Quinta, 05 de outubro de 2017

(Ne 8,1-12; Sl 18[19]; Lc 10,1-12) 
26ª Semana do Tempo Comum.

Nessa preocupação em ajudar a rezar com os salmos, que remonta aos primórdios de nossa Igreja, a obra mais importante com comentários cristãos aos salmos é de santo Agostinho: Enarrationes in Psalmos. Assim nos introduz o autor: “A fim de que pudesse receber dos homens um louvor digno de sua eterna majestade, Deus louvou a si mesmo; e, nestes louvores que se dignou ditar, nós, os homens, encontramos o meio de apresentar ao Altíssimo a homenagem que lhe corresponde. Pois em Deus não cabe a proibição feita ao homem: ‘Não sai dos teus lábios o louvor próprio’. Se o homem louva a si mesmo, é arrogância; mas, se Deus se louva é misericórdia. É proveitoso que amemos aquele que louvamos pois, amando o bem, nos tornamos melhores. Assim, portanto, sabendo Deus que redunda em proveito o nosso fato de o louvarmos, ele se louva para tornar-se mais amável, procurando nosso bem, pelo que descobre quão digno é ser amado. Põe fervor em nossos corações, para que se acendam em louvor; inunda de seu espírito seu servos, para que o louvem com cantos inspirados e, como deseja que seja seu Espírito que em seus servos se louve, é Ele quem louva a si mesmo, a fim de que o possamos louvar dignamente” (Hilar Raguer – Para Compreender os Salmos – Loyola).

A alegria do povo que pode novamente ouvir o livro da lei de Moisés é expressada pelo salmo 19 (vv. 8-11). Atribuído a Davi, o salmo contempla a comunicação de Deus sobre si mesmo para nós, como um hino de louvor ao próprio Deus. A primeira parte do salmo contempla uma outra realidade pela qual Deus se comunica: a sua criação. “Deus nos deu dois livros que nos ajudam a descobrir quem ele é e como ele é. O primeiro livro veio do dedo de Deus; o segundo livro veio de seus lábios. Davi queria que apreciássemos os dois. O primeiro livro é o da criação – ‘Os céus declaram a glória de Deus’ (v. 1). O segundo livro é a Bíblia, o livro das Escrituras – ‘A lei do Senhor é perfeita’ (v. 7). [...] Precisamos da luz do segundo livro de Deus para compreendermos totalmente o primeiro livro. Na Bíblia aprendemos que Deus criou o vasto Universo para nos mostrar parte de sua majestade e impressionante poder. Os céus não são para nos fazer sentir sozinhos, mas para nos lembrar como nosso Deus é grande”  (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).      


 Pe. João Bosco Vieira Leite