(Br 1,15-22; Sl 78[79]; Lc 10,13-16)
26ª Semana do Tempo Comum.
Seguiremos por oito conselhos práticos
para orar com os salmos (intercalados por comentários de apreciadores dos
salmos), um olhar geral e concreto na prática da oração dos salmos. “Os
salmos são poesia, e a poesia costuma ser difícil, à primeira leitura. Muito
mais se se trata de uma literatura que está a milhares de anos e de quilômetros
de distância da nossa. Por isso, o primeiro conselho é familiarizar-nos com o
texto. O ideal seria sabê-lo de memória, coisas que, nos tempos antigos, não se
considerava impossível [...]. Mas se não nos atrevemos a aprender o Saltério,
pelo menos devemos memorizar um ou outro salmo curto, ou então as estrofes ou
os versículos que mais impacto causam em nós. [...] Quanto menos dependermos da
leitura do livro, mais livremente voarão nossa imaginação e nossos afetos. A
regra de ouro de Cassiano é ‘recitar os salmos como se fosse tu o autor’, e
‘antecipar-se ao texto, mais que segui-lo’. Na prática, para dar um
exemplo, ao começar a oração de um salmo, se já o conhecemos, desde o primeiro
versículo ou mesmo a partir de título seremos capazes de lembrar seu argumento,
e de que é aquele que tem um certo versículo que nos encanta. E de antemão
adotamos a atitude espiritual que Cassiano pedia” (Hilar Raguer
– Para Compreender os Salmos – Loyola).
Ao reconhecimento das culpas diante de
Deus por parte do autor sagrado, o salmo 79 (vv. 1-5.8-9) complementa essa
recordação e implora misericórdia. Trata-se de uma reflexão sobre a
infidelidade do povo a Deus enquanto a cidade de Jerusalém está em ruínas, um
clamor comunitário por libertação. Esse salmo é recitado no Muro das
Lamentações, em Jerusalém, todas as sextas-feiras à tarde como um clamor a Deus
para restaurar o Templo. “O salmo 79 desempenhou um papel fundamental
em uma das mais conhecidas conversões dos últimos dois mil anos. Um jovem
romano chamado Agostinho sentou-se em um jardim em Milão, na Itália, sob
profunda convicção de seu pecado e, não obstante, aparentemente incapaz de
romper com a antiga vida de rebelião contra Deus. Em seu anseio, ele orou
alguns versículos do Salmo 79: ‘Até quando, Senhor? Ficarás irado para sempre?
[...] Não cobres de nós as maldades dos nossos antepassados’ (vv. 5.8). Quase
imediatamente, ele ouviu a voz de uma criança dizer: ‘Toma e lê!’ Quando ele
pegou uma Bíblia aberta, seus olhos caíram em Romanos 13,13-14):
‘Comportemo-nos com decência, como quem age à luz do dia, não em orgias e
bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavenças e inveja.
Ao contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando
como satisfazer os desejos da carne’. Nesse momento, Agostinho creu plenamente
em Cristo e foi salvo. Ele veio a se tornar um poderoso escritor cristãos e um
grande líder da Igreja” (Douglas Connelly - Guia Fácil para
entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).
Pe. João Bosco Vieira Leite