Terça, 01 de fevereiro de 2022

(2Sm 18,9-10.14.24-25.30—19,3; Sl 85[86]; Mc 5,21-43) 

4ª Semana do Tempo Comum.

“Ela pensava: ‘Se eu ao menos tocar na roupa dele, ficarei curada’” Mc 5,28.

“A pedido de Jairo, Jesus se dirige à casa dele para ver a filha de doze anos. No caminho, ele encontra uma mulher que sofre de hemorragia há doze anos. Poderíamos observar que é com doze anos que a menina se torna moça. A mulher que sofre a doze anos de hemorragia, cuja menstruação não para, tem problema com sua condição de mulher, com sua sexualidade. Mas o número doze pode ser interpretado também simbolicamente. Além de exprimir a totalidade do ser humano, o número doze indica também sua capacidade de relacionar-se. O ser humano só fica completo quando é capaz de estabelecer relacionamentos. Essa capacidade parece faltar a ambas as doentes. Ao morrer, a menina desfaz toda e qualquer possibilidade de relacionamento. Ela se isola, entrando em estado de rigidez. A mulher com hemorragia, por sua vez, gostaria de estabelecer relacionamentos. Mas ela não o consegue, porque opta pelo caminho errado. Ela só sabe dar para receber atenção. Ela entrega seu sangue, o que quer dizer: sua força, seu vigor, sua vitalidade, para granjear simpatia. Ela se adapta, despende generosamente, para ganhar reconhecimento e atenção. Enquanto isso, ela se torna cada vez mais fraca. Ela despende muito porque tem necessidade de muito, mas nunca recebe o que necessita. Além do sangue, prodigaliza também suas posses. No mundo dos sonhos, bens e dinheiro significam sempre as próprias capacidades e possibilidades. Desenvolvemos todas as nossas capacidades, esforçamo-nos para aprender, só para ganhar o reconhecimento dos outros. E mesmo assim temos de admitir que somos logrados, que acabamos de mãos vazias. Tudo muda para a mulher quando desiste de doar, tocando em vez disso simplesmente a fímbria do manto de Jesus. Com isso, ela se apodera de uma parte de Jesus, de sua espiritualidade, de sua relação com Deus. Ela já não dá para receber, agora ela simplesmente toma o que precisa. E apoderando-se daquilo que importa ela o recebe. Fica curada. A hemorragia estanca. Ela sente a força que emana de Jesus. Antes só teve coragem de aproximar-se de Jesus por trás. Mas agora precisa manifestar seu segredo. Ela precisa falar da doença e admitir que foi curada: precisa dizer toda a verdade. Sente-se então aceita não apenas com seu corpo, mas com toda a verdade, com toda a história de sua vida, com sua condição feminina. Diante de Jesus ela pode reconhecer a verdade, porque sentiu a força que emana dele, o carisma que cura e inspira confiança. Por isso tem coragem de dizer tudo o que a preocupa. Não deve ter sido fácil para ela – no meio desses homens todos que se tinham tornado impuros por causa dela. Quem tocava numa mulher menstruada precisava submeter-se a uma série de banhos rituais para se tornar puro novamente. Mas Jesus levanta e diz: ‘Minha filha, a tua fé te salvou; vai em paz e fica curada do teu mal’ (5,34). Jesus a chama de filha. Ele estabelece um relacionamento. Ele não a trata simplesmente como uma mulher estranha, antes cria um vínculo familiar com ela. E prova o gesto dela. Foi sua fé que a curou. Quando entregava tudo para receber dedicação, ela não tinha fé. Pretendia resolver tudo sozinha. E essa foi sua ruína. Mas agora ela confia em Jesus e toma dele o que precisava viver. Com isso, ela se cura e se reergue” (Anselm Grün – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Segunda, 31 de janeiro de 2022

(2Sm 15,13-14.30; 16,5-13; Sl 3; Mc 5,1-20) 

4ª Semana do Tempo Comum.

“O espírito impuro suplicou, então: ‘Manda-nos para os porcos, para que entremos neles’” Mc 5,12.

“A partir desse ponto, a história toma um rumo inusitado. Os demônios suplicam a Jesus que não os expulse da região, mas que os mande entrar na vara de porcos que está pastando por perto. Jesus lhes faz a vontade, e todos os porcos se precipitam no mar, onde morrem afogados. Para um judeu, os porcos são animais impuros. Os discípulos de Jesus devem ter ficado contentes com a morte de tantos porcos. Interpretando o fato simbolicamente, poderíamos concluir: toda a impureza que se acumulou no doente passa para os porcos. Uma vez exteriorizada, a impureza deixa de tiranizar a alma. A impureza entra na água. A água é um símbolo do inconsciente. Quando a impureza é exteriorizada, seja por meio de palavras seja num desenho feito pelo doente, ela perde o poder sobre o inconsciente, turvando e dominando a partir dele o nosso agir e pensar consciente. A vara de porcos é tudo o que os pastores possuem. Eles se orgulham de seu  patrimônio. Mas de tanto se preocupar com seus porcos negligenciaram os cuidados com o homem; talvez esteja aí a raiz de sua demonização. Às vezes, o filho só pode sarar quando o pai abandona todos os seus bens ou, pelo menos, deixa de lado as preocupações materiais, para dedicar-se novamente ao filho. Uma família preocupada exclusivamente com as ‘posses’ muitas vezes não percebe o mal que isso causa no filho ou à filha. Talvez vivam até frequentando consultórios médicos e gastando muito dinheiro para devolver a saúde ao filho. Mas não é o dinheiro que eles gastam com os médicos que vai curar o filho, e sim o dinheiro do qual se desfazem e do qual se distanciam interiormente” (Anselm Grün – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Domingo, 30 de janeiro de 2022

(Jr 1,4-5.17-19; Sl 70[71]; 1Cor 12,31—13,13; Lc 4,21-30) 

4º Domingo do Tempo Comum – Ano C.

“Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: ‘Não é este o filho de José?’” Lc 4,22.

“Jesus não se deixou levar por um otimismo ingênuo, enquanto exercia seu ministério. Juntamente com a euforia e a empolgação populares, diante de seus gestos de poder, havia também a crítica contumaz de seus adversários. Não só! Seus conterrâneos de Nazaré viam com suspeita o que acontecia em torno dele, e se opunham a tudo aquilo. A experiência dos antigos profetas de Israel ajudou Jesus a compreender que sua situação não era novidade para ele. O povo costumava rejeitar os profetas enviados por Deus, para chama-los à conversão. Assim aconteceu com os grandes profetas: Elias e Eliseu. Portanto, o desprezo sofrido por Jesus podia, de certa forma, ser esperado. No caso dele, porém, a rejeição resultou de um preconceito, pelo fato de ser ‘filho de José’. Logo uma pessoa assaz conhecida. Contudo, a raiz do fechamento diante da pregação dos profetas está, principalmente, na recusa de acolher o seu apelo à conversão. O povo prefere continuar no caminho fácil do pecado e da infidelidade, a submeter-se à mudança de vida, como Deus quer. Ou então, calar a voz incômoda que o questiona, a deixar-se tocar por ela. Os habitantes de Nazaré preferiram esse caminho fácil, e tentaram precipitar Jesus do alto de um monte. Ele, porém, sem se intimidar, passando pelo meio deles, prosseguiu seu caminho. Desta forma, não se deixou bloquear pelo desprezo dos seus próprios contemporâneos. – Espírito de realismo, que eu saiba contar sempre com a possibilidade de ser desprezado e rejeitado, sem, por isso, fugir da missão a mim confiada (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 29 de janeiro de 2022

(2Sm 12,1-7.10-17; Sl 50[51]; Mc 4,35-41) 

3ª Semana do Tempo Comum. 

“Então Jesus perguntou aos discípulos: Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Mc 4,40.

“Jesus se dirige aos discípulos: ‘Por que estais tão amedrontados? Ainda não tendes fé?’ (4,40). Os discípulos viveram com Jesus. Ouviram suas palavras. Mas eles continuam não acreditando nele. Estão cheios de medo das forças demoníacas. Ainda não se deram conta de que Jesus tem domínio sobre os demônios, porque nele atua o poder de Deus. Aparece novamente uma visão dos discípulos que é típica de Marcos. Apesar da convivência com Jesus, eles não chegam à fé. Descrevendo os discípulos como incrédulos, Marcos pretende convidar os leitores a crer que Jesus é senhor sobre todos os poderes deste mundo. Ao mesmo tempo, os leitores podem reencontrar-se nos discípulos. Sua experiência é semelhante à dos discípulos. Ouviram a palavra de Jesus. Estão lendo o relato de seus milagres e das obras poderosas que realizou. Mesmo assim estão se sentindo violentamente sacudidos pelas forças da escuridão, como aconteceu aos discípulos. Nesses momentos, Jesus lhes parece distante, parece esconder-se deles, parece dormir. Sobrevém, então, o medo. Marcos nos mostra, nesse episódio, que Jesus nos ajuda, que ele supera nosso medo. No fundo é o medo que nos lança no turbilhão do inconsciente que ameaça engolir-nos. Marcos incentiva seus leitores a se levantarem em seu medo para se dirigirem a Jesus, o senhor deste mundo. Ele tem o poder de acalmar o mar agitado de nossa alma, transformando o medo em confiança” (Anselm Grün – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 28 de janeiro de 2022

(2Sm 11,1-10.13-17; Sl 50[51]; Mc 4,26-34) 

3ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender”

Mc 4,33.

“Jesus foi um Mestre paciente que soube adaptar seus ensinamentos à capacidade de compreensão de seus ouvintes. Este esforço pedagógico e didático resultou na escolha das parábolas como meio de transmitir suas instruções. As parábolas não eram somente comparações. Também os provérbios, ensinamentos, enigmas e outros recursos literários eram classificados como parábolas. Por isso, afirma-se que, ‘sem parábolas, Jesus não lhes falava’. Elas continham sempre um elemento para intrigar os ouvintes e leva-los a refletir sobre a mensagem veiculada. Só quem estava muito sintonizado com Jesus era capaz de passar da parábola à sua mensagem, e compreender o ensinamento do Mestre. Por isso, muita gente não sintonizada com Jesus ouvia suas parábolas, sem entender nada. Até mesmo os discípulos, muitas vezes, não eram capazes de atinar para o que Jesus lhes ensinava com as parábolas. Era preciso que, em particular, o Mestre lhes explicasse tudo, iluminando-lhes as mentes para compreenderem como o Reino acontece na história humana. O discípulo esforça-se para entender as parábolas de Jesus, ou seja, para estar em sintonia total com o Mestre. Esta é a única maneira de captar seus ensinamentos. – Espírito que me coloca em sintonia com Jesus, conduze-me à plena compreensão dos ensinamentos contidos nas parábolas evangélicas (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 27 de janeiro de 2022

(1Sm 7,18-19.24-29; Sl 131[132]; Mc 4,21-25) 

3ª Semana do Tempo Comum.

“Assim, tudo que está escondido deverá tornar-se manifesto, e tudo que está em segredo deverá ser descoberto” Mc 4,22.

“O cristão é luz, e o mundo necessita dessa luz. O cristão não deve pecar por exibicionismo, não deve praticar o bem para se mostrar e para que o louvem, ou para conseguir emprego lucrativo ou benefícios; isto aos fariseus censurou repetidas vezes e muito duramente o Senhor Jesus. No entanto, o cristão não deve sentir receio de ser visto; nada há que arraste tanto como o exemplo e, num mundo de corrupção, onde somente se valoriza o dinheiro ou a habilidade para consegui-lo, o cristão tem que ser luz por meio de sua conduta. Não pode ocultar essa luz; ele tem seus princípios cristãos, suas normas evangélicas e a luz desses princípios e dessas normas há de espalhá-las a seu derredor sem alarde antipático, mas sem medo covarde que anule ou iniba. Se Jesus tão repetidamente fala aos seus discípulos que devem ser luz do mundo, o fermento na massa e o sal da terra, não será para que, dessa forma, o mundo receba os benefícios dessa luz, desse fermento, desse sal?” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 26 de janeiro de 2022

(2Tm 1,1-8; Sl 95[96]; Lc 10,1-9) 

Santos Timóteo e Tito, bispos e discípulos de Paulo.

“Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade” 2Tm 1,7.

“Todos os dias faz-se necessário rever as ondas da moda que penetram nossas opções, podendo nos afastar de nossa opção fundamental. Existe em nós o dom da graça de Deus que nos foi derramado pelo Batismo, o Espírito Santo. Tudo o que de Deus recebemos possui duplo objetivo: é dom e tarefa. Recebemos gratuitamente os dons de Deus e temos por missão fazer os outros experimentarem esses dons em suas vidas. Por isso, é importante não ter medo, mas ter a convicção de que as nossas tarefas na comunidade de fé e na comunidade humana são consequências da consciência que possuímos das graças recebidas. O nosso compromisso se constrói a partir da resposta à pergunta de Deus a Caim: Onde está o teu irmão? É claro que não significa fazer caridade pela caridade, agindo como uma ONG, ao invés de ser motivado pelo espírito de Deus. É importante ter presente algumas questões: Como oramos? Nossas orações se reduzem a pedidos pessoais? Como ajudamos nossas comunidades para que ingressem numa experiência libertadora de Deus? Se tivermos um comportamento que valorize a humildade, podemos transformar a realidade do mundo que nos rodeia. Quando o Profeta Miqueias quis definir o que significa ser uma pessoa cheia do Espírito Santo, disse: ‘Fazer a justiça, amar a piedade e caminhar com humildade junto a Deus’ (Mq 6,8) (Papa Francisco e Abraham Skorka). O Espírito de Deus doado a nós permite uma caminhada constante. O Espírito de Deus nos desinstala, nos remove de uma zona de conforto para uma zona de confronto. Neste local, somos provocados a não olhar o mundo tentando ficar de fora, mas participando de suas exigências. – Espírito Divino, faz de nós uma comunidade onde as pessoas percebam o amor circulando entre nós. Amém!” (Gilberto Orácio de Aguiar – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes). 

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 25 de janeiro de 2022

(At 22,3-16; Sl 116[117]; Mc 16,15-18) 

Conversão de São Paulo.

“Ora, aconteceu que, na viagem, estando já perto de Damasco, pelo meio-dia,

de repente uma grande luz que vinha do céu brilhou ao redor de mim” At 22,6.

“A festa da Conversão de São Paulo coloca-nos de novo na presença deste grande Apóstolo, escolhido por Deus para ser a sua ‘testemunha diante de todos os homens’ (At 22,15). Para Saulo de Tarso, o momento do encontro com Cristo ressuscitado no caminho de Damasco marcou a mudança decisiva da vida. Realizou-se então a sua completa transformação, uma verdadeira conversão espiritual. Num momento, por intervenção divina, o cruel perseguidor da Igreja de Deus ficou cego, oscilando na escuridão, mas levando já no coração uma grande luz que o teria guiado, dali a pouco, para ser um fervoroso apóstolo do Evangelho. A consciência de que só a Graça divina tinha podido realizar uma tal conversão nunca abandonou Paulo. Quando já havia dado o melhor de si, consagrando-se incansavelmente à pregação do Evangelho, escreveu com renovado fervor: ‘tenho trabalhado mais do que todos eles; não eu, mas a Graça de Deus, que está comigo’ (1Cor 15,10). Incansável como se a obra da missão dependesse totalmente dos seus esforços, São Paulo foi, contudo, sempre mais animado pela profunda persuasão de que a sua força provinha de Graça de Deus que agia nele” (Bento XVI, Basílica de São Paulo fora dos Muros, 25 de janeiro de 2008.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 24 de janeiro de 2022

(2Sm 5,1-7.10; Sl 88[89]; Mc 3,22-30) 

3ª Semana do Tempo Comum.

“Em verdade vos digo, tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados como qualquer blasfêmia que tiverem dito. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado; será culpado de um pecado eterno” Mc 3,27-28.

“Por que faz Jesus essa surpreendente revelação? Que entendia ele e os que o ouviam por ‘Espírito Santo’ para ser imperdoável a blasfêmia contra Ele? No começo da criação o Espírito Santo pairava sobre o báratro profundo, sobre o caos inicial, sobre o nada. E Ele, então, soprou um vento forte e com sua palavra criou o céu e a terra. O Espírito Santo representa, primeiramente, no entendimento dos ouvintes de Jesus, o poder de Deus. Por isso diz Jesus: quem não aceitar a Deus como todo-poderoso não tem perdão. Nenhum pecado é maior do que a grandeza de Deus. Ele pode perdoar tudo, menos ao pecado do desespero, no qual o pecador se faz, negativamente, maior do que Deus. Em segundo lugar, o Espírito Santo era a personificação do amor e o maior de todos os pecados humanos seria, consequentemente, na compreensão dos judeus, o do ódio, que negaria e ofenderia a Deus em sua natureza íntima, em sua magnanimidade santa e sagrada. Pecar contra o amor seria negar Deus e frustrar seu plano de graça e salvação. Seria dizer ‘não’ quando Deus diz ‘sim’. Estas são as verdadeiras blasfêmias contra o Espírito Santo, blasfêmias contra a fé que desespera do poder de Deus e contra o amor que nega o Espírito Santo e mata o irmão. Todos os demais pecados têm perdão; estes, não, são perdoáveis. – Senhor Deus, grande e bom, dai-nos a maior de todas as graças, a de acreditar em vosso poder e de entregar-vos todos os nossos pecados, não importa quais sejam. Dai-nos também um grande coração que ama, para sermos a expressão do vosso Espírito Santo na vida de nossos semelhantes. Amém (Neylor J. Tonin – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Domingo, 23 de janeiro de 2022

(Ne 8,2-6.8-10; Sl 18B[19]; 1Cor 12,12-30; Lc 1,1-4; 4,14-21) 

3º Domingo do Tempo Comum – Ano C.

“Então começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabaste de ouvir’” Lc 4,21.

“O texto do profeta Isaías, lido na sinagoga de Nazaré, foi usado por Jesus para explicar sua identidade e missão. O profeta, num contexto bem determinada da história de Israel, falara do Messias a ser enviado por Deus, com a tarefa de trazer libertação para a humanidade: libertar as vítimas da pobreza, os encarcerados, os cegos, os cativos de toda sorte de opressão; enfim, todos os que padeciam qualquer sorte de escravidão. Ao longo dos séculos, a esperança pela vinda deste Cristo libertador foi calorosamente acalentada no coração dos oprimidos, sem, contudo, vê-la realizada. Jesus identificou-se com a pessoa messiânica descrita pelo profeta. Sentiu-se, pois, chamado a viver o que, outrora, Isaías tinha anunciado. Sua vida deveria tomar o rumo indicado no texto profético, que também haveria de ser seu referencial inspirador. Sabia-se chamado a concretizar o projeto de Messias libertador, conforme o profeta anunciara. Por isso, colocar-se ia a serviço de todos os deserdados deste mundo, vítimas do egoísmo, para resgatar-lhes a dignidade e inseri-los no Reino querido pelo Pai. Ao proclamar que esse texto da Escritura havia sido realizado, Jesus assumia um compromisso concreto de se tornar servidor dos pobres. – Espírito missionário, conforma minha vida com a de Jesus, colocando-me a serviço da libertação dos mais pobres e sofredores (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 22 de janeiro de 2022

(2Sm 1,1-4.11-12.19.23-27; Sl 79[80]; Mc 3,20-21) 

2ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus voltou para casa com seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente, que eles nem sequer podiam comer. Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si” Mc 20-21.

“A primeira impressão que esta passagem nos passa é que a pessoa de Jesus e seu comportamento devem ter sido muito chocantes, a ponto de até seus familiares o considerarem ‘louco’. O que terá feito Cristo para eles chegarem a esta desconfiança? Aparentemente, nada de especial, para nós, que estamos há dois mil anos daqueles acontecimentos. Na verdade, no entanto, o comportamento de Jesus despertava admiração do povo – que não o deixava nem em paz para tomar as refeições! - e temor dos seus – que olhavam com muita preocupação. As passagens que antecedem e justificam a admiração do povo e o temor de seus familiares foram as seguintes: Ele, enfrentando os fariseus e donos da religião de seu tempo, declarava-se senhor do sábado e se igualava a Deus; Ele curava os doentes e comia, sem medo, com os pecadores; ensinava como quem tem autoridade e perdoava os pecados; discutia com os doutores da Lei e estabelecia novos padrões de comportamento social e religioso: o Reino dos Céus, anunciava, veio para os pobres e os que não aceitassem sua pregação já estariam condenados. Diante de Deus, dizia, de nada valem os méritos humanos. A salvação é obra do Pai e só os que seguissem seu Filho seriam salvos. Tudo isto pareceu muito louco até para seus familiares que procuravam agarrá-lo. Graças a Deus, Jesus não estava louco. Pelo contrário. A loucura do amor de Deus é força e sabedoria de salvação para nós que somos lógicos como gregos, prezamos o poder como os romanos e buscamos prodígios e prestígios como os judeus. A lógica de Deus é outra e com esta lógica a temos que nos afinar, para sermos verdadeiros discípulos de Cristo e do Reino. – Senhor Deus, grande e bom, dai-nos vossa sabedoria e diminuí nossa lógica carnal que nos faz presunçosos e pequenos. Enchei-nos de vossa graça e da alegria do vosso Reino. Amém (Neylor J. Tonin – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 21 de janeiro de 2022

(1Sm 24,3-21; Sl 56[57]; Mc 3,13-19) 

2ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram até ele” Mc 3,13.

“Deus chama a quem quer; nenhuma profissão é obstáculo para exercer o apostolado; Deus não olha para a vida passada, não exige mais que a correspondência a seu chamado. Jesus Cristo não se deixa orientar, ao escolher seus apóstolos, por meios humanos; parece, ao invés, que tem maior interesse em retificar nossos critérios. Indica-nos, com isso, que o apóstolo é obra exclusivamente sua e ele dá sua graça a quem quer; daí não termos razão alguma para envaidecer-nos, pois o mérito de nossa eleição não se fundamenta em nós, mas na sua infinita liberalidade. Jesus chamou os doze, separou-os, afim de que o seguissem, a fim de que estivessem e vivessem com ele e para enviá-los a pregar; e, ao torna-los partícipes de sua missão, confere-lhes também seus poderes messiânicos e redentores. Talvez atualmente não sejam tão visíveis as obras maravilhosas e prodígios operados pelos discípulos do Senhor Jesus, no entanto são muitas as maravilhas da graça e as do amor que operam nas próprias almas e nas dos outros; e o poder do demônio vai diminuindo à medida que avança o poder do Espírito, impulsionando os verdadeiros discípulos de Jesus em seu apostolado. Ao chamar os doze, como diz São Marcos, ‘designou doze’ (v. 14), isto é, fundou sua Igreja sobre os apóstolos e fundou-a organizadamente, institucional e estruturada com uma hierarquia apostólica, à qual ele entregou o governo e direção da mesma. Haverá na Igreja de Deus diversidade de funções e ministérios, mas sempre sujeitos à linha hierárquica e magisterial de quem foi colocado por Jesus Cristo à frente de sua Igreja, para regê-la e governa-la e para preservá-la de todo erro dogmático ou moral” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 20 de janeiro 2022

(1Sm 18,6-9; 19,1-7; Sl 55[56]; Mc 3,7-12) 

2ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus se retirou para beira do mar junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo que ele fazia.” Mc 3,7-8.

“A cena de Jesus cercado pelas multidões é impressionante. Fez-se necessário ter um barco à mão para evitar que fosse comprimido pelo povo vindo de muitos lugares. Levada pelo desejo de ser curada, a multidão precipitava-se sobre ele, na esperança de tocá-lo. Jesus atraía a todos, por ser fonte de vida para o povo oprimido por doenças e enfermidades. Sua presença era penhor de cura e libertação. Era impossível exigir que o povo procurasse Jesus movido por uma ideia correta a respeito dele. Os espíritos imundos descreveram-no Filho de Deus. E o povo? Tinha consciência disto? Vinha em busca de Jesus por que era o Filho amado de Deus, o enviado com a missão de construir o Reino na história humana? Imaginavam que os milagres de Jesus eram o sinal do Reino acontecendo em suas vidas? Sem dúvida alguma, o povo queria mesmo era ser curado. Nada mais. A multidão não estava em condições de fazer grandes reflexões teológicas a respeito da pessoa de Jesus e de sua identidade. Nem por isso Jesus a repelia e deixava de atender-lhe as súplicas. Quem sabe chegariam a acreditar nele, embora o início da caminhada fosse um tanto nebuloso! O importante é que ninguém saía frustrado do encontro com Jesus, quando o procurava em busca de libertação. Em cada coração sincero, ele plantava a semente da fé. – Espírito de busca, coloca-me à procura de Jesus, desejo de ser, profundamente, libertado de tudo quanto me oprime (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 19 de janeiro de 2022

(1Sm 17,32-33.37.40-51; Sl 143[144]; Mc 3,1-6) 

2ª Semana do Tempo Comum.

“E perguntou-lhes: ‘É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?’ Mas eles nada disseram” Mc 3,4.

“A cena, que inclui as perguntas de Jesus, é aquela em que ele, em dia de sábado, entra numa sinagoga e lá encontra um homem com mão seca, aleijado, portanto. E como os fariseus e doutores da Lei o observavam, faz-lhes a pergunta acima, que já incluem, logicamente, a resposta, para quem de bom senso. Mas seus interlocutores ‘ficam calados’ porque, para eles, pouco importavam o bem ou o mal, a vida ou a morte, e sim o controle às leis que inventavam e a observância do povo a elas, por eles controlada. As leis dos fariseus não eram feitas para servirem ao bem e à vida, mas para incriminarem as pessoas. Eram jugos atados às pessoas, dificultando-as viver bem e de relacionar-se positivamente com os outros. A observância a estas leis não causava alegria nem libertava seus servidores. Pelo contrário, tornava-os apenas mais escravos e distantes de Deus. Jesus, no entanto, viera para libertar os filhos de Deus, curando os cegos, abrindo as prisões e proclamando um ano de graça e salvação. Mas esta missão colocava em xeque o controle de seus adversários, ameaçando o poder escravizador que exerciam. E eles, aparentemente, se calavam, mas começavam a entender que deviam enfrenta-lo e tramar contra Ele, caso contrário, perderiam o pedestal em que tinham subido. Jesus, então, diz o evangelista, ‘passou um olhar indignado e triste com a cegueira daqueles corações’ e curou o homem da mão seca, despertando a admiração do povo, por um lado, e a conspiração dos fariseus com os herodianos, por outro, que decidiram mata-lo. – Senhor Deus, bom e grande, libertai-nos de nossas cegueiras e dai-nos um coração solidário para com nossos semelhantes que sofrem. Que, pela vossa graça, nenhuma lei nos impeça de sermos bons e compassivos diante de mãos secas e corações oprimidos. Amém” (Neylor J. Tonin – Graças a Deus [1995] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 18 de janeiro de 2022

(1Sm 16,1-13; Sl 88[89]; Mc 2,23-28) 

2ª Semana do Tempo Comum.

“E acrescentou: ‘O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado’” Mc 2,27.

“Você pode até não acreditar na Bíblia e ter suas opiniões particulares. Isso é um direito inegável seu, mas não pode mentir sobre a Bíblia dizendo que ela diz o que não diz e negando o que ela afirma explicitamente. Não pode também distorcer seu sentido fazendo interpretações de conveniência e muito menos falar de ‘sentido original’ se você não conhece nada de exegese, grego e hebraico (as línguas originais da Sagradas Escrituras), ou mentindo sobre aquilo que você nem imagina. Por fim, você pode acreditar no que quiser, mas por uma questão de honestidade intelectual não pode, arrogantemente, repetir por aí o que outros, que nada entendem de Teologia Bíblica, dizem, espalhando inverdades. Honestidade sempre para todos. O sentido bíblico do sábado é descanso e, com ele, o benefício do ser humano. No entanto, muitos religiosos fariseus da época de Cristo o transformaram em um peso no ombro das pessoas comuns. Criaram, através de interpretações e reinterpretações, mil e uma restrições para o sétimo dia. Jesus vem pôr em ordem essa situação e, fazendo uma Teologia correta, deixa claro: o sábado existe para beneficiar e não para escravizar o ser humano! Jesus, rompendo com paradigmas religiosos, chegou a afirmar, para escândalo de muitos: ‘Meu Pai trabalha até agora (era sábado) e eu trabalho também’ (Jo 5,17). Portanto, qualquer ensinamento religioso que desvalorize o ser humano em detrimento de regras e liturgias não tem origem no Pai e deve ser ressignificado, reinterpretado. A fé de Jesus beneficia o ser humano e o liberta para a caridade. Cuidado: ‘Nem todo que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus’ (Mt 7,21). – Amado Jesus, que possamos ser alívio e descanso para o próximo, criando uma civilização de paz, amor, respeito e alegria. Amém” (Sandro Bussinger Sampaio – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 17 de janeiro de 2022

(1Sm 15,16-23; Sl 49[50]; Mc 2,18-22) 

2ª Semana do Tempo Comum.

“Os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: ‘Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?’” Mc 2,18.

“Por detrás desta interrogação há uma indisfarçável mentira que aponta para a impureza de uma ação, aparentemente espiritual, que eles faziam. Jejuavam, mas não colhiam do jejum a alegria que o jejum deveria propiciar. E queriam, por isto, que os outros também jejuassem. Para eles, não era suficiente a graça e a convicção do que faziam. Queriam que os outros também fizessem o que eles faziam. Adulteravam, consequentemente, aquilo que, em si, deveria ser uma homenagem e um tributo a Deus. Isto acontece muitas vezes na vida dos bons. Não lhes basta a alegria de serem bons, mas querem que os outros também sejam, cobrando deles, até, com certa má vontade e impertinência, atitudes que, em si, são boas, mas que acabam se deturpando por sua intolerância. No fundo, está em jogo a razão de nossa fé e a motivação espiritual de nossos comportamentos externos. Por que rezamos? Por que jejuamos? Por que queremos ser bons? A resposta é uma só: porque acreditamos no que fazemos e fazemos para a glória de Deus, o bem dos outros e pelas convicções de fé que temos. Fugindo disto, não passamos de bons fariseus e de esforçados discípulos de João, sem sermos seguidores puros e apaixonados de Cristo. Tudo o que fazemos é por força de testemunho alegre que queremos dar, e não por cobrança mesquinha e mau-humor chateado. Que nossa fé não faça zangados, nem a graça de Deus nos transforme em cobradores de deveres para os outros. Pelo contrário, sejamos felizes anunciadores do amor de Deus e compassivos acolhedores das possíveis insuficiências de nossos irmãos. – Senhor Deus, grande e bom, muito obrigado pela fé que infundistes em nossos corações. Dai-nos a graça de cultivá-la com bom humor e testemunhá-la com alegria e sem cobranças. Amém”  (Neylor J. Tonin – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Domingo, 16 de janeiro de 2022

(Is 62,1-5; Sl 95[96]; 1Cor 12,4-11; Jo 2,1-11) 

2º Domingo do Tempo Comum.

“Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória,

e seus discípulos creram nele” Jo 2,11.

“Diante dos milagres, podem-se ter duas atitudes igualmente falsas: duvidar deles, por princípio, rejeitando-os como desnecessários à fé; e mostrar-se ávidos por eles, crendo apenas por causa deles, como se só eles fossem prova definitiva da existência de Deus e da nossa salvação eterna. Não! O milagre, antes de mais nada, é expressão do poder de Deus e de seu amor pelas criaturas. O milagre é ‘sinal’ e ‘maravilha’ do Criador para os que nele creem e sempre aponta para além da impotência humana: o que é impossível para nós, não o é para Deus. Daí, ser ele um ‘sinal’ para que as pessoas possam entender que Deus as protege, as auxilia e não as abandona em suas necessidades e provações. O milagre, por isto, não é um desarranjo das leis da criação, mas um seu superamento. É conhecido o milagre das Bodas de Caná. Jesus lá estava com seus discípulos e sua mãe Maria. E faltou vinho na festa, ou porque havia pouco ou porque os convidados tinham tomado demais. A primeira hipótese parece mais confortável, embora a segunda não deve ser de toda descartada. As duas famílias dos noivos deveriam estar envergonhadas e Maria, por isto, intercedeu junto a seu filho. Deixando os detalhes para trás, Jesus atendeu sua mãe e aconteceu o milagre, o ‘primeiro sinal’ de sua evangelização: transformou água em vinho para o júbilo dos presentes e interrogação nossa. Por que, nos perguntamos, Jesus fez ou deu este sinal? A primeira resposta é: para a glória de Deus. Tudo deve ser feito para a glória de Deus e não para nossa exaltação. Assim agiu Jesus. Em segundo lugar, para a alegria dos presentes. E, em terceiro, para sinalizar que o Evangelho tinha chegado e começava a ser pregado para nossa salvação. – Senhor Deus, grande e bom, transformai, para glória de Deus e alegria de nossos irmãos, nossa água em vinho. E, por sermos bom vinho, não nos envaideçamos, mas anunciemos com alegria vosso Evangelho. Amém (Neylor J. Tonin – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 15 de janeiro de 2022

(1Sm 9,1-4.17-19; 10,1; Sl 20[21]; Mc 2,13-17) 

1ª Semana do Tempo Comum.

“Enquanto passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos e disse-lhe: ‘Segue-me!’ Levi se levantou e o seguiu” Mc 2,14.

“Levi era o que de pior havia entre os judeus: um arrecadador de impostos para os exploradores romanos do povo escolhido. Ele fazia um trabalho que era odiado pelos verdadeiros israelitas: colaborava com os invasores do país. Mesmo assim, Jesus o escolhe e o chama para missão religiosa de pregar a vinda do Reino de Deus, não fazendo mais uma vez, como se dirá mais adiante, acepção de pessoas. Para ele pouco importava o que a pessoa fazia, mas valorizava o que ela podia fazer e Levi poderia ser um grande missionário, um proclamador da salvação de Deus. Por isso, o chama e Levi, deixando tudo, o segue. Isto ensina que não importa o que se faz ou como os outros nos veem: importante são os olhos de Deus e sua graça. Ele pode fazer de um pecador um santo, de um paralítico um homem sadio e de uma mulher estéril mãe de muitos filhos. O poder de Deus não tem dificuldades diante de nossas fraquezas. A Ele, nada é impossível. Estende sua mão e divide o mar, multiplica cinco pães em comida para cinco mil pessoas, grita para dentro do túmulo e Lázaro vem para fora. Só nós é que somos mesquinhos, porque somos pequenos e impotentes. Deus não o é. Como Ele é onipotente, sua misericórdia é sem limites (Sb 11,23). Não devemos nos sentir indignos de Deus, porque Ele é grande e misericordioso. Diante dele nós somos como crianças e Ele só nos pede que confiemos em seu amor. O pior pecado que poderíamos cometer seria o de desconfiar da grandeza do coração de Deus, uma vez que Ele está sempre pronto a perdoar o pecador e a chamar Levi de sua banca de cobrador de impostos. Onde nós estivermos, fazendo o que fizermos, o bem ou o mal, Deus estará, também, com sua graça e seu poder. – Senhor Deus, grande e bom, nós confiamos em vós, mesmo se nos sentimos pecadores. E vos pedimos: chamai-nos das bancas dos nossos pecados, fazendo-nos anunciadores da vossa salvação. Amém (Neylor J. Tonin – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite 

Sexta, 14 de janeiro de 2022

(1Sm8,4-7.10-22; Sl 88[89]; Mc 2,1-12) 

1ª Semana do Tempo Comum.

“Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: ‘Filho, os teus pecados estão perdoados’”

Mc 2,5.

“Nesse texto (cf. Mc 2,1-12) temos um forte exemplo de perdão que gera cura. E Jesus é a fonte da misericórdia transformada em compaixão que realiza a cura. Porém, existem pessoas fechadas em si e insensíveis que não se alegram com o homem curado e nem com a ação de poder de Deus em favor daqueles que dependem em tudo dos outros. Os magistrados, responsáveis por vigiar a execução da lei, ficam perturbados diante da ação misericordiosa de Deus por meio do homem de Nazaré. Baseados numa fé do pode e do não pode, esses homens da lei ficam tristes, pois percebem que não podem mais controlar o poder de Deus. Deus é amor, clemência e perdão. Todas as suas ações passam pela misericórdia. E é sem limites o seu amor (cf. Mt 18,21-35). Entretanto, para alguém meticuloso na lei isso é incompreensível. Pois alguém que é escravo da lei se esquece do limite do perdão de Deus (cf. Lc 17,4) e é incapaz de perdoar para além dos códigos preestabelecidos. Deus não se alegra com a morte do pecador. O coração de Deus não pode ser comparado ao do ser humano e sua maneira de pensar não se iguala à nossa. Jesus age igual a Deus. O perdão dos pecados e a cura das doenças possuem fortes relações entre si. Não é suficiente tratar apenas os sintomas de uma enfermidade, é necessário também que a culpa que a motivou seja perdoada, para que o doente seja verdadeiramente curado e possa recomeçar uma vida nova, como é o desejo de Deus.... Porém, temos momentos em que nossas feridas não se cicatrizam pelo fato de não conseguirmos perdoar as pessoas que nos feriram, ou a nós mesmos (Anselm Grün). – Deus misericordioso, cura nosso interior e inspira-nos motivação para perdoar quem nos ofendeu. Amém!” (Gilberto Orácio de Aguiar – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite 

Quinta, 13 de janeiro de 2022

(1Sm 4,1-11; Sl 43[44]; Mc 1,40-45) 

1ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: ‘Eu quero: fica curado!’” Mc 1,41.

“É comovente contemplar a sensibilidade de Jesus, em relação aos sofredores. Tem-se a impressão de que, quanto maior o sofrimento humano, tanto maior sua capacidade de comover-se. Nestas horas, a misericórdia falava mais alto. O encontro com o leproso tocou, fundo, no coração de Jesus. Imaginemos aquele homem deformado e repelente, lançando-se aos pés do Mestre, em cujas mãos colocava a própria cura: ‘Se queres, tu tens o poder de curar-me!’ A reação natural seria a de censurá-lo, e ordenar que se afastasse, pois os leprosos não podiam conviver com as pessoas sadias. Outra reação seria a de afastar-se sem demora, para evitar o risco de contágio e o da impureza adquirida pelo simples contato com o doente. Tudo se passa de forma diferente com Jesus. A presença daquele homem sofredor move-o a compaixão. Daí o gesto inesperado: Jesus toca o leproso. Sem dúvida, houve quem se escandalizasse e passasse a considerá-lo como impuro, como faziam com quem entrava em contato com os portadores da lepra. Este tipo de tradição não tinha nenhum valor para Jesus. Seu único desejo era ver aquele infeliz livre de sua doença. E o cura! A reação do ex-leproso é compreensível. Apesar da advertência de Jesus, saiu gritando o que lhe acontecera. A compaixão do Senhor deixou-o maravilhado. – Espírito de compaixão, que a presença das pessoas sofredoras comova-me até às entranhas, e me faça solidário com elas” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

  Pe. João Bosco Vieira Leite 

Quarta, 12 de janeiro de 2022

(1Sm 3,1-10.19-20; Sl 39[40]; Mc 1,29-39) 

1ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus respondeu: ‘Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali,

pois para isso que eu vim’” Mc 1,28.

“Não devemos competir com ninguém. No universo há abundância para todos. Encontre o seu caminho e prospere nele. Seja corajoso, criativo e inovador em sua área de atuação. Ofereça algo novo, inusitado e prospere. Para tanto, lembre-se de dois princípios: 1) O fato de prosperarmos não impede que outros também o façam, o universo é ilimitado e inesgotável. 2) Seja agradecido: gratidão sincera atrai prosperidade. Mas, quando olho alguns programas religiosos na mídia, fica me parecendo concorrência comercial, desculpem a expressão, mas é o que me parece. Jesus ordenou aos seus seguidores fazer missões: ‘Vamos a outros lugares e aos povoados vizinhos, para pregar também por lá’, mas não disse a seus discípulos para abrirem ‘concorrência’ uns com os outros. É absolutamente inconcebível um discípulo disputando com o outro: ‘Eu fui batizado por Pedro’, ‘Eu por João’, ‘E eu por Paulo’. Teria cabimento? Penso que não. Por isso, repito: no universo há abundância para todos. Uma tradição cristã pode desenvolver sua catequese sem atacar a coirmã. Posso semear o Evangelho ao meu modo sem atacar o modo como você também o faz. Como perguntou Paulo: ‘Acaso Cristo está dividido?’ (1Cor 1,13). Será que só o meu grupo está certo? E certo em tudo? Será que não existe uma outra tradição cristã que acolha melhor aquele irmão que pensa diferente de mim? Temos de levar o Evangelho aos povos, não necessariamente as nossas idiossincrasias. Temos que levar a Boa-nova – o Cristo fez reconciliação entre Deus e todos os seres humanos, mas a forma de cultuar a Deus, gostos pessoais e até mesmo interpretações do texto sacro não podem ser impostos aos outros. Assim sendo, abandonemos o espírito de concorrência e, irmanados, apresentemos o amor de Deus ao próximo. – Jesus, que ordenastes catequizar os povos, que o façamos no teu amor e não nas nossas opiniões particulares. Amém (Sandro Bussinger Sampaio – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite 

Terça, 11 de janeiro de 2022

(1Sm 1,9-20; Sl 1Sm 2; Mc 1,21-28) 

1ª Semana do Tempo Comum.

“Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade,

e não como mestres da Lei” Mc 1,22

“Entres as características maiores do ensinamento de Jesus está seu amor pela verdade e seu respeito pela liberdade. Elas se opõem ao comportamento dos fariseus e sacerdotes de seu tempo, que impunham pesadas obrigações sobre os fiéis, que nem mesmo eles conseguiam observar. Por isto Jesus os ataca duramente, denunciando-os como hipócritas e sepulcros caiados, pessoas sem coração que tratavam melhor seus animais do que a seus semelhantes. Jesus, pelo contrário, afirma: ‘Vinde a mim todos vós que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei, pois meu jugo é suave e meu peso é leve’. Jesus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva. Acolhe os fracos, proclama bem-aventurados os que choram e sofrem injustiças e promete o reino dos céus aos famintos e pacíficos. Jesus prega uma nova doutrina da alegria e libertação, na qual Deus é um pai providente que se compadece dos pequeninos, cura os doentes, abre as prisões aos cativos e está sempre pronto para perdoar os pecadores. Em seu reino, há lugar para as prostitutas, para os negadores e arrependidos. Ele enxugará as lágrimas dos aflitos e consolará a viúva que perdeu seu filho único. Comerá com os pecadores e entrará na casa dos exorcizados pela sociedade. Lavará os pés de seus discípulos e oferecerá sua paz aos que o abandonaram no caminho da cruz. Por isso, diz o Evangelista: ‘Ele ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas’. O povo, então, recorria a ele, seguia-o pelos caminhos, ficava preso em seus lábios, pois seus ensinamentos eram de salvação e de misericórdia, e não de cobrança e opressão. Nele reconhecia o coração encarnado de Deus. – Senhor Deus, grande e bom, dai-nos a graça de sermos bons como vós sois bom. Infundi em nós vosso amor pela verdade e fazei-nos apaixonados defensores da liberdade. Amém” (Sandro Bussinger Sampaio – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite 

Segunda, 10 de janeiro de 2022

(1Sm 1,1-8; Sl 115[116]; Mc 1,14-20) 

1ª Semana do Tempo Comum.

“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Converte-vos e crede no Evangelho!” Mc 1,15.

“A pregação de Jesus teve início com um duplo imperativo: conversão e acolhida da Boa Nova. Ambas as exigências constituem a atitude básica de quem pretende fazer-se discípulo do Reino. É também a base do discipulado. A conversão toca a raiz da ação humana, aí onde se situa a liberdade. E consiste em substituir o egoísmo pelo amor, como objetivo determinante do agir. Esta mudança é obra da graça divina que atua no coração humano. Por outro lado, corresponde a deixar-se dinamizar pelo Reino de Deus. Quando se torna senhor do nosso coração, o egoísmo aí não tem lugar, e o modo humano de agir assemelha-se ao modo divino. O passo seguinte consiste em dar ouvido à Boa Nova proclamada por Jesus, ordenando agir conforme os parâmetros indicados por ele. Tanto a conversão quanto a fé na Boa Nova não consistem somente em gestos exteriores, por mais edificantes que sejam. A exterioridade pode ser enganosa e encobrir motivações incompatíveis com o projeto de Jesus. A hipocrisia é risco sempre presente no processo de conversão. Tocando no mais íntimo do seu ser, o discípulo dispõe-se a torna-se imitador de Jesus, que viveu radicalmente centrado no Pai. A expressão viva desta vivência está em ter passado pelo mundo fazendo somente o bem. É no exemplo de Jesus que o discípulo se inspira, quando se converte ao Evangelho – Espírito que converte os corações ao reino, cria em mim a disposição de discípulo que quer centrar sua vida no amor (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite 

Domingo, 9 de janeiro de 2022

(Is 42,1-4.6-7; Sl 28[29]; At 10,34-38; Lc 3,15-16.21-22) 

Batismo de Jesus.

“Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o cetro de aliança do povo, luz das nações” Is 42,6.

“Estamos no tempo das luzes. Nossa mente ainda contempla as luzes natalinas que iluminam nossas casas, graças e locais de convivência social. Essas luzes nos direcionam para a verdadeira luz. É dela que nos iluminamos e passamos adiante centelhas dessa luminosidade. Permanecer na luz deverá constituir nosso projeto de vida. Para quem está iniciando um ano, é tempo de olhar para frente e repensar o seu plano/projeto de vida. O Profeta Isaias parece que tem noção da realidade concreta de sua relação testemunhal com Deus e com seu povo. O projeto de Deus é sempre de compromisso com o povo sofrido. E o versículo em questão nos fala de um servo que assumiu as causas dos empobrecidos. Ele não está só. Ele foi preparado por Deus para assumir essa missão. O medo não faz parte deste gesto de entregar-se e ser luz. Deus nos convoca e provoca a abandonarmos as nossas seguranças e considerarmos a importância de sua proposta dentro de seu projeto de vida. Possuirmos um projeto de vida nos moldes do Profeta Isaias é algo que nos permite enxergar o mundo diferente. Tudo se transforma quando cruzamos o nosso projeto de vida com o projeto do Reino de Deus, que é mais amplo e libertador. Diante dessas interpretações surgem alguns questionamentos: Estamos prontos para elaborar nossos projetos de acordo com o projeto do Reino? Os nossos projetos de comunidade estão conforme as exigências da luta pela vida ou são meros arranjos numa agenda do ano passado? – Ó Deus, educa-nos para a elaboração de projetos que considerem o teu projeto de vida em plenitude para todos e todas. Amém!” (Gilberto Orácio de Aguiar – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite 

Sábado, 08 de janeiro de 2022

(1Jo 5,14-21; Sl 149; Jo 3,22-30) 

Tempo de Natal, depois da Epifania.

“Nós sabemos que veio o Filho de Deus e nos deu inteligência para conhecermos aquele que é verdadeiro” 1Jo 5,20a.

“O conhecimento de Deus se dá pela prática do amor recíproco. E são João é especialista não só em falar em amor, mas em nos apresentar o verdadeiro Deus que é amor. Longe de qualquer curso intensivo ou extensivo para se conhecer a Deus, tal conhecimento se dá a partir de nossa experiência com Jesus, que nos revela o verdadeiro Deus, o nosso Pai. A certeza de que Deus veio morar no meio de nós está para lá de uma simples crença. É parte de uma vivência que se manifesta num contexto sensível não só com a divindade, mas com toda a materialidade de seu corpo que é a outra pessoa. A comunidade joanina enfrentou grupos que não acreditavam na humanidade concreta de Jesus. Eles negam que Jesus veio em carne (cf. 1Jo 4,2; 2Jo 2,7), negam o Filho (cf. 1Jo 2,23) e negam que Jesus seja o Cristo (cf. 1Jo 2,22). O versículo de nossa reflexão é a confirmação de que Jesus veio, Ele é o Filho de Deus e que Ele nos revela o verdadeiro rosto de Deus. Esse versículo ecoa como uma profissão de fé. Torna-se um encorajamento para quem está desanimado e perdeu a esperança. É bom ter consigo o sentimento de fé não num desencarnado, mas em alguém que realmente assumiu a nossa carne humana. Não existem dois Jesus: um da carne e outro de Deus. É um só, envolvido pela humanidade e divindade, simultaneamente. Quem conhece Jesus, conhece o Deus verdadeiro e se apropria da vida e da verdade. O conhecimento de Jesus se dá na nossa relação com o mesmo, pelo contato que possuímos com a vida concreta do ser humano através das pessoas. – Senhor, que não nos cansemos de te buscar. E mesmo quando tudo parecer desabar, que continuemos confiando em ti e fortalecendo a fé de outras pessoas. Amém (Gilberto Orácio de Aguiar – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite 

Sexta, 07 de janeiro de 2022

(1Jo 5,5-13; Sl 147[147B]; Lc 5,12-16) 

Tempo do Natal, após a Epifania.

“Eu vos escrevo estas coisas, a vós que acreditastes no nome do Filho de Deus,

para que saibais que possuís a vida eterna” 1Jo 5,13.

“Não há melhor notícia, depois de uma radiografia, do que estas palavras: ‘Não se preocupe. Você não tem nada. Está tudo bem!’ A pessoa passa a respirar aliviada. Alguma coisa de muito pesado parece que lhe foi tirado do coração, voltando ela a sorrir, a trabalhar em paz e a abrir os braços para a vida. São João, com suas palavras, transmite esta paz que o espírito humano não conhecia. As pessoas estavam como que em busca do resultado de uma radiografia espiritual. Olhavam para o céu, consultavam os mestres e os entendidos em religião, liam as Sagradas Escrituras, peregrinavam de um lugar para o outro, ofereciam sacrifícios às divindades, rezavam e faziam o bem aos irmãos, mas não tinham a paz necessária nem a certeza que buscavam. Tinham fé em Deus, é evidente, mas faltava-lhes uma palavra clara e definitiva sobre a salvação eterna. Esta palavra chamava-se Jesus, o verbo de Deus. Ele veio e anunciou a grande alegria de que a vida eterna era oferecida a todas as pessoas. De repente as pessoas apalpavam o próprio corpo e diziam: ‘Ele vai ressuscitar!’ Olhavam para si mesmas e diziam: ‘Não é preciso desesperar!’ E junto com as outras pessoas começaram a fazer a festa da vitória sobre a morte em torno de Jesus, o Filho de Deus. Esta certeza atravessou os séculos e chegou até nós. A Igreja, hoje, a proclama: ela é o nosso grande Evangelho. Ninguém vai morrer para sempre! Todos irão ressuscitar e estão salvos no nome do Senhor Jesus! Jesus é a garantia da vida eterna! Quem comer de seu Corpo e beber de seu Sangue viverá para sempre! O demônio já foi e está vencido! A noite da humanidade se transformou em dia e sua tristeza, em desatada alegria! O sol está brilhando e somos um povo salvo! Aleluia! – Senhor Deus, grande e bom, obrigado por este Evangelho. Obrigado por Jesus, nosso Salvador! Obrigado pela vida e pela certeza da vida eterna! Amém (Sandro Bussinger Sampaio – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite 

Quinta, 06 de janeiro de 2022

(1Jo 4,19—5,4; Sl 71[72]; Lc 4,14-22) 

Tempo do Natal, depois da Epifania.

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista;

para libertar os oprimidos” Lc 4,18.

“Servindo-se de um direito que cabia a todo hebreu adulto, do sexo masculino, Jesus tomou a palavra na sinagoga de sua cidade natal. A leitura do texto profético serviu-lhe de ocasião para explicitar o sentido de sua missão de Messias. Contrariamente às expectativas populares, apresentou um projeto missionário totalmente voltado para os pobres e excluídos, dos quais seria servidor. A novidade de Jesus consistia em ser ele o Filho de Deus, presente na história humana, pondo-se do lado de quem não tinha voz nem vez. Na verdade, a história de Israel conheceu indivíduos que se lançaram de corpo e alma nesta empresa. Dentre eles, os profetas do período anterior ao exílio babilônico. Esta mesma sensibilidade encontra-se na literatura sapiencial e na literatura legal, mormente, no Deuteronômio. Com Jesus, porém, a solidariedade com os pobres atingiu a sua máxima expressão. Desde o início da sua atuação messiânica, ele compreendeu serem os pobres os destinatários privilegiados de seu ministério. Ungido pelo Espírito do Senhor, portanto, seu Messias, foi enviado para ‘anunciar a Boa nova aos pobres’. As diversas categorias elencadas pelo profeta Isaías -  humilhados, cativos, cegos, oprimidos – revelavam uma pequena amostra das incontáveis formas de pobreza e exclusão. Assim, Jesus fez uma clara opção. Quem quisesse encontra-lo, teria de se colocar na periferia do mundo. Lá encontraria Deus! – Espírito profético de serviço, coloca-me, como Jesus, do lado dos pobres e excluídos, aos quais o Pai nos mandou servir, anunciando-lhes a Boa Nova da libertação (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite 

Quarta, 05 de janeiro de 2022

(1Jo 4,11-18; Sl 71[72]; Mc 6,45-52) 

Tempo do Natal depois da Epifania.

“Logo depois de se despedir deles, subiu ao monte para rezar” Mc 6,46.

“Aqui apresenta-se à nossa contemplação um fato que reflete o poder de Jesus sobre os elementos da natureza e, ao expressar este poder, Jesus revela-se como Deus a quem todas as coisas estão sujeitas. Este milagre de Jesus nada mais é que um sinal de sua divindade. Jesus, após a multiplicação dos pães, despediu as pessoas e também apartou-se de seus discípulos e ‘retirou-se ao monte para orar’. Um exemplo claro para você que, talvez, se descuide da oração. Atarefado com tantas coisas, preocupado por tantos problemas, jogado daqui para ali por tensões intermináveis, você se preocupa com tudo, menos com a oração. Jesus dá-lhe um exemplo: há tempo para o trabalho, para o apostolado, mas deve haver tempo também para oração. Deve haver tempo para tratar com as pessoas, mesmo por motivos apostólicos ou de evangelização, mas deve haver tempo suficiente para falar a sós com Deus. Já se disse, com muita veracidade, que aquele que não conversa com Deus na oração nada tem a dizer aos homens. É importante também recordar-nos que, antes de falar com os homens a respeito de Deus, é preciso falar a Deus a respeito dos homens. Em determinados casos, as coisas não acontecem de acordo com o que se espera, não tanto porque não se fez o suficiente, e sim porque à ação não juntamos a oração, ao menos a oração suficiente” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

  Pe. João Bosco Vieira Leite