(Is 6,1-8; Sl 92[93]; Mt 10,24-33)
14ª Semana do Tempo Comum.
“Não tenhais medo!
Vós valeis mais que muitos pardais” Mt 10,31.
“No texto maior Jesus
recomenda a seus discípulos, por três vezes, que não tenham medo. O primeiro
estímulo é mencionado em Mt 10,26-27 indicando que tudo será transparente e a
palavra da verdade prevalecerá. O discípulo deve dizer em alto e bom som apenas
aquilo que aprendeu do Mestre. Não haverá mentiras em suas palavras. Todos
podem ouvi-las sem temor algum. O segundo estímulo a não ter medo está em Mt
10,28. Jesus quer que seus discípulos entendam que, seja qual for o castigo que
os homens podem administrar, não é nada em comparação com a sorte final deles.
Eles podem até matar fisicamente, porém nada conseguirão contra a alma. É uma
bendita afirmação sobre a imortalidade da alma. O terceiro estímulo é o nosso
texto específico. Ele está fundamentado na certeza do minuciosos cuidado que
Deus tem para com os seus. Se Deus se ocupa com pardais ou cabelos (Mt 10,30),
os discípulos não precisam duvidar. Deus iria ampará-los. Seus cuidados seriam
notórios. Os pardais, vendidos para as famílias mais pobres, eram baratos e
fáceis de serem adquiridos para o sacrifício. Nos campos, em grande número,
recebiam de Deus o necessário para sobreviverem. Os discípulos, por sua vez,
criados à imagem e semelhança do Pai, e dotado de toda inteligência, seriam
plenamente amparados. Por eles Jesus morreu e ressuscitou. Os discípulos temiam
os poderosos. As ameaças eram constantes. O amanhã era desconhecido para os
discípulos e Jesus sabia que viriam tempos difíceis. O medo tolhe, amedronta, inibe,
faz morrer devagarinho. ‘Não tenham medo’ é o estímulo constante para nós nos
dias modernos. A ignorância e a insensatez ameaçam a verdade e quer prevalecer.
Aparentemente podem cantar vitórias, porém Deus triunfará e, com ele,
prevaleceremos. – Senhor! Nosso medo fica visível quando nos
distanciamos de ti. Queremos todos os dias ouvir tua voz: ‘não temais!’
Obrigado. Amém” (Arnaldo Hoffmann Filho – Meditações para o dia a dia [2017]
– Vozes)
Santo do Dia:
São Bento, abade. Nascido em
Nórcia, por volta do ano 476. Ainda jovem foi enviado a Roma para que
aprendesse retórica e filosofia. Desiludido da vida que aí se vivia, abandonou
a cidade para retirar-se em Enfide (hoje Affile), dedicando-se ao estudo numa
vida de rigorosa disciplina ascética. Não satisfeito com aquela relativa
solidão, aos vinte anos, sob a guia de um piedoso ermitão, escondeu-se numa
espelunca do Subiaco. Foram três anos de meditações e penitências. Com um
grupo de jovens entre os quais Plácido e Mauro, emigrou para Nápoles, escolhendo
sua morada no sopé da Montanha de Cassino, onde edificou o primeiro mosteiro,
fechado dos quatro lados, como uma fortaleza e aberto à luz como uma grande
vasilha que recebe do céu a benéfica seiva para depois despejá-la no mundo. Com
são Bento abre-se precisamente o glorioso capítulo da vida monástica ocidental.
Homem amante das coisas concretas e claras, Bento resumia sua Regra num lema
eficaz: Ora e Trabalha, restituindo à ascese cristã o caráter de
contemplação e ação, conforme o espírito e a letra do Evangelho. Bento,
precedido no túmulo pela irmã santa Escolástica, previu o dia da sua morte,
acontecida provavelmente em 547.
Pe. João Bosco Vieira Leite