(Dt 31,1-8; Sl [Dt 32]; Mt
18,1-5.10.12-14)
Memória de Santa Clara, virgem e fundadora.
A 1ª leitura nos coloca, hoje e amanhã, nos capítulos finais
do Deuteronômio, da despedida de Moisés e passagem da condução do povo de Deus
para Josué. Moisés dirigi-lhe palavra de entusiasmo e confiança no Senhor. Como
nós precisamos, às vezes, de quem nos faça avançar no caminho da vida e das
situações a serem enfrentadas...
Santo Inácio de Loyola dizia que devemos esperar tudo de Deus
e pedir com confiança imensa tudo que precisamos; porém, devemos fazer tudo que
somos capazes de fazer, como se Deus não fizesse nada. Bem antes de Inácio,
Santa Clara viveu essa confiança. A esperança que carregamos não pode ser um
pretexto para permanecer parado, esperando que Deus intervenha sem que nós
façamos nenhum esforço.
Na figura da criança do evangelho percebemos que a coragem
cristã se faz acompanhar de uma significativa humildade. Não temos a pretensão
de ter o controle sobre tudo, mas saber que Deus é quem na realidade realizará
comigo e conforme o Seu querer.
Neste dia queremos pedir a graça da verdadeira confiança
filial, fonte de tranquila coragem. Saber-nos colaboradores de Deus na obra que
Ele deseja realizar por nós, com humildade e com entusiasmo, com esperança e
com dinamismo.
Peçamos também a Santa Clara a intercessão de colocar-nos na
presença do Senhor e aprender a amar no seu jeito contemplativo de viver.
“Coloca os teus olhos diante do espelho da eternidade, coloca tua alma no esplendor
da glória, coloca o teu coração naquele que é a figura da divina substância e,
transformada interiormente por meio da contemplação, na imagem da sua
divindade. Então também tu provarás aquilo que está reservado somente aos
amigos e gozarás a secreta doçura que Deus mesmo reservou desde o início para
aqueles que o amam. Sem conceder nem mesmo um olhar às seduções que, neste
mundo falaz e irrequieto, estendem laços aos cegos que atacam seu coração, ama
por inteiro aquele que por teu amor se deu” (santa Clara de Assis, Carta a
Santa Inês de Praga).
Pe. João Bosco Vieira Leite