(At 1,12-14; Sl 86[87]; Jo 19,25-34)
Maria, mãe da Igreja.
“Perto da cruz de Jesus, estavam
de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena”
Jo 19,25.
“Não são apenas os quatro
soldados que estão junto da cruz, estão lá também quatro mulheres. Enquanto
faltam todos os homens, exceto o discípulo que Jesus amava, perseveram com
Jesus as mulheres. Elas permanecem firmes. Mostram que estão ao lado de Jesus. As
quatro mulheres simbolizam o mundo que aceita Jesus. Com essa imagem, João
renova a afirmação que encontramos no prólogo: ‘Mas aos que o receberam, aos
que creem em seu nome, ele deu o poder de se tronarem filhos de Deus’ (1,12).
Podemos ver nas quatro mulheres também um símbolo do fato de estarmos abertos
para o mistério de Jesus justamente pelo de nossa anima, enquanto o nosso lado masculino muitas vezes se mostra cego para a
verdade mais profunda revelada por Jesus. Mas há um homem que persevera debaixo
da cruz: é o discípulo que Jesus amava. O amor de Jesus o transformou a tal
ponto que continua presente também no ato da consumação da cruz. É ele a
testemunha de que Jesus foi erguido na cruz. Nele é o próprio Jesus que está
presente entre os homens. Depois da morte de Jesus, cabe a ele levar adiante o
testemunho que Jesus deu diante do mundo inteiro. Todos os biblistas concordam
na natureza simbólica da cena em que Jesus recomenda sua mãe ao discípulo amado
como filho e o discípulo a Maria como mãe. Mas qual seria o sentido desse
simbolismo? Uns acham que Maria é a imagem da comunidade judaica, e o discípulo
amado a imagem da comunidade formada a partir dos pagãos. Outros veem em Maria
o símbolo da família de Jesus, que passa a caminhar junto com a comunidade dos
discípulos. O teólogo americano Raymond E. Brown pensa que Jesus valoriza na
cruz a posição de Maria a tal ponto ‘que a sua autoridade na comunidade joanina
ficou igual à dos apóstolos masculinos’ (SANFORD, 1077, p. 71, v. 1). Podemos
ver nessa cena também a união dos contrários. O homem é recomendado à mulher e
a mulher ao homem. O homem deve acolher a mulher em sua casa. O texto gero diz:
‘eis ta idia’, isto é, no que é seu
(19,27). Na cruz, os opostos são unificados: Deus e o ser humano, o homem e a
mulher, judeus e pagãos” (Anselm Grum – Jesus,
Porta para Vida – Loyola).
Santo do Dia:
São Justino, mártir. Nascido em
Flávia Neápolis na Samaria, no início do século II. Considerado um pensador
cristão, o itinerário da sua conversão a Cristo passa pela experiência estoica,
pitagórica, aristotélica e neoplatônica. Daí o desenlace quase inevitável ou
melhor providencial e a adesão à verdade integral do cristianismo. Tinha trinta
anos quando descobriu o cristianismo e para propagar suas ideias escreveu duas
Apologias e outras obras. Por ocasião de sua ida a Roma, foi denunciado por um
hipócrita e cínico filósofo, com quem havia disputado por muito tempo. Também o
magistrado que o julgou era um filósofo estoico, amigo e confidente de Marco
Aurélio. Mas para o magistrado, Justino não passava de um simples cristão,
igual aos seus seis companheiros, entre os quais uma mulher, todos condenados à
decapitação pela sua fé em Cristo. Do martírio de são Justino e companheiros se
conservam as Atas autênticas.
Pe. João Bosco Vieira Leite