Sexta, 15 de maio de 2020

(At 15,22-31; Sl 56[57]; Jo 15,12-17) 

5ª Semana da Páscoa.

“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” Jo 15,12.

“Mergulhados em um mundo secularizado e afogados no anonimato das assembleias litúrgicas, são numerosos cristãos que procuram a expressão de uma fé que traduza e engaje o sentido de sua vida em fórmulas atuais. Estes cristãos, muitas vezes os mais dinâmicos e os mais criativos, sentem a necessidade de viver com outros uma fé mais pessoal e mais encarnada nas realidades do mundo. Escolhem então livrar-se de estruturas uniformizadas, de uma passividade gregária e de formar grupos restritos que estimulam a busca e o aprofundamento dos pontos essenciais da fé, da vida e da liturgia. Veem no pequeno grupo um novo dinamismo da vida cristã, por uma fé posta em comum, por vínculos de caridade vividos e por uma revisão constante da evolução do grupo. A busca de uma linguagem ‘falante’ para a fé é essencial. Nosso vocabulário religioso não tem mais ressonância de uma mensagem evangélica. Muitas formulações perderam todo o sentido para o homem técnico de hoje. É preciso força e audácia para inventar as maneiras novas de exprimir a mensagem cristã, que só pode ser pregada como eco da vivência dos homens. Pois o Deus vivo continua falando ao homem de hoje. Os conceitos usados para designar a Deus não são mais falantes. O homem secularizado não é mais sensível ao Deus do além; quer encontrar Deus no coração dos homens e das coisas. É preciso, pois, que a Revelação se apresente como uma mensagem permitindo ao homem compreender-se a si mesmo em sua própria situação. Esta diligência, longe de ser a secularização do Evangelho, ao contrário, respeita a natureza da Palavra de Deus, que sempre foi a de revelar o homem a si mesmo em sua relação com os outros, com o mundo e com Deus... O Evangelho traz aqui um valor essencial da comunidade: a fraternidade. É o primeiro valor que fundamenta a pertença à Igreja e que dá sentido a todos os outros valores: a solidariedade, o diálogo, a colaboração, a participação. É neste sentido que a mensagem evangélica revela seu caráter próprio. É por isso que Jesus Cristo o situou no centro e no vértice de todos os valores e não indicou forma alguma de instituição. É que o amor, vivido em verdade, inventa todas as outras leis que regem a vida humana... Mas esta fraternidade que é comunhão vem do Deus-Amor. É recebida em uma comunidade de fé, de culto e de caridade. Assim, o ideal abstrato de Igreja concretiza-se na comunidade: os membros estão unidos, não em justaposição sociológica, mas num projeto cristão, que querem ajudar-se a realizar a vinda de ‘Jesus Cristo’ no concreto da vida cotidiana. Cada um vê no outro um irmão e o relacionamento pessoal converte-se em presença de Jesus. Cada um sensibiliza-se com os outros, abre-se à fé, à partilha, ao serviço, à esperança cristã” (L. Lepage – Comunidades: seitas ou fermento? – Ed. Loyola).

 

Santo do Dia:

Santo Isidoro, camponês. Nasceu em Madri em 1080 e morreu em 1130, mais ou menos. Foi canonizado junto com Inácio de Loyola, Teresa de Ávila, Francisco Xavier, e Filipe Neri (12/03/1622). Diferentemente dos outros santos citados, chegou a santidade cavando a terra. A pobreza da família obrigou-o ainda muito jovem a procurar um trabalho braçal no campo. Como muitos camponeses, levanta-se ao cantar do galo para assistir à Missa antes de ir para o trabalho. Sempre dedicado ao que fazia, incansável e honesto, tirava alguns momentos para a oração, mas os recuperava com o tempo extra de trabalho. Isso gerava inveja e o acusavam de fugir do trabalho, o que acabava gerando problemas com seu empregador. Um dos seus patrões chamado Vargas quis tirar a limpo as acusações e se colocou escondido perto do campo de trabalho de Isidoro. De fato, o surpreendeu de joelhos rezando, mas não muito longe estava um anjo dirigindo o arado e outro guiando os bois. O Vargas até então tinha admiração, passou a ter devoção. Isidoro sempre tinha algo para dar aos necessitados, até aos passarinhos. Indo com o burrinho espalhava pela estrada mãozadas de trigo sem que o conteúdo diminuísse de peso.

 Pe. João Bosco Vieira Leite