Sexta, 01 de abril de 2022

(Sb 2,1.12-22; Sl 33[34]; Jo 7,1-2.10.25-30) 

4ª Semana da Quaresma.

“Em alta voz, Jesus ensinava no templo, dizendo: ‘Vós me conheceis e sabeis de onde sou;

eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse não o conheceis” Jo 7,28.

“Num processo judicial em suposto réu precisa de alguém ou mais de uma pessoa para testemunhar sobre o que ele depor. A testemunha vai validar ou não as afirmações do réu. Quando é que o ser humano vai usar apenas a sua palavra para ser acreditado, perante a sociedade? Não vim por mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro. É uma afirmação que eu creio, pois, quem a pronunciou também é verdadeiro. Jesus, homem sem pecado, homem de sim, sim, não, não, com todo o seu poder, não foi acreditado por aqueles que andavam com ele, com algumas exceções. Hoje, nos Templos, os guias espirituais, pastores, padres, sacerdotes, são testemunhas de Jesus, do seu sacrifício na cruz para remissão dos pecados. Muitos ainda duvidam dessa pregação, em outras palavras, estão duvidando daquele que é o Mestre dos Mestres. Bem-aventurado quem não viu e creu. Feliz aquele que confia e crê na Palavra de Deus, nas Escrituras e procura conhecer a verdade para se libertar dos grilhões do pecado. Vós me conheceis e sabeis de onde eu sou? Você que está lendo essa devoção, conhece Jesus? Sabe de onde ele veio? Esse Jesus é Filho de Deus vivo que nos amou tanto que não quer que nos percamos. – Meu bom Jesus, abre os meus olhos da fé para aceita-lo como meu Deus Salvador. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 31 de março de 2022

(Ex 32,7-14; Sl 105[106]; Jo 5,31-47) 

4ª Semana da Quaresma.

“Vós mandastes mensageiros a João, ele deu testemunho da verdade” Jo 5,33.

“Jesus nos fala, neste evangelho, do testemunho que dera dele primeiramente João Batista e, depois, o testemunho mais importante do Pai, que o enviou; as mesmas Sagradas Escrituras, que falam de Jesus, e por fim as próprias obras que Jesus realiza são as que dão autêntico testemunho de Jesus. Se tantos e tão qualificados testemunhos não convencem os judeus (protótipo dos não-crentes em Jesus) da verdade das afirmações de Jesus, somente resta uma explicação: não querer ouvir o testemunho de Deus, porque se fecham à fé e se apoiam no seu orgulho. Agora é você aquele que, como verdadeiro discípulo do Senhor, deve dar testemunho dele, de sua doutrina, de sua ressurreição e de sua vivência atual no mundo. Que Jesus não só vive, mas vivifica aqueles que se deixam influenciar por seu Espírito, que é Espírito de vida. Não é que Jesus, como ele mesmo nos adverte, necessite de nosso testemunho, para viver dentro do âmbito da vida, ou como diz Jesus: ‘digo isto, para que vos salveis’. Triste e trágico seria que Jesus tivesse que afirmar também de nós: ‘Vós nunca ouvistes a sua voz nem vistes a sua face...’” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 30 de março de 2022

(Is 49,8-15; Sl 144[145]; Jo 5,17-30) 

4ª Semana da Quaresma.

“Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre?

Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti” Is 49,15.

“Todos nós nos sentimos vivamente chocados quando lemos ou ouvimos a notícia de que um bebê foi abandonado em uma lixeira ou em um terreno baldio. A pergunta que nos salta à boca é esta: ‘Como pode uma mãe fazer semelhante coisa, cometer tamanha atrocidade?’ E logo concluímos que não era uma mãe e simplesmente uma mulher que por mil motivos não pudera carregar consigo o fruto de suas entranhas. Nosso Deus não nos esquece, jamais! Traz-nos no coração, carrega-nos nos braços, alimenta-nos com seu amor, enche-nos de esperança. Não nos esquece em nenhum momento, busca-nos quando nos afastamos dele, transborda de alegria quando regressamos à sua casa, abraça-nos com uma ternura incomparável, e restitui-nos a dignidade que sempre tivemos: a dignidade de filhos e filhas. Dá-nos uma alegria imensa reler esta página de Isaias, que tão bem soube interpretar com palavras e imagens humanas a grandeza de um Deus próximo, presente, atuante amorosamente fiel às suas criaturas. O povo da aliança, que andava perdido sem seu Templo, sem sua terra, e sem o seu rei, ao retornar do exílio, ao ouvir estas palavras, certamente recobrara a fé para testemunhar perante os demais que Deus não o esquecera, que Ele estava presente como uma mãe carinhosa, trazendo-o nos braços para dar-lhe uma vida nova. Ao ler e meditar este texto, que nos provoca uma experiência inaudita do Deus de Jesus, as imagens que fomos construindo de Deus, ao longo de nossa vida e história, como que deveriam ir se desprendendo de nossa fé, para dar lugar àquela que o profeta nos apresentou e que hoje não nos cansamos de repetir: ‘Deus é mais mãe do que pai’. – Deus, pai/mãe de todos nós, damos-te graças porque nos tomas pela mão, abraça-nos com ternura e nos ensina os caminhos da paz e do bem (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 29 de março de 2022

(Ez 47,1-9.12; Sl 45[46]; Jo 5,1-16) 

4ª Semana da Quaresma.

“Jesus viu o homem deitado e, sabendo que estava doente há tanto tempo, disse-lhe: ‘Queres ficar curado?’”

Jo 5,6.

“A presença de Jesus era aquilo que faltava para que o paralítico obtivesse a cura desejada. O imenso desejo de ser curado levou-o, durante 38 anos longos anos, à piscina de Betesda, cujas águas, ao pôr-se em movimento, restituíam a saúde ao primeiro que nelas entrasse. No entanto, por ser paralítico, aquele homem não tinha agilidade suficiente para antecipar-se aos demais doentes. Resultado: permanecia ali, curtindo sua esperança de cura, enquanto outros eram miraculados. A chegada de Jesus abriu-lhe a inesperada perspectiva de ser curado, sem necessidade do contato com as águas revoltas. E o milagre aconteceu. A seguir, obedecendo à ordem de Jesus, ele pegou a cama na qual jazia, e pôs-se a caminhar, sem dificuldades. Este fato evangélico ajuda-nos a descobrir um sentido novo, na paixão de Jesus. Tal qual este doente de Jerusalém, toda a humanidade encontrava-se como que paralisada por causa do pecado, ansiando, ardentemente, pela libertação. Por si mesmas, as pessoas não conseguiriam atingir este objetivo. Necessitaram, pois, da ajuda de Jesus, cuja vida consistiu em colaborar para que todos pudéssemos superar a paralisia do pecado, e caminhar livremente para Deus. Em última análise, todos somos como o paralítico. Só Jesus, por sua morte e ressurreição, pode propiciar-nos a libertação. – Espírito de acolhida, torna-me sensível para eu reconhecer que, pela morte e ressureição de Jesus, o Pai possibilitou a minha salvação (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 28 de março de 2022

(Is 65,17-21; Sl 29[30]; Jo 4,43-54) 

4ª Semana da Quaresma.

“Jesus disse-lhes: ‘Se não virdes sinais e prodígios, não acreditareis’” Jo 4,48.

“Jesus viu que o coração daquele homem poderoso não estava completamente livre dos ranços do seu poder, porque carrega quase sempre consigo o orgulho de poder mandar. Jesus, antes de conceder sua graça milagrosa, quer purificar aquele coração e assim repreende aquele homem: ‘Se não virdes milagres e prodígios, não credes’. Jesus não faz distinção de pessoas; também repreende os poderosos, mas para curá-los. Deus permitirá ocasionalmente que seu coração se entristeça, porém buscando nessa tristeza o seu bem. São Paulo advertia aos coríntios: ‘... agora me alegro, não porque fostes entristecidos, mas porque esta tristeza vos levou à penitência’ (2Cor 7,9). Aquele homem do evangelho soube aceitar a repreensão e confiou no Senhor. Você também deve expor ao Senhor, em sua oração, seus problemas pessoais confiantemente, tirando do seu coração o orgulho. Assim você encontrará Cristo com facilidade e o aceitará sem reservas. Existem os que admiram e elogiam a doutrina e a moral da Igreja; mas não a aceitam de modo vital, porque não a praticam, não acomodam sua vida a essa doutrina e a essa moral” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

4º Domingo da Quaresma – Ano C

(Js 5,9-12; Sl 33[34]; 2Cor 5,17-21; Lc 15,1-3.11-32)

1. A parábola que acabamos de acompanhar, tem, nesse período quaresmal, seu centro de reflexão na figura do pai, não tanto do filho, chamado ‘pródigo’. A ele retornaremos no Tempo Comum.

2. O que logo chama a atenção é esse silêncio diante do filho mais novo que fala, pretende. O pai não diz uma palavra. Um silêncio de amor, respeitoso da liberdade do filho. Aceita o risco da liberdade. Sem liberdade não há amor. Desde o momento que Deus criou o ser humano, Deus já se colou em risco.

3. Nos perguntamos instintivamente: por que não o reteve? Por que não o deixou partir sem nada? A verdadeira paternidade é discrição. Aceita o risco da liberdade. Paternidade não é paternalismo, que é uma deformação. Na tentativa de proteger, acaba sufocando o crescimento do indivíduo, infantilizando o mesmo.

4. No contexto do evangelho, Deus não aparece como um pai que tranca a porta para que os filhos não saiam de noite, mas como uma luz que ilumina, uma bússola misteriosa que orienta o homem em suas escolhas, que não o abandona no exercício da liberdade, ajudando a refazer-se nos eventos que parecem desastrosos.

5. O pai não tem necessidade de partir visivelmente com o filho. Vai com ele de modo escondido, interior, que mais tarde explodirá em saudade. Vem o tempo da espera. Parece que o pai ficou em casa esperando o filho que lhe escapou, perscrutando o horizonte.

6. Na realidade seu coração se foi com o filho, o amor não se resigna com a separação, com a distância. O amor é uma realidade dinâmica, está sempre em movimento. Os passos do perdão chegam mais longe que a distância criada pela ruptura. Deus é aquele que não se resigna com a perda do pecador.

7. É comum olharmos a longa estrada que leva o filho a ‘cair em si’ e resolver voltar, mas essencialmente é o pai o grande caminhante que corre ao encontro do filho, o vê de longe, lhe restitui a dignidade de filho e faz festa.

8. Mas para um filho que retorna de longe, tem sempre um outro filho que sempre esteve dentro, exemplar em sua conduta, mas que não quer reentrar. Que não quer a festa, que não suporta a alegria do pai, que não reconhece o irmão.

9. É o pai que deve sair novamente para convencer o filho obediente. Convencê-lo a mudar o coração, de comungar com sua alegria. Um retorna com a mentalidade de servo e o outro permanece fora com a sua mentalidade de contabilista e não em sintonia com o coração do pai.

10. O pai insiste em dizer que era preciso festejar, por isso sai para procurar aquele que ficou, e recuperar aquele que não se perdeu. Tenta convencer a entrar aquele que é convicto de ‘estar dentro’...

11. Pior do que não estar em comunhão com Deus é achar que está tudo bem, que tudo está no seu lugar. Carregar a falsa segurança de que segue pelo bom caminho numa perfeição executiva, sem alma, sem criatividade.

12. Talvez a conversão mais difícil é a de quem não se acha necessitado de conversão. Por isso a parábola não tem um ‘final feliz’. Este só se dará com a conversão do filho mais velho. Aquele que ficou. Que se acha justo.

13. Podemos nos reconhecer naquele filho que se foi, tanto quanto no filho que ficou em seu trabalho, mas sem alegria e sem amor. Para ambos, a parábola nos apresenta a exigência da conversão. Conversão como capacidade de misturar os nossos passos com aqueles de Deus. De compartilhar esse seu ‘desejo’ de festa. 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 26 de março de 2022

(Os 6,1-6; Sl 50[51]; Lc 18,9-14) 

3ª Semana da Quaresma.


“Dois homens subiram ao templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos” Lc 18,10.

“Na sua doutrina sobre a oração, Lucas não nos transmite apenas as palavras de Jesus sobre o assunto. A própria personalidade do autor transparece também. Lucas não é apenas o ‘literato aberto para o mundo, consciente de seus problemas, que sabe tomar o pulso do seu tempo’ (Ernst, p. 147), ele é também um homem piedoso. A oração é para ele o lugar onde se encontra com Deus e se identifica sempre mais com o espírito de Jesus. A oração, para ele, é também experiência de ressurreição. Isso Lucas nos descreve nos Atos dos Apóstolos, onde ele fala vinte e cinco vezes sobre a oração. A Igreja primitiva era uma comunidade orante. Quando a comunidade orava, o local onde estava reunida estremecia, e ‘todos ficavam repletos do Espírito Santo’ (At 4,31). Quando Pedro estava na prisão, a comunidade orava ‘sem cessar a Deus em sua intenção’ (At 12,5). Deus manda seu anjo para Pedro, e as correntes se desprendem das suas mãos, e a porta se abre. Na oração podemos experimentar a proteção e os cuidados amorosos de Deus no meio das aflições da nossa vida. Na oração participamos do espírito de Jesus. Nela aprendemos a nos voltar para o Pai, como Jesus. Na oração Deus está junto de nós, como Pai e amigo. Na oração experimentamos que temos direito à vida. Somente quem ora entende o que Jesus quis transmitir com sua mensagem e a sua vida. É orando que experimentamos a redenção, pois, na oração, os poderes deste mundo são destronados, e os sentimentos de culpa perdem a sua força. Então os sepulcros se abrem, e ressuscitamos com Cristo para a vida verdadeira, para a vida em Deus” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).   

   Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 25 de março de 2022

(Is 7,10-14; 8,10; Sl 39[40]; Hb 10,4-10; Lc 1,26-38) 

Anunciação do Senhor.


“Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho

e lhe porá o nome de Emanuel” Is 7,14.

“Quando vivemos a Festa do Natal, esta passagem do profeta Isaías é lembrada pelos cristãos no Evangelho de Mateus como sendo o cumprimento da promessa do nascimento de Jesus, o filho de Maria, o Emanuel, o Deus conosco (Mt 1,18-23). Ali, José, num sonho, recebe a revelação de que Maria, com quem estava casado, mas com quem não vivia ainda segundo os costumes de então, estava grávida pelo poder do Espírito Santo e que, por isso, não deveria temer em recebe-la em sua casa como sua esposa e com ela conviver. No sonho também lhe é revelado que o menino deveria receber o nome de Jesus, porque Ele salvaria o seu povo dos seus pecados. E o que fez José? Ele obedeceu a Deus e recebeu Maria e auxiliou-a na tarefa de criar o próprio Filho de Deus. O sinal que Deus dera cumpriu-se como todas as promessas que Ele fez. Deus é fiel, e seu Filho, Jesus, está verdadeiramente conosco. Ele se faz presente em sua Palavra e nos sacramentos. Ele se faz presente pelo Espírito Santo que habita em nossos corações desde o momento de nosso Batismo, quando criança, ou quando alguém nos anunciou, quando adultos, o Evangelho e nele cremos. O Emanuel, o Deus conosco, não nos quer deixar em momento algum. O que pode acontecer é que alguém, que se diz cristão, venha a deixar a companhia de Jesus. Porque este perigo existe, continuemos a buscar forças para a nossa fé, participando das atividades cúlticas de nossa Igreja. Sim, leiamos e ouçamos a sua Palavra, participemos da sua Santa Ceia. Se o fizermos, a fé ficará forte e o Emanuel, o Deus conosco, de fato, continuará ao nosso lado para sempre. Amém. – Senhor Jesus, verdadeiro Deus com o Pai e com o Espírito Santo, obrigado por seres o Emanuel, o Deus que sempre quer estar conosco. Fortalece-nos a fé pelos teus meios da graça e permitas que nunca te abandonemos. Amém (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

   Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 24 de março de 2021

(Jr 7,23-28; Sl 94[95]; Lc 11,14-23) 

3ª Semana da Quaresma.


“Mas se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus” Lc 11,20.

“O Salvador Jesus estava expulsando um demônio de uma pessoa que, em razão disso, não conseguia falar. Assim que o demônio saiu do corpo daquela pessoa, esta começou a falar. Entre a multidão que ficou admirada com o milagre realizado estavam pessoas que disseram que Jesus realizara o milagre pelo poder de belzebu, o diabo. Cristo então argumentou dizendo que não o fizera pelo poder de satanás, que eles estavam enganados, mas que Ele o fizera pelo poder do próprio Deus, e que, por isso, o Reino de Deus chegara até eles. O Reino de Deus chegou até nós também? Com certeza! Ele nos foi trazido pelo testemunho dos colonizadores e sacerdotes que vieram, ao longo dos séculos, à nossa pátria. Eles testemunharam a respeito do Evangelho que proclama o amor de Deus às suas criaturas através da obra realizada por seu Filho, Jesus, verdadeiro Deus com Ele e com o Espírito Santo. Hoje, graças à ação deste mesmo Espírito Santo, fazemos parte de seu Reino e somos pessoas que lutam contra um inimigo comum, o diabo, que nos tenta para que caiamos da fé e sejamos, como ele, condenados. Contudo, Deus, em seu amor, não nos abandona. Pelo contrário, através de sua Palavra nos fortalece a fé e nos guia para que não desviemos de Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida que nos leva ao Pai. Nós temos ao nosso lado aquele que expulsou demônios, que fez por assim dizer correr no deserto o próprio satanás que viera tentá-lo. Ele disse que estaria conosco e Ele está. Por isso, não temamos! Com Ele, seremos vencedores sobre o tentador também. Amém. – Senhor Jesus, eu te agradeço que demostraste teu poder, vencendo o diabo e aos seus anjos. Obrigado por me amares tanto que continuas ao meu lado e ao lado da tua Igreja. Fortalece-nos para que não temamos ao diabo e que, com o teu poder, possamos ser-te fiéis e vencê-lo quando nos tentar. Amém (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 23 de março de 2022

(Dt 4,1.5-9; Sl 147[147B]; Mt 5,17-19) 

3ª Semana da Quaresma.

“Não penseis que vim para abolir a Lei e os profetas. Não vim para abolir,

mas para dar-lhes pleno cumprimento” Mt 5,17.

“Jesus não vem para destruir a lei, nem consagrá-la como intocável, mas para dar-lhe, com seu ensinamento e seu modo de atuar, uma forma nova e definitiva, na qual, por fim, realiza-se em plenitude aquilo para o qual a lei conduzia. O amor, em que já se resumia a lei antiga, passa a ser o mandamento novo de Jesus (João 13,34), e cumpre toda a Lei. Os rabinos dividiam a Bíblia em três partes fixas: a Lei, os Profetas e os Escritos: nesta passagem, Jesus afirma que ele não veio anular os valores normativos do Antigo Testamento: a Lei e os Profetas, mas tornar possível sua plena realização na nova lei evangélica. Não é que a lei de Moisés e al ei evangélica sejam duas leis opostas entre si; são antes uma só lei: a lei de Deus para o homem, em duas etapas; a segunda etapa é de contemplação e aperfeiçoamento da primeira, pois o Antigo Testamento era também uma preparação do Novo Testamento. Certos ritualismos externos ou manifestações exteriores do Antigo Testamento não seriam obrigatório no Novo Testamento, visto que o próprio Jesus corrigiu o critério de servir a Deus apenas exteriormente e, repetidamente, insistiu conosco que não se deve adorar a Deus, a não ser em espírito e em verdade” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 22 de março de 2022

(Dn 3,25.34-43; Sl 24[25]; Mt 18,21-25) 

3ª Semana da Quaresma.


“Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” Mt 18,21.

“Conviver é uma arte. Não basta boa vontade e paciência para que o relacionamento interpessoal seja perfeito. Embora com todas as preocupações, é grande a possibilidade de desentendimento entre pessoas amigas, até mesmo entre cristãos convictos. Entretanto, a questão não reside na ruptura, e sim, na disposição a refazer os laços de amizade rompidos. Ninguém pode garantir que uma única reconciliação seja suficiente para cimenta-los, para sempre. É possível que outras rupturas aconteçam, pelo mesmo motivo. A tendência humana é impor limites bem definidos a esta situação. ‘A paciência tem limite’ – assim justificamos a ruptura definitiva. O discípulo de Jesus defronta-se com a lição de perdoar, toda vez que for ofendido. É exortado a fazer frente a uma tendência humana muito forte, a de não perdoar. O motivo apresentado pelo Mestre é inquestionável: é assim que somos perdoados pelo Pai. Quem se julga tão fiel a Deus a ponto de estar seguro de jamais correr o risco de pecar? Só um insensato poderá ter tal pretensão. Todos somos pecadores e precisamos do perdão de Deus. Da mesma forma, quando alguém precisar do nosso perdão, por respeito a Deus somos obrigados a concedê-lo. Trata-se de dar o que também recebemos. – Espírito de perdão, liberta-me da tendência a colocar limites ao perdão. Pelo contrário, que eu esteja sempre pronto a perdoar a quem me ofendeu (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 21 de março de 2022

(2Rs 5,1-15; Sl 41[42]; Lc 4,24-30) 

3ª Semana da Quaresma.


“Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria” Lc 4,24.

“Estas palavras põem em evidência a incompreensão e a recusa de que foram objeto as palavras de Jesus e seus ensinamentos por parte dos seus concidadãos. O homem busca a Deus para servir-se dele. Quando não lhe é útil, despreza-o. Deus se aproxima dos estranhos, daqueles que ainda não o conhecem e, por isso, não o fazem à sua imagem e semelhança. Deus não é uma máquina. Deus é alguém, uma família (a Trindade), sempre original, que inesperadamente entra em nossa vida. Deus quebra esquemas, destrói tranquilidades e coloca o homem no grande risco da fé. A resposta do homem a Jesus foi o ódio. Jesus era um corpo estranho, que quebrava a paz e a falsa segurança perante Deus. Se Jesus foi recusado pelos seus, não estranhe que também você deva experimentar essas recusas, não só de sua própria pessoa, mas também da mensagem de salvação evangélica que você apresenta em sua atividade como apóstolo do Senhor.   Não deve deixar de realizar sua ação apostólica e não deve deixar de manter, a qualquer custo, a verdade e a integridade da doutrina de Jesus, pois a missão do apóstolo não é lisonjear, nem agradar, mas ensinar e dirigir” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

3º Domingo da Quaresma – Ano C

(Ex 3,1-8a.13-15; Sl 102[103]; 1Cor 10,1-6.10-12; Lc 13,1-9).

1. O tema da conversão está na pauta do dia do nosso evangelho que nos provoca e inquieta com essa parábola da figueira que não dá frutos. Quem vem procurar frutos nessa árvore que nos representa não é só Deus. Ele tem a mania de delegar inumeráveis indivíduos que atravessam a nossa estrada para ver se há frutos.

2. Todos têm o direito de encontrar, na existência de um cristão, qualquer coisa de boa que o ajude a viver, que o alimente, que lhe traga esperança.

3. A parábola quer nos lembrar que o cristianismo não é um fato privado, onde desenvolvemos nossas observâncias religiosas para sentir-nos seguros. Não se trata de cultivarmos nosso jardim religioso para uma satisfação pessoal ou para homenagear a Deus.

4. Ser cristão significa estar ‘exposto’, pois todos têm o direito de encontra em nós o cultivo de um pedacinho desse Reino de Deus. Desse deserto que transformamos em terra fértil. Todos passam a ter o direito de estender a mão para os frutos dessa árvore.

5. O terreno em que estamos plantados é constantemente atravessado por milhares de pessoas que, em suas experiências de vida, buscam em nós elementos concretos de justiça, honestidade, perdão, lealdade, coerência, e também a capacidade de reconhecer nossos próprios defeitos.

6. São as nossas ações que indicam que o nosso Deus é um Deus de justiça, de misericórdia, de verdade, de amor. Ou pode ser que a figueira que nós somos só tem produzido desilusão em todas as estações. É rica em muita folhagem e vazia em frutos concretos.

7. O texto nos vem a propósito na quaresma para recordar-nos que esse tempo é de penitência, de cavar em volta, colocar adubo. Eu sei que é uma palavra fora de moda, esvaziada em seu sentido. Mesmo assim ela permanece presente no vocabulário cristão. Ela se traduz em mortificação e sacrifício.

8. A mortificação, para quem acolhe a mensagem de Cristo com seriedade, é sempre atual. Sacrifícios não são extravagâncias, como alguns querem entender. A ‘porta estreita’ que nos fala o evangelho, sempre reclama o excesso inútil, ou a certas comodidades, às quais não queremos renunciar.

9. A mortificação não deve reduzir-se a processo doloroso que tem o fim em si mesmo. Sua função é gerar vida, um serviço ao próprio crescimento, não ao aniquilamento. Mortificar, quer dizer, dar à morte, tudo aquilo que obstaculiza a vida, que bloqueia a plenitude, que distorce o sentido. Que não permite ser eu mesmo.

10. Algo que é sempre doloroso, mas que é para a vida. Quem faz a poda sabe disso, quem se deixa podar, ama a vida. Quando ‘viver’ deixar de ‘estar na moda’, podemos deixar de lado a mortificação. Não esqueçamos que as privações que mais agradam a Deus são aquelas que beneficiam os outros. São eles que colhem os frutos.

11. O nosso jejum é válido diante de Deus quando alguém vem saciado por causa dele. Se podemos sempre apelar à paciência de Deus, que espere um pouco, que nos conceda mais um crédito de confiança, aqueles que nos cercam nos apressam em sua impaciência, estendendo sua mão para alcançar algum fruto...

12. Somente contando com a paciência de Deus e a impaciência dos outros, a nossa figueira terá a possibilidade de não estar ocupando de maneira abusiva o terreno em que se encontra... Afinal de contas, que árvore somos nós?

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 19 de março de 2022

(2Sm 7,4-5.12-14.16; Sl 88[89]; Rm 4,13.16-18.22; Mt 1,16.18-21.24).

São José, Esposo de Nossa Senhora

“Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo” Mt 1,16.

“A festa de São José cai sempre durante a Quaresma. Por isso não é celebrada em domingo. Nalguns países é dia santo de guarda. Muito cedo ele ocupou um lugar especial na devoção popular. Nas celebrações litúrgicas, ele começa a ser lembrado no século IX. A festa no dia 19 de março foi fixada pelo Papa franciscano Sixto IV (+ 1484), o mesmo que mandou fazer a famosa capela Sixtina. Provavelmente escolheu esse dia porque era, desde os tempos da Roma pagã, o dia dos artesãos. O Papa Gregório XV, em 1621, elevou a festa a dia de preceito. A festa permaneceu como dia santo até a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Ela recebera grande destaque, quando o Papa Beato Pio IX, em 1870, dera a São José o título de ‘Padroeiro da Igreja Universal’. Os grandes propagadores da festa foram os Franciscanos e os Carmelitas. Os Carmelitas conseguiram, em 1680, uma segunda festa: a do Patrocínio de São José, adotada de imediato por algumas Ordens, como as dos Franciscanos. Pio IX, em 1847, a estendeu a toda a Igreja. Celebrava-se com solenidade na quarta-feira da terceira semana da Páscoa. Em 1955, Pio XII consagrou a São José também o dia 1º de maio, Dia Internacional do Trabalho, dando-lhe uma missa própria, que acentua sua qualidade de operário-carpinteiro. Embora os Evangelhos falem pouco de José, todos os Papas dos últimos séculos o destacaram com encíclicas, cartas apostólicas e exortações. Não pelos dados biográficos que temos, mas pelas suas qualidades humanas e, sobretudo, pela sua presença ativa no mistério do Cristo redentor. Depois de Maria, foi a pessoa que mais teve a ver com a educação e preparação para a vida pública do Filho de Deus. Jesus levou uma vida normal em sua casa de Nazaré, tanto do ponto de vista do crescimento físico, como quanto de crescimento na piedade, na vida escolar e civil. E todos sabem a influência do pai, ainda que adotivo, sobre o desenvolvimento de uma criança. Podemos, portanto, pressupor que José não só deu a Jesus a linhagem legal da família de Davi, mas também toda uma linha de comportamento, tanto na dimensão para Deus quanto na dimensão para o próximo. José deu também uma profissão a Jesus. Todo rabino, além de formado em ‘Leis e Profetas’, tinha uma profissão. Jesus, de profissão, foi carpinteiro, como São Paulo, de profissão, foi fabricante de tendas (At 18,3). E a profissão aprendeu-a de José. Escreveu o Papa João Paulo II na Exortação Apostólica sobre São José: ‘O texto evangélico especifica o tipo de trabalho, mediante o qual José procurava garantir o sustento da família: o trabalho de carpinteiro... Aquele que era designado como o filho do carpinteiro (Mt 13,55) tinha aprendido o ofício de seu pai legal’ (n. 22). Há gente que viu no ofício de carpinteiro um símbolo de toda a sua missão: a de construir a nova família de Deus, o novo templo da presença do Senhor no meio da humanidade. Na verdade, Jesus tinha muito a consertar. Dele foi que o Apocalipse disse: ‘Devo renovar todas coisas’ (Ap 21,5). A Igreja é um edifício sempre em construção até o fim dos tempos. Fica-lhe muito bem São José carpinteiro, mestre-escola de Jesus, como patrono” (Frei Clarêncio Neotti, OFM – Ministério da Palavra – Vozes).               

Pe. João Bosco Vieira Leite 

Sexta, 18 de março de 2022

(Gn 37,3-4.12-13.17-28; Sl 104[105]; Mt 21,33-43.45-46) 

2ª Semana da Quaresma.

“Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: ‘Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo’”

Mt 21,41.

“Em 1º julho de 94, foi instituída a nova moeda brasileira, o real. Entramos numa nova era econômica. A palavra de ordem é lucro. Quem perde? Quem ganha com a nova moeda? Até parece que Jesus lia os ‘Jornais’ da sua época, pois estava com os assuntos sempre em dia. A parábola contada por Ele foi dos lavradores homicidas. Homens gananciosos, sem escrúpulos e respeito à propriedade alheia. Conta a parábola: - Um dono de muitas áreas de terra queria sair de sua cidade e arrendou essas terras a lavradores, para que cuidassem, plantassem e lhes dessem lucros, ao voltar da viagem. E as terras produziram muitos frutos com o trabalho dos lavradores. O dono voltou à cidade e quis receber o seu lucro, de direito. Os empregados interesseiros, ambiciosos, mataram a todos que foram pegar os lucros do dono da terra. Até o filho do dono foi morto por eles. O dono da terra, vendo o seu filho morto, tomou uma posição: perecer de morte horrível os malfeitores e arrendar as terras para outros lavradores que lhes deem os frutos a seu tempo. Deus é dono de nossas vidas e nós somos seus mordomos. Somos seus ‘lavradores’, cuidamos cada dia do nosso corpo, zelamos, pois queremos uma boa apresentação diante das pessoas. Temos liberdade de fazermos da nossa vida o que bem queremos. Porém, não nos esqueçamos de que essa vida não nos pertence – somos os mordomos fiéis, leais e queremos dar conta a Deus de um corpo sadio e que produziu boas ações em benefício do próximo e engrandecimento do nome de Deus. – Meu Jesus, que eu possa ser um mordomo fiel. Ajuda-me a saber administrar os meus bens e a minha vida para o engrandecimento do teu reino aqui na terra. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 17 de março de 2022

(Jr 17,5-10; Sl 01; Lc 16,19-31) 

2ª Semana da Quaresma.

“Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez,

os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado” Lc 16,25.

“Você acredita em céu e inferno? Imagino que você já tenha ouvido, da mesma forma que eu, esta pergunta de alguém. Para mim ela já foi feita de maneira debochada, como se eu fosse um louco por acreditar nisso. Pois é de céu e inferno que Jesus fala na Parábola do Rico e Lázaro. O rico foi para o inferno. Não por ter sido rico. Houve e ainda há ricos que são cristãos e por isso vão para o céu. Mas este foi para o inferno porque não cria em Deus, fato comprovado porque não amava o seu próximo, o pobre Lázaro, que muitas vezes esteve a mendigar na porta de sua casa. O pobre foi para o céu, não por ter sido pobre. Existe muito pobre nesse mundo que, ao contrário de Lázaro, não crê naquilo que sua Palavra revela. Aliás, quando o rico pede para que alguém saia dentre os mortos para avisar os irmãos para que não sigam o caminho que ele seguiu, e se salvem, a palavra de Pai Abraão foi uma só: Para isso eles têm Moisés e os profetas, isto é, eles têm as Escrituras Sagradas. Que eles as ouçam. Sim, céu e inferno existem. Para se chegar ao céu, faz-se necessário ouvir as Escrituras Sagradas. E elas são claras neste sentido quando apontam para Jesus Cristo como sendo o caminho, a verdade e a vida, e que se chega ao Pai, ao céu, somente por meio dele. Sim, quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer, será condenado, irá parar no lugar de tormentos sem fim no qual o rico se encontrava. Que você e eu creiamos em Jesus de todo coração. Isso nos garantirá que não iremos para o inferno, mas sim, para o céu. Amém. – Senhor Deus, obrigado que nós conhecemos Moisés e os profetas, a tua Palavra, e cremos no Evangelho que nos salva do inferno. Como é bom saber que um dia estaremos contigo no céu. Conserva-nos nesta fé, por amor a Cristo. Amém (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 16 de março de 2022

(Jr 18,18-20; Sl30[31]; Mt 20,17-28) 

2ª Semana da Quaresma.

“Então Jesus lhes disse: ‘De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou” Mt 20,23.

“Jesus não impõe condições acima de nossas forças: Ele dá a força para o seguirmos, como discípulos e discípulas fiéis. Mas o chamado é urgente e ao mesmo tempo desafiante. Subindo para Jerusalém, Jesus sabe o que o aguarda. Sabe que terá que enfrentar os poderes deste mundo, que terá que chegar às últimas consequências de sua paixão por Deus e pela humanidade. Não vacila! Segue firme, porque sua opção não se desvanece diante das dificuldades. Como os apóstolos, a mãe dos filhos de Zebedeu não entendera o drama que se estava delineando na vida de Jesus. Ingênua, ou, quem sabe, presunçosamente, a mãe quer ver os seus filhos em lugares de poder e de destaque; deseja que sejam legitimamente constituídos ‘ministros’ do Reino que Jesus vinha pregando. Jesus lhe responde com sabedoria e, ao mesmo, marca o caminho que devem trilhar seus seguidores. Não há alternativas válidas e menos válidas: o caminho do Mestre é o do serviço, da busca do Reino de justiça para todos, da vida plena e feliz. Para isto, entrega a vida: bebe o cálice da paixão, sorve o último gole da gota amarga da ignominia, do desprezo, e da cruz até à morte. Seriam os filhos de Zebedeu capazes de beber este cálice? Seria capaz disto a comunidade de Mateus, que já enfrentava conflitos de poder? Seremos capazes nós, discípulos e discípulas de Jesus, hoje, atuantes em nossas igrejas? Ou nos deixamos mover pelos interesses deste mundo, esquecendo-nos que temos de viver para servir, assumindo seguir as pegadas de Jesus, pobre, humilde e crucificado. – Jesus, Tu que tomaste o cálice da dor e da amargura para nos dar vida plena, ajuda-nos a servir prontamente e com humildade aos necessitados, empenhando-nos a fazer deste mundo um lugar de paz e solidariedade (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 15 de março de 2022

(Is 1,10.16-20; Sl 49[50]; Mt 23,1-12) 

2ª Semana da Quaresma.

“Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos”

Mt 23,8.

“No contexto bíblico da passagem que você acabou de ler, Jesus se referia aos escribas e aos fariseus, autoridades judaicas que ensinavam ao povo as verdades do Antigo Testamento, sem, contudo, praticá-las (cf. Mt 23,1-12). Eles gostavam de ter os primeiros lugares nas sinagogas e nos banquetes, ser notados pela sociedade, mas não entortavam um dedo, isto é, nada faziam em favor do seu semelhante, muito pelo contrário. Além disso, Jesus afirmou que gostavam de ser chamados de ‘mestres’ em público. Era assim, como essas pessoas, que os seguidores de Jesus, os seus discípulos, não deviam se comportar. Antes, deviam ser humildes e verdadeiros, porque somente um era o mestre deles, a saber, o próprio Cristo. Ser humilde e não querer aparecer é algo que muitas pessoas não querem. O negócio é ser notado, paparicado, enfim, estar ‘por cima da carne-seca’. No entanto, é precisamente isso que Jesus não quer de nós, seus seguidores. E por quê? Porque ele é o Mestre, ele é quem está acima de nós. É dele que depende nossa salvação, nossa vida eterna. Eu não devo querer ser mais que meu semelhante na Igreja porque nela não somos mais nem melhores do que os demais: somos irmãos uns dos outros pela fé em Jesus. Sim, é isso que Jesus quer de mim e de você: humildade, e deixar que o nome dele cresça e seja exaltado pelos demais. Sim, ele espera de nós a humildade de ouvir o seu ensino de Mestre e de segui-lo na certeza de que nele crer, esse será de fato salvo. Amém. – Querido Mestre Jesus, a minha natureza humana, eu o confesso, gosta de aparecer. Gosto de ser notado, elogiado e honrado pelos que me cercam. Eu sei que Tu não o queres. Por isso, arrependido deste orgulho todo, peço-te que me perdoes e me ajudes a ser e me manter humilde. Continua sendo o meu Mestre e fortalece minha fé para que eu te siga fielmente. Por amor de ti mesmo, ouve minha oração. Amém (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 14 de março de 2022

(Dn 9,4-10; Sl 78[79]; Lc 6,36-38) 

2ª Semana da Quaresma.

“Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso” Lc 6,36.

“O cristão tem consciência de que suas ações superam os limites das relações humanas, para desembocar no Pai. Por isso, todo gesto humano, sem exceção, tem algo a ver com Deus: deve inspirar-se nele, de quem receberá o prêmio ou o castigo. O eixo fundamental da vida cristã deve ser a misericórdia. O motivo é simples: a misericórdia é o eixo fundamental do agir do Pai. E, pela misericórdia, o cristão reproduz um modo de ser característico de Deus. Jesus indicou-nos algumas maneiras de expressar a misericórdia: não nos tornar juízes do próximo, e por conseguinte, abster-nos de condená-lo; perdoar sempre, e sermos capazes de doar nossos bens, com generosidade. A misericórdia, portanto, consiste em colocar-se diante do próximo com a humildade de quem se sabe servidor, e com a consciência de não ter o direito de julgá-lo e condená-lo. Isto compete ao Pai. A pessoa misericordiosa está sempre disposta a reatar, mediante o perdão, os laços rompidos pela inimizade. A contrapartida da misericórdia humana é a misericórdia divina. O Pai não julga nem condena a quem foi capaz de ser misericordioso. Perdoa a quem foi capaz de perdoar. E a quem soube doar, dá com superabundância. O cristão não pode perder de vista esta dimensão de seu agir. A falta de misericórdia resultará fatal, no momento de seu encontro com o Pai. – Espírito de misericórdia, reveste todas as minhas ações com a misericórdia, característica do Pai, levando-me a ser, para o meu próximo, a revelação da bondade divina (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

2º Domingo da Quaresma – Ano C

(Gn 15,5-12.17-18; Sl 26[27]; Fl 3,17—4,1; Lc 9,28-36)

1. O episódio da Transfiguração está em estreita conexão com o anúncio da Paixão de Jesus, já próxima, e da exigência, da parte dos discípulos, em seguir a Cristo nessa via de negação de si mesmo e da cruz. Os apóstolos ficaram profundamente perturbados com esses discursos de Jesus.

2. E assim temos essa ‘teofania’, manifestação, revelação de Deus. Uma experiência antecipada da glória de Jesus, cujos elementos caracterizam por uma luz brilhante e uma palavra, que é o ponto culminante da revelação: ‘Este é meu Filho, o escolhido. Escutai o que ele diz’.

3. Essa mensagem é particularmente importante para esse três privilegiados e seus companheiros. Pois deverão seguir um Messias que agora veem envolto em glória, transfigurado, mas que logo lhes aparecerá humilhado, condenado, desfigurado, a ponto de não parecer um homem.

4. É necessário escutá-lo, mesmo quando propõe um itinerário difícil, fora do nosso gosto. A identidade de Jesus nos vem revelada depois que Moisés e Elias desaparecem. Que é também sua missão, que se põe em continuidade, mas também ruptura, superação, em relação a Moisés e Elias. Uma missão única.

5. Percebemos que os discípulos estranhamente, estão dormindo. O mesmo que acontecerá no monte das Oliveiras. Pedro desperta meio confuso e confusamente sugere eternizar aquele momento, sem perceber que esse momento constitui um ponto de partida e devem descer da montanha e caminhar.

6. Tomo aqui essa ideia de Pedro em erguer tendas. É curioso que nós humanos, desde sempre, nos preocupemos em construir, edificar um lugar para Deus que, ao contrário, desceu do céu para habitar na nossa casa, na nossa vida, no meio de nossas atividades diárias. E assim foram se edificando prédios magníficos.

7. A projeção das tendas por Pedro, talvez corresponda ao desejo inconsciente de manter Deus a uma certa distância, circunscrever a sua presença em lugares e tempos bem definidos. Mas Deus, desde a encarnação, escolheu um outro modo de presença que é aquela de cada dia.

8. Dizia um idoso sacerdote que o mistério mais difícil de digerir não é aquele da Santíssima Trindade, mas o da Encarnação. Quem quer ter Deus assim tão próximo? Alguns certamente preferem encontrar a Deus na casa dele e não na sua própria habitação.

9. Preferimos ir lá, estarmos de joelhos por um momento, depois levantar-se e seguir a própria estrada, sem riscos de tê-lo ao seu lado a todo momento. Um Deus sob uma tenda não incomoda, não perturba ninguém.

10. Estar com Deus na montanha pode ser agradável. Chato é quando Ele desce depressa e nos coloca no chão de cada dia em meio as pessoas. E nos propõe estar sob a nossa tenda e juntos olharmos as situações de cada dia. Oxalá não nos sintamos mal com esse jeito de Deus querer estar conosco...       

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 12 de março de 2022

(Dt 26,16-19; Sl 118[119]; Mt 5,43-48) 

1ª Semana da Quaresma.

“Eu, porém, vos digo, amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem” Mt 5,44.

“C. G. Jung interpretou o preceito de Jesus de amar os inimigos como uma ordem para amarmos em primeiro lugar o inimigo dentro de nós mesmos. Só então seremos capazes de amar também o inimigo fora de nós, porque veremos no inimigo que nos quer mal um irmão ou uma irmã que é dominado pelos mesmos impulsos destrutivos de agem dentro de nós mesmos. Descobrimos neles o mal que antes já tínhamos descoberto em nós mesmos. Muita inimizade nada mais é do que o resultado de uma projeção. O outro projeta sobre mim aquilo que ele não consegue aceitar em si próprio. Quem se conhece e aceita a si mesmo recebe a projeção sem se deixar dominar por ela. Ele não se torna inimigo daquele que lança o seu lado agressivo sobre ele. Antes, vê no outro aquele que gostaria de estar em paz consigo mesmo e com a sua vida. O amor aos inimigos não implica não poder impor limites a eles. Não faz bem ao ser humano extravasar sem restrições suas tendências destruidoras. Ele precisa dos limites que outros lhe impõem, mas, ao mesmo tempo, precisa do amor que é capaz de curar a agressividade que está dentro dele” (Anselm Grün – Jesus, Mestre da Salvação – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 11 de março de 2022

(Ez 18,21-28; Sl 129[130]; Mt 5,20-26) 

1ª Semana da Quaresma.

“Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus,

vós não entrareis no Reino dos céus” Mt 5,20.

“É indispensável uma justiça mais plena que a dos escribas e fariseus para entrar no Reino de Deus. Para Jesus a ‘justiça’ é mais ampla e profunda do que nós a entendemos: compreende toda atitude e comportamento espiritual e moral dos seres humanos, é sobretudo ‘fraternidade’, vivida como ‘filiação’ em relação a Deus. Só assim o ser humano é verdadeiramente ‘justo’ para com o irmão. Não basta não matar! Irar-se, odiar, insultar é gravemente condenável. Não se pode honrar a Deus se não se está bem com o irmão. O verdadeiro culto a Deus é dar o primeiro passo para se reconciliar com seu irmão, ainda que seja você o ofendido. Se leva uma contenda ao tribunal, pagá-la-ás. Não há verdadeira justiça sem amor, porque o amor é a primeira dívida. A entrada no ‘Reino dos Céus’ consiste em respeitar todos os ‘direitos do ser humano’, procurar a autêntica ‘promoção humana’ no espírito de Cristo. Assim, já na terra, construímos a realidade que chamamos de céu. Como ter uma justiça maior que a dos escribas, mestres da Lei, que procuram a justiça no estudo e no ensino, e passam a vida a descobrir nas Escrituras a vontade de Deus? Justiça maior que a dos fariseus, membros de um partido religioso que quer observar a lei com grande zelo, e visa mais a prática da justiça que à teoria? Porventura Jesus pede aos seus discípulos coisas impossíveis? Não se pode fazer mais do que eles, mas pode-se fazer melhor! Deve-se procurar a justiça através do perdão e do amor gratuito, que vá além dos méritos. Justiça que leve em conta não só as ações, mais ainda as intenções. Os sentimentos do coração – diz Jesus – bastam para tornar o ser humano réu de juízo e, por outro lado, as práticas externas para nada servem, se não brotam de corações que amam. – Permita-nos, bondoso Deus, amar como Jesus amou. Se a mim isto parecer tarefa impossível, faze-me sempre lembrar das palavras: ‘Quem crer em mim, fará as coisas que eu faço e ainda maiores’. Amém (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 10 de março de 2022

(Et 4,17; Sl 137[138]; Mt 7,7-12) 

1ª Semana da Quaresma.

“Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem!” Mt 7,11.

“Quando falamos em orar, não nos detemos no que costumamos pedir a Deus nas nossas preces. Nesse texto, vamos falar na confiança ao orarmos e o que costumamos pedir a Deus. O cristão ora a Deus a santificação, aceitando a vontade de Deus em sua vida, aceitando as respostas que Ele dá às suas petições. Na nossa prece, pedimos o pão para alimentar os nossos corpos, e o pão espiritual para alimentação do espírito. Ao orar, devemos pedir perdão pelos pecados praticados cada dia contra Deus e o próximo. Oramos, pedindo a Deus que nos livre da tentação no trabalho, no lar, no lazer, em qualquer momento. Pedimos ao bom Deus que nos livre do mal. E Deus, que é bondade, vai nos dar uma resposta à nossa oração, aquela que vai ser melhor para nós. Por quê? Porque, se nós, que somos pecadores, maus, procuramos dar o melhor para os nossos filhos, quanto mais o Pai, que é misericordioso, vai dar aos seus filhos as coisas boas necessárias. Saber aceitar a resposta dada por Deus às nossas orações é estar preparado para ouvir a voz de Deus. – Senhor Deus, obrigado por estar pronto a responder às minhas orações. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 9 de março de 2022

(Jn 3,1-10; Sl 50[51]; Lc 11,29-32) 

1ª Semana da Quaresma.

“No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão.

Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”

Lc 11,32.

“Os contemporâneos de Jesus não fizeram muito caso da sua pregação. Quando confrontados com a exigência de conversão, colocavam em dúvida a pessoa do Mestre, exigindo dele sinais que comprovassem sua autoridade. No fundo, a geração perversa daquele tempo não estava disposta a abrir mão se seus esquemas, e a acolher a proposta que lhe era apresentada. As exigências de Jesus eram vistas com desprezo por quem se sentia seguro, apegado às próprias ideias, e convencido da própria salvação; por quem havia reduzido Deus aos limites da própria mentalidade, um Deus que já não tinha mais força para questionar; por quem cultuava a tradição, apegando-se ao passado. A censura de Jesus a seus contemporâneos evidencia que eles tinham perdido uma grande chance oferecida por Deus. Até mesmo os habitantes de Nínive, apesar de serem pagãos, deram ouvido a Jonas; e fizeram penitência, após a pregação do profeta. Mesmo a rainha de Sabá, vinda de longe, fora ter com o rei Salomão – homem extraordinariamente sábio –, a fim de ser instruída por ele. A geração do tempo de Jesus, ao invés disso, fechou-se, decididamente, diante do convite que lhe era feito, chegando até a suspeitar do Mestre. A prudência nos recomenda a estarmos atentos aos apelos de Deus, para que não tenhamos de lamentar a chance perdida. Diante do convite de Jesus, é necessário converter-se, sem demora. – Espírito de prudência, faze-me acolher, sem demora, o convite de Jesus, de modo que eu não perca a chance de converter-me ao evangelho da salvação (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite