(At 14,19-28; Sl 144[145]; Jo 14,27-31)
5ª Semana do Tempo Pascal.
“Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide
o vosso coração” Jo 14,27.
“A paz é fruto da
justiça, e a justiça tem a ver com a verdade, mas também é irmã da caridade,
senão pode vir a ser mera justificação. Talvez uma das maiores verdades de
nossa vida, e uma difícil de aceitar, seja nossa fragilidade e pequenez diante
de Deus, nossa total impotência sem Deus. Tudo o que temos, que fazemos, que
sonhamos, só é possível em Deus e por Deus... Essa constatação gera desconforto
e insegurança na medida de nossa teimosia e falta de fé. Sozinhos, não podemos
nada. Mas não somos sozinhos. Nossa fragilidade é lugar privilegiado de ação de
Deus. Somente quando nos reconhecemos pequenos e frágeis é que permitirmos Ele
ser a nossa força. Paz tem a ver com essa harmoniosa relação entre o que
realmente somos e o quanto permitimos Deus em nossa vida. O oposto dessa
verdadeira paz, entretanto, é o comodismo. Não se trata de ‘mera espera’, até
que Deus resolva nossos problemas e tire as dificuldades de nossa vida. Isso
nem seria verdadeira vida... Paz como simples calmaria depois da tempestade
pode ser exatamente o que o mundo de mercado injusto oferece, uma paz de
desculpa e justificativas vazias. Antes disso, é justamente na tempestade das
lutas quotidianas, dos desafios a serem superados, das dificuldades encaradas
com coragem, quando percebemos que, mesmo não dando conta de tudo, demos nosso
melhor, pelo irmão, pela justiça, pela construção de um mundo melhor, é que
realmente nosso coração encontra a paz. Paz consigo mesmo, percebendo que no
nosso limite é que Deus supre, no nosso cansaço é que Deus conforta, em nossa
impotência, que nunca é passiva, é que Deus se manifesta onipotente. – Senhor,
só Tu és verdadeira paz. Dá-nos participar de teu projeto, de tua vida, de teu
sonho. Permita-nos sonharmos juntos, com nosso suor e esforço, esse mundo mais
fraterno, justo e solidário, esse mundo de paz. Amém!” (Augusto Jacob
Grün – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).
Santo do Dia:
Santos Nereu, Aquiles
e Pancrácio, mártires. A memória facultativa desses mártires ocorre no mesmo dia,
embora o culto aos três fossem separados. Eles viveram no fim do século III e
morreram durante a perseguição militar com a qual se iniciou a “era dos mártires”
(de Diocleciano). O mais ‘popular’ dos três é Pancrácio, martirizado ainda
muito jovem; sua história se mistura com fatos lendários. Foi um dos santos
mais populares não só em Roma como também em toda a Itália e ainda no exterior:
é o patrono da juventude de Ação Católica e dedicaram-lhe igrejas e mosteiros.
Pe. João Bosco Vieira Leite