22º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Dt 4,1-2.6-8; Sl 14[15]; Tg 1,17-18.21-22.27; Mc 7,1-8.1-15.21-23)

1. Segundo o autor sagrado, Israel deve observar a lei de Deus e nada lhe acrescentar ou retirar, pois nela se encontra a sua sabedoria.

* De fato, o que distingue os povos e culturas são suas leis e normas vivenciadas e aplicadas. Na palavra de Deus, Israel deveria encontrar a luz necessária para o seu caminhar.

2. Esse texto quer nos preparar ao evangelho que nos adverte das manipulações que a Palavra ou lei pode sofrer por parte do ser humano e perder a sua essência.

* Jesus entra em desacordo com as autoridades de sua época, porque em nome de Deus, roubaram a alegria e a paz que a vivência da lei divina pode trazer ao coração, transformando-a num pesado fardo.

3. Antes de chegarmos ao evangelho, ouviremos ao apóstolo Tiago, por cinco domingos, com seus conselhos práticos. O trecho de hoje versa sobre a Palavra de Deus.

* Ele nos convida a sermos praticantes da mesma, para nela encontrarmos a sabedoria da vida e o que nos salva, como reza o nosso salmo.

4. Contra todo formalismo, cerimônias e devoções fúteis, ele vai ao âmago de quem compreendeu de fato a palavra que leu ou escutou: ele faz o bem e procura distinguir o que é certo do que é errado.

5. Retomamos o nosso evangelho de Marcos e encontramos Jesus e seus discípulos em debate com os fariseus e mestres das leis por causa de costumes ou tradições.

* O problema de não lavar as mãos aqui, não se liga a uma questão de higiene, mas um rito de purificação que dava a entender que tivesse tanto valor quanto a lei divina.

6. Era muito ritual para ser observado. As pessoas mais simples tinham questões mais sérias para observar, por isso negligenciavam certos ritos. Por consequências eram considerados impuros.

* Essa lógica irritava Jesus. É quando ele chama a atenção para a real impureza que impera no ser humano: aquilo que vem do seu coração.

7. Não que Jesus esteja indo de encontro às tradições pura e simplesmente, ele chama a atenção para o “endeusamento” de certas atitudes, quando na realidade a verdadeira impureza é de ordem moral.

* De que adianta, diante de Deus e dos outros, estarmos externamente bem, se não cuidamos do nosso interior por constantes revisões e mudanças?

8. Que nos adianta tanta tradição religiosa, se de fato não abrimos o nosso coração à necessidade real do outro? A mera observação de normas pode nos dar a sensação do dever cumprido, mas não nos salva.

* O que Jesus entendia como forma de amor a Deus era algo sempre mais dinâmico e criativo nas relações que estabelecemos. A Lei e Palavra só querem iluminar.

9. Talvez, em termos de religião, leis claras e definidas podem ser uma boa ajuda para o caminhar, mas também podem gerar tensões, ansiedade, angústia, retirando o clima de liberdade.


* Acolhendo o conselho de Tiago e, sempre mais em contato com a Palavra, encontremos nela o discernimento necessário e a capacidade de perceber o que não vem, em nosso mundo, do coração de Deus.


Pe. João Bosco Vieira Leite