Sexta, 24 de julho de 2020

(Jr 3,14-17; Sl Jr 31; Mt 13,18-23) 

16ª Semana do Tempo Comum.

“Ouvi a parábola do semeador” Mt 13,18.

“Jesus começa a falar com simplicidade do semeador que sai para semear. Uma parte das sementes cai à beira do caminho, em lugares pedregosos e entre espinhos. A parábola se dirige à comunidade cristã. Todos os cristãos ouviram a palavra de Jesus descrita pela imagem das sementes. Mas, em algum cristão, a alma se parece com o caminho: eles não conseguem ficar arados, não têm profundeza. Tudo permanece na superfície, tudo é público. Assim, a palavra de Deus não consegue penetrar. Os pássaros acabam comendo as sementes. A grande quantidade de pensamentos que esvoaçam em sua cabeça impede que a palavra de Deus penetre na alma. De tantos pensamentos em Deus, este não tem oportunidade de chegar ao nosso coração. O terreno pedregoso é a imagem das pessoas que se entusiasmam pela palavra de Deus. Mas falta-lhes persistência. A palavra só penetra nas emoções, na camada externa. A profundeza do coração não é atingida. Os espinhos são imagem das paixões e dos ferimentos, dos acúleos que nos machucam ou com os quais nós mesmos nos ferimos. Os espinhos não permitem que as sementes brotem. Jesus diz que os espinhos sufocam as sementes porque não lhes deixam espaço para respirar. Quem se sente atormentado pelas preocupações ou quem não para de remexer em suas próprias feridas impede o crescimento das sementes. Mas a maior parte das sementes cai na terra boa, onde produz uma rica colheita, cem, sessenta, trinta por um. Em cada um, as sementes têm outro crescimento. Vemos que Mateus junta o ouvir e o fazer. O fruto da existência cristã é um novo comportamento. Mas há uma segunda imagem que transparece nessas palavras. Vitalidade e fecundidade são os sinais da verdadeira espiritualidade. Quem se deixa transforma por Deus destaca-se pela fecundidade; dele irradiam vitalidade, fantasia e criatividade (13,4-9)” (Anselm Grün – Jesus, Mestre da Salvação – Loyola).

 

Santo do Dia:

Santa Cristina, mártir. Do culto dessa jovem mártir existem muitas narrativas de valor pouco histórico. Ela aparece nas descobertas arqueológicas do século XVII, conclui-se que ela era venerada desde o século IV em Bolsena, de onde é padroeira. A santa aparece entre as virgens mártires dos mosaicos da igreja de santo Apolinário de Ravena do século VI. Outros artistas também se inspiraram em narrativas de sua Paixão para compor suas obras. “Conta-se que uma jovem de onze anos, de nome Cristina de extraordinária beleza foi segregada pelo pai, Urbano, oficial do imperador, numa torre, em companhia de doze servas. Com esta atitude o pai queria obrigar a filha, tornada cristã, a abjurar a fé e subtraí-la às leis da perseguição. Mas a menina despedaçou as preciosas estatuetas dos deuses, que o pai havia colocado no seu quarto, e deu os metais aos pobres. O pai passou então da delicadeza às percussões: fê-la flagelar e fecha-la num cárcere. Como Cristina persistisse na sua profissão de fé, Urbano a entregou aos juízes que lhe infligiram vários e terríveis suplícios. No cárcere, onde foi jogada desmaiada e coberta de feridas foi consolada e curada por três anjos. Como também este castigo falhasse, passou-se à solução final: amarraram uma pesada pedra no pescoço, jogaram-na ao lago, mas a pedra, sustentadas pelos anjos, ficou boiando e levou a menina à margem. O desnaturado pai foi punido por Deus com a morte; mas as torturas de Cristina não acabaram. Os juízes se enfureceram contra ela condenando-a, com bárbara perseverança, às mais terríveis e ineficazes torturas, como a grade de ferro quente, a fornalha superaquecida, a mordidas de cobras venenosas, o corte dos seios, enfim, não tendo mais o que inventar, trucaram aquela jovem existência com duas lançadas, transplantando aquela flor incontaminada para os jardins do paraíso” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus). 

Pe. João Bosco Vieira Leite