Sexta, 03 de Julho de 2020

(Ef 2,19-22; Sl116[117; Jo 20,24-29) 

São Tomé, Apóstolo.

“Já não sois mais estrangeiros nem migrantes, mas concidadãos dos santos. Sois da família de Deus” Ef 2,19-22.

“Depois de sua conversão, Paulo aprendeu algo que mudou sua vida – todos aqueles que acreditam em Cristo formam um único corpo. Não importa quem são os crentes, em que lugar nasceram, ou que idioma falam; todos os que acreditam e recebem o batismo formam um único corpo (Gl 3,26-27). Pode parecer pouco, mas para Paulo esse aprendizado foi extremamente importante. Criado e educado entre os fariseus (At 26,4-5), o apóstolo aprendeu que somente Israel era a nação escolhida por Deus, e isso fez com que ele tivesse sérias dificuldades para entender a nova proposta apresentada pelos seguidores de Jesus. Sua não compreensão acabou na perseguição das primeiras comunidades cristãs (At 8,1-3; 9,1-2). O encontro com Cristo, porém, transformou-lhe completamente a vida. Foi a partir daí que Paulo entendeu que, em Cristo, todas as divisões caem por terra: não há mais judeu e grego, escravo e homem livre... E todos são descendentes de Abraão e herdeiros da promessa (Gl 3,27-29). A alegria dessa descoberta fez com que Paulo compreendesse melhor o significado das palavras misericórdia, tolerância e acolhimento. Compreendeu melhor que a fé nos leva para além das nossas preferências particulares e modifica completamente nossos critérios de ação e de pensamento. Por isso, ao criar em Éfeso uma nova comunidade cristã, Paulo anunciou que a salvação pela fé em Cristo é para todos (Ef 3,6-8). Afirmou que ninguém deverá ser tratado como estrangeiro, pagão, e ninguém deverá sentir-se inferior por conta de sua origem ou história pessoal (Ef 2,19-22). Em Cristo todos tornam-se novas criaturas (2Cor 5,17) e a fé em Cristo passa a ser a principal identidade. Títulos, riquezas e honrarias, todas essas coisas tornam-se quimeras para quem conheceu a Cristo Senhor (Fl 3,1-8). – Deus de bondade, que a nossa fé em Cristo nos leve a crescer cada vez mais na comunhão do Amor. Amém (Marcos Daniel de Moraes Ramalho – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

 

Santo do Dia:

São Tomé, apóstolo. “O aposto Tomé, a quem obstinadamente fazemos a injustiça de chama-lo de incrédulo, se despede do Evangelho com um breve e alto grito de fé: ‘Meu Senhor e meu Deus!’ Ninguém até aquele momento, nem mesmo Pedro e João, havia pronunciado a palavra Deus dirigindo-se a Jesus. Ao titubeante e sofredor Tomé e à sua necessidade interior de clareza devemos as confortáveis palavras de Cristo, epílogo do Evangelho e ponto de força para os futuros crentes: ‘Porque me viste, Tomé, creste. Felizes os que não viram e creram’. A incredulidade de Tomé, como a negação de Pedro, foram as consequências do amor e da dor, e por isso foram transformadas em bênçãos e sustento da fraqueza da parte da misericórdia de Deus. Tomé entra no Evangelho quase inobservado. As primeiras palavras que pronuncia são de desconforto. Marta e Maria haviam suplicado a Jesus para que fosse à cabeceira de Lázaro, mas voltar novamente à Judeia após as ameaças feitas pelos inimigos, era expor-se a um grande perigo. Jesus, porém, diante das objeções dos apóstolos, mostrou-se decidido e foi aí que Tomé exclamou aflito: ‘Vamos também nós e morramos com ele!’ A segunda intervenção de Tomé deixa transparecer também melancolia. Jesus tinha reunido os discípulos no cenáculo e preparava-os para os grandes acontecimentos de que seriam protagonistas. Suas palavras têm um tom de despedida: ‘Para onde eu vou vocês sabem e sabem também o caminho’. Todos calam, tomados pela emoção; só Tomé ousa objetar: ‘Senhor, nós não sabemos para onde vais, e como poderemos conhecer o caminho?’ A resposta de Jesus é outro presente, que introduz a Tomé e também a nós no âmago do mistério trinitário: ‘Jesus lhe respondeu: ‘eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. Se vocês me conhecem, conhecerão também meu Pai. Desde este momento vocês o conhecem’’. Tomé, que mais que qualquer outro precisa da Páscoa para ter uma resposta definitiva às suas interrogações, provocou, com sua ausência da comunidade dos apóstolos visitada por Jesus ressuscitado, outro providencial incidente: ‘Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser o meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não acreditarei’. E Jesus pode responder: ‘Põe o teu dedo aqui e vê minhas mãos!... Não sejas incrédulo, acredita!’” (Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada dia – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite