Sexta, 29 de maio de 2020

(At 25,13-21; 102[103]; Jo 2, 15-19) 

7ª Semana da Páscoa.

“... e, depois de comerem, perguntou a Simão Pedro: ‘Simão, filho de João, tu me amas mais que estes?”

Jo 21,15a.

“Nada é grave senão perder o amor. Descobrir uma intimidade com Deus... Contemplá-lo também no rosto do homem... Devolver fisionomia humana ao homem desfigurado... eis uma única e mesma luta: a do amor. Sem amor, para que a fé? Para que chegar a queimar nossos corpos nas chamas? Nas nossas lutas, não, nada é grave a não ser perder o amor. [...] Ninguém decide assim dar a vida, por prazer, nem mesmo por dever. Deixa-se toma-la; plenamente engajado, por um ideal ou por uma fé, ela nos escapa por si mesma, pouco a pouco. Minha fé é que o Cristo ressuscita hoje em todo homem que sofre, em toda situação de opressão e que é vivendo o amor com que o Cristo amou que podemos transformar o nosso mundo. Dar minha vida, deixa-la tomar, isto tem sido e é, dia após dia, através das tentativas da oração e da ação, reconhecer que o Cristo é o centro de minha vida e eu não posso mais viver fora do amor. Isso não me levou a pregar nas praças públicas nem a qualquer ato extraordinário, mas meu modo de ver, de situar-me e de reagir em relação às coisas, aos homens e aos acontecimentos, transformou-se. Amar é não desesperar de uma pessoa ou de uma situação, é contemplar com um olhar que não condena nem rejeita ninguém. Para mim, a contemplação é isto. Viver minha vida cotidiana com esta atitude interior de confiança, de esperança, voltada para o amor do Cristo; é olhar minha vida, o mundo, com amor, eu diria quase com ternura, sobretudo nos conflitos. Esta atitude é o contrário de uma observação neutra, desengajada. Ela me leva sempre a saber mais quem sou, o que penso, o que quero, para ser capaz de amar o outro como ele é; é um olhar contemplativo para viver com um coração reconciliado nessa luta para o amor” (R. Schhutz – Carta de Taizé [outubro de 1973) – Ed. Beneditina Ltda.).

 

Santo do Dia:

Santa Maria Madalena de Pazzi, virgem. Nascida com o nome de Catarina em 1566, adotou o nome de Maria Madalena em sua profissão religiosa; pertencia a uma das famílias mais importantes de Florença. Desde pequenina mostrava-se mais inclinada à devoção que à vida divertida do seu tempo.  Teve de fato o privilégio, até então raro, de fazer a primeira comunhão com a idade de dez anos. Entrou aos dezoitos anos no mais austero convento florentino, o das carmelitas. Participou da situação histórica e social do seu tempo escrevendo cartas muito corajosas ao papa, aos cardeais, aos bispos e aos príncipes, apontando as causas dos males que afligiam a Igreja na deficiência dos cristãos e de seus pastores. Além desse seu papel, teve um lado extraordinário da santa, associada à paixão de Cristo com os estigmas e outros fenômenos místicos como as visões, os êxtases, os raptos, durante os quais tratava de árduas questões teológicas. Três coirmãs, encarregadas pelo diretor espiritual, transcreviam as revelações da irmã Maria Madalena. O livro, intitulado ‘Contemplações’ e redigido de modo excepcional, é considerado um importante tratado de teologia mística, e ao mesmo tempo nos revela o itinerário espiritual da santa, que também foi marcado pela dor física, martirizada no corpo por úlceras dolorosíssimas. Morreu a 25 de maio de 1607, no convento de santa Maria dos Anjos, em Florença. Foi canonizada em 1669. 

 Pe. João Bosco Vieira Leite