povo. Para essa acolhida da Arca, o salmo 24,7-10 convida a abrir as portas da cidade, do coração, lugar sagrado, para acolher o Rei da glória. Atribuído a Davi, trata-se de um hino de adoração e fazia parte dos cânticos entoados pelo povo enquanto caminhava para Jerusalém em direção ao Templo. “’Eu posso adorar a Deus num campo de futebol’ é a fala favorita das pessoas que preferem fazer outras coisas na manhã de domingo em vez de ir à Igreja. E é verdade que podemos adorar a Deus em qualquer lugar. Mas a Bíblia também nos chama para adorar como comunidade – para unir nosso louvor aos de outros cristãos. [...] A próxima vez que você for à Igreja ou se sentar para orar em adoração pessoal, pense nesses versículos. Talvez você até mesmo deva lê-los em voz alta. Convide o Senhor da glória para seu local de adoração” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 22 de janeiro de 2018

(2Sm 5,1-7.10; Sl 88[89]; Mc 3,22-30) 
3ª semana do Tempo Comum.

Por fim, Davi é reconhecido e acolhido como rei de Israel por todas as suas tribos e a conquista de Jerusalém inaugura esse tempo novo da monarquia davídica, tudo porque Deus está com ele. Coroa essa meditação o salmo 89 (vv. 20-22.25-26) que reforça tudo quanto foi dito aqui: “A eleição divina de Davi é celebrada no salmo com um oráculo profético: é a Palavra, ou seja, a vontade de Deus que leva ao sucesso, para bem do povo, aquele que Ele escolheu; a iniciativa divina é a raiz da força do eleito; a graça e a fidelidade de Deus são os fundamentos do seu poder” (Giuseppe Casarin –Lecionário Comentado – Paulus). Que seja também o nosso.


Pe. João Bosco Vieira Leite

3º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Jn 3,1-5.10; Sl 24[25]; 1Cor 7,29-31; Mc 1,14-20)

1. Ao tom do ‘chamado’ que hoje se repete no evangelho, a liturgia nos traz a história de Jonas, uma espécie de crônica escrita 450 anos antes de Cristo. Por trás dessa pequena obra literária está a história de Israel e sua mágoa com relação aos povos vizinhos que um dia lhes espezinharam e dos quais deseja ver o fim.

2. Deus pensa diferente, diz o autor e na figura de Jonas se representa um Israel resistente a acreditar que um dia esses povos possam mudar de atitude. Deus insiste e Jonas obedece e vê o milagre acontecer. Deus enviou o seu Filho e o Filho enviou os seus para recuperar e que consideramos irrecuperável. São nossas resistências a superar a mágoa e não permitir a Deus agir com misericórdia.

3. Seria interessante darmos uma lida neste livro. Certas coisas não mudam nos sentimentos humanos. Esse autor que nem conhecia o cristianismo, nos convida a refletir sobre a nossa comunhão com os sentimentos divinos.

4. Quando ouço esse texto de Paulo me recordo da comédia ‘A Festa de Babete’, sobre uma mulher que faz um banquete para uma comunidade religiosa, num convite a repensar toda a austeridade levada por eles. É uma deliciosa e bem humorada contemplação do amor, da fé e da arte. Melhor filme estrangeiro de 87.

5. Mas Paulo não está falando de austeridade, apenas que aprendamos a dar o justo valor às coisas, pois afinal de contas, tudo um dia passa, só o amor permanece. Portanto, se tivermos que fazer alguma renúncia, que seja para o bem do outro, não por desprezo ao matrimônio ou por falta de equilíbrio na apreciação dos bens materiais.

6. Foi nessa intenção que Jesus convidou aqueles pescadores a abrirem mão de seu ofício para um bem maior. É assim que Marcos já coloca em cena Jesus já adulto e ao início do seu ministério. Ele anuncia um novo reinado, longe de toda a história e dinastia vivida por Israel, para um reinado exercido pelo próprio Deus. Essa é a boa notícia, ainda que nunca se tenha concretizado de modo pleno.

7. Essa novidade só pode ser percebida e vivida a partir de uma atitude de conversão, de uma mudança de parâmetros, onde a lógica divina passa a direcionar o nosso modo de pensar. Tudo isso pela fé, que nos move em outra direção, mas como Jonas, temos nossas resistências que faz que nossa alegria, na fé, fique a meio caminho.

8. Para auxiliá-lo nessa expansão da boa nova, temos o chamado dessas duas duplas de irmãos. Sem muitos detalhes, Marcos nos lembra esse Jesus que passa constantemente pelas estradas do mundo. A Igreja lembra esse ano os milhares de homens e mulheres que em meio aos seus afazeres também responderam positivamente ao chamado da fé.

9. Mas nenhum chamado se concretiza sem que haja de nossa parte um ‘deixar’ para abraçar algo maior e mais importante ou significativo. Aqui estão representadas todas as vocações, religiosas, ministeriais e leigas. Aqui se fala de uma prontidão em atender o chamado e de uma alegria que só se descobre ao longo do caminho, com todas as implicações que seguir a Jesus pode significar ao longo do evangelho.

10. Nossa vocação é um dom a ser cultivado, enquanto muitos não responderam de maneira positiva, mas como Jonas e os primeiros discípulos, somos convidados a criar condições favoráveis a partir de nós mesmos, para que outros se convençam desse amor insistente de Deus que nos busca sempre e em todas as realidades e nesse amor podemos ser felizes.


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 20 de janeiro de 2018

(2Sm 1,1-4.11-12.19.23-27; 79[80]; Mc 3,20-21) 
2ª Semana do Tempo Comum.

Uma nobreza de sentimento se revela em Davi ao receber a notícia da morte de Saul e Jônatas. Certamente o mensageiro, tanto quanto nós, ficamos surpresos com a sua reação à morte de Saul, que o perseguia. Ele o honra reconhecendo-o em sua riqueza e generosidade. Para ilustrar essa tristeza experimentada por Davi, o salmo 80,2-3.5-7 “reza num momento difícil pela Nação. Lágrimas e sofrimentos são o pão de cada dia. Mas há um vislumbre de esperança que sustenta a oração: Deus é o pastor que toma conta do seu Povo e atende as súplicas dos crentes. Daqui a certeza da Sua intervenção, a salvação de todos” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus). A perda de alguém pode ter um peso imensurável para alguns, apesar de sabermos que mesmo os mais ‘fortes’ também um dia tombarão.  Manter essa ‘luz acesa’ dentro de nós pode nos ajudar a superar o momento da perda e a confiar em Deus, que a tudo restaura para que a vida e a história prossiga o seu rumo.


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 19 de janeiro de 2018

(1Sm 24,3-21; Sl 56[57]; Mc 3,13-19) 
2ª Semana do Tempo Comum.

Saul ainda tem que passar por algumas situações particulares, como a de hoje, para entender não só como Deus o deixa a mercê da boa vontade de Davi, mas também de conhecer o seu caráter. O salmo 57,2-4.6-11 nasce dessa situação em que Davi deve se esconder de Saul: “Pense no lugar onde Davi estava quando escreveu isso. Ele estava em uma caverna. Ele havia acabado de escapar dos inimigos filisteus, e seu inimigo israelita, Saul, estava à caça dele. Ele estava completamente sozinho. Todas as pessoas importantes de sua vida o haviam abandonado. Mas Davi não esta choramingando nem se queixando. Ele entoou um cântico de grande confiança em Deus. Em particular, Davi estava confiante de que Deus estava agindo em sua vida para cumprir os propósitos dele. Fisicamente nunca estive em uma caverna no deserto, mas já estive lá emocionalmente – desanimado, ferido, sozinho. A única coisa que não imaginei que estivesse acontecendo naquele momento era que Deus estava cumprindo efetivamente seu propósito para minha vida. Isso mostra como minha perspectiva é limitada” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).  


Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 18 de janeiro de 2018

(1Sm 18,6-9; 19,1-7; Sl 55[56]; Mc 3,7-12) 
2ª Semana do Tempo Comum.

As relações entre Davi e Saul começam a ‘azedar’ por causa do ciúme e da clara percepção de uma escolha divina e popular da pessoa de Davi. É ao sofrimento de Davi, que muitas vezes terá que se esconder de Saul que o persegue, que o salmo dá voz e complementa a meditação da Palavra. O salmo 56 (vv. 2-3.9-10.12-13) é atribuído a Davi e reza a perseguição de alguém próximo, talvez um amigo, que se volta contra ele. Davi pede ajuda. “Alguém descreveu o salmo 55 como ‘ataque de ansiedade agudo’. Não se trata de um leve ataque de nervos; trata-se de estresse em último grau. Nós ainda enfrentamos o estresse, e, assim como Davi, ainda estamos procurando a solução rápida. Queremos sair de debaixo da pressão assim que possível, o quanto antes. Nossa cultura tenta minimizar as coisas. Estressado? Tire férias, compre um carro novo, tome um remédio. Se a vida parecer totalmente impossível, tome cinquenta comprimidos de uma vez. Davi percebeu que a resposta para o pânico e para o medo não é fugir dos problemas, mas enfrentá-los. A vida pode parecer fora do controle, mas nossas circunstâncias não estão aparte da preocupação de Deus. O que quer que estejamos passando, Deus permitiu que aconteça. Ele usará isso para sua glória e para nosso benefício. Quando o pânico vier, firme-se nas promessas de Deus. Concentre-se em quem ele é e naquilo que com que ele se comprometeu a fazer em sua vida. Então lance suas preocupações sobre o Senhor. Ele não o criou para carregar esses fardos. É ele quem carrega o fardo, quem levanta o peso; ele é a torre segura na tempestade, o protetor daqueles que confiam nele. Davi não era tão ingênuo espiritualmente a ponto de achar que uma oração de cinco minutos acabaria com todos os seus medos e ansiedades. Ele sabia que, enquanto lançamos nossos fardos sobre o Senhor, não demoramos nada para toma-los de volta. Por isso ele continuou a buscar o Senhor”  (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).  


Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 17 de janeiro de 2018

(1Sm 17,32-33.37.40-51; Sl 143[144]; Mc 3,1-6) 
2ª Semana do Tempo Comum.

Hoje temos o famoso episódio de Davi e Golias, que passou ao longo da história como retrato das desproporções de certos embates da vida, mas de como o deixar-se conduzir pela mão de Deus pode mudar radicalmente os rumos da história para além do que podemos enxergar. Saul, que já não conta como Espírito do Senhor, representa toda forma de ceticismo e desencanto que muitas vezes nos assalta. Davi segue confiando. O Salmo 144,1-2.9-10 é uma oração de Davi, tempos depois de sua luta com Saul e unificação do reino de Israel. É uma reflexão sobre como em todos esses anos de luta, Deus nunca o abandonou. Era Deus que o inspirava, consolava, dava-lhe vitória. Então ele reza Àquele que lhe deu habilidade, capacidade de ultrapassar os próprios limites, cantando-lhe sempre um canto novo, a partir das novas experiências que teria com o Deus que nunca o abandonou: “Você talvez não governe um reino como Davi, mas tem um negócio, uma família ou uma igreja que precisa de oração. Peça a Deus para ajudá-lo a se lembrar de que toda influência que você tem para o bem nesta vida vem o poder de Deus em ação em você. Ore pela proteção de Deus contra os ‘inimigos’ que querem atacar ou enfraquecer seu reino pessoal. Ore pela paz e prosperidade espiritual em sua esfera de influência. E, então, lembre-se de cantar um novo cântico de louvor a Deus por todas as evidências da provisão e da graça dele para você. Alguns de nós têm cantado as velhas músicas por muito tempo. Falamos sobre o que Deus fez há dez, vinte ou cinquenta anos em nossa vida, e precisamos pedir a Deus que o vento fresco de seu Espírito sopre em nosso coração hoje” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).  


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 16 de janeiro de 2018

(1Sm 16,1-13; Sl 88[89]; Mc 2,23-28) 
2ª Semana do Tempo Comum.

Deus, que havia rejeitado a Saul, envia Samuel na missão da escolha do novo rei de Israel, indo contra todo tipo de previsão alimentada pelo velho sacerdote. O texto lida, entre outras coisas, com a diferença entre o pensar e o ver humano em relação ao de Deus, como a precaver-nos de juízos precipitados. Assim é Samuel que só depois se deixar guiar pela escolha de Deus. O salmo 89 (vv. 20-22.27-28) canta essa escolha divina.: “O salmista evoca a unção de Davi como puro dom de Deus. Aludindo ao desafio com o gigante Golias, o orante recorda que a mão e o braço do Senhor, sinais do Seu poder, foram a única força do jovem Davi” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 15 de janeiro de 2018

(1Sm 15,16-23; Sl 49[50]; Mc 2,18-22) 
2ª Semana do Tempo Comum.

“A obediência vale mais que o sacrifício, a docilidade mais que oferecer gordura de carneiros”. É com essa compreensão que Samuel chama a atenção de Saul e o destitui de sua realeza, pois se deixa levar pela satisfação do povo, que se apoderou dos despojos dos inimigos, em vez de entregar à perdição todas as coisas em honra de Deus. O salmo 50 ( vv. 8-9.16-17.21.23) endossa essa situação numa crítica ao formalismo: “Aqui está a queixa de Deus: os israelitas estavam trazendo todos os sacrifícios corretos. Levavam holocaustos e ofertas de ação de graças, e as entregavam a Deus exatamente como a Lei requeria. Eles faziam isso pensando que Deus se agradaria dos sacrifícios e dos rituais. Deus, entretanto, estava olhando para a atitude do coração deles. Ele não precisa que lhe deem animais. Ele já tem tudo. Deus não tem fome, por isso sacríficos não lhe ajudam no preparo de sua refeição. Deus requer sacrifícios para que tenha a oportunidade de examinar o coração daqueles que o ofertam. Ele quer que o sacrifício brote de um coração de amor e adoração a ele” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).  


 Pe. João Bosco Vieira Leite

2º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(1Sm 3,3b-10.19; Sl 39[40]; 1Cor 6,13c-15a.17-20; Jo 1,35-42)

1. Com exceção da 2ª leitura, os demais textos já foram proclamados no período do Natal. Aqui eles ilustram os dois domingos vocacionais com que abrimos o tempo comum nesse ciclo litúrgico.

2. Antes de possuir um rei, Israel era conduzido por algumas figuras carismáticas que não só transmitiam a Palavra divina, mas também ajudavam a resolver problemas entre as tribos. Assim podemos apresentar Samuel, de um modo geral, personagem da nossa 1ª leitura em seu chamado ainda menino, no Templo, onde vivia sob os cuidados do sacerdote Eli.

3. Por isso pode nos causar estranheza que este ainda não conhecesse a Deus. Na realidade a linguagem usada pelo autor fala dessa experiência particular que, dentro do religioso ou não, muda de maneira particular nossa maneira de viver a relação com Deus. De outro modo o texto nos alerta do risco de vivermos religiosamente sem uma experiência significativa da presença de Deus entre nós.

4. É noite. Tudo é silêncio, quando Deus chama Samuel. Outra indicação do texto de como necessitamos buscar essa experiência a partir da própria solidão que provocamos para ouvir a Deus, aprofundar sua Palavra. É assim que Deus nos fala. E fala de modo pessoal. Como cada chamado é pessoal e específico.

5. Por que estamos aqui e nesse momento particular de nossa história? O que Deus espera de mim? Como perceber que Ele me fala? Não são respostas fáceis de se encontrar. Partilhar o caminho, as dúvidas com o outro que faz o mesmo caminho de fé pode nos ajudar a discernir a vontade de Deus.

6. No meio de uma sociedade um tanto libertina, os habitantes de Corinto estão buscando discernir a vontade de Deus para eles. O homem é espírito e matéria e em tudo é necessário a busca do equilíbrio. Se você busca uma comunhão sincera com Deus, é preciso compreender o corpo como expressão desse todo. Para todos os tempos uma chamada de atenção: a demasiada busca de prazer na matéria impede o espírito de voos mais significativos.

7. Voltando ao discernimento do chamado de Deus, encontramos com João Batista que ajuda alguns discípulos a compreenderem quem é Jesus, Aquele a quem devem seguir a partir de agora e sempre. O cuidado que devemos ter de apresentar Jesus e não a nós mesmos no ideal cristão. No ‘Cordeiro’ se esconde uma gama de significados, mas acima de tudo a sua entrega de vida, o primeiro elemento do seguimento.

8. Nesse breve trecho vemos passar os diversos títulos com os quais buscam identificar Jesus: Mestre, Messias, mas nada substitui essa busca de estar, de permanecer com Ele. É contemplando essa cena que nos perguntaríamos sobre quem é Jesus para mim, com todo esse tempo de caminhada que venho fazendo?

9. Jesus, que até aqui, no evangelho de João, não havia pronunciado uma palavra, inaugura esse tempo novo com essa pergunta: “A quem procurais?”. Às vezes nos falta um pouco de clareza de quem é Jesus e do que de fato Ele pode nos oferecer com relação as nossas buscas pessoais...

10. Chegamos a Ele através de outros que nos conduziram os passos na fé, ao mesmo tempo Ele espera que depois de nossa experiência possamos também transmitir a outros sua pessoa. Se não for por Palavras, que seja ao menos pelo testemunho de vida, de quem procura transformar em atos aquilo que acredita.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 13 de janeiro de 2018

(1Sm 9,1-4.17-19; 10,1; Sl 20[21]; Mc 2,13-17) 
1ª Semana do Tempo Comum.

Eis que vem a escolha de Saul que saiu atrás de uma jumenta perdida do seu pai e volta como rei de Israel. O salmo 21,2-7, utilizado na coroação do rei, salienta o quando Deus está ao seu lado e o abençoa. Sua origem, atribuído a Davi que retorna vitorioso de uma batalha: um grito nacional de louvor para o rei terreno de Israel e para o verdadeiro Rei de Israel, o Senhor. “Então, como nós, no século XXI, cantamos um cântico antigo sobre um rei? Os brasileiros, por exemplo, nem mesmo têm uma ‘realeza’ para a qual cantar. Duas perspectivas importantes ajudam-nos a usar esse salmo apropriadamente. A primeira perspectiva é a de que ainda temos um Rei eterno que merece nossa adoração e nosso louvor. Nós o adoramos como Rei Jesus, o Senhor de tudo o que temos, o soberano Governante sobre toda a criação. Tudo o que é dito no salmo sobre Davi pode ser dito ainda mais convincentemente sobre Jesus. A segunda perspectiva que nos ajudará a ler o salmo 21 corretamente é a de que ainda enfrentamos uma batalha. Saímos ao encontro de um inimigo espiritual todos os dias. Quando nos dirigimos para o escritório, entramos em uma sala de aula, ligamos o computador, vestimos nosso uniforme ou colocamos um cinto de ferramentas, o inimigo fará tudo o que puder para nos desanimar, derrotar, distrair e enganar. Deus prometeu lutar por nós, mas nós somos chamados a entrar na batalha também. Quando a vitória vem, quando andamos em integridade e não somos derrotados pelas investidas de Satanás, podemos nos regozijar. Às vezes, damos uma festa. E o cântico que entoamos é o salmo 21” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil). 


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 12 de janeiro de 2018

(1Sm 8,4-7.10-22; Sl 88[89]; Mc 2,1-12) 
1ª Semana do Tempo Comum.

Dando um salto significativo na história, encontramos Samuel já em idade avançada e diante de um povo que lhe pede um rei. Mais ressentido que Samuel ficou o próprio Deus, mas resolve dar-lhes o que pedem, pois seus corações estão distante d’Ele nesse momento. É por causa dessa escolha que o salmo 89, 16-19 lembra que somente Deus é o rei do seu povo e Suas qualidades. “Dois temas se entrelaçam no salmo 89. O tema principal é a fidelidade de Deus (vv. 1-2.5.8.14.33.49); o outro são as promessas da aliança de Deus à família de Davi (vv. 3-4.19-37). Eis o problema: Deus havia prometido que a linhagem de descendentes de Davi governaria seu povo de Israel para sempre. Não foi uma promessa condicional, ou seja, uma promessa que dependia de certas condições para ser cumprida. Foi uma promessa incondicional, uma promessa que dependia inteiramente de Deus. Uma das marcas do caráter do Senhor é sua fidelidade absoluta. Deus cumpre suas promessas. Podemos falhar, podemos abandonar as promessas que fazemos aos outros e a Deus, mas Deus permanece firme e verdadeiro. Às vezes, faço promessas que simplesmente sou incapaz de cumprir, mas isso nunca acontece com Deus. Ele tem todo o poder para fazer tudo o que disse em sua Palavra que fará, e é da própria natureza de Deus ser honesto e fiel à sua Palavra”  (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 11 de janeiro de 2018

(1Sm 4,1-11; Sl 43[44]; Mc 1,40-45) 
1ª Semana do Tempo Comum.

Uma página de lamentação sobre uma derrota de Israel mesmo com a presença da Arca da Aliança. Samuel ajudará a compreender que tal derrota foi em consequência dos pecados do povo e o seu maior pecado foi o da idolatria, transformando a Arca da aliança numa espécie de Talismã e não vivendo o conteúdo proposto pela Aliança. O texto nos fala do perigo constante que corremos de querer manipular Deus em busca de interesses pessoais. O salmo 44 (vv. 10-11.14-15.24-25) parece casar-se com o nosso texto pois foi escrito após uma derrota dos israelitas, que lamentam, pois Deus parece não mais caminhar com eles, mas ao final ele expressa a sua esperança de que o Senhor retornará a se fazer presente no meio do Seu povo. “O salmo 44 apresenta um problema para os que afirmam que o povo de Deus deve sempre ser próspero e saudável. E quando somos fiéis a Deus, mas recebemos um diagnóstico de câncer ou perdemos o emprego e temos de esperar um bom tempo para encontrarmos outros? O que dizer do cristão que honra a Deus, mas é ignorado na hora de uma promoção na empresa ou vê seus negócios irem para o buraco? E o missionário que trabalha fielmente durante anos, mas tem poucos convertidos? A Bíblia nunca dá uma resposta simples para a questão do porque do sofrimento do justo. Os autores das Escrituras simplesmente apontam para Jesus, um servo de Deus absolutamente fiel que acabou pregado em uma cruz. Não se requer de Deus que explique o motivo de nosso sofrimento. Ele simplesmente nos chama para que confiemos nele mesmo na escuridão” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 10 de janeiro de 2018

(1Sm 3,1-10.19-20; Sl 39[40]; Mc 1,29-39) 
1ª Semana do Tempo Comum.

A liturgia de hoje nos traz o belo texto do chamado de Samuel, que depois de ‘desmamado’ foi levado ao Templo e consagrado ao Senhor, conforme prometera a sua mãe. O texto além de salientar a prontidão de sua resposta e a atitude de escuta que predomina a vocação de Samuel, nos lembra também o necessário discernimento que ele teve que buscar para perceber o chamado de Deus em sua vida. Esse é um dos textos que serve de base para a fundamentação da Direção Espiritual como necessidade para a nossa caminhada cristã, pois dentro de um diálogo sincero e pelo auxílio do Espírito Santo é possível discernir o chamado de Deus e a sua vontade para conosco. O salmo 40 (vv. 2.5-7.9.10-11) “está ambientado no Templo e canta a gratidão do crente perante Deus. Diante dos animais sacrificados, o salmista recorda que o dom mais agradável a Deus é a oferta de si mesmo. A imagem dos ouvidos abertos recorda com força a ideia de obediência: o próprio Senhor torna dócil o Seu fiel” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 09 de janeiro de 2018

(1Sm 1,9-20; Sl 1Sm 2; Mc 1,21-28) 
1ª Semana do Tempo Comum.

Voltamos ao nosso Tempo Comum tendo outros textos como 1ª leitura (Ano Par) e seguindo o mesmo ciclo dos evangelhos. Como nos propomos, continuaremos a comentar os salmos ainda não comentados em nossa reflexão diária. Como havia dito, existem salmos que não estão no saltério, como esse que Ana eleva ao Senhor após ter sido beneficiada com o nascimento de Samuel. Como já dissemos, ele também serviu de base na composição do Magnificat que Lucas leva Maria a cantar, mostrando como Deus, o Poderoso faz maravilhas não só de caráter pessoal, particularmente o pobre e o indefeso, mas é capaz também de inverter os rumos da história: “O cântico de Ana exprime a visão da História do ponto de vista dos humildes que acreditaram em Deus. Não se vislumbra nenhum sinal de vingança, mas simplesmente a verificação de que os planos de Deus são muitos mais duradouros do que os planos dos homens, e de que a promessa de Deus é muito mais segura que os desejos humanos” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus). Assim Jesus age com autoridade e liberdade para expulsar tudo o que diminui a nossa dignidade.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 08 de janeiro de 2018 – Batismo do Senhor

(Is 42,1-4.6-7; Sl 28[29]; Mc 1,7-11).

Hoje concluímos o tempo do Natal com a celebração da Festa do Batismo de Jesus. A liturgia nos coloca como primeira leitura um dos quatro cantos do servo Sofredor, que representa tanto o povo de Deus quanto um personagem que projeta a figura do Messias, daí muitas vezes aplicado a Jesus em nossa liturgia. Jesus vem para mostrar a justiça e a misericórdia de Deus, promovendo uma nova aliança. Ele se humilha, se põe na fila dos pecadores, mesmo não tendo pecado, para receber o batismo. Em seu amor extremo, Deus se torna solidário conosco para nos alcançar ali onde nos colocamos distante d’Ele. Marcos coloca esse momento logo ao início do seu evangelho: “Jesus, o mais forte, é Aquele que vem na fraqueza e Se torna próximo de quantos, mergulhados nas águas da morte, aspiram por uma vida nova. Deus e o homem revelam-se n’Ele: Deus desce na humildade da nossa carne, os céus rasgam-se, o Espírito desce e abre-se para cada homem a possibilidade de uma nova existência: a vida filial” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

O salmo 29 (vv. 1-4.3.9-10) que a liturgia nos traz é atribuído a Davi e foi composto depois de uma grande tempestade que caiu sobre o mar Mediterrâneo. Ele levanta a voz em adoração e louvor a Deus nesse chamado ‘salmo dos sete trovões’: “Davi ouve mais na tempestade do que estrondo e barulhos forte. Ele ouve o Senhor – não em palavras, mas em uma demonstração impressionante do seu poder. O coração de Davi salta em adoração a Deus. O Deus que pode controlar uma forte tempestade também pode proteger seu povo. Pense nisso na próxima vez em que se encontrar em uma tempestade. Não se esconda debaixo das cobertas. Observe-a por um tempo – e deixe seu coração louvar o Deus que está entronizado acima das forças mais poderosas da natureza” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Epifania do Senhor – 2018

(Is 60,1-6; Sl 71[72]; Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12)

1. O nosso evangelho se abre com a chegada desses magos do Oriente a Jerusalém. Estão em busca do Menino cuja estrela serviu de sinal. Lá no livro dos Números, um outro personagem chamado Balaão, que não pertencia ao povo de Israel, também profetizou o surgimento de uma estrela, como uma força que se levanta para conduzir a Israel.

2. Esses personagens estrangeiros representam a humanidade, esse mundo plural em que vivemos, mas que ao mesmo tempo tem dentro de si a capacidade de ler os sinais de Deus. Essa estrela é o próprio Jesus, só ele pode orientar a nossa humanidade perdida no meio da confusão plural em que vivemos.

3. Adorar é o orientar toda a vida para Deus. O melhor presente que oferecemos ao Menino é a nossa adoração ‘pessoal’. Só os magos veem a estrela, porque não se trata tanto de um fenômeno científico que até hoje continuamos a pesquisar, mas de descobrir esse fio de ouro que perpassa as Escrituras e que nos coloca diante do Menino. 

4. A narrativa de Mateus mistura o presente e o futuro no simbolismo dos presentes que trazem consigo de ouro, incenso e mirra: a realeza, a divindade, o sofrimento. Da pessoa e do mistério de Jesus há muito ainda por descobrir e acolher. E quando a nós se manifestar esse significado, também faremos um outro caminho. Conhecer verdadeiramente a Jesus nos convida ao novo.

5. Como a Jerusalém da 1ª leitura, também nos veremos inundados de Luz, com a capacidade de juntar todos os pontos distintos de nossa história. Paulo partilha dessa espantosa descoberta de um Deus que quer salvar a todos. E nos oferece uma luz, em Jesus, dessa grande família que é o povo de Deus.

6. Continuamos a sonhar com um mundo sem fronteiras e sem preconceitos, capaz de unir-se em torno dessa consciência de uma só filiação.
“Os Magos entraram no mistério. Passaram dos cálculos humanos ao mistério: essa foi a sua conversão. E a nossa? Peçamos ao Senhor que nos conceda fazer o mesmo caminho de conversão vivido pelos Magos. Que nos defenda e livre das tentações que escondem a estrela. Que sintamos sempre a inquietação de nos perguntarmos onde está a estrela quando – em meio aos enganos mundanos – nós a tivermos perdido de vista. Que aprendamos a conhecer, de modo sempre novo, o mistério de Deus, que não fiquemos escandalizados pelo ‘sinal’, aquele sinal referido pelos Anjos, que aponta para ‘[...] um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura’ (Lc 2,12) e que tenhamos a humildade de pedir à Mãe, à nossa Mãe, que ela O mostre para nós. Que encontremos a coragem de nos libertar das nossas ilusões, das nossas presunções, das nossas ‘luzes’ e que busquemos essa coragem na humildade da fé e possamos encontrar a Luz, Lumen, como fizeram os santos Magos. Que possamos entrar no mistério. Assim seja”. (Papa Francisco, Homilia, 6 de janeiro de 2015).   

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Sábado, 06 de janeiro de 2018

(1Jo 5,5-13; Sl 147[147B]; Mc 1,7-11) 
Tempo do Natal.

Nesse emaranhado de afirmações que encontramos na 1ª leitura, o nosso autor fala sobre a fé como uma espécie de vitória sobre o mundo, pois acredita em Jesus, em sua divindade e assim já possui em si a vida eterna que o próprio Filho, e só Ele, pode nos comunicar. O próprio João Batista testemunha a ação do Espírito em Jesus e por Jesus. O salmo 147 (vv. 12-15.19-20) é um convite ao louvor: “Jerusalém é convidada a louvar o ‘seu Deus’. Os motivos residem na múltipla ‘palavra’ experimentada por Israel: a que traz a paz nos acontecimentos históricos, a que até faz florescer o deserto para matar a fome ao povo e, sobretudo, a que comunica somente a Israel a Lei do Senhor” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 05 de janeiro de 2018

(1Jo 3,11-21; Sl 99[100]; Jo 1,43-51) 
Tempo do Natal.

A prática da justiça mencionada pelo autor da carta vem hoje descrito de um modo mais explícito sobre aquilo que nos resgata de nós mesmos. A libertação do sentimento de ódio deve nos ajudar dessa passagem da morte para vida que atrapalha a nossa real filiação. ‘Dar a vida’ como fez Jesus toca o espaço da imprevisibilidade da existência que nos desafia a agir de forma diferenciada. Da experiência com Jesus o discipulado se estende sob o olhar do evangelista João nessa cadeia que envolve quem está em busca de uma visão mais clara da vida no que diz respeito ao essencial. Conhecer é algo bem mais profundo e significativo, segundo João, só isso nos permite verdadeiramente permanecer ao lado de Jesus em nossa experiência de fé.

O Salmo 100,2-5 fecha essa nossa meditação de hoje: “Deus vence porque ama, regenera porque, debelando todos os egoísmos, oferece a cada homem energias para se deixar amar e amar os outros. Sempre e de novo deveria comover-nos, surpreender-nos e exaltar-nos, sabermos que somos destinatários e instrumentos do amor incondicional de Deus em Jesus. Também nós vencemos e renascemos com Ele para a vida”  (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 04 de janeiro de 2018

(1Jo 3,7-10; Sl 97[98]; Jo 1,35-42) 
Tempo do Natal.

A prática da justiça que nos identifica na filiação divina tem como critério o outro a partir de suas necessidades reais. João carrega na tinta a ponto de chamar de filho do ‘Encardido’ quem não a pratica. É mantendo-se aberto aos fatos que nos cercam que evitamos a indiferença que nos afasta de nossa filiação. Desse texto um pouco impactante passamos ao poético texto do evangelho dos dois discípulos que deixam o antigo mestre para seguir a Jesus, o ‘Cordeiro de Deus’. Somente a experiência de intimidade nos revela quem de fato Ele é, o mistério de Sua pessoa. Na cadeia da experiência que fazemos somos levados a transmitir ao outro a nossa experiência na feliz esperança de que se possa encontrar a mesma luz que um dia iluminou de maneira diferenciada o nosso ser.

Ainda no salmo 98 (vv. 1.7-8.9) cantamos Sua ação em favor da Criação inteira: “O Salmo canta a luta vitoriosa, a intervenção forte de Deus que liberta o mundo da injustiça. A alegria brota do reconhecimento de que a vitória já foi alcançada por Deus” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite