(Ef 2,19-22; Sl116[117; Jo 20,24-29)
São Tomé, Apóstolo.
“Já não sois mais
estrangeiros nem migrantes, mas concidadãos dos santos. Sois da família de
Deus” Ef 2,19-22.
“Depois de sua
conversão, Paulo aprendeu algo que mudou sua vida – todos aqueles que acreditam
em Cristo formam um único corpo. Não importa quem são os crentes, em que lugar
nasceram, ou que idioma falam; todos os que acreditam e recebem o batismo
formam um único corpo (Gl 3,26-27). Pode parecer pouco, mas para Paulo esse
aprendizado foi extremamente importante. Criado e educado entre os fariseus (At
26,4-5), o apóstolo aprendeu que somente Israel era a nação escolhida por Deus,
e isso fez com que ele tivesse sérias dificuldades para entender a nova
proposta apresentada pelos seguidores de Jesus. Sua não compreensão acabou na
perseguição das primeiras comunidades cristãs (At 8,1-3; 9,1-2). O encontro com
Cristo, porém, transformou-lhe completamente a vida. Foi a partir daí que Paulo
entendeu que, em Cristo, todas as divisões caem por terra: não há mais judeu e
grego, escravo e homem livre... E todos são descendentes de Abraão e herdeiros
da promessa (Gl 3,27-29). A alegria dessa descoberta fez com que Paulo compreendesse
melhor o significado das palavras misericórdia, tolerância e acolhimento.
Compreendeu melhor que a fé nos leva para além das nossas preferências
particulares e modifica completamente nossos critérios de ação e de pensamento.
Por isso, ao criar em Éfeso uma nova comunidade cristã, Paulo anunciou que a
salvação pela fé em Cristo é para todos (Ef 3,6-8). Afirmou que ninguém deverá
ser tratado como estrangeiro, pagão, e ninguém deverá sentir-se inferior por
conta de sua origem ou história pessoal (Ef 2,19-22). Em Cristo todos tornam-se
novas criaturas (2Cor 5,17) e a fé em Cristo passa a ser a principal
identidade. Títulos, riquezas e honrarias, todas essas coisas tornam-se
quimeras para quem conheceu a Cristo Senhor (Fl 3,1-8). – Deus de
bondade, que a nossa fé em Cristo nos leve a crescer cada vez mais na comunhão
do Amor. Amém” (Marcos Daniel de Moraes Ramalho – Meditações para o dia a
dia [2015] – Vozes).
Santo do Dia:
São Tomé, apóstolo. “O
aposto Tomé, a quem obstinadamente fazemos a injustiça de chama-lo de
incrédulo, se despede do Evangelho com um breve e alto grito de fé: ‘Meu Senhor
e meu Deus!’ Ninguém até aquele momento, nem mesmo Pedro e João, havia
pronunciado a palavra Deus dirigindo-se a Jesus. Ao titubeante
e sofredor Tomé e à sua necessidade interior de clareza devemos as confortáveis
palavras de Cristo, epílogo do Evangelho e ponto de força para os futuros
crentes: ‘Porque me viste, Tomé, creste. Felizes os que não viram e creram’. A
incredulidade de Tomé, como a negação de Pedro, foram as consequências do amor
e da dor, e por isso foram transformadas em bênçãos e sustento da fraqueza da
parte da misericórdia de Deus. Tomé entra no Evangelho quase inobservado. As
primeiras palavras que pronuncia são de desconforto. Marta e Maria haviam
suplicado a Jesus para que fosse à cabeceira de Lázaro, mas voltar novamente à
Judeia após as ameaças feitas pelos inimigos, era expor-se a um grande perigo.
Jesus, porém, diante das objeções dos apóstolos, mostrou-se decidido e foi aí
que Tomé exclamou aflito: ‘Vamos também nós e morramos com ele!’ A segunda
intervenção de Tomé deixa transparecer também melancolia. Jesus tinha reunido
os discípulos no cenáculo e preparava-os para os grandes acontecimentos de que
seriam protagonistas. Suas palavras têm um tom de despedida: ‘Para onde eu vou
vocês sabem e sabem também o caminho’. Todos calam, tomados pela emoção; só
Tomé ousa objetar: ‘Senhor, nós não sabemos para onde vais, e como poderemos
conhecer o caminho?’ A resposta de Jesus é outro presente, que introduz a Tomé
e também a nós no âmago do mistério trinitário: ‘Jesus lhe respondeu: ‘eu sou o
caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. Se vocês me
conhecem, conhecerão também meu Pai. Desde este momento vocês o conhecem’’.
Tomé, que mais que qualquer outro precisa da Páscoa para ter uma resposta
definitiva às suas interrogações, provocou, com sua ausência da comunidade dos
apóstolos visitada por Jesus ressuscitado, outro providencial incidente: ‘Se eu
não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser o meu dedo no lugar dos
cravos e minha mão no seu lado, não acreditarei’. E Jesus pode responder: ‘Põe
o teu dedo aqui e vê minhas mãos!... Não sejas incrédulo, acredita!’” (Mario
Sgarbossa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada dia –
Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite