14º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Zc 9,9-10; Sl 144[145]; Rm 8,9.11-13; Mt 11,25-30)

1. Preparando-nos ao Evangelho, nossa liturgia se abre com esse texto que nos recorda o domingo de Ramos: um rei que vem a nós numa atitude de profunda humildade, montado num jumento e capaz de nos trazer a paz. As palavras do salmista corroboram essa compreensão de quem é Deus em seus louvores.

2. A compreensão do mistério de Deus nos é dado pelo Espírito Santo. É dele que agora, a carta aos Romanos vem nos falar. Pelo batismo, ela passa a fazer morada no cristão. O grande desafio, nos dirá Paulo, é viver essa vida no Espírito, pois a carne e o espírito são antagônicos, deixando-nos conduzir por aquilo que Ele nos inspira em seu sopro suave.

3. Assim os textos nos preparam para acolher o nosso evangelho, que podemos dividir em duas partes. Na primeira temos essa exultação de Jesus em Deus, num momento de profunda intimidade e comunhão, onde agradece a Sua manifestação aos simples. A segunda nos convida a abraçar essa liberdade que Cristo nos oferece.

4. A multidão que segue Jesus e o entende, não é feita dos sábios e instruídos do seu tempo, mas de pessoas simples que vão percebendo a dinâmica do Reino pelos exemplos simples que oferece, sobre o amor de Deus experimentado no cotidiano da vida, seu desejo de salvar-nos, a compreensão de que somos irmãos.

5. Jesus entende que tudo isso, só Deus, por seu Espírito, pode revelar ao coração humano. Mas o problema dos sábios e doutores estava no apego a Lei mosaica, que os impedia de ver um pouco além.

6. É justo aqui, que na segunda parte compreendemos o convite de Jesus a se libertarem desse insuportável formalismo com que os fariseus e doutores explicavam e aplicavam a Lei, num primeiro momento.

7. Mas ampliando a nossa compreensão para todos os tempos, cansados e oprimidos sempre existirão na vida porque o sofrimento nos acompanha em muitos momentos da vida, por muitas razões. Ele se apresenta como modelo de humildade, mansidão e confiança em Deus. Acolhemos como um eco das bem-aventuranças.

8. Ao falar dos pequeninos, Jesus pensa naqueles que são vazios de si, não autossuficientes, destituídos do orgulho, que se abrem a Cristo e ao próximo. É próprio de Deus, ao longo da história salvífica reverter certos valores.

9. Por quantas vezes encontramos gente simples, sem muitos estudos que compreende melhor a Deus em seus movimentos do que um estudioso da Bíblia ou da teologia. Alguns santos doutores da Igreja são destituídos de grandes esforços acadêmicos. Mas uma coisa não elimina a outra, quando sabemos uni-las.

10. Jesus deixa claro que nosso acesso ao Pai se dá por Ele, que é a sabedoria e a ciência de Deus. E se apresenta a nós manso e humilde, apontando-nos o caminho. O cristianismo não pode ser vivido como um peso, mas num seguimento de Jesus que se adaptou à realidade do seu tempo, sem com isso perder a Sua identidade filial.

11. “Hoje a nossa oração, Pai, une-se à de Jesus para dizer: glorificado sejas, Deus nosso, Senhor do céu e da terra, porque pela humilde sabedoria da fé e do amor revelas aos pequenos o que se oculta aos poderosos, e ilumina com a luz do alto aos simples que Te procuram enquanto cegas nos seus pensamentos os sábios e orgulhosos. Glória também a Ti, Senhor Jesus, porque hoje nos convidas: vinde a mim todos os cansados e oprimidos, e encontrareis o vosso descanso, porque o meu jugo é suave e a minha carga leve. Permite, Senhor, que entendamos e vivamos a tua lei na liberdade dos filhos de Deus, respondendo fielmente ao teu amor. Amém” (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite