(Rm 6,12-18; Sl 123[124]; Lc 12,39-48)
29ª Semana do Tempo Comum.
“A estrutura da
linguagem dos salmos é quase sempre um ‘eu’, o do salmista, que se dirige a um
‘tu’, que é Deus. Algumas vezes, de maneira retórica, o salmista exorta a si
mesmo, dizendo, por exemplo, ‘Alma minha, exaltai o Senhor’. Em outros casos
apela poeticamente a toda a criação, convidando-a a louvar a Deus. Mas a
estrutura básica é a do ‘eu’ que fala a um ‘tu’. [...] diremos que eles podem
ser cristificado ‘por cima’, colocando a Cristo no lugar do Tu divino ao qual o
salmo se dirige e rezando-o a ele; ou ‘por baixo’, identificando a Cristo com o
salmista, e dizendo-o com Cristo ao Pai” (Hilar Raguer – Para
Compreender os Salmos – Loyola).
A vida nova do batismo é uma luta
contra o pecado, da escravidão para a liberdade, pela graça de Cristo. Para dar
eco ao pensamento paulino nossa liturgia insere o salmo 124, na íntegra, na
nossa liturgia da Palavra. Davi retoma um velho cântico do seu povo para
reconhecer a libertação de Deus nesse tom de ação de graças pela proteção
divina. É desse salmo que herdamos a expressão muitas vezes usada: “A
nossa proteção está no nome do Senhor. Do Senhor que fez o céu e a terra” (cf.
v. 8) para invocar uma bênção, um pedido. “Deus certamente tem nos livrado da
aflição espiritual, e muitas vezes nos livra do perigo físico. A parte triste é
que são raras as vezes em que lhe agradecemos pela proteção e pelo livramento
que ele nos dá. Davi queria que percebêssemos que, se o Senhor não estivesse
nos protegendo, pereceríamos num piscar de olhos. Dia após dia, decisão após
decisão, Deus nos guia como viajantes na jornada da vida. Todos os dias ele nos
impede de cair em armadilhas e de nos desviar do caminho. E todos os dias
deveríamos ver a gratidão pela bondade de Deus brotando de nossos lábios” (Douglas
Connelly - Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson
Brasil).
Pe. João Bosco Vieira Leite