(Jz 9,6-15; Sl 20[21]; Mt 20,1-16) 20ª
Semana do Tempo Comum
A 1ª leitura da nossa liturgia traz uma parábola que é uma
crítica mordaz à realeza. Israel sentia uma certa inveja dos povos vizinhos que
tinham seus reis. Até então Deus era o rei de Israel, não um simples soberano
caprichoso, mas “alguém” que verdadeiramente amava e cuidava. Poderia se
esperar isso de um soberano comum?
Por outro lado, o texto traz uma grande lição de humildade
para aqueles que ambicionam o poder, que querem estar acima dos outros. O texto
quer conduzir a uma reflexão, a uma tomada de consciência da relativa
esterilidade da posição de um rei ou soberano. Comandar, de per si, não é uma
atividade produtiva; se não fosse aqueles que trabalham, que produzem, quem
comanda não serviria para nada. Isso não elimina a necessidade de dirigentes, coordenadores
ou coisas do gênero. Como o próprio Jesus lembrará aos seus discípulos, toda
autoridade deve ser um serviço efetivo, não um simples “balançar-se” acima dos
outros, desfrutando egoisticamente da capacidade dos outros.
No evangelho Jesus conta a “problemática” e incômoda
parábola dos trabalhadores da última hora que são equiparados aos que
trabalharam o dia todo. Se usarmos os óculos da justiça comum, humana, sempre
veremos o injusto desfecho. Se usarmos os óculos da misericórdia divina, podemos
entender, e até nos alegrarmos, com o desejo de Deus de conceder a salvação a
todos. Seja como responsável, líder, coordenador
etc., como me vejo e como me veem os outros? Como vejo o agir misericordioso de
Deus em Jesus Cristo? Certas atitudes ou palavras d’Ele não me assustam?
Pe. João Bosco Vieira Leite