Terça, 31 de março de 2020


(Nm 21,4-9; Sl 101[102]; Jo 8,21-30) 
5ª Semana da Quaresma.

“Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que é do seu agrado” Jo 8,29.

“Não se pode compreender nada do que foi a existência de Jesus Cristo, se não se considera que uma força o levantava de dentro, e lhe permitia superar a aflição ou o medo. Esta força era a vontade do Pai dos céus. O Evangelho de S. João explicita a consciência que Jesus tinha dela. Em todos os momentos de prova, Jesus se recoloca em face dessa Vontade. Ela é como o lugar interior, a casa em que ele habita e onde encontra paz, coragem e certeza. ‘Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então conhecereis que eu sou do alto, e que não faço nada de mim mesmo... Porque Aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque faço sempre o que lhe agrada’ (Jo 8,28-29). Esta convicção transforma para Jesus o desastre em vitória. Pois o que conta realmente para ele, não é nem obter sucesso junto das multidões, nem se impor aos fariseus e aos Escribas, nem mesmo ser rodeado por grupos de admiradores, mas sim, cumpri até o fim a Missão recebida. ‘Meu alimento é fazer a vontade do Pai, e realizar a sua obra’ (Jo 4,31). O grande meio de ação de Jesus é a sua obediência. É por ela que ele participa do poder de Deus e nos mostra que esse poder não é para a morte, mas para a vida. É obedecendo que Jesus transforma o curso da História, quebra as forças do mal ligadas contra si, e abre aos homens as perspectivas dum mundo fraterno. Nós o vemos também transformar em vitória o malogro que lhe é imposto pela recusa dos homens. A multidão pode se dispersar, decepcionada, após ter escutado as suas palavras. Isto não impede que elas fiquem e tenham um outro valor que o mero entusiasmo dum dia. Lisonjeando os seus ouvintes, Jesus teria conhecido um êxito bem efêmero. Dizendo-lhes o que é a vontade do Pai, ele lhes traz uma certeza. Ele atinge, então, para lá deles mesmos, todos aqueles que, no curso dos séculos, terão necessidade de saber que é Deus e como ela faz viver. De outro lado, não buscando aprovação senão d’Aquele que o enviou, Jesus é livre em relação ao juízo dos homens. Pode afirmar que é reto e o que é injusto, sem temer quem quer que seja” (A. Brien – Jésus Christ, ma liberté – Centurion 1972). 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 30 de março de 2020


(Dn 13,1-9.15-17.19-30.33-62; Sl 22[23]; Jo 8,1-11) 
5ª Semana da Quaresma.

“Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atira-lhe uma pedra” Jo 8,7b.

“Excluir Deus de qualquer experiência; não viver de acordo com o ser profundo; fugir da coerência e da autenticidade nos atos e vivências; deixar de investir no lado espiritual; tudo isto pode ser um caminho que aproxima o humano do erro. Ceder às exigências da fraqueza e do caminho agradável em tudo; não procurar meios para viver o sadio, o puro, o transparente; tudo isso pode manchar a beleza do existir. Acomodar-se num estado de passividade total e ser pobre de qualidades; fazer a débil vontade ceder aos apelos sedutores dos sentidos; deformar a humanidade entregando-se facilmente aos desvalores; tudo isto diminui o poder de ser melhor. Usar a liberdade para negar a verdadeira liberdade; empobrecer aquela riqueza natural que toda pessoa tem; dizer um não radical à vida; tudo isto afasta do caminho das virtudes. Não procurar a qualidade dos bons relacionamentos; não acreditar profundamente no humano; não investir na estima positiva; tudo isto pode levar a um vazio existencial muito grande, a uma agressividade que sempre ataca o outro nas pedras que caem para justificar a própria fraqueza. Isto é pecado! Descarregar nos outros as pedras do próprio vazio, da própria insignificância! Vencer tudo isto é vencer-se, é conquistar serenidade e raça; é não ter motivos para machucar a beleza natural da vida. O pecado atira pedras; a graça ajunta as pedras e constrói a casa acolhedora do amor. – Senhor, que eu jamais seja uma presença pesada e agressiva. Dá-me a tranquilidade daqueles que vivem a verdadeira presença que vem de um coração bom e puro. Amém (Vitório Mazzuco Filho – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

5º Domingo da Quaresma – Ano A


(Ez 37,12-14; Sl 129[130]; Rm 8,8-11; Jo 11,1-45).

1. Esse último domingo quaresmal nos lança para a Semana Santa, que esse ano vivenciaremos de um modo totalmente novo diante da pandemia que atravessamos. E exigirá de nós um maior esforço de comunhão com a Palavra e a liturgia desses dias, em casa.

2. A reflexão desse domingo traz ainda um acento batismal. Não esqueçamos que toda a liturgia da Palavra nesse ano A tem em conta os catecúmenos (adultos que se preparavam de forma imediata para o batismo na Vigília Pascal).

3. Por isso, o milagre realizado por Jesus é sinal que Ele, por seu Espírito, nos dá a vida, pelo batismo, como antecipação e garantia da nossa ressurreição final. Quem bem resume isso para nós é Paulo na 2ª leitura. A profecia de Ezequiel, ainda que situada num contexto histórico, se realiza de modo pleno em Jesus.

4. Sim, ainda estamos nessa auto revelação de Jesus iniciada desde seu encontro com a Samaritana. Sua condição divina se acentua de modo particular e a nosso favor: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra viverá”.

5. Mas também aqui se revela a sua humanidade que se comove e chora por causa da morte de um amigo. O divino e o humano se misturam e se revelam para não só ser solidário, mas para restaurar e resgatar da morte.

6. A finalidade desse sinal realizado por Jesus aponta para a fé, pois a ressurreição e a vida é somente para quem acredita em Cristo como Messias e Filho de Deus. Fica a pergunta para nós: “Crês isto?”.

7. Todo o evangelho de João é um grande testemunho da fé em Jesus para que outros venham a crer e possam experimentar em si a Vida (cf. Jo 20,31). 

8. É inevitável não pensar na morte nesses últimos tempos com o número sempre crescente. Se não pensamos na nossa, ao menos a experimentamos particularmente quando toca a pessoas próximas a nós. Em cada adeus definitivo algo muito nosso morre dentro de nós.

9. “A morte biológica, o seu anúncio paulatino em múltiplas doenças, a sua presença brutal nos acidentes, e a sua manifestação em tudo que é negação da vida, violação da dignidade e dos direitos da pessoa, constitui o mais pungente dos problemas humanos” (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo  Ano A – Paulus).

10. É certo que aspiramos viver, e muito, mas sabemos o que nos espera, por isso não cessamos de buscar uma resposta para o inevitável. São muitas as crenças e suas respostas. Atitudes dizem de nossa crença, do nosso medo, do silêncio ou da completa falta de crença em algo que virá depois...

11. Nesse cenário está Jesus como única resposta ao sentido da vida e da morte que carregamos. É nessa comunhão com Sua pessoa que somos tocados, em corpo e espírito, nesta vida e na futura. Tudo adquire um sentido novo em Jesus.

12. A morte é passagem, de uma vida que já iniciamos para sua plenitude. A fé em Cristo deve nos liberta desse medo, dessa falta de sentido e do absurdo de uma existência que acabaria em nada.

13. À luz da ressurreição do Senhor, caminhamos entre os avanços da medicina que aliviam o percurso e o desejo de imortalidade, para a libertação definitiva com Cristo ressuscitado. A última palavra quem tem é a vida, e não a morte.

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 28 de março de 2020


(Jr 11,18-20; Sl 07; Jo 7,40-53) 
4ª Semana da Quaresma.

“Será que a nossa lei julga alguém antes de ouvir e saber o que ele fez? ” Jo 7,51.

“Jesus causou divisão. Enquanto muitos que o viam e ouviam afirmavam que ele era o Profeta e Messias, outros tinham dúvidas e outros o perseguiam para colocá-lo na cadeia. Dentre os que buscavam a prisão de Jesus estavam os chefes dos sacerdotes e fariseus. Queriam silenciar Jesus, calar o Salvador. Mais eis que, no meio desta perseguição e caça a Jesus, alguém ergue a voz. Alguém que já teve seu encontro com Cristo. Um homem chamado Nicodemos. O mesmo que lá em João, cap. 3, ouviu de Jesus que era preciso nascer novamente, pela água e pelo Espírito, para fazer parte do Reino de Deus. O mesmo que mais tarde, em João, cap. 19, ajudou José de Arimateia a preparar o túmulo e o corpo de Jesus naquela terrível sexta-feira. Algo mexeu com o coração de Nicodemos. A tal ponto de Nicodemos erguer a voz para defender Jesus. De forma tímida e contida, mas o defende diante dos fariseus e mestres da lei: ‘De acordo com a nossa Lei não podemos condenar um homem sem ouvi-lo primeiro e descobrir o que ele fez’ (Jo 7,51). O nome de Jesus continua causando divisão. Enquanto alguns creem nele como Salvador, outros têm dúvidas e ainda outros são descrentes. A vida oportuniza diversas situações para, a exemplo de Nicodemos, erguer a voz para falar, anunciar e até defender a fé cristã. Com nossas palavras. Do nosso jeito. Falar para familiares, vizinhos, amigos do futebol, colegas de escola, companheiros de trabalho. Este belo testemunho sempre vai acontecer quando, assim como Nicodemos, nossa vida tiver um contato íntimo com o Salvador. Contato este que acontece na Palavra e nos sacramentos. – Amado Jesus, teu santo nome continua trazendo divisão. Muitos creem, tantos outros não. Ajuda-me a testemunhar para as vidas que estão ao meu redor e que ainda não conhecem seu amor, perdão e misericórdia. Em teu nome, Senhor, amém! ” (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 27 de março de 2020


(Sab 2,1.12-22; Sl 33[34]; Jo 7,1-2.10.25-30) 
4ª Semana da Quaresma.

“Eis que fala em público e nada lhe dizem. Será que, na verdade, as autoridades reconheceram que ele é o Messias? ” Jo 7,26.

“Para a comunidade joanina era necessário deixar claro, passo a passo, o caminho que Jesus ia percorrendo. Suas palavras, gestos e ações cada vez mais incomodavam os sacerdotes e fariseus e era conhecida a ameaça que pairava sobre a sua vida. Enquanto o povo buscava Jesus para curar-se e para o entender, os judeus não acreditavam na sua messianidade e buscavam uma forma de colocá-lo em situação embaraçosa, para prejudica-lo e condená-lo à morte. Mas Jesus segue firme e determinado em seu caminho de enviado do Pai e de servidor do seu Reino. Fala livremente e, assim, provoca a divisão entre os que creem e os que buscavam a sua desgraça, embora admitindo que se tratava de alguém ‘diferente’. Apesar do perigo que corria, Jesus não se cala e revela a sua verdade, declara a sua origem, como um profeta que responde a um chamado, que diz sim à vocação que lhe dá o Pai. Tudo isto fazia crescer a oposição das autoridades que o viam com maus olhos esperando o momento certo para decidir a sua morte. Jesus não cedeu às pressões e seguiu proclamando que viera do Pai: ‘Ele é o Filho enviado’. Justamente esta relação com o Pai o faz ser um homem de paz: não teme o desafio porque sua hora não chegara ainda. Retornar ao evangelho, viver ‘uma Igreja pobre e para os pobres’, que busca caminhos novos em sua missão, ainda hoje provoca isolamento, descrédito, repúdio, calúnias. O Evangelho, a Boa Notícia de Jesus continua aborrecendo a muita gente, dentro e fora das igrejas. Testemunhar a palavra de vida pronunciada por Jesus sempre será um caminho de cruz e de feliz ressurreição. – Graças, Senhor, pela fortaleza que nos dá seu santo Espírito, tornando-nos suas fiéis testemunhas, não nos deixando vencer pelo medo de ser mal-entendidos, injustiçados e perseguidos (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 26 de março de 2020


(Ex 32,7-14; Sl 105[106]; Jo 5,31-47) 
4ª Semana da Quaresma.

“E também o Pai que me enviou dá testemunho a meu favor” Jo5,37a.

“A questão que se colocava era a legitimidade da pessoa e a função de Jesus. Seria ele realmente o Cristo, o Filho de Deus, que iria redimir a humanidade, ou era apenas um impostor, convincente, eficiente, mas de qualquer forma, apenas um impostor? Diante dessa dúvida cabia agora a Jesus apresentar a prova. Essa, de certo modo, já tinha sido fornecida por João, que em alto e bom som, afirmou: eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Jesus, no entanto, não se vale dessa prova por considera-la pequena diante da que dispunha, a do testemunho do próprio Deus, a quem chamava de Pai. De que modo essa prova trabalhava a favor de Jesus, já que apelava para as obras que fazia? Em primeiro lugar, porque eram obras de poder. Transformar água em vinho, multiplicar pães, acalmar tempestade, purificar leprosos, ressuscitar mortos – que ser humano poderia fazer igual? E não havia quem pudesse negar a autenticidade de tais milagres. Os olhos viam e as bocas levavam a notícia para todas as partes. Em segundo lugar, as obras que fazia representavam um testemunho de Deus porque eram obras de amor. Fosse Jesus um mágico a fazer truques nas feiras, ou um trapezista a fazer piruetas do alto do pináculo do templo, tudo bem, teríamos então um excepcional artista. Mas não, tudo o que fez, fez para o bem, fez com amor, a saber, com a natureza daquele ser do qual se diz com toda a propriedade que é amor. Sendo assim, tem validade esse testemunho. – Senhor Jesus, creio em ti porque fizeste em mim e para mim as obras do Pai. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 25 de março de 2020


(Is 7,10-14; 8,10; Sl 39[40]; Hb 10,4-10; Lc 1,26-38) 
Anunciação do Senhor.

“O anjo entrou onde ela estava e disse: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! ’” Lc 1,28.

“Na encruzilhada de todos os caminhos que vão do Antigo ao Novo Testamento, há a experiência mariana de Deus, tão rica e ao mesmo tempo tão secreta que é difícil descrevê-la. Mas ela é tão importante que ocorre, sem cessar, como pano de fundo de tudo que aparece visivelmente. Nela, Sião passa a Igreja, a Palavra se faz carne, a Cabeça estende-se ao corpo. Ela é lugar da fecundidade superabundante. Em Maria, a experiência do Tu divino se eleva do domínio corporal e sensível ao do Espírito: uma relação primitiva de ordem espiritual, o ‘sim’ da Virgem a Deus no estado de virgindade, é a condição prévia dessa passagem, desse crescimento. Entre a condição espiritual de Maria e o início do processo físico de crescimento, há o relâmpago claro da geração, devido ao Espírito Santo. Com a Virgem coberta pela sombra do Espírito começam os mistérios do Corpo Místico, mistérios do Espírito Santo semeados no seio da Igreja virginal. Primeiro, porque a fé de Maria, que é o fundamento da sua experiência de maternidade, é a mesma que a fé de Abraão e a de todos os cristãos. Depois, porque Maria, concebendo e dando à luz o Filho de Deus, Cabeça da Igreja, contém nela e faz sair dela, por uma relação de certo modo físico, os cristãos com sua fé e sua experiência de fé.  A experiência física e pessoal que Maria faz do Filho que é seu Deus-Redentor, é aberta sem reserva sobre toda a cristandade. Ela é, por antecipação, inteiramente e cada vez mais uma experiência para os outros, para todos: ela é desapropriada em proveito da comunidade universal. Além disto, ela consiste não somente em ver tomarem o seu Filho, mas também em ver tomarem cada dia mais a sua própria experiência, como se a Mãe devesse renunciar sempre mais, em favor da Igreja, a tudo o que interessa à sua vida pessoal, para ficar finalmente, como uma árvore despojada, a fé nua: ‘eis o teu Filho’. Certamente, a experiência da maternidade de Maria, experiência de fé constitui, a esse título, um mistério de graça que ninguém pode reproduzir. Contudo, no espírito do Filho, esse mistério único é aberto a todos, podendo ser decifrado, na figura da Mãe, por todos os que têm olhos...” (Urs von Balthasar – La Glorie et la Croix – Ed. Aubier – Paris).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 24 de março de 2020


(Ez 47,1-9.12; Sl 45[46]; Jo 5,1-16) 
4ª Semana da Quaresma.

“Mais tarde, Jesus encontrou o homem no templo e lhe disse: ‘eis que estás curado.
Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior’” Jo 5,15.

“Um homem paralítico há 38 anos, é curado por Jesus de sua enfermidade. Na verdade, este homem não sabia quem o curara e muito menos quem ele era. Ao reencontrá-lo no templo, Jesus se dá a conhecer ao mesmo e lhe disse para que se cuidasse e não pecasse para não lhe acontecer coisa pior. Eu, que estou escrevendo a mensagem que você está lendo ou ouvindo neste momento, não sou paralítico. Imagino quanta dificuldade na vida deve enfrentar quem é deficiente físico, paralítico. Ter que ser levado para cá e para lá, depender dos outros para quase tudo... e Jesus diz a este homem, a quem havia curado, para que não pecasse a fim de não lhe acontecer coisa pior. E a gente se pergunta: E poderia acontecer coisa pior? E a resposta a esta pergunta, embora seja dura, é verdadeira. Desculpe pela redundância, mas pior que pode acontecer, sim, para qualquer pessoa. E qual é a coisa pior? A condenação ao inferno. Eu sei, tem gente que não gosta que se fale nisso. Mas não tem como fugirmos desta triste realidade. Aliás, a condenação seria o destino de todo o ser humano em razão dos seus pecados. Contudo, graças a Jesus, o pior não nos acontecerá. Ele, pagando com sua vida, libertou-nos desta condenação. Todo aquele que crer em sua mensagem, de que Ele é nosso Salvador, estará livre desse algo pior. Por isso, você que crê, dê graças a Deus porque ele colocou em seu coração a fé verdadeira. Além disso, seja instrumento, nas mãos do próprio Deus, na divulgação desta mensagem para que mais gente a escute, se arrependa e creia, e assim escape do pior. Amém. – Pai nosso, agradeço porque teu Filho, o Salvador Jesus, libertou-nos com sua morte e ressurreição do pior, do castigo eterno ao inferno. Fortalece em meu coração esta verdade que liberta e motiva-me sempre a divulgar o teu amor que salva do pior. Em nome de Jesus. Amém (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 23 de março de 2020


(Is 65,17-21; Sl 29[30]; Jo 4,43-54) 
4ª Semana da Quaresma.

“Jesus lhe disse: ‘Podes ir, teu filho está vivo’. O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora”
(Jo 4,50).

“O personagem de hoje é um funcionário do rei, possivelmente com boa situação econômica, bons planos de saúde e com uma boa quantia no bolso. Podia comprar todos os medicamentos que precisasse, ou pagar um anestesista, ou, se for o caso, pagar a mais cara das cirurgias. E a fama de Jesus corria pela Galileia, em Caná e Cafarnaum. Aquele rico funcionário ouviu falar de Jesus, pois ele estava passando pela Galileia. O pai, amargurado com o sofrimento do filho, não tinha outra alternativa. Os ‘médicos’ que o rodeavam já não podiam fazer mais nada. Levantou-se e foi ao encontro de Jesus e pediu-lhe que fosse à sua casa onde seu filho estava à morte. ‘Vai, teu filho está passando bem’. Bastou Jesus pronunciar essas palavras, o homem saiu correndo para sua casa pois acreditou nas palavras de Jesus, o médico dos médicos. Foi mais um milagre de Jesus: o seu poder sobre o corpo do homem. Porém, mais espetacular ainda foi a cura da alma daquele homem aflito. O homem creu. Isso foi suficiente para que as coisas em sua casa mudassem para melhor. Crer é uma condição para que nossa casa seja salva. A graça de Deus está para todos. Crê você também... – Meu Deus, eu te agradeço pela oportunidade que tenho de te conhecer. Maravilhoso Jesus, cura-me da minha incredulidade. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

4º Domingo da Quaresma – Ano A


(1Sm 16,1b.6-7.10-13a; Sl 22[23]; Ef 5,8-14; Jo 9,1-41).

1. Continuamos a nossa reflexão em torno do batismo. Depois do simbolismo da água, temos o da luz. Jesus é a luz que ilumina a humanidade, aqui representada pelo cego do evangelho em sua peregrinação até chegar a reconhecer quem é o Cristo de Deus.

2. Paulo nos lembra que somos filhos da luz, imagem também do próprio Espírito Santo, presente na unção recebida por Davi para a missão que Deus o nomeava.

3. A narrativa do Evangelho é de uma maestria particular, pois mais que nos contar um milagre de Jesus, nos leva a acompanhar um processo de fé em Cristo, luz do mundo, Messias e Filho de Deus. O homem que passa da cegueira física à visão da luz, até chegar à iluminação da fé em Cristo.

4. Toda caminhada ascendente do homem curado em sua cegueira, serve de contraponto aos fariseus, que vão retrocedendo no seu conhecimento de Deus e incredulidade em Cristo, convertendo-se em cegos que veem.  

5. O texto pode ser lido sob duas perspectivas que se complementam: o estritamente bíblico e o sacramental.  O aspecto bíblico está em proclamar a divindade de Jesus, que Ele é a luz do mundo, numa perspectiva de libertação do ser humano, da vitória da luz sobre as trevas. Mas que será sempre uma escolha, um posicionar-se.

6. Esse texto, desde tempos remotos, foi utilizado como ilustração do batismo, seja nos comentários dos Padres da Igreja seja na liturgia eclesial, para conferir ao Batismo a condição de sinal de luz, que é Cristo. O Batismo seria como uma iluminação da cegueira congênita do ser humano.

7. No passado, os que haviam recebido o batismo na Vigília Pascal eram chamados de ‘iluminados’. É nesse sentido que podemos acolher a exortação de Paulo a caminharmos como filhos da luz. Ele nos recorda essa contraposição entre o antes e o depois. Se antes éramos trevas, agora somos luz no Senhor.

8. Penso que a unção de Davi, na 1ª leitura, esteja relacionada a unção com o óleo do crisma que o neo-batizado recebe para lembrar-lhe a sua condição de sacerdote, profeta e rei.

9. Assim somos convidados, mais uma vez a renovar o nosso batismo sob a perspectiva da luz em nosso seguimento. Se Cristo nos afirma que é a luz do mundo, quem o segue deve renunciar de fato à toda a treva que insiste em absorvê-lo.

10. Somos luz do mundo ou no mundo. Assim pedimos ao Senhor que cure a nossa cegueira para vermos de maneira diferente, como ele mesmo vê esse mundo em que vivemos. Que nos abra os olhos como a Paulo, como a Agostinho de Hipona e a tantos outros convertidos da história, para que renovemos a nossa opção batismal à luz dos valores evangélicos.

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 21 de março de 2020


(Os 6,1-6; Sl 50[51]; Lc 18,9-14) 
3ª Semana da Quaresma.

“O cobrador de impostos, porém, ficou a distância e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu;
mas batia no peito dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador! ’” Lc 18,13.

“Esta parábola pronunciada por Jesus tem uma força extraordinária. Na realidade, Jesus desconcerta e decepciona em cheio aqueles que o ouvem, pois esperavam que Jesus os louvasse por se acreditarem justos e sem pecados, pondo-se a julgar os outros. Mais que dois personagens, a parábola nos apresenta dois tipos de pessoas que fazem uma coisa necessária e boa, que é a oração. O que as torna diferentes é que o modo de orar retrata o seu modo de ser e de viver: um é fariseu, o outro um publicano. O fariseu ora de pé, de cabeça erguida, ocupa os primeiros bancos da igreja, louva-se a si mesmo por ser bom, por praticar a lei com todas as suas exigências, que condena os afastados, os omissos, taxando-os de pecadores. O outro, pobre publicano, pecador reconhecido na aldeia por sua corrupção, sentenciado pela Lei a ser eternamente condenado, que reconhece profundamente seu pecado e crendo-se incapaz de mudar de vida, humildemente confia, apenas confia e se entrega à misericórdia e à bondade de Deus. Ele sabe e confia que a sua fragilidade é abraçada amorosamente por Deus, que o olha com amor em sua pequenez. Jesus sabiamente apresenta o juízo de Deus sobre estes dois personagens. O legalismo e a obediência cega às rubricas e às normas não podem salvar a ninguém. Pelo contrário, podem trazer a falsa ilusão de uma vida correta, sem transgressões, mas profundamente narcisista, voltada para si mesmo, sem as verdadeiras atitudes de compaixão e caridade que marcam o caminho de Jesus. O publicano só tem consciência de sua fragilidade, de seu pecado, de seu afastamento das leis. Mas traz dentro de si uma certeza sólida: Deus é cheio de misericórdia e compaixão e a Ele se lhe entrega inteiramente. – Ó Senhor, tem piedade de nós! Somos todos pecadores e pecadoras, converte-nos para ti e seremos salvos (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).    

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 20 de março de 2020


(Os 14,2-10; Sl 80[81]; Mc 12,28-34) 
3ª Semana da Quaresma.

“O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo com a ti mesmo!
Não existe outro mandamento maior do que estes” Mt 12,31.

“Marquinho era filho de um casal que todo domingo ia a igreja. Em casa, na companhia dos pais, lia todas as noites o devocionário e orava. Como ele estava na catequese, seus pais revisavam com ele o que estava aprendendo. Num domingo destes, na hora em que estavam almoçando, alguém tocou a campainha do portão. Marquinho foi correndo e viu que era um mendigo que lhe pediu algo para comer. Ligeiro, ele voltou para junto de seus pais, e lhes contou o que estava acontecendo. Rápido, ele sugeriu: ‘Vamos dar aquele resto de costela que não está tão macia assim. A maminha, que está boa, a gente come’. Sua mãe então lhe disse: ‘Filho, não foi isso que ontem lemos no trecho bíblico da lição de catequese. Por acaso te lembras que ele trata dos dois grandes mandamentos, que o primeiro trata do amor a Deus e o segundo do amor ao próximo, a quem a gente deve amar como a si mesmo? O mendigo é o nosso próximo; vamos dar a ele o pedaço de carne que darias para ti, para o papai e para mim porque Deus espera que a gente ame a ele como a gente ama a si próprio’. Marquinho ouviu a sua mãe, embrulhou um pedaço de maminha num plástico e o entregou ao mendigo no portão. Amar o próximo como nós nos amamos não é tão fácil assim. Por isso precisamos, sempre de novo, lembrar do amor que Cristo teve para conosco. Por amor a nós ele se tornou homem, assumiu a nossa culpa e entregou sua vida em pagamento pela nossa libertação e vida eterna. E é este amor que pode e quer nos inspirar a amar ao nosso próximo como a gente se ama. Que eu e você lembremo-nos da lição amorosa da mãe do Marquinho e sigamos sempre o segundo mandamento, que nos orienta a amar o próximo como a nós mesmos. Amém – Bondoso Deus, eu reconheço que nem sempre tenho amado ao meu semelhante como eu me amo. Perdoa-me por falhar. Ajuda-me para que siga o teu ensinamento e tenha prazer e alegria em amar o meu próximo assim como eu me amo. Amém (Egon Martim Seibert – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 19 de março de 2020


(2Sm 7,4-5.12-14.16; Sl 88[89]; Rm 4,13.16-18.22; Mt 1,16.18-21.24) 
São José, esposo de Maria e Padroeiro da Igreja.

“Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo” Mt 1,16.

“A comunidade de Mateus inicia o seu Evangelho narrando a raiz familiar de Jesus, para identifica-lo com a história de seu povo e assegurar-nos a sua humanidade. Na sua história familiar se pode encontrar um pouco de tudo: vitórias, esperanças, amarguras e também muita fragilidade e pecado. Em meio a toda esta história, nasce Jesus, o Messias, o filho de Deus! Temos a apresentação de quem era Jesus e de que sua entrada na história foi tão humana como a de qualquer um de nós e, portanto, nenhum de nós está excluído desta família. A grandeza de um Deus que se faz tão humano, escolhendo uma família para descer até nós, aproximando-se de nossa frágil humanidade, ajuda-nos a crer que, a partir mesmo de nossa condição, somos chamados a caminhar para o melhor, para o mais alto, para o divino. Mais que narrar a genealogia de Jesus, Mateus nos prepara para conhecer a Jesus e escutar a sua mensagem. Abre-nos o coração para compreender, pela fé, que naquela criança de Belém está presente o Filho de Deus, o Messias Salvador, nascido da Virgem Maria. Contemplando a família de Jesus, com seus personagens, somos convidados (as) a olhar para nossas famílias de hoje. Quantos desencontros, quantas dificuldades, quantos desequilíbrios, mas também quanta luta por uma vida digna, por uma situação mais estável diante de tantos desafios que a sociedade atual apresenta. Nossas famílias se veem golpeadas por todos os lados, afligidas, e continuamente são desafiadas a manter a sua integridade e unidade. Quanta santidade e quantos testemunhos de vida e de amor. São estas famílias que vivem o cotidiano dos pequenos e pobres que carregam a história de nossa fé: são elas que estão sustentando as nossas comunidades, guardando os valores, respeitando as tradições e transmitindo a fé às novas gerações. São nossos antepassados e guardiães da fé! – ‘Abençoa, Senhor, as famílias. Amém! Abençoa, Senhor, a minha também! ’” (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 18 de março de 2020


(Dt 4,1.5-9; Sl 147[147B]; Mt 5,17-19) 
3ª Semana da Quaresma.

“Não penseis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento” Mt 5,17.

“À primeira vista, Jesus parecia um iconoclasta da lei: curava em dia de sábado e permitia que os discípulos transgredissem tradições firmadas há séculos. Na realidade, porém, estava fazendo uma limpa no capinzal em que a lei se havia transformado. Além da limpa, estava também mostrando o sentido e profundidade da lei, lei que não é um simples jogo de obstáculos para ver quem é mais hábil, mas radiografia de homem no seu relacionamento com Deus. Nesse aspecto, a lei se tornava um instrumento ácido, acusatório e até mesmo destrutivo – pois desnudava culpas e pecados não apenas em atos, mas também em desejos e pensamentos. E, por último, consumava e cumpria a lei. Nenhum outro ser cumpria a lei em toda a sua extensão como ele, pessoalmente, o fez. Esse lado pessoal do cumprimento, no entanto, ainda não foi tudo. Ele a cumpriu de maneira ultra pessoal e universal, pois, tendo assumido a culpa de toda humanidade, quitou essa culpa com o castigo estipulado pela lei: a morte. Quando, pois, nos relacionamos com a lei, podemos ter em mente que todas as exigências dela e o seu próprio resultado: a morte – já foram assumidos em nosso lugar por aquele que veio consumar a lei. Essa, pois, é a nossa justiça, a nossa esperança, pois a lei não tem mais como nos oprimir ou castigar. Isso então quer dizer que estamos livres para o que bem entendemos? Sim, desde que a resposta seja levemente modificada: estamos livres para fazer o bem que entendemos. Santo Agostinho, aliás, já dizia: ‘Ama e faze o que quiseres’. Ora, quem ama, ama porque tem fé, tem-na porque foi perdoado, e quem foi perdoado entrou em comunhão com Cristo, e quem está nessa comunhão de amor e santidade quererá outra coisa que não o bem? – Senhor Jesus, dá-nos a fé no teu cumprimento da lei para nós também a cumprirmos através do teu poder. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 17 de março de 2020


(Dn 3,25.34-43; Sl 24[25]; Mt 18,21-35) 
3ª Semana da Quaresma.

“Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes? ”

“O perdão, dom divino que Jesus mais uma vez ofereceu e convidou seus discípulos a oferecerem se fossem ofendidos, é sempre uma outra oportunidade que se dá à pessoa de recomeçar uma vida nova. Na comunidade de Mateus, certamente, já estavam aparecendo os conflitos, as disputas e discórdias, as discussões acaloradas e, quem sabe, até terminassem em rompimento. Diante da constatação de que a caridade corria o risco de apagar-se (cf. Mt 24,12), de que a unidade poderia ser rompida e que a comunidade poderia afastar-se do projeto e do desejo de Jesus, Mateus recolhe esta parábola para dizer que, assim como Deus perdoa, devemos perdoar infinitamente. Setenta vezes sete é a medida do perdão que Jesus oferece e, ao mesmo tempo, nos convida a oferecer. Só perdoando poderemos resgatar as pessoas, oferecendo-lhes a possibilidade de se recriarem, de começar uma vida nova, de dizer novamente sim à vida de comunhão, de caridade, de compaixão, em vista do Reino de justiça, paz e misericórdia. Não é fácil perdoar quando se é ofendido, ultrajado, humilhado, violentado... Mas o perdão é a única forma de impedir que o mal se alastre, de fazer com que o mal seja superado com a força do bem. Às vezes, uma só pessoa é ofendida, mas pode ser que aconteça que toda uma comunidade se sinta o alvo de agressões e infidelidades, de violência e injustiça, então, sim, o esforço de perdoar é de todos e de todas, para que se restaure a paz e a harmonia. Nada dói tanto ao coração de nosso Deus como o fechamento ao perdão e a recusa a ser perdoado... Igualmente dói ao coração de um irmão, ou de uma irmã, a recusa em aceitar um pedido de perdão. Aprendamos de nosso Deus a perdoar sempre, sem pedir explicações, sem alimentar vinganças. – Perdoai-nos, ó Pai, as nossas ofensas, como nós perdoamos a quem nos ofendeu! ” (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 16 de março de 2020


(2Rs 5,1-15; Sl 41[42]; Lc 4,24-30) 
3ª Semana da Quaresma.

“E no tempo do profeta Eliseu havia muito leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado,
mas sim Naamã, o sírio” Lc 4,27.

“Aqui está uma linda história bíblica – a cura de Naamã, que envolve uma menina que temia a Deus e se lembrava dele, vivendo em terras estranhas. Naamã era um comandante de exército e tinha muito poder, porém estava com a horrível doença de sua época – a lepra. Numa de suas vitórias, uma menina prisioneira, de Israel, foi parar em sua casa, como empregada. Essa menina, vendo o seu patrão com lepra, sabendo que não havia cura em nenhum lugar, sugeriu à sua patroa que enviasse o seu patrão à terra de Israel, pois lá havia um homem que temia ao Deus verdadeiro, e ele poderia curar essa doença. Naamã ouviu o conselho daquela menina e foi até Israel com uma carta de apresentação do rei da Síria. O rei de Israel ao receber aquela carta ficou chateado com o pedido daquele rei pagão – curar Naamã da lepra. Mas, Eliseu, profeta de Deus, vendo aquela situação, pediu ao rei que deixasse com ele a resolução daquele problema. E Eliseu manda que Naamã vá ao rio Jordão e se lave sete vezes. Sob protestos, Naamã se lava obedecendo ao profeta e fica curado. Havia muitos leprosos, porém só Naamã foi curado. Ele não curou apenas seu corpo, porém a sua alma foi lavada de todos os pecados. Uma menina foi o porta-voz de uma mensagem: a salvação de um pecador. Como estão os nossos ouvidos na busca de mensagens salvadoras? Como está o nosso corpo em relação à saúde? Sabemos onde fica a fonte salvadora de nossos pecados? Todos esses temas devem ser refletidos por cada um de nós. – Obrigado, Senhor, pelo teu poder salvador de corpos e de almas. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

3º Domingo da Quaresma - Ano A


(Ex 17,3-7; Sl 94[95]; Rm 5,1-2.5-8; Jo 4,5-42).

1. O terceiro domingo da Quaresma no ano A trabalha o tema do batismo, particularmente para aqueles se preparam para recebê-lo na Vigilância Pascal.
2. Assim a nossa liturgia se abre com o tema da água viva, desenvolvido no Evangelho que por sua vez nos lança na compreensão do dom do Espírito Santo derramado em nossos corações, conforme nos lembra Paulo na segunda leitura. Há outros temas embutidos em nosso evangelho que não abordaremos. 
3. Estamos diante de uma das páginas mais bonita do evangelho. Jesus se auto revela à mulher samaritana através do símbolo da água, num diálogo catequético que começa com a sede de Jesus que pede água à mulher, passando pela água que ele oferece.
4. Ele oferece a Água viva que apaga a sede para sempre e se converte, dentro daquele que a bebe, em torrente que jorra para a vida eterna. É esse dom que ela desconhece. Lhe falta a luz de Deus, por isso Jesus se lhe revela. 
5. Percebamos que a narrativa vai realizando progressivamente o mistério da pessoa de Jesus. De apenas mais um judeu ele passa a ser denominado de profeta; a imagem do Messias vislumbra no cenário até finalizar com o reconhecimento em Jesus, do salvador do mundo. 
6. Assim, sem violentar o itinerário psicológico-religioso dos seus ouvintes, Jesus se converte numa instância progressiva de fé e conversão. Um ritmo que conduz a um encontro em profundidade. 
7. Nesse esboço narrativo sobre a pessoa de Jesus, não, podemos deixar escapar a dimensão da água viva como dom de Deus, que aqui se une à pessoa de Jesus e nessa relação com o Espírito Santo. Nesse mesmo evangelho ele fará o convite de ir a Ele e beber dessa água viva que também dele procede. Ele já havia dito a Nicodemos que ninguém pode entrar no reino de Deus se nasce da água e do Espírito. 
8. Água e Espírito se unem numa referência à realidade batismal que buscamos renovar nessa Quaresma como preparação para o mistério Pascal. Morte ao pecado e busca de uma vida nova no Senhor ressuscitado. 
9. Em tudo isso compreendemos que essa água viva, dom de Deus, é o ponto de referência para a revelação da pessoa de Jesus Cristo, de sua doutrina e sabedoria, capazes de apagar para sempre a sede espiritual do ser humano. 
10. Carregamos mais que uma sede material. A insatisfação profunda é uma constante para o ser humano, por isso a sede pode adquirir significados vários. A nossa autossuficiência faz crescer a nossa indigência espiritual.
11. Como encher o vazio interior, fruto da ausência de valores autênticos, produto do materialismo consumista, da sede de poder e de glória, do sexo e das drogas? 
12. Agostinho de Hipona, em sua sede, assim definiu seu itinerário: "Criaste-me, Senhor, para ti, e inquieto está meu coração enquanto não descansar em Ti". Em nosso itinerário quaresmal, sejamos movidos por essa sede. 

Pe. João Bosco Vieira Leite