28º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Is 25,6-10a; Sl 22[23]; Fl 4,12-14.19-20; Mt 22,1-14)

1. Em preparação ao evangelho a liturgia nos propõe esse texto do profeta Isaias, em que se reflete, através de um banquete, a comunhão plena com Deus em tempos vindouros. Para todos os povos se acena a vitória sobre todo tipo de morte que limita a vida humana. Ele sonha com os tempos messiânicos. Nossa liturgia aponta para Jesus.

2. Encerramos nossa leitura da carta aos filipenses com esse testemunho de Paulo sobre sua capacidade de suportar os altos e baixos da vida e em ser grato aos que lhe foram solidários. É em Cristo que ele encontra a força para o testemunho, e sabe que Deus será a força e o sustento da comunidade que segue a sua missão.

3. Jesus amplia a imagem do Reino e da sua rejeição por parte das autoridades religiosas do seu tempo com esse grande banquete ao estilo da generosidade dos reis de seu tempo. Não é difícil perceber o que cada personagem representa. É Deus que nos convida para o casamento do seu Filho com toda a humanidade.

4. A celebração dessas núpcias teve seu início com esse tempo de Jesus entre nós. Em Jesus, Deus expressa o seu amor para conosco, sem discriminação. Nos vários momentos em que Jesus esteve à mesa em casa de alguém, já se ensaiava a alegria de tempos vindouros. Ou a alegria do evangelho, como nos propõe o papa Francisco. 

5. Antes de Jesus esse convite já foi feito pelos profetas e agora é feito por aqueles que compreendem que o evangelho não exclui ninguém. É patente a insistência de Mateus para que a comunidade dos cristãos saiba acolher a todos, bons e maus como nos recorda suas parábolas.

6. Mas é possível recusar o convite por muitos motivos. Há quem não precise de tal banquete, sentem-se satisfeitos em seus negócios. Mateus faz menção a destruição de Jerusalém em meio ao convite do banquete, algo meio sem lógica narrativa, mas fazendo o certo juízo sobre a rejeição de Jesus.

7. Mais sem lógica ainda é o que segue na narrativa: como cobrar uma veste própria de quem foi chamado ao improviso?  Seria uma outra parábola? A interpretação mais comum seria de que uma vez chamado a viver essa vida nova em Cristo, é preciso que sejamos coerentes com o que abraçamos. Caso contrário nos perdemos em nossa busca.

8. Como nos lembra Paulo, é necessário revestir-se de Cristo, de suas atitudes, do seu modo de ser, que muda o nosso modo de ser e ver as coisas.

9. A comunidade de Mateus é feita de maioria judaica, acostumados a certas advertências fortes de seus pregadores, ele carrega na tinta, ao apresentar Deus de maneira tão dura. Uma frase de efeito encerra a narrativa, que não tem nada a ver com o número dos que serão salvos, mas com o número daqueles que não se decidem prontamente por Ele e pelo Reino. Uma estória para refletir sobre a nossa atual posição em relação a Cristo, sobre a nossa decisão em caminhar com Ele.


 Pe. João Bosco Vieira Leite