Terça, 12 de maio de 2020

(At 14,19-28; Sl 144[145]; Jo 14,27-31) 

5ª Semana do Tempo Pascal.

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” Jo 14,27.

“A paz é fruto da justiça, e a justiça tem a ver com a verdade, mas também é irmã da caridade, senão pode vir a ser mera justificação. Talvez uma das maiores verdades de nossa vida, e uma difícil de aceitar, seja nossa fragilidade e pequenez diante de Deus, nossa total impotência sem Deus. Tudo o que temos, que fazemos, que sonhamos, só é possível em Deus e por Deus... Essa constatação gera desconforto e insegurança na medida de nossa teimosia e falta de fé. Sozinhos, não podemos nada. Mas não somos sozinhos. Nossa fragilidade é lugar privilegiado de ação de Deus. Somente quando nos reconhecemos pequenos e frágeis é que permitirmos Ele ser a nossa força. Paz tem a ver com essa harmoniosa relação entre o que realmente somos e o quanto permitimos Deus em nossa vida. O oposto dessa verdadeira paz, entretanto, é o comodismo. Não se trata de ‘mera espera’, até que Deus resolva nossos problemas e tire as dificuldades de nossa vida. Isso nem seria verdadeira vida... Paz como simples calmaria depois da tempestade pode ser exatamente o que o mundo de mercado injusto oferece, uma paz de desculpa e justificativas vazias. Antes disso, é justamente na tempestade das lutas quotidianas, dos desafios a serem superados, das dificuldades encaradas com coragem, quando percebemos que, mesmo não dando conta de tudo, demos nosso melhor, pelo irmão, pela justiça, pela construção de um mundo melhor, é que realmente nosso coração encontra a paz. Paz consigo mesmo, percebendo que no nosso limite é que Deus supre, no nosso cansaço é que Deus conforta, em nossa impotência, que nunca é passiva, é que Deus se manifesta onipotente. – Senhor, só Tu és verdadeira paz. Dá-nos participar de teu projeto, de tua vida, de teu sonho. Permita-nos sonharmos juntos, com nosso suor e esforço, esse mundo mais fraterno, justo e solidário, esse mundo de paz. Amém! (Augusto Jacob Grün – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

Santo do Dia:

Santos Nereu, Aquiles e Pancrácio, mártires. A memória facultativa desses mártires ocorre no mesmo dia, embora o culto aos três fossem separados. Eles viveram no fim do século III e morreram durante a perseguição militar com a qual se iniciou a “era dos mártires” (de Diocleciano). O mais ‘popular’ dos três é Pancrácio, martirizado ainda muito jovem; sua história se mistura com fatos lendários. Foi um dos santos mais populares não só em Roma como também em toda a Itália e ainda no exterior: é o patrono da juventude de Ação Católica e dedicaram-lhe igrejas e mosteiros.

 Pe. João Bosco Vieira Leite