(Jr 3,14-17; Sl Jr 31; Mt 13,18-23)
16ª Semana do Tempo Comum.
“Ouvi a parábola do
semeador” Mt 13,18.
“Jesus começa a falar
com simplicidade do semeador que sai para semear. Uma parte das sementes cai à
beira do caminho, em lugares pedregosos e entre espinhos. A parábola se dirige
à comunidade cristã. Todos os cristãos ouviram a palavra de Jesus descrita pela
imagem das sementes. Mas, em algum cristão, a alma se parece com o caminho:
eles não conseguem ficar arados, não têm profundeza. Tudo permanece na
superfície, tudo é público. Assim, a palavra de Deus não consegue penetrar. Os
pássaros acabam comendo as sementes. A grande quantidade de pensamentos que
esvoaçam em sua cabeça impede que a palavra de Deus penetre na alma. De tantos
pensamentos em Deus, este não tem oportunidade de chegar ao nosso coração. O
terreno pedregoso é a imagem das pessoas que se entusiasmam pela palavra de
Deus. Mas falta-lhes persistência. A palavra só penetra nas emoções, na camada
externa. A profundeza do coração não é atingida. Os espinhos são imagem das
paixões e dos ferimentos, dos acúleos que nos machucam ou com os quais nós
mesmos nos ferimos. Os espinhos não permitem que as sementes brotem. Jesus diz
que os espinhos sufocam as sementes porque não lhes deixam espaço para
respirar. Quem se sente atormentado pelas preocupações ou quem não para de
remexer em suas próprias feridas impede o crescimento das sementes. Mas a maior
parte das sementes cai na terra boa, onde produz uma rica colheita, cem,
sessenta, trinta por um. Em cada um, as sementes têm outro crescimento. Vemos
que Mateus junta o ouvir e o fazer. O fruto da existência cristã é um novo
comportamento. Mas há uma segunda imagem que transparece nessas palavras.
Vitalidade e fecundidade são os sinais da verdadeira espiritualidade. Quem se
deixa transforma por Deus destaca-se pela fecundidade; dele irradiam
vitalidade, fantasia e criatividade (13,4-9)” (Anselm Grün – Jesus, Mestre da
Salvação – Loyola).
Santo do Dia:
Santa Cristina, mártir. Do culto
dessa jovem mártir existem muitas narrativas de valor pouco histórico. Ela
aparece nas descobertas arqueológicas do século XVII, conclui-se que ela era
venerada desde o século IV em Bolsena, de onde é padroeira. A santa aparece
entre as virgens mártires dos mosaicos da igreja de santo Apolinário de Ravena
do século VI. Outros artistas também se inspiraram em narrativas de sua Paixão para
compor suas obras. “Conta-se que uma jovem de onze anos, de nome
Cristina de extraordinária beleza foi segregada pelo pai, Urbano, oficial do
imperador, numa torre, em companhia de doze servas. Com esta atitude o pai
queria obrigar a filha, tornada cristã, a abjurar a fé e subtraí-la às leis da
perseguição. Mas a menina despedaçou as preciosas estatuetas dos deuses, que o
pai havia colocado no seu quarto, e deu os metais aos pobres. O pai passou
então da delicadeza às percussões: fê-la flagelar e fecha-la num cárcere. Como
Cristina persistisse na sua profissão de fé, Urbano a entregou aos juízes que
lhe infligiram vários e terríveis suplícios. No cárcere, onde foi jogada
desmaiada e coberta de feridas foi consolada e curada por três anjos. Como
também este castigo falhasse, passou-se à solução final: amarraram uma pesada
pedra no pescoço, jogaram-na ao lago, mas a pedra, sustentadas pelos anjos,
ficou boiando e levou a menina à margem. O desnaturado pai foi punido por Deus
com a morte; mas as torturas de Cristina não acabaram. Os juízes se enfureceram
contra ela condenando-a, com bárbara perseverança, às mais terríveis e
ineficazes torturas, como a grade de ferro quente, a fornalha superaquecida, a
mordidas de cobras venenosas, o corte dos seios, enfim, não tendo mais o que
inventar, trucaram aquela jovem existência com duas lançadas, transplantando
aquela flor incontaminada para os jardins do paraíso” (Mario Sgarbosa
e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite