(Ex 22,20-26; Sl 17[18]; 1Ts 1,5c-10; Mt 22,34-40).
1. Num tempo histórico onde o
estrangeiro era hostilizado simplesmente por ser estrangeiro, Israel já possuía
uma lei que o defendia de ações discriminatórias. E não só o estrangeiro, mas a
viúva e órfão também precisavam ser protegidos de alguma forma. É Deus que se
coloca ao lado dos mais vulneráveis.
2. Tudo isso para lembrar a Israel que
um dia ele já passou por essa experiência, no Egito, no exílio. Colocar-se no
lugar do outro ajuda a rever as atitudes. Mas esse tipo de exploração do outro
em sua fragilidade não é coisa de outros tempos. Ela se mantem presente na
exploração, no roubo e engano de nossos tempos. Cada vez mais contemplamos
situações que beiram o absurdo. Que vão desde a merenda escolar até a frágil
situação da perda de um ente querido. O texto nos lembra que Deus não é
indiferente a esses acontecimentos.
3. Ao expressar seu carinho pela
comunidade de Tessalônica, Paulo nos revela que entre as comunidades cristãs se
mantinha uma comunicação e partilha da caminhada. Também nos fala da força do
testemunho dessa comunidade na expansão do Evangelho. Longe de todo esse
barulho dos meios de comunicação de nossa época, há uma fé que se comunica não
só no que diz, mas no modo como vive.
4. Sabemos que no tempo de Jesus, para
além dos mandamentos divinos havia uma série de proibições e de ações a serem
cumpridas. Nesse difícil caldeirão de regras, perguntava-se, afinal, o que é o
mais importante?
5. Israel trazia consigo a constante
memória do Deuteronômio: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, com
toda a tua alma e com todas as tuas forças” (6,5). No livro do Levítico já
havia a recomendação de buscar amar o outro como a si mesmo. Onde está a
novidade de Jesus?
6. Está na síntese de tudo em dois
únicos mandamentos que acabam se equiparando, algo impensável na época. Amar a
Deus tem como princípio a escuta de sua Palavra. E aqui entra, por
consequência, a oração como busca de viver a sua vontade.
7. Na compreensão de Jesus, o amor a
Deus não passa pela observância de preceitos, mas pelas coisas do dia a dia. É
preciso prestar atenção e ter a disponibilidade para com os movimentos da vida.
Saber colocar-se no lugar do outro, em suas necessidades, pode ser um
indicativo de como devo agir para concretizar esse amor a Deus.
8. Comumente o amor a Deus baseado no
cumprimento de alguma norma poderia nos deixar tranquilos. Mas Jesus deixa
claro em seu falar e agir que não existe amor de fato se não nos comprometemos
com o outro. Entre eu e Deus, ele é o que de mais concreto existe.
Pe. João Bosco Vieira Leite