Quarta-feira, 19 de agosto de 2015


(Jz 9,6-15; Sl 20[21]; Mt 20,1-16) 20ª Semana do Tempo Comum


A 1ª leitura da nossa liturgia traz uma parábola que é uma crítica mordaz à realeza. Israel sentia uma certa inveja dos povos vizinhos que tinham seus reis. Até então Deus era o rei de Israel, não um simples soberano caprichoso, mas “alguém” que verdadeiramente amava e cuidava. Poderia se esperar isso de um soberano comum?

Por outro lado, o texto traz uma grande lição de humildade para aqueles que ambicionam o poder, que querem estar acima dos outros. O texto quer conduzir a uma reflexão, a uma tomada de consciência da relativa esterilidade da posição de um rei ou soberano. Comandar, de per si, não é uma atividade produtiva; se não fosse aqueles que trabalham, que produzem, quem comanda não serviria para nada. Isso não elimina a necessidade de dirigentes, coordenadores ou coisas do gênero. Como o próprio Jesus lembrará aos seus discípulos, toda autoridade deve ser um serviço efetivo, não um simples “balançar-se” acima dos outros, desfrutando egoisticamente da capacidade dos outros.

No evangelho Jesus conta a “problemática” e incômoda parábola dos trabalhadores da última hora que são equiparados aos que trabalharam o dia todo. Se usarmos os óculos da justiça comum, humana, sempre veremos o injusto desfecho. Se usarmos os óculos da misericórdia divina, podemos entender, e até nos alegrarmos, com o desejo de Deus de conceder a salvação a todos.  Seja como responsável, líder, coordenador etc., como me vejo e como me veem os outros? Como vejo o agir misericordioso de Deus em Jesus Cristo? Certas atitudes ou palavras d’Ele não me assustam?


Pe. João Bosco Vieira Leite