Sexta, 08 de maio de 2020


(At 13,26-33; Sl 02; Jo 14,1-6) 
4ª Semana da Páscoa.

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6).

“Ser-nos-ia difícil guardar o caminho direito... evitando à esquerda o desespero, à direita a presunção, se Cristo não tivesse dito: ‘Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida’. Ele parece nos dizer com isto: ‘Por onde queres passar? Eu sou o Caminho. Aonde queres chegar? Eu sou a Verdade. Onde queres ficar? Eu sou a Vida’. Marchemos, pois, em toda segurança sobre o Caminho; fora dele, ao contrário, temamos as ciladas. No caminho, o inimigo não ousa atacar, porque o Caminho é o Cristo. Nosso caminho é o Cristo humilde; mas o Cristo é também o Deus Altíssimo, eis porque ele é também a Verdade e a Vida. Se andas no caminho da humildade, chegarás ao Deus altíssimo. Se em tua fraqueza não tens desprezo por sua humildade, ficarás cheio de força, no Deus Altíssimo. Estava lá a tua fraqueza, como um obstáculo intransponível, e foi para te livrar dela, que veio a ti um tão grande Médico. Não podias ir a ele, ele veio a ti. Veio ensinando a humildade, esse caminho da volta, porque o orgulho nos impedia de voltar à vida, depois de nos ter outrora feito perder a vida. A inchação do orgulho impedia a volta pela passagem estreita. Jesus, o Caminho, nos grita: ‘Entrai pela porta estreita’ (Mt 7,13). O homem se esforça por entrar, o orgulho o impede. Aceite ele o remédio da humildade e, beba contra o seu orgulho essa poção amarga, mas salutar. Escuta bem. Aquele que te diz: ‘Entrai pela porta estreita’, diz igualmente: ‘Eu sou o Caminho, porque eu sou a Porta’ (Jo 10,7). Por que procurar por onde voltar, aonde voltar, por onde entrar? Não procures de todos os lados. Encontra tudo naquele que por ti se fez tudo. Ele te diz somente: ‘Sê manso, sê humilde. Tudo me foi entregue pelo Pai’ (Mt 11,27). ‘Se desejas tudo possuir, comigo terás tudo. Se desejas o Pai, por mim e em mim terás o Pai’. Certamente Jesus disse: ‘Ninguém conhece o Pai, senão o Filho’. Mas não te desesperes, vem ao Filho. Não acrescentou ele: ‘E aquele a quem o Filho o quiser revelar’. Eu não posso, dizias tu. Tu me chamas aonde eu não possa entrar, porque a passagem é muito estreita! ‘Vinde a mim, responde ele, vós todos que penais sob o peso do fardo. Vosso orgulho é um peso esmagador’” (St. Agostinho – Sermão 142,1-2.5 – Ed. Beneditina Ltda.).

Santo do Dia:
S. Vitor, mártir – Santo Ambrósio, bispo de Milão, pesquisando a história de sua diocese, encontrou nelas personagens ilustres que deu a conhecer através de vários meios. As Atas do seu martírio remontam ao século VIII. Vítor, Nabor e Félix eram três soldados provenientes da Mauritânia e hospedados em Milão. Levados, como outros companheiros seus de milícia e de fé, a fazer uma escolha entre o imperador e Deus, sua escolha foi clara e decidida. Mas sua objeção de consciência só lhe proporcionou a prisão. Após lhe haver feito passar seis dias sem comer e sem beber para debilitar-lhe a resistência, foi arrastado ao hipódromo do circo: não obstante o interrogatório ter sido feito pelo próprio Maximiano Hercúleo e por seu conselheiro Anulino, Vitor permaneceu bem firme na decisão de não sacrificar aos ídolos, resolução que manteve também após uma severa flagelação. Transportado ao cárcere, são Vítor foi ulteriormente atormentado: despejaram-lhe chumbo derretido nas feridas, mas a forte fibra do soldado africano assim não enfraqueceu. Um dia, aproveitando a distração dos carcereiros, conseguiu fugir e foi refugiar-se numa estrebaria situada nas proximidades de um teatro. Mas a estas alturas sua peregrinação estava acabada: descoberto, foi levado a um bosque de olmo, que estava perto, e ali foi decapitado. São Vitor é um dos santos mais queridos dos milaneses, que lhe edificaram igrejas, monumentos. É patrono dos prisioneiros e exilados.   

Pe. João Bosco Vieira Leite