(Rm 7,18-25; Sl 118[119]; Lc 12,54-59)
29ª Semana do Tempo Comum.
São dois grupos de salmos que,
particularmente, emprestam voz a Jesus ao dirigir-se ao Pai. O primeiro é dos
salmos dos pobres de Javé (anawin), considerados piedosos e místicos,
cujas atitudes prefiguravam as de Jesus, no santo temor do Senhor buscavam
obedecer as suas ordens, na consciência de fragilidade e do seu pecado
carregavam consigo a certeza de serem filhos de Deus. O segundo grupo de salmos
que se encaixam bem na boca de Jesus é o do justo sofredor, do homem
perseguido, caluniado, torturado que, no entanto, não se desespera, nem se
vinga, mas põe sua confiança, sua causa e sua vida nas mãos de Deus, como bem
vislumbramos, particularmente, na liturgia da Semana Santa. Salmos que pedem
justiça e misericórdia. São salmos que devem ser lidos à luz dos evangelhos,
unindo-nos a Cristo, que os diz ao Pai.
Paulo nos fala dessa luta interior
entre o bem que devemos fazer e o que de fato, às vezes, fazemos. Por isso o
salmista eleva sua oração pedindo ajuda: Sl 119 (vv. 66.68.76-77.93-94). Este
salmo gira em torno da excelência da Palavra escrita; em sua sabedoria quer nos
indicar a direção certa. É o mais longo dos salmos e o maior capítulo da
Bíblia. Foi habilmente construído. “Esse salmista não conseguia
descrever o quanto a Palavra escrita de Deus significava. Ele não via a
Escritura como um fardo a ser obedecido ou um quebra-cabeça para montar; ele
via a verdade de Deus como um tesouro para ser amado, aprendido e vivido. O
salmo 119 é uma canção de amor à Bíblia. Quase todos os versículos se referem,
de alguma forma, à Palavra escrita de Deus. [...] Talvez você não saiba tudo o
que está na Bíblia, mas ali está. O que está nela é para que todos possam
desfrutar e aprender. Deus não é mesquinho nem sigiloso. Ele não dá sua verdade
só para alguns que guardam zelosamente os segredos de Deus. Deus colocou tudo
na mesa” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos -
Thomas Nelson Brasil).
Pe. João Bosco Vieira Leite