(At 2,14a.36-41; Sl 22[23]; 1Pd 2,20b-25; Jo 10,1-10).
1. Esse é chamado domingo do bom
Pastor, dia de oração pelas vocações, onde o capítulo 10 de João, que está
centrado nessa imagem do Pastor e sua relação com as ovelhas, por quem Ele
entregou sua vida, é dividido pelos três anos do ciclo litúrgico. Temos nesse
domingo o início desse capítulo.
2. Mesmo em nossos tempos e apesar de
nossa cultura urbana, a figura do pastor é bem compreendida, mesmo porque ela é
eco da compreensão dos cuidados de Deus no Antigo Testamento (cf. Ez 34). São
várias imagens utilizadas por Jesus para reforçar essa ideia. Nesse domingo
temos a imagem da porta associada ao Pastor e as ovelhas.
3. Jesus se identifica com a porta por
onde passa o verdadeiro pastor, diferentemente do assaltante, e as ovelhas, por
uma identificação personalizada. Ele é ao mesmo tempo a porta e o pastor que
caminha à frente das ovelhas e as guarda, diferentemente de outros que não as
conhecem e tencionam apenas a exploração.
4. A imagem oferecida por Jesus não é
bem compreendida e ele tem que explicar, deixando claro quem Ele é, numa
oposição indireta aos dirigentes judeus, e falando de sua entrega na cruz. É
claro que tal compreensão só se deu depois de Sua ressurreição.
5. Essa mensagem da paixão, morte e
ressurreição de Jesus, que está no centro da pregação dos apóstolos, conforme
temos acompanhados na 1ª leitura desses domingos. Tal anúncio chama à conversão
de fé e ao consequente batismo como sinal de adesão externa a essa mensagem.
6. Uma amostra dessa experiência do
pastoreio divino está no salmo de hoje, passando do antigo ao novo povo de
Deus. Fazemos desse salmo nossa oração e o fundamento da nossa esperança.
Estamos a caminho, sempre, nas atividades que nos são reservadas e na paciente
espera.
7. Nessa atitude descrita pelo
salmista, compreendemos o que Pedro nos diz na 2ª leitura, sobre a paciência
necessária com que sofremos tantas coisas, aprendendo a seguir os passos de
Cristo, em Sua entrega confiante ao Pai. Assim voltamos de uma vida desgarrada,
ao rebanho do Senhor de nossa vida.
8. Podemos resumir assim a mensagem
desse domingo: “O bom pastor, que nos conhece pessoalmente pelo nome e
nos abre a porta da vida, é o Cristo ressuscitado da nossa fé, o mesmo Jesus
histórico de Nazaré. Ele não fica numa mera fórmula ou artigo de fé do credo,
mas dá-nos alento para uma esperança indestrutível que nos impele à conversão
do amor sem limites, à paciência otimista e a uma ação sempre a caminho. Assim,
compreenderemos o amor de Deus manifestado em Jesus Cristo e procuraremos os
bens do alto onde ele está, sem nos alhearmos do mundo onde Deus nos quer
agora, caminhando como testemunhas da ressurreição de Jesus e da nossa
esperança n’Ele” (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo –
Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite