27º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Is 5,1-7; Sl 79[80]; Fl 4,6-9; Mt 21,33-43)

1. Sob o simbolismo de uma vinha que foi bem cultivada e que não deu os devidos frutos, o profeta faz uma espécie de recapitulação da história de Israel e de sua relação com Deus. A alegoria do profeta serve de base para o evangelho, mas também como uma séria crítica a toda religiosidade que não produz frutos concretos de justiça e de bondade.

2. O salmo que se segue descreve poeticamente o reconhecimento de Israel de seus erros, mas que certamente não se converterá se o próprio Deus não vier em seu auxílio, com sua misericórdia e sua Palavra.

3. Assim Paulo se dirige aos filipenses lembrando-lhes como a oração é esse canal de comunicação com Deus, a quem não só apresentamos nossas necessidades, mas aprendemos a ser gratos. Endossando o que foi dito anteriormente, que adiantaria uma vida de relação com Deus que não nos fizesse pessoas melhores? Paulo lembra algumas atitudes necessárias, para ser e viver em paz.

4. Ao estilo do profeta, Jesus situa a sua parábola da vinha, a partir desse tempo novo de Israel, e no simbolismo da narrativa recorda o modo como Deus ‘cobrou’ de seu povo o resultado do que lhe foi confiado. O quanto da Palavra dirigida por Deus por meio dos profetas foi rejeitada de forma até mesmo violenta, como percebemos nos livros do Antigo Testamento.

5. O ponto alto da narrativa é o envio do Filho. É quase impossível não perceber a aplicação da imagem ao próprio Jesus e da morte sofrida por ele fora dos muros de Jerusalém.

6. Talvez a atitude do dono da vinha devesse ser como o julgamento dos ouvintes de Jesus. Mas não, o Deus de Jesus preferiu confiar a vinha a outros. Esses ‘outros’, no contexto do evangelho de Mateus são os pagãos que com o advento do cristianismo passaram a fazer parte do povo de Deus.

7. Mas isso não nos põe numa situação tranquila e privilegiada, pois podemos repetir os mesmos erros de Israel. Em que, de acordo com a Palavra escutada, tem se transformado a minha vida e o meu agir? Como agem as nossas comunidades de fé? Que frutos concretos expressam a presença do Reino entre nós? Não somos senhores de nada. Tudo nos foi confiado e tudo será devolvido. Oxalá, multiplicado.


 Pe. João Bosco Vieira Leite