(At 13,26-33; Sl 02; Jo 14,1-6)
4ª Semana da Páscoa.
“Eu sou o caminho, a
verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6).
“Ser-nos-ia difícil
guardar o caminho direito... evitando à esquerda o desespero, à direita a
presunção, se Cristo não tivesse dito: ‘Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida’.
Ele parece nos dizer com isto: ‘Por onde queres passar? Eu sou o Caminho. Aonde
queres chegar? Eu sou a Verdade. Onde queres ficar? Eu sou a Vida’. Marchemos,
pois, em toda segurança sobre o Caminho; fora dele, ao contrário, temamos as
ciladas. No caminho, o inimigo não ousa atacar, porque o Caminho é o Cristo.
Nosso caminho é o Cristo humilde; mas o Cristo é também o Deus Altíssimo, eis
porque ele é também a Verdade e a Vida. Se andas no caminho da humildade,
chegarás ao Deus altíssimo. Se em tua fraqueza não tens desprezo por sua
humildade, ficarás cheio de força, no Deus Altíssimo. Estava lá a tua fraqueza,
como um obstáculo intransponível, e foi para te livrar dela, que veio a ti um
tão grande Médico. Não podias ir a ele, ele veio a ti. Veio ensinando a
humildade, esse caminho da volta, porque o orgulho nos impedia de voltar à vida,
depois de nos ter outrora feito perder a vida. A inchação do orgulho impedia a
volta pela passagem estreita. Jesus, o Caminho, nos grita: ‘Entrai pela porta
estreita’ (Mt 7,13). O homem se esforça por entrar, o orgulho o impede. Aceite
ele o remédio da humildade e, beba contra o seu orgulho essa poção amarga, mas
salutar. Escuta bem. Aquele que te diz: ‘Entrai pela porta estreita’, diz
igualmente: ‘Eu sou o Caminho, porque eu sou a Porta’ (Jo 10,7). Por que
procurar por onde voltar, aonde voltar, por onde entrar? Não procures de todos
os lados. Encontra tudo naquele que por ti se fez tudo. Ele te diz somente: ‘Sê
manso, sê humilde. Tudo me foi entregue pelo Pai’ (Mt 11,27). ‘Se desejas tudo
possuir, comigo terás tudo. Se desejas o Pai, por mim e em mim terás o Pai’.
Certamente Jesus disse: ‘Ninguém conhece o Pai, senão o Filho’. Mas não te
desesperes, vem ao Filho. Não acrescentou ele: ‘E aquele a quem o Filho o
quiser revelar’. Eu não posso, dizias tu. Tu me chamas aonde eu não possa
entrar, porque a passagem é muito estreita! ‘Vinde a mim, responde ele, vós
todos que penais sob o peso do fardo. Vosso orgulho é um peso esmagador’” (St. Agostinho
– Sermão 142,1-2.5 – Ed. Beneditina Ltda.).
Santo do Dia:
S. Vitor, mártir – Santo
Ambrósio, bispo de Milão, pesquisando a história de sua diocese, encontrou
nelas personagens ilustres que deu a conhecer através de vários meios. As Atas do
seu martírio remontam ao século VIII. Vítor, Nabor e Félix eram três soldados
provenientes da Mauritânia e hospedados em Milão. Levados, como outros
companheiros seus de milícia e de fé, a fazer uma escolha entre o imperador e
Deus, sua escolha foi clara e decidida. Mas sua objeção de consciência só lhe
proporcionou a prisão. Após lhe haver feito passar seis dias sem comer e sem beber
para debilitar-lhe a resistência, foi arrastado ao hipódromo do circo: não
obstante o interrogatório ter sido feito pelo próprio Maximiano Hercúleo e por
seu conselheiro Anulino, Vitor permaneceu bem firme na decisão de não
sacrificar aos ídolos, resolução que manteve também após uma severa flagelação.
Transportado ao cárcere, são Vítor foi ulteriormente atormentado:
despejaram-lhe chumbo derretido nas feridas, mas a forte fibra do soldado
africano assim não enfraqueceu. Um dia, aproveitando a distração dos
carcereiros, conseguiu fugir e foi refugiar-se numa estrebaria situada nas
proximidades de um teatro. Mas a estas alturas sua peregrinação estava acabada:
descoberto, foi levado a um bosque de olmo, que estava perto, e ali foi
decapitado. São Vitor é um dos santos mais queridos dos milaneses, que lhe
edificaram igrejas, monumentos. É patrono dos prisioneiros e
exilados.
Pe. João Bosco Vieira Leite