21º Domingo do Tempo Comum - Ano B


(Js 24,1-2a.15-17.18b; Sl 33[34]; Ef 5,21-32; Jo 6,60-69)


1. Retomamos o nosso tempo comum e o final do discurso de Jesus em Cafarnaum; este se conclui, diante da polêmica gerada pelas palavras de Jesus, com uma escolha.
* Como um tema constante da Bíblia (“escolha”), a liturgia nos oferece esse texto de Josué para nos introduzir no tema. Como sabemos Josué sucedeu a Moisés na condução do povo de Deus e na conquista da terra prometida.
2. Uma vez que o país foi conquistado e agora trata-se de viver uma nova realidade não mais de peregrinos, mas de um povo fixo rodeado de outros povos, surge uma pergunta: a quem eles querem servir?
* A pergunta pode parecer redundante diante de tudo que foi a aventura do deserto e da conquista da terra ao lado de Deus.
3. Mas o texto quer nos lembrar que a escolha feita da fé, não foi feita uma vez por todas. Ela deve atualizar-se constantemente porque as circunstâncias mudam;
* cada nova situação nos propõe perguntas: sobre em quem acreditamos e se acreditamos nele como fonte de sentido e felicidade e se assim é, porque estamos fazendo essa escolha?
4. Concluindo nossa leitura da carta aos efésios, Paulo lança um olhar sobre a convivência familiar e seus conflitos. Seu olhar é generalizado, sua linguagem é de uma época, mas seu ensinamento é universal.
* Tendo a Jesus como modelo de vida que fez de sua vida um serviço a todos, não há outro meio de nutrir relações saudáveis se não for pelo serviço ao outro, a “solicitude” que fala Paulo. Quem ama cuida.
5.  A multidão que buscou Jesus depois do milagre dos pães é levada a compreensão do verdadeiro pão que Deus quer oferecer: seu Filho.
* Ele se dará aos seus sob a realidade eucarística e aquele que o aceitar viverá por Ele, ou seja, buscará uma comunhão sempre maior de vida, identificando-se com seu agir e pensar.
6. A dificuldade inicial de compreensão foi superada, mas o problema agora é aceitar a proposta. A multidão se foi, restaram seus discípulos, perplexos diante de tal desfecho.
* E Jesus não ameniza; fala da ação do Espírito e do desfecho do caminho; outra parcela se vai e restam os doze diante da pergunta de Jesus. Se é difícil agora, na sua presença, mais o será viver só da “visão” da fé.
7. Como o antigo Israel, eles também devem escolher e por tabela também nós que nos colocamos diante desse mistério de buscar não só o pão material, mas dar esse salto de qualidade, buscando a lógica de Deus e acolhendo o dom do pão da vida.
8. A fé não está baseada em provas definitivas e irrefutáveis, mas é a adesão amorosa a uma proposta. Mesmo aderindo, isso não quer dizer que as dúvidas desapareçam.
* A palavra de Deus pode gerar entusiasmos, acender uma luz em nós, mas também pode colocar em crise nosso estilo de vida e nossas escolhas. Não é com pouco esforço que repetimos o nosso “sim”.
9. É longo o caminho que fazemos e só com o tempo podemos avaliar quais escolhas foram coerentes com o que acreditamos, e como pela fé chegamos até aqui.
* Se somos dignos de nos aproximarmos da mesa da eucaristia, só Deus sabe. O que sabemos é que esse pão que Ele se fez, não é para os anjos, é para nós que peregrinamos;
* que carregamos o peso de nossas dúvidas, de nossos pecados, que nos sentimos fracos e cansados e precisamos de apoio. É nessa atitude de fé, pobreza e humildade que queremos experimentar a sua vida em nossa vida.


Pe. João Bosco Vieira Leite