Terça, 01 de junho de 2021

(Tb 2,9-14; Sl 111[112]; Mc 12,13-17) 

9ª Semana do Tempo Comum.

“Então Jesus disse: ‘Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus’.

E eles ficaram admirados com Jesus” Mc 13,17.

“Esta frase é uma das mais repetidas sempre que se quer separar o sagrado do profano, o religioso do político, a oração do trabalho profissional. Sempre que se quer acantonar a religião à sacristia ou amarrá-la exclusivamente ao rito. Na verdade, esta dicotomia é impossível, porque o homem é ao mesmo tempo religioso e político, trabalhador e orante, mergulhado nas coisas de Deus e nas coisas da vida de cada dia. Seria viver espiritualmente aleijado, se o homem quisesse ser só orante ou só trabalhador. Sempre de novo volta esta tentação reducionista. Assim como o homem é corpo e alma inseparáveis e em harmonia, o político e o religioso formam unidade no homem equilibrado. E assim como é sinal de desequilíbrio o cultivo exagerado do corpo em detrimento da alma, e vice-versa, também das provas de imaturidade e insegurança quem supervaloriza o político ou o econômico ou o laboral em detrimento do piedoso. A hipertrofia do religioso dá em fanatismo. A hipertrofia do profano dá em secularismo. Cristo não manda separar as duas dimensões, mas equilibrá-las. O grande problema é o esquecimento da dimensão divina, o esquecimento dos direitos que Deus tem sobre nós e das obrigações que assumimos com ele. Quem sai perdendo com esse desequilíbrio não é Deus, porque Deus não precisa de nada nem de ninguém. Somos nós que perdemos. É nossa vida que empobrece. Nesse sentido, há muito mais pobres de Deus do que pobres de vestes e comida. A dimensão divina do homem não é apêndice ou acessório. É integrante. É essencial. Está doente quem vive facultativa ou esporadicamente. – Senhor Deus, em quem o Cristo me exortou, que eu sinta em mim a tua seiva! Não tente levar vida separada da videira! Que eu produza frutos que sejam tão divinos quanto humanos! Amém (Clarêncio Neotti – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite