(Nm 11,4-15; Mt 14,13-21)
Os textos bíblicos desse dia estão em sequência e ligação
dos fatos que ouvimos nesse domingo. O Livro dos Números olha o povo já na
rotina do maná, lamentando-se, de novo, do que ficou para trás. O difícil
caminho da liberdade a ser traçado, o desafio do futuro nos coloca sempre a
olhar o que deixamos, com todos os males, a segurança que deixamos. Essa
tentação constante nos acompanha quando deixamos de acreditar que Deus pode nos
conduzir para bem mais.
Mas os problemas não param por aí. Moisés, o líder, também
se perde na sua compreensão da ação divina e resolve brigar com Deus. No seu
cansaço e desespero pede a morte, aquela que a gente sempre acha que é solução
nas situações limites que atravessamos. Não é difícil nos encontrarmos nessa
figura do líder cansado e desconfiado daquele que o colocou a frente de um
povo, de uma família, de uma pastoral etc. Apesar de tudo, Deus conhece o
coração de Moisés, como conhece o nosso em meio às situações da vida. Que Ele
veja também o nosso e nos perdoe, se às vezes esquecemos o nosso compromisso
com a vida.
Enquanto isso, no evangelho, Jesus reparte o pão e os peixes
recolhidos para que os discípulos repartam com os outros. Tudo se multiplica na
generosidade do gesto que não guarda tudo para si, mas resolve confiar e
partilhar e recolher, para que não se perca o que sobrou, pois para além dos
que estão ao nosso redor, há sempre alguém que se beneficia “das migalhas” do
que aprendemos quando nos sentamos junto ao Senhor para escutar a sua Palavra e
partilhar de Sua vida. Amém.
Pe. João Bosco Vieira Leite