Ascensão do Senhor – Ano A

(At 1.1-11; Sl 46[47]; Ef 1,17-23; Mt 28,16-20).

1. Numa busca de corresponder às narrativas pascais, a liturgia situa, antes da festa de Pentecostes, a celebração da Ascenção do Senhor, que teria acontecido quarenta dias após a ressurreição, segundo a narrativa de Lucas que acompanhamos na 1ª leitura.

2. A recordação dessa ascensão está relacionada a dois elementos: a compreensão da soberania de Cristo como Senhor do universo e da história e cabeça da Igreja que é seu corpo, nos recorda a 2ª leitura. Ao mesmo tempo revela a dimensão missionária que a Igreja assume a partir de então na evangelização e no testemunho.

3. Quando imaginamos a Ascensão, conforme Lucas, pensamos em categoria de tempo e espaço, quando na realidade estamos falando de exaltação e glorificação de Cristo junto ao Pai, e não de uma subida, como a de um astronauta. Deus não habita o espaço sideral.

4. Céu é algo que escapa aos nossos conceitos e linguagens. O céu é estar e viver com Deus, mas não podemos concretizá-lo num espaço determinado e situado nas alturas. Assim nós estamos falando de um estado, de um estar com Deus e em Deus, como quem mergulhou num oceano que o envolve e é maior que ele.

5. Um dos fatores mais importantes dessa festa é reconhecermos que após a ressurreição dá-se início ao tempo da Igreja marcado pela evangelização sob o impulso do Espírito Santo, prometido por Jesus e nova forma de permanecer entre nós Sua presença libertadora.

6. Tudo nos fica claro pela narrativa de Mateus, que não menciona esse ato de ‘subir ao céu’, mas ressalta o poderio de Cristo sobre o céu e a terra e o envio em missão a todos os povos. A tarefa parece maior que a capacidade dos discípulos, mas para isso contam com a força do Espírito e do próprio Jesus que estará conosco até o fim dos tempos.

7. Alimentamos essa certeza e esperança na escuta da Palavra e na vida sacramental, por isso rezamos: “Hoje, o nosso coração salta de júbilo, Deus nosso Pai, pela glorificação do teu Filho e nosso irmão, Jesus Cristo. Ele vive, ele é o Senhor com pleno poder no céu e na terra. Na verdade, seu é o reino, o poder e a glória para sempre! Dá-nos, Senhor, espírito de sabedoria para O conhecer. Ilumina os olhos do nosso coração para que compreendamos qual é a esperança a que nos chama em Cristo ressuscitado e qual a riqueza da glória que Tu dás aos teus eleitos. Entretanto, queremos cumprir a missão que Ele confiou: Anunciar a todos os povos a boa nova do teu amor e da tua salvação. Dá-nos a luz e a força do teu Espírito para esta missão. Amém” (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite