Sexta, 06 de outubro de 2017

(Br 1,15-22; Sl 78[79]; Lc 10,13-16) 
26ª Semana do Tempo Comum.

Seguiremos por oito conselhos práticos para orar com os salmos (intercalados por comentários de apreciadores dos salmos), um olhar geral e concreto na prática da oração dos salmos. “Os salmos são poesia, e a poesia costuma ser difícil, à primeira leitura. Muito mais se se trata de uma literatura que está a milhares de anos e de quilômetros de distância da nossa. Por isso, o primeiro conselho é familiarizar-nos com o texto. O ideal seria sabê-lo de memória, coisas que, nos tempos antigos, não se considerava impossível [...]. Mas se não nos atrevemos a aprender o Saltério, pelo menos devemos memorizar um ou outro salmo curto, ou então as estrofes ou os versículos que mais impacto causam em nós. [...] Quanto menos dependermos da leitura do livro, mais livremente voarão nossa imaginação e nossos afetos. A regra de ouro de Cassiano é ‘recitar os salmos como se fosse tu o autor’, e ‘antecipar-se ao texto, mais que segui-lo’.  Na prática, para dar um exemplo, ao começar a oração de um salmo, se já o conhecemos, desde o primeiro versículo ou mesmo a partir de título seremos capazes de lembrar seu argumento, e de que é aquele que tem um certo versículo que nos encanta. E de antemão adotamos a atitude espiritual que Cassiano pedia” (Hilar Raguer – Para Compreender os Salmos – Loyola).

Ao reconhecimento das culpas diante de Deus por parte do autor sagrado, o salmo 79 (vv. 1-5.8-9) complementa essa recordação e implora misericórdia.  Trata-se de uma reflexão sobre a infidelidade do povo a Deus enquanto a cidade de Jerusalém está em ruínas, um clamor comunitário por libertação. Esse salmo é recitado no Muro das Lamentações, em Jerusalém, todas as sextas-feiras à tarde como um clamor a Deus para restaurar o Templo. “O salmo 79 desempenhou um papel fundamental em uma das mais conhecidas conversões dos últimos dois mil anos. Um jovem romano chamado Agostinho sentou-se em um jardim em Milão, na Itália, sob profunda convicção de seu pecado e, não obstante, aparentemente incapaz de romper com a antiga vida de rebelião contra Deus. Em seu anseio, ele orou alguns versículos do Salmo 79: ‘Até quando, Senhor? Ficarás irado para sempre? [...] Não cobres de nós as maldades dos nossos antepassados’ (vv. 5.8). Quase imediatamente, ele ouviu a voz de uma criança dizer: ‘Toma e lê!’ Quando ele pegou uma Bíblia aberta, seus olhos caíram em Romanos 13,13-14): ‘Comportemo-nos com decência, como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavenças e inveja. Ao contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne’. Nesse momento, Agostinho creu plenamente em Cristo e foi salvo. Ele veio a se tornar um poderoso escritor cristãos e um grande líder da Igreja”  (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).      


  Pe. João Bosco Vieira Leite